114 - Há populismo e... populismo
Uma das grandes armas de arremesso da esquerda e dos “bem-pensantes” em geral contra o que chamam de direita, perdão, de extrema-direita, é a acusação de populismo. É claro que a conotação é sempre negativa, ouvindo-os fica-se até a pensar que não há crime pior que um político possa cometer do que ser... populista.
Ouvimos dizer que Le Pen é populista, Orbán é-o, claro, o novo líder da Argentina então nem se fala e, cá mais pelos nossos lados, é uma das qualificações mais frequentes de Ventura e do Chega – para além dos mimos usuais de nazis, racistas, etc.
Só que... analisemos um pouco o que se tem passado nos últimos tempos cá na terra e com o absolutamente nada populista PS.
O agora – finalmente – demissionário Governo andou meses, penso que até mais de um ano, a fazer finca-pé em relação à recuperação do tempo de serviço dos professores. Mas, após a demissão de Costa e a marcação de eleições, inverteu completamente a marcha e já está disposto a negociar e a aceitar as “justas exigências” desses tão esforçados e prejudicados funcionários públicos. E isso não é populismo?
Temos também a pressa com que enfiou pela goela abaixo da Assembleia da República leis respeitantes à igualdade de género e o “respeito” por tudo e mais alguma coisa nas escolas – desde que, claro, não tenham a ver com heterossexualidade ou cristianismo. É claro que isso encantou a esquerda mais do que caviar e a gentinha woke – pois, nem sempre são sinónimos – que passou a achar este PS o máximo, ou antes, ainda mais máximo do que o era antes. Mas isto não é populismo...
Temos, também, o aumento das pensões de 5 a 6 %, valor bem acima do que tinha sido anunciado há uns meses, antes de se saber que iria haver eleições antecipadas, claro, bem como outros tipo de aumentos similares anunciados nestes últimos dias. Pois, mas só a direita é que é populista!
O grande problema aqui, ou antes, um dos muitos que temos, é o facto de a nossa comunicação social continuar enfeudada à esquerda, fechando os olhos quando lhe convém e pondo lentes de aumento para o outro lado do espetro político. É que seria extremamente interessante ver, nas semanas antes de uma eleição, uma espécie de livro de contas em que se vissem numa das colunas as promessas feitas antes da eleição anterior pelo partido vencedor e na outra, o que foi realmente cumprido – suspeito que esta seria curtíssima.
Mas nem pensar em fazê-lo!
Lembram-se dos milhares de camas para estudantes universitários prometidas pelo nada populista Costa e seus muchachos? Das regalias e benesses de todos os tipos anunciadas também pelos mesmos? Há quantos anos andamos a ouvir falar em creches gratuitas para todos? Como se as houvesse, mesmo pagas, para todos os que delas precisam!
Pois, só agora, mesmo em cima de novas eleições é que se desfazem em manipulações, propostas e... novas promessas. Mas tudo bem, os outros é que são populistas.
E temos ainda a parte puramente política de toda esta cena. Se alguém lembra que a União Europeia equiparou o comunismo ao nazismo e que o PS não teve problemas em aliar-se ao único partido puramente comunista da Europa – sim, nem a Rússia o é – chovem logo as acusações de populismo lançadas contra quem o diz. Mas é totalmente justo, honesto e, acima de tudo, nada populista chamar extrema-direita a quem discorde com a esquerda dona da verdade ou a quem meramente lhe desagrade.
É claro que a culpa não é toda da esquerda, da nossa e das outras, sempre me intrigou ver tanta gente a continuar a acreditar nela e na sua mão-cheia de promessas apesar de a experiência lhe dever provar que não passam disso mesmo, coisas ditas a esmo só para ganhar eleições e sem a mínima hipótese de virem a ser realizadas.
Mas não nos esqueçamos da frase atribuída a P. T. Barnum, segundo parece erroneamente por ser de autor desconhecido, “a cada minuto nasce um idiota”. Bom, quer tenha sido ele o autor ou não, o facto é que criou um império com base nessa expressão. Não sei se irei tão longe, mas a verdade é que, perante os resultados, temos mesmo de concluir que há muita gente que gosta de ser enganada, sabem, como o título traduzido do filme “Just Go with It” que ficou, em português, “Engana-me que eu gosto.
No fundo, a nossa esquerda limita-se a tentar aplicar, com maior ou menor sucesso, a receita usada pelos maiores populistas de sempre, os imperadores romanos. Sabem, os do “pão e circo”. Quando as coisas corriam pessimamente e o povo pensava revoltar-se, bom, uma distribuição de pão gratuito e uns espetáculos, também gratuitos, no Coliseu e ficava tudo em paz, mais ainda, os ditos imperadores passavam imediatamente de zeros a heróis.
Mas os nossos governantes fazem ainda melhor, é que o pão e o circo sempre custavam algum dinheirinho, mas as promessas, essas, funcionam igualmente bem e são de borla. É que não se iludam, se o PS ganhar as eleições, surgirão prontamente algumas taxas e taxinhas que para absorverem os aumentos agora dados, será, até, uma sorte se não levarem mais do que isso.
E se a direita vencer, bom, com o endividamento do país não me admira nada que chegue um novo período de austeridade para conseguir pôr as contas em dia – só que será mesmo pô-las em dia, custa-me muito a crer nos “bons” resultados tão badalados por este agora ex-Governo. E, claro, isso só irá garantir mais promessas da esquerda e a sua vitória nas eleições seguintes... mas sem populismo!
Para semana: O Natal incomoda muita gente. Sim, não são só os woke.