64 - Falemos de Natal
Sim, estamos mesmo à beirinha de mais um Natal e escolhi, por isso, falar de vários assuntos relacionados com esta data que se quer festiva.
E digo isso porque, inevitavelmente, a brigada woke tem feito tudo e mais alguma coisa para acabar com tudo o que signifique Natal – mas sem acabar com a festa em si, entenda-se, um feriado calha sempre bem...
Sabiam que em vários países já não se pode dizer Feliz Natal ou Boas Festas a pessoas que não sejam do nosso círculo íntimo? E mesmo com estas é quase preciso um interrogatório tipo KGB para ter a certeza de que não se vai ofender ninguém.
E repararam no modo como as decorações natalícias em ruas e lojas têm mudado? Usam-se agora laços, formas abstratas, enfim, tudo e mais alguma coisa desde que não possa ser relacionado com a data, como sinos, por exemplo.
Muito francamente, nunca percebi porque é que o facto de se festejar o Natal plenamente ofende quem não o festeja. Dizem que é uma questão de tolerância e de respeito pelas crenças dos outros... A sério? Pois eu acho precisamente o contrário, se alguém que não festeja o Natal fica ofendido por eu lhe desejar Boas Festas, então não sou eu a intolerante, mas sim o “vidrinho” ofendido.
E temos depois os ateus, ou antes, pessoas que dizem que o são. De acordo com o meu dicionário, “ateu é uma pessoa que nega a existência de qualquer divindade”, mais nada. Só que o ateísmo tem-se tornado uma verdadeira religião militante. Já não basta não acreditar, é preciso impedir que outros acreditem.
Acham que estou a exagerar? A Junta de Freguesia da minha zona teve de retirar umas decorações natalícias de rua por pressão feroz e repetida de uma residente que dizia que isso ofendia o seu ateísmo!
Mas passemos a outro tema também muito ligado a esta época, as dádivas que chovem nestes dias.
Sim, todos sabemos que é uma altura do ano “de ouro” para inúmeras instituições de caridade, os seus pedidos de ajuda e peditórios têm sempre um bom retorno. Mas... pensemos um pouco. Em vez de nos precipitarmos a dar o nosso contributo natalício e, aqui para nós, aliviar um pouco a consciência do peso do despesismo em que entramos, apesar de todas as boas intenções, que tal pôr esse montante de parte e doá-lo a meio do ano, por exemplo? É que as necessidades dessas organizações são constantes mas as doações... não.
É que se queremos realmente ajudar, acreditem, seria mais útil assim. É que apesar de receberem bem mais agora, aposto que não dá para o resto do ano.
Outra coisa que me faz confusão, a ceia de Natal oferecida a pessoas que vivem na rua e outras que passam dificuldades. Sim, a intenção é ótima e estou totalmente a favor, exceto... já repararam que é sempre uns bons dias antes do Natal? Que tal fazermos um esforço e tentar organizar uma ceia a sério na data real, ou seja, na Véspera de Natal? Pode ser mais cedo, digamos, por volta das seis, assim ainda dava para ir para casa e ter a ceia com a nossa família.
O que me leva ao último ponto, a solidão no Natal e a depressão que muitas vezes a acompanha.
Sim, é uma altura do ano em que as televisões se enchem de especialistas a falarem no assunto mas, na prática, o que é que fazemos? Pois, nada... ou quase nada.
E não me refiro apenas a pessoas idosas, há muita gente bem mais nova que, por uma razão ou outra, passa o Natal sem companhia. Também não falo dos muitos estrangeiros que vivem no nosso país e que, de um modo geral, têm organizações e grupos que organizam convívios, sobretudo se são de países menos representados, digamos.
Estranhamente, os mesmos que tanto se preocupam com esses imigrantes ignoram por completo os cidadãos portugueses que passam o Natal sozinhos.
Sei que já há hotéis que têm ceias de Natal, mas, muito francamente, não é para toda a gente, pelo preço e pelo que é servido, sim, é tudo muito bom e muito “chique”, mas muitos desses solitários anseiam é por algum convívio.
Pois aqui fica uma ideia, atrasada para este ano, mas a ter, talvez em conta para o futuro.
Que tal as Juntas de Freguesia organizarem uma ceia de Natal, por exemplo, no refeitório de uma escola local? Haveria inscrições (pagas) com antecedência e não seria nada muito especial, apenas a comida – e doces, claro – tradicionais. E música, talvez.
Mais ainda, para contornar problemas de segurança com o uso de equipamento não muito comum, como há certamente funcionários ou ex-funcionários dessa ou de outras cantinas na mesma situação de isolamento, podiam ser contactados para ajudar nessa noite. Sim, ajudar, para ser um Natal mais a sério e criar uma situação de convívio entre pessoas que serão, quase certamente, estranhas no início da festa, não seria um “jantar de restaurante”, todos ajudariam na cozinha, decoração, arrumação final...
Enfim, uma ceia de Natal “em família” para quem não a tem.
Uma outra hipótese seria lares e outros locais similares permitirem a presença de estranhos nessa noite, para dar um pouco mais de convívio a quem não tem para onde ir (ou não pode sair por razões de saúde). Juntar-se-iam, assim, duas solidões e seria, certamente, um serão bem mais agradável.
Enfim, se tem companhia, ainda bem, espero que passe uma bela noite. Se não a tem, tente não cair em depressão, olhe à sua volta, veja se pode ajudar alguém na mesma situação – e se não for este ano, vá fazendo planos para o Natal do próximo ano..
E pronto, Feliz Natal a todos! Quer ofenda ou não alguém...
Para semana: Resoluções, resoluções... Sim, é a "tal" época do anos...