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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Luísa Opina

15
Dez23

114 - Há populismo e... populismo

Luísa

Uma das grandes armas de arremesso da esquerda e dos “bem-pensantes” em geral contra o que chamam de direita, perdão, de extrema-direita, é a acusação de populismo. É claro que a conotação é sempre negativa, ouvindo-os fica-se até a pensar que não há crime pior que um político possa cometer do que ser... populista.

Ouvimos dizer que Le Pen é populista, Orbán é-o, claro, o novo líder da Argentina então nem se fala e, cá mais pelos nossos lados, é uma das qualificações mais frequentes de Ventura e do Chega – para além dos mimos usuais de nazis, racistas, etc.

Só que... analisemos um pouco o que se tem passado nos últimos tempos cá na terra e com o absolutamente nada populista PS.

O agora – finalmente – demissionário Governo andou meses, penso que até mais de um ano, a fazer finca-pé em relação à recuperação do tempo de serviço dos professores. Mas, após a demissão de Costa e a marcação de eleições, inverteu completamente a marcha e já está disposto a negociar e a aceitar as “justas exigências” desses tão esforçados e prejudicados funcionários públicos. E isso não é populismo?

Temos também a pressa com que enfiou pela goela abaixo da Assembleia da República leis respeitantes à igualdade de género e o “respeito” por tudo e mais alguma coisa nas escolas – desde que, claro, não tenham a ver com heterossexualidade ou cristianismo. É claro que isso encantou a esquerda mais do que caviar e a gentinha woke – pois, nem sempre são sinónimos – que passou a achar este PS o máximo, ou antes, ainda mais máximo do que o era antes. Mas isto não é populismo...

Temos, também, o aumento das pensões de 5 a 6 %, valor bem acima do que tinha sido anunciado há uns meses, antes de se saber que iria haver eleições antecipadas, claro, bem como outros tipo de aumentos similares anunciados nestes últimos dias. Pois, mas só a direita é que é populista!

O grande problema aqui, ou antes, um dos muitos que temos, é o facto de a nossa comunicação social continuar enfeudada à esquerda, fechando os olhos quando lhe convém e pondo lentes de aumento para o outro lado do espetro político. É que seria extremamente interessante ver, nas semanas antes de uma eleição, uma espécie de livro de contas em que se vissem numa das colunas as promessas feitas antes da eleição anterior pelo partido vencedor e na outra, o que foi realmente cumprido – suspeito que esta seria curtíssima.

Mas nem pensar em fazê-lo!

Lembram-se dos milhares de camas para estudantes universitários prometidas pelo nada populista Costa e seus muchachos? Das regalias e benesses de todos os tipos anunciadas também pelos mesmos? Há quantos anos andamos a ouvir falar em creches gratuitas para todos? Como se as houvesse, mesmo pagas, para todos os que delas precisam!

Pois, só agora, mesmo em cima de novas eleições é que se desfazem em manipulações, propostas e... novas promessas. Mas tudo bem, os outros é que são populistas.

E temos ainda a parte puramente política de toda esta cena. Se alguém lembra que a União Europeia equiparou o comunismo ao nazismo e que o PS não teve problemas em aliar-se ao único partido puramente comunista da Europa – sim, nem a Rússia o é – chovem logo as acusações de populismo lançadas contra quem o diz. Mas é totalmente justo, honesto e, acima de tudo, nada populista chamar extrema-direita a quem discorde com a esquerda dona da verdade ou a quem meramente lhe desagrade.

É claro que a culpa não é toda da esquerda, da nossa e das outras, sempre me intrigou ver tanta gente a continuar a acreditar nela e na sua mão-cheia de promessas apesar de a experiência lhe dever provar que não passam disso mesmo, coisas ditas a esmo só para ganhar eleições e sem a mínima hipótese de virem a ser realizadas.

Mas não nos esqueçamos da frase atribuída a P. T. Barnum, segundo parece erroneamente por ser de autor desconhecido, “a cada minuto nasce um idiota”. Bom, quer tenha sido ele o autor ou não, o facto é que criou um império com base nessa expressão. Não sei se irei tão longe, mas a verdade é que, perante os resultados, temos mesmo de concluir que há muita gente que gosta de ser enganada, sabem, como o título traduzido do filme “Just Go with It” que ficou, em português, “Engana-me que eu gosto.

No fundo, a nossa esquerda limita-se a tentar aplicar, com maior ou menor sucesso, a receita usada pelos maiores populistas de sempre, os imperadores romanos. Sabem, os do “pão e circo”. Quando as coisas corriam pessimamente e o povo pensava revoltar-se, bom, uma distribuição de pão gratuito e uns espetáculos, também gratuitos, no Coliseu e ficava tudo em paz, mais ainda, os ditos imperadores passavam imediatamente de zeros a heróis.

Mas os nossos governantes fazem ainda melhor, é que o pão e o circo sempre custavam algum dinheirinho, mas as promessas, essas, funcionam igualmente bem e são de borla. É que não se iludam, se o PS ganhar as eleições, surgirão prontamente algumas taxas e taxinhas que para absorverem os aumentos agora dados, será, até, uma sorte se não levarem mais do que isso.

E se a direita vencer, bom, com o endividamento do país não me admira nada que chegue um novo período de austeridade para conseguir pôr as contas em dia – só que será mesmo pô-las em dia, custa-me muito a crer nos “bons” resultados tão badalados por este agora ex-Governo. E, claro, isso só irá garantir mais promessas da esquerda e a sua vitória nas eleições seguintes... mas sem populismo!

Para semana: O Natal incomoda muita gente. Sim, não são só os woke.

28
Out22

56 - Com papas e bolos...

Luísa

O post desta semana surgiu após uma “promessa” eleitoral de Lula da Silva. Não sigo as eleições brasileiras, acho até bem acertado algo que li sobre a escolha este dia 31 de outubro ser entre “morrer queimado ou morrer afogado”, mas, de passagem por um outro assunto vi este título bem sonante:

“Se for eleito, Lula acabará com a fome e a miséria nas favelas”!

Bom, devemos estar mesmo perto do fim do mundo! É que de acordo com a Bíblia, este evento será precedido da Segunda Vinda de Cristo e, muito francamente, para cumprir uma promessa destas, só se isso já tiver acontecido e Lula não seja quem pensamos que é...

Não que o Brasil tenha o exclusivo de promessas. Mantendo o temo dentro das nossas quatro paredes, não faltam propostas de “dádivas” e benesses de todo o tipo, um verdadeiro bodo aos pobres, ou antes, aos pobres “oficiais” (como explicarei mais adiante).

Durante bastante tempo, este tipo de coisas era praticamente exclusiva de períodos eleitorais e não era exclusiva de um único partido ou cor política. A conversa era sempre a mesma, elejam-nos e instalaremos o Paraíso na Terra! É claro que esse fazedores de promessas nunca explicavam como o iriam conseguir ou, caso se tratasse de uma reeleição, porque não o tinham feito durante o último mandato.

Daí termos o que eu chamo de promessas perenes neste nosso belo jardim à beira-mar plantado. Como as tão famosas “reformas estruturais” que saem do baú mesmo antes das eleições e para ele voltam prontamente até ao período eleitoral seguinte, cada vez mais poeirentas e bafientas e, já agora, sem que cheguem sequer a explicar em que consistem exatamente.

Infelizmente, as coisas pioraram neste aspeto – e não só. É que agora este tipo de discurso aparece em todas as épocas, eleitorais ou não, derramando benesses e acenando com um futuro risonho. Só que, mais uma vez, ninguém faz as tais perguntinhas essenciais e, claro, muitíssimo inconvenientes. Em especial, a mais essencial delas e que é: quem vai pagar isso tudo?

Após tantas “dádivas” generosas começa a haver, felizmente, bastante gente que deixou de acreditar em almoços grátis e que, perante esse tipo de discurso, antecipa imediatamente um aumento de impostos ou a criação de mais uma taxa ou taxinha que recupere todo o dinheiro “dado” e muito mais. Só que não são em número suficiente e uma boa percentagem da nossa população continua a ir atrás do engodo que lhes é posto à frente do nariz.

Vejamos casos recentes.

O primeiro deles é o célebre adiantamento de parte do valor das pensões que foi pago em outubro. Repare-se na habilidade com que a notícia foi sendo dada. Primeiro falaram num reforço de meia pensão. E os que acreditam que o dinheiro cai do céu deliraram, claro. Só que depois veio o esclarecimento: é que esse valor vai sair dos aumentos que deveriam receber em 2023!

Francamente, não entendi! Será que este nosso esclarecidíssimo governo acha que a inflação que se faz sentir agora vai durar apenas um mês? É que, de acordo com analistas sérios, o seu valor irá piorar e bastante nos próximos meses. Ora se as pessoas tinham dificuldade em fazer face às despesas com a sua reforma atual, como será em 2023, com um aumento inferior ao previsto? E lembro que esse valor era de 5 %, ou seja, bem inferior à inflação.

Temos também o célebre apoio de 125 euros (mais os 50 a dependentes com menos de 24 anos). E, mais uma vez, não entendo. Se é para fazer face ao aumento dos preços, francamente, um pagamento único deste montante para pouco serve. E como vai ser pago a 1,6 milhões de portugueses, estamos a falar de 200 milhões de euros – fora o montante correspondente aos tais 50 euros.

Pois é! Estranhamente, ou talvez não, ninguém pergunta de onde vai sair esse dinheiro, o enfoque está só no “vamos receber!”

Que a população – ou uma boa parte dela – se deixe enganar, enfim, até entendo. Mas jornalistas supostamente especializados em notícias económicas? Analistas? Comentadores?

É que, como disse acima, não há mesmo almoços grátis e aquilo que alguns recebem, muitas vezes de modo mais ou menos dúbio, acaba, necessariamente, por sair do bolso de todos nós. Pior ainda, dinheiro gasto neste tipo de pseudo ajudas não fica disponível para coisas bem mais urgentes e úteis para o país.

E porque é que usei o termo dúbio? Bom, isso está ligado à expressão “pobres oficiais” que usei mais acima. É que a classificação de alguém como pobre tem a ver com a declaração dos seus rendimentos às Finanças. Se essa pessoa tiver receitas que não declara, é bem fácil entrar na categoria de pobre apesar de ser tudo menos isso.

E não me refiro apenas a traficantes de drogas e outros criminosos. Há muito boa gente que se considera honestíssima e que, na prática, nos anda a roubar a todos. Pensem nas muitas vezes em que pagaram por um serviço ou biscate – como explicações, limpezas, reparações – sem recibo. Acham mesmo que essa pessoa declarou esse montante às Finanças?

Mas é claro que em época de promessas, época essa que parece ser agora não sazonal, o que muitos gostam de ouvir é a chegada de novas ajudas, subsídios e tudo isso. E acabam sempre por votar em quem mais promete, isto apesar de, bem no fundo, saberem que um dia terão de pagar a conta de tudo isso. E, acreditem, com o muito que tem sido “dado” nos últimos anos, o momento de pagar a muito choruda fatura aproxima-se a passos largos!

Para semana: Afinal, que feministas temos? Ou seja, porque será que as ditas umas vezes reagem tipo bomba atómica e outras nem piam?

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