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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

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Luísa Opina

06
Set24

152 - Fake News

Luísa

A propósito da “saga” desse grande democrata, o Lula, com a rede social X decidi falar de um tema muito na moda, as chamadas “fake news”, ou seja, em bom português, notícias falsas – embora eu prefira, neste caso, o termo “contrafeitas”.

Comecemos pela sua definição oficial: são notícias deliberadamente falsas disseminadas com um determinado fim, seja ele político, económico – atrair pessoas a um site, por exemplo – ou outro. Ou seja, são desinformação, quer sejam mentiras o verdadeiro sentido da palavra ou apenas conteúdos não verificados.

Posto o assunto nestes termos, até concordo ser importantíssimo combater as fake news por todos os meios possíveis, uma vez que podem perturbar seriamente o entendimento que temos sobre um determinado assunto. Só que... pois, infelizmente, as coisas não são assim tão liminares. É que, muito francamente, os culpados pela sua criação ou, mais frequentemente, divulgação, são muitas vezes governantes, jornalistas, comentadores e outras pessoas similares, capazes de influenciarem a opinião pública.

Há, também, o “pequeno” detalhe de que se algo não agrada aos Donos da Verdade (DDV) é automaticamente classificado como fake news. Já o contrário pode ser dito à vontade.

Por exemplo, dizer que o COVID veio de um laboratório chinês é fake news. Mas dizer que, apesar de em milhentas cidades e povoações desse país milhões de chineses comerem a chamada carne do mato, a contaminação aconteceu na única que tem um laboratório que investiga esse tipo de vírus, aí, sim, é uma notícia a sério.

O mesmo se passa com as alterações climáticas, perdão, a catástrofe climática. Tudo o que contrarie essa tese passa de imediato a ser fake news. E, claro, tudo o que a reforce é uma notícia séria, mesmo que haja zero provas a seu favor ou, pior ainda, seja absurda – como dizer, “em milhões de anos o nível do mar nunca esteve tão alto”, algo dito por uma “especialista”.

Em política, então, nem se fala. Dizer, por exemplo, que o filho do Biden é corrupto é fake news, apesar de todas as provas apontadas – já agora, o dito acabou de se declarar culpado de um crime desse tipo. Mas se for alguém que desagrada aos DVD, ei, tudo bem, inventa-se à vontade.

Como casos mais recentes, qualquer referência a malfeitorias financeiras por parte desse senhor Lula é fake news, mas se for o Bolsonaro, vale tudo. E, cá na terra, só se retira esse termo a notícias sobre certos personagens, curiosamente todos de esquerda ou pelo menos não de direita, quando as provas são tantas que já não se podem ocultar.

O pior é que, em muitos casos, o que começou por ser fake news acabou por se provar ser verdadeiro. Por exemplo, quando surgiu a vacina COVID, houve sites que diziam que não bastaria uma dose da dita, teria, certamente, de haver vários reforços. Foram, claro está, suspensos por divulgarem fake news. E todos sabemos como isso acabou.

Uma outra acusação às fake news é que se prestam a disseminar o ódio racial e a intolerância – bom, só num sentido, claro. Como exemplo, cita-se o que se passou em Inglaterra e que deu origem a motins, com a indicação nas redes sociais de que o criminoso em questão era um refugiado muçulmano, surgindo logo a resposta outros sites de que era bem inglês, de quarta geração. Afinal era filho de refugiados ruandeses. Só que a primeira notícia era fake news, a segunda (a quarta geração) não.

Fala-se muito em como evitar as fake news, desde a sua proibição (!) à criação de organismos que as combatam. E porquê o ponto de exclamação? Bom, é que o primeiro obstáculo está, precisamente, em definir o que é uma fake news. Sim, há casos em que até seria bem fácil, mas o problema está em que estão numa zona cinzenta: em muitos casos não há provas a seu favor, mas também não as há contra. Mais ainda, corre-se, de imediato, o risco enorme de passar de “cortar fake news” a censura pura do que não agrade a quem manda.

Já agora, evitavam-se muitos casos se houvesse mais franqueza nas notícias dadas, sobretudo no respeitante à criminalidade. Crimes como o de Inglaterra, por exemplo – sim, por ser menor não podiam revelar a sua identidade, mas se tivessem comunicado logo o resto dos dados a seu respeito isso teria evitado muitas especulações.

Um outro mecanismo é os chamados “fact checkers”. Teoricamente, estes analisam uma notícia que ande a ser muito divulgada e decretam se é verdadeira ou falsa. O Observador tinha um – não sei se ainda o tem, não o tenho visto. E era triste, mas ao mesmo tempo extremamente divertido, ver a rapidez com que decretava a veracidade caso fosse contra pessoas ou causas do ódio de estimação dos DDV e as voltas e reviravoltas que a explicação dava para poderem dizer que era falso, ou maioritariamente falso, no caso contrário.

Curiosamente, encontrei neste site uma lista do que fazer para identificar uma fake news. Lendo-a, achei que seria uma ótima ideia os nossos tão isentos e profissionais jornalistas lerem-na e, acima de tudo, segui-la. Por exemplo, “Confirme a fonte e a autoria”. Ou, “Faça também uma pesquisa dos factos citados na notícia”.

Pois, como disse em posts anteriores, nomeadamente Jornalismo ou jornalixo? e Jornalismo ou jornalixo? Parte 2, bem podemos esperar sentados.

E voltando à questão do X, não é curioso que seja acusado de influenciar eleições e outros mimos sociais quando as outras plataformas fazem exatamente o mesmo e singram de vento em popa? Pois, só que estas fazem-no no sentido oposto...

Para a semana: Falemos dos Paralímpicos. À semelhança do que fiz quando acabaram os Jogos Olímpicos

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