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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Luísa Opina

29
Dez23

116 - Seria tão bom...

Luísa

Em termos de resoluções e desejos pessoais, sugiro que releiam, ou leiam, o meu post Intenções de Ano Novo, de 2022. E quanto a resoluções para contribuirmos para a melhoria da sociedade e do mundo, bom, o post de 2023, Resoluções, resoluções...

Este ano decidi variar e falar apenas de coisas que eu gostaria muito de ver concretizadas em 2024, mas que não dependem de mim. Bom, aqui para nós, é mais uma lista de desejos impossíveis ou, no mínimo, altamente improváveis. Mas, como sou uma otimista nata, aqui vai.

Seria tão bom... que os nossos políticos deixassem de nos considerar estúpidos e amnésicos. Sobretudo num ano em que teremos eleições legislativas antecipadas, que tal meterem a mão na consciência e cortarem com as mil e uma promessas habituais? Não vos parece que merecemos melhor do que a repetição, mais uma, de “haverá creches para todos”, “criaremos milhares de camas para estudantes universitários”, construiremos milhares de casas” e outras balelas semelhantes?

Já agora, seria tão bom... que os eleitores portugueses não se deixassem levar na onda de promessas e de benesses em cima do acontecimento e, pelo menos por uma vez, votassem em quem fará o melhor pelo futuro do nosso país e de todos nós, mesmo que isso nos traga problemas a curto prazo – sabem, a tal questão de não se fazerem omeletas sem partir os ovos.

Seria tão bom... que houvesse um esforço a sério para melhorar a qualidade e, acima de tudo, o nível de exigência do nosso ensino. E que em vez de identidades de género e similares se prestasse atenção à aquisição de conhecimentos e de competências para a vida. É que estamos a criar uma geração – ou várias – que nem sequer sabe estudar, pesquisar, procurar e filtrar informação e avaliar a sua credibilidade, o que os torna propícios a um seguidismo cego e sem o menor sentido crítico.

Seria tão bom... que passássemos a avaliar as pessoas por aquilo que valem e sabem e não porque são minorias, mulheres, etc. Ou seja, nada de quotas, seja porque razão for. Tratemos todas as pessoas como seres humanos e apenas seres humanos, isso, sim, é a verdadeira inclusão, sem artificialismos ou regras absurdas que só servem para desacreditar os membros do grupo que se tenta promover à força. Ou acham que a partir do momento em que tiver de haver uma percentagem obrigatória de mulheres, por exemplo, em lugares de chefia isso não vai prejudicar todas as que lá chegaram por mérito próprio?

Seria tão bom que se fizesse algo para acabar com o último tipo de discriminação ainda totalmente aceite pela nossa sociedade, o idadismo. E que se deixe de falar dos “velhinhos, coitadinhos” e que as pessoas com uma certa idade passassem a ser vistas como aquilo que realmente são: recetáculos de experiência e de conhecimentos, teóricos e / ou práticos que devíamos aproveitar a bem da sociedade em vez de os pormos a um canto como algo em desuso.

Seria tão bom... que o muito dinheiro que se gasta em ajudas e apoios a torto e a direito passasse a ir para quem realmente precisa e não para oportunistas não dispostos em dar o seu contributo para a sociedade. E que esses apoios servissem, de facto, para ajudar quem os recebe a refazer a sua vida ou a voltar ao caminho certo para se poder firmar nos seus próprios pés e deixar de estar dependente de terceiros. Mais ainda, que em vez de pagar a pessoas que nada fazem, esse dinheiro fosse usado para criar pensões mínimas decentes para quem após uma vida de trabalho e de dificuldades se vê a ter uma existência ainda mais precária.

Seria tão bom... que passássemos a ter consultas médicas sempre que são precisas – ou que achamos que o são. E que deixássemos de passar horas à espera nas Urgências de um hospital, mesmo quando a situação é gravíssima. Mais ainda, que quem precisa de um tratamento ou de uma operação os possa ter a tempo e horas, sem passar anos à espera e a ver o seu estado físico – e psicológico – a deteriorar-se. E que uma grávida não tenha de passar as últimas semanas em sobressalto sem saber se vai conseguir um sítio para ter a criança.

Seria tão bom... que jornalistas e comunicação social voltassem ao que eram há umas décadas, ou seja, defensores dos factos e da verdade, doesse a quem doesse. E que reservassem as suas opiniões e parcialidades para as colunas de opinião, onde pertencem, e não para o que chamam notícias.

Finalmente, seria tão bom... que um português vítima de um crime ou familiar de uma vítima visse a justiça a ser aplicada como deve ser, com justeza, sem olhar a amizades ou interesses de qualquer tipo, e, acima de tudo, com a máxima celeridade. E que deixássemos de ver imagens como as que passaram recentemente num canal de televisão em que víamos os presos, “coitadinhos”, a viverem à grande e a divertirem-se com tudo e mais alguma coisa, incluindo drogas, quando há tanta gente que nunca fez mal nenhum e que vive com grandes dificuldades, em muitos casos são até as vítimas dos que vão gozando a vida atrás das grades.

Pois, seria mesmo bom...

Mas enquanto espero – sentada, claro – aproveito para vos desejar uma boa Passagem de Anos e um 2024 melhor do que 2023, por muito bom que este tenha sido para vós.

Para semana: Já não há vergonha A propósito de declarações recentes de alguns políticos

05
Ago22

44 - Jornalismo ou jornalixo?

Luísa

Ouvimos frequentemente jornalistas afirmarem-se como os guardiões da verdade, os defensores da democracia, enfim, a única barreira entre o “povo” e a tirania. E até têm razão, se estiverem a falar do jornalismo de há algumas décadas, que teve realmente um papel importantíssimo na revelação de muitos segredos e escândalos e que vigiava, com olho de lince, a sociedade e, acima de tudo, os seus políticos.

Infelizmente, tudo isso ficou para trás e o que temos agora em nada se assemelha ao que era e, muito menos, ao que nos repetem que é.

Neste meu post irei referir vários aspetos tremendamente negativos do chamado quarto poder.

Penso que só os mais distraídos é que ainda não notarem que jornalista é agora um propagandista político, mas, atenção, só de determinada política (e políticos). Com exceção de alguns nomes mais antigos, que se dão ao luxo de pensarem por si e chamarem “os bois pelos nomes”, a regra é não relatar factos lesivos dos interesses da esquerda e empolgar os que possam lesar a chamada direita. Ou seja, um jornalista considera-se o único decisor do que deve ou não ser contado e da “luz” sob a qual as coisas devem ser vistas e quem se atrever a pensar de outro modo...

Exemplos? Pensem em Passos Coelho / Sócrates (5000 euros de dívida à Segurança Social / 25 milhões emprestadados), Lula / Bolsonaro (só roubou umas coisinhas / é um ladrão) e, sobretudo, Trump / Biden (curioso que não se ouça falar dos inúmeros problemas que assolam atualmente os EUA). Ou, a nível de partidos locais, PCP / Chega (lembro que a UE equiparou o comunismo ao nazismo).

Sim, sei que ninguém é isento, mas, a menos que seja um editorial ou uma coluna de opinião, um jornalista devia, no mínimo, tentar sê-lo. É que ninguém o elegeu como “dono da verdade” e, além disso, se quer fazer política, então faça-a sério, abertamente.

Pior ainda do que acima disse, publicam-se e transmitem-se muitas vezes notícias que não passam de meros boatos, apenas porque convêm a determinados setores da nossa sociedade.

Quem viu o filme Os Homens do Presidente recorda certamente a regra repetida pelo editor do Washington Post – que na época era um jornal a sério e não a autêntica “folha de couve” em que se tornou – de que uma notícia, para ser notícia, precisava de ser confirmada por três fontes. Agora temos sorte se existe ao menos uma!

E como corolário, digamos, desta faceta, há notícias que são lançadas com um enorme estrondo e que, quando se chega à conclusão de que não são o que tinham pensado à primeira vista, desaparecem abruptamente.

Um exemplo? Há uns anos houve motins violentíssimos entre dois bairros de Londres, um deles de maioria indiana. Os noticiários televisivos encherem-se de imagens trágicas e de discursos sobre racismo, tolerância, neonazis, etc. Mas no dia seguinte, tudo isso desapareceu. Como vejo noticiários de canais estrangeiros, sei que a situação durou quase uma semana, com incêndios, destruição, mortos e feridos. E porque é que deixaram de falar disso? Pois bem, a luta era, de facto, entre paquistaneses e indianos e não entre brancos e estes últimos. Como foi decidido que só brancos são racistas, pois bem, eliminou-se a notícia.

Temos também esta situação altamente curiosa, sempre que um português tem problemas num outro país, a nossa comunicação social alinha logo com os que mais o vituperam sem, mais uma vez, se darem ao trabalho de verificar os factos.

Lembram-se daqueles jovens acusados da violação em grupo de duas espanholas? A história tinha, à partida, inúmeras incongruências e detalhes absurdos. Mas os nossos jornalistas foram dos mais ferozes a atacarem-nos. E já notaram que o caso pura e simplesmente desapareceu uns dias depois? Se aquilo aconteceu de facto, não seria de pensar que haveria seguimento até à sua conclusão judicial? Ou será que os factos provaram que afinal não havia caso?

Temos ainda o modo como tentam escamotear pormenores quando relatam crimes. Já repararam que se o suposto criminoso é branco isso é dito com todas as letras mas se não o for, é apenas uma pessoa? Acham que quem os lê ou ouve ainda não descobriu isso?

Outro problema é o facto de se limitarem a repetir o que outros disseram, sem se darem ao trabalho de verificarem se é ou não verdade. Há uns anos, deu-se um caso que achei paradigmático. Um aluno de liceu, algures no Norte, publicou, para se divertir, uma história absurda no jornal da escola. Com grande espanto seu, foi depois publicada pelo jornal da região e daí passou para os nacionais, sem que ninguém tenha olhado para ela e pensado, “Isto é muito estranho, talvez seja melhor verificar.” E este foi só um exemplo do que se passa.

Temos também a profunda ignorância de muitos repórteres sobre os assuntos que estão a investigar. Lembro-me de há uns anos uma jornalista estar a fazer uma reportagem sobre problemas com a alimentação de gado e um criador ter referido que usava bagaço na ração que dava às vacas. Pois bem, a dita repórter lançou logo uma “piadinha” sobre embebedar os animais, ignorando, pelos vistos, que bagaço não é só álcool. Então quando o tema tem a ver com ciência, mesmo vagamente, é um festival de disparates. Ninguém nasce ensinado ou pode saber tudo, mas se vão falar de um determinado assunto mais complexo seria de esperar que se informassem um pouco antes de o fazerem.

Não vou sequer entrar nos “pontapés no português” e na deturpação que sofrem certas notícias porque, aparentemente, ninguém tem dinheiro para contratar um bom tradutor. Estes são, infelizmente, problemas transversais à nossa sociedade, mas bem mais graves quando vêm da comunicação social porque acabam por influenciar o modo como muitas pessoas falam.

Resumindo, para mim os jornalistas têm agora credibilidade zero, a menos que me provem, repetidamente, o contrário.

Quem me conhece sabe que há uma coisa que repito muitas vezes e que é a seguinte: se um jornalista anunciar que amanhã o sol vai nascer – atenção, não me refiro a “vai nascer à hora tal” mas simplesmente, “vai nascer” – entrarei logo em pânico por receio de que tenha acontecido algo à nossa estrela. É que se foi dito pela comunicação social, é muito provável que esteja errado.

Para a semana: Velhos não são lixo! – Em vez de lastimar o envelhecimento da população, que tal repensar o conceito de velhice?

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