116 - Seria tão bom...
Em termos de resoluções e desejos pessoais, sugiro que releiam, ou leiam, o meu post Intenções de Ano Novo, de 2022. E quanto a resoluções para contribuirmos para a melhoria da sociedade e do mundo, bom, o post de 2023, Resoluções, resoluções...
Este ano decidi variar e falar apenas de coisas que eu gostaria muito de ver concretizadas em 2024, mas que não dependem de mim. Bom, aqui para nós, é mais uma lista de desejos impossíveis ou, no mínimo, altamente improváveis. Mas, como sou uma otimista nata, aqui vai.
Seria tão bom... que os nossos políticos deixassem de nos considerar estúpidos e amnésicos. Sobretudo num ano em que teremos eleições legislativas antecipadas, que tal meterem a mão na consciência e cortarem com as mil e uma promessas habituais? Não vos parece que merecemos melhor do que a repetição, mais uma, de “haverá creches para todos”, “criaremos milhares de camas para estudantes universitários”, construiremos milhares de casas” e outras balelas semelhantes?
Já agora, seria tão bom... que os eleitores portugueses não se deixassem levar na onda de promessas e de benesses em cima do acontecimento e, pelo menos por uma vez, votassem em quem fará o melhor pelo futuro do nosso país e de todos nós, mesmo que isso nos traga problemas a curto prazo – sabem, a tal questão de não se fazerem omeletas sem partir os ovos.
Seria tão bom... que houvesse um esforço a sério para melhorar a qualidade e, acima de tudo, o nível de exigência do nosso ensino. E que em vez de identidades de género e similares se prestasse atenção à aquisição de conhecimentos e de competências para a vida. É que estamos a criar uma geração – ou várias – que nem sequer sabe estudar, pesquisar, procurar e filtrar informação e avaliar a sua credibilidade, o que os torna propícios a um seguidismo cego e sem o menor sentido crítico.
Seria tão bom... que passássemos a avaliar as pessoas por aquilo que valem e sabem e não porque são minorias, mulheres, etc. Ou seja, nada de quotas, seja porque razão for. Tratemos todas as pessoas como seres humanos e apenas seres humanos, isso, sim, é a verdadeira inclusão, sem artificialismos ou regras absurdas que só servem para desacreditar os membros do grupo que se tenta promover à força. Ou acham que a partir do momento em que tiver de haver uma percentagem obrigatória de mulheres, por exemplo, em lugares de chefia isso não vai prejudicar todas as que lá chegaram por mérito próprio?
Seria tão bom que se fizesse algo para acabar com o último tipo de discriminação ainda totalmente aceite pela nossa sociedade, o idadismo. E que se deixe de falar dos “velhinhos, coitadinhos” e que as pessoas com uma certa idade passassem a ser vistas como aquilo que realmente são: recetáculos de experiência e de conhecimentos, teóricos e / ou práticos que devíamos aproveitar a bem da sociedade em vez de os pormos a um canto como algo em desuso.
Seria tão bom... que o muito dinheiro que se gasta em ajudas e apoios a torto e a direito passasse a ir para quem realmente precisa e não para oportunistas não dispostos em dar o seu contributo para a sociedade. E que esses apoios servissem, de facto, para ajudar quem os recebe a refazer a sua vida ou a voltar ao caminho certo para se poder firmar nos seus próprios pés e deixar de estar dependente de terceiros. Mais ainda, que em vez de pagar a pessoas que nada fazem, esse dinheiro fosse usado para criar pensões mínimas decentes para quem após uma vida de trabalho e de dificuldades se vê a ter uma existência ainda mais precária.
Seria tão bom... que passássemos a ter consultas médicas sempre que são precisas – ou que achamos que o são. E que deixássemos de passar horas à espera nas Urgências de um hospital, mesmo quando a situação é gravíssima. Mais ainda, que quem precisa de um tratamento ou de uma operação os possa ter a tempo e horas, sem passar anos à espera e a ver o seu estado físico – e psicológico – a deteriorar-se. E que uma grávida não tenha de passar as últimas semanas em sobressalto sem saber se vai conseguir um sítio para ter a criança.
Seria tão bom... que jornalistas e comunicação social voltassem ao que eram há umas décadas, ou seja, defensores dos factos e da verdade, doesse a quem doesse. E que reservassem as suas opiniões e parcialidades para as colunas de opinião, onde pertencem, e não para o que chamam notícias.
Finalmente, seria tão bom... que um português vítima de um crime ou familiar de uma vítima visse a justiça a ser aplicada como deve ser, com justeza, sem olhar a amizades ou interesses de qualquer tipo, e, acima de tudo, com a máxima celeridade. E que deixássemos de ver imagens como as que passaram recentemente num canal de televisão em que víamos os presos, “coitadinhos”, a viverem à grande e a divertirem-se com tudo e mais alguma coisa, incluindo drogas, quando há tanta gente que nunca fez mal nenhum e que vive com grandes dificuldades, em muitos casos são até as vítimas dos que vão gozando a vida atrás das grades.
Pois, seria mesmo bom...
Mas enquanto espero – sentada, claro – aproveito para vos desejar uma boa Passagem de Anos e um 2024 melhor do que 2023, por muito bom que este tenha sido para vós.
Para semana: Já não há vergonha A propósito de declarações recentes de alguns políticos