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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

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Luísa Opina

19
Jul24

145 - Clima, ambiente e não só

Luísa

Já falei do clima anteriormente, nomeadamente em É o clima, onde faço referência a um dos meus primeiros posts, também sobre o assunto, O céu está a cair. Não me vou repetir, este post tem outras intenções, digamos.

Pensei em escrevê-lo quando dei por mim, um dia destes, a sentir saudades dos climáticos e das suas parvoíces, perdão, das suas muito lógicas ações contra a tão badalada catástrofe climática – bom, adorava que alguém me explicasse em que é que atirar tinta à Mona Lisa ou a Stonehenge ajudam uma causa, seja ela qual for!

Mas depois ocorreu-me que, como bons filhotes esquerda caviar que são, devem ter ido de férias. Como sou uma otimista nata, imaginei de imediato inúmeros cenários em que esses tão empenhados jovens estariam a usar este seu período de lazer a bem do planeta.

Por exemplo, indo para as muitas aldeias meio abandonadas do nosso interior rural para restaurarem as poucas casas ainda habitadas de modo a torná-las “mais sustentáveis”, outra expressão que lhes é muito cara. Só quem nunca visitou familiares ou conhecidos numa dessas povoações desconhece o que são aquelas habitações após décadas – ou mais – sem manutenção.

De verão as coisas nem sempre são muito más, sobretudo em zonas em que a construção recorreu a muros espessos de pedra, mas de inverno faz tanto – ou mais – frio lá dentro como cá fora, graças ao mau estado dos telhados, fendas nas paredes, janelas que vedam pessimamente, enfim, mil e um modos de deixar entrar frio e vento.

Passei uns bons momentos a imaginá-los a calafetarem paredes e a repararem telhados, a usarem a mesada para pôr janelas de vidros duplos e, acima de tudo, uns painéis solares que permitissem usar um aquecedor elétrico em vez de uma lareira ou fogão a lenha – enfim, o ideal para quem quer salvar o planeta, pensemos em toda a lenha que deixava de ser queimada, com os seus fumos nocivos! Sem falar nas famosas dioxinas que, aparentemente, só são más quando são produzidas na tão contestada coincineração.

Mais ainda, como muitos se dizem, no mínimo, vegetarianos, poderiam, também, ensinar todos aqueles idosos a fazer agricultura biológica, a única sustentável, segundo dizem – isto independentemente do facto de eu ter quase a certeza de que os ditos jovens nunca cultivaram nada na vida...

Mas isso não é problema, o YouTube tem, certamente, inúmeros vídeos sobre o assunto, esperemos é que sejam mais credíveis do que muitos dos “factos” que os queridos climáticos debitam!

Um belo sonho... mas como todos os sonhos, altamente improvável, o mais certo é estarem a divertir-se algures, a ir a festivais de música – serão sustentáveis? – e muitas outras atividades de lazer, voltando aos protestos quando as férias acabarem.

O que me leva ao ambiente e à falta de sentido crítico com que muitos leem notícias. Por exemplo, tem circulado no Facebook uma petição sobre elefantes, porque, segundo diz, “são abatidos 20 000 todos os anos”. Atendendo a que em 1960 havia apenas 600 000 em África, a este ritmo, como é que ainda resta algum?

Este é um dos muitos exemplos do modo como autodenominados ambientalistas tratam assuntos sérios. Como a desflorestação da Amazónia, umas simples continhas mostram que, a fazer fé no que dizem há décadas sobre o seu ritmo, a dita floresta já teria desaparecido há vários anos.

Atenção, não deduzam de tudo isto que sou contra a proteção do ambiente, muito pelo contrário, aliás nos posts que citei menciono algumas medidas que, na minha opinião, percam por tardias, como albufeiras para reter água da chuva em excesso que seria depois usada para minorar os efeitos de secas.

E por falar em água, falou-se muito da sua falta no Algarve, atribuída, claro está, a campos de golfe, turismo, cultivo de frutos importados, etc. Ora um estudo da DECO – que não pode, de modo algum, ser considerada antiambientalista – diz que as fugas na rede de abastecimento de água daquela região totalizam 15 milhões de metros cúbicos, dariam para abastecer quase metade das famílias que ali residem.

Curiosamente, não vi ninguém a exigir a reparação urgente das condutas para evitar este desperdício e os problemas que isso traz para toda a região. Pois, não é tão mediático como berrar pela eliminação dos campos de golfe...

Outra coisa que me intriga, num país onde se fala tanto em energias alternativas, é não terem sido tomadas medidas nesse sentido ao nível mais baixo. Fala-se em grandiosas centrais solares – se os ecologistas de serviço não protestarem, como no Alqueva – mas que tal exigir que prédios novos tenham painéis solares nos telhados? Para uma grande construtora o acréscimo de custos seria bem menor do que para um mero particular e sempre era uma boa utilização de um espaço que agora não serve para nada.

O mesmo para estádios de futebol. Será que já fizeram as contas ao custo/benefício de porem os ditos na cobertura das bancadas? Aposto que chegavam para a maior parte do consumo, excluindo, muito possivelmente, as luzes em dia de jogo noturno.

Acima de tudo, o que mais me intriga em toda esta conversa sobre ambiente e clima é a total falta de ênfase dada a evitar desperdícios e consumos inúteis – exceto a velha história da torneira a pingar e da televisão ou computador em stand-by.

Aposto que os queridos climáticos têm um telemóvel de última geração e que já passaram por inúmeros modelos – e passarão por muitos mais nos próximos  (poucos) anos. Isso não é o tal consumismo que tanto condenam? E nem sequer vou falar em roupas e isso, o importante é “andar na moda”, nem pensar em usar coisas do ano anterior! Ou em segunda mão...

Ou seja, em vez de tantos protestos e exigências grandiosas, que tal fazer uma boa campanha contra todo o tipo de desperdícios e um regresso a hábitos de poupança que, grande novidade, não têm nada a ver com fascismo, como dizem, mas sim com zelar pelo futuro: o nosso e o do planeta.

Bom, como o post já vai longo, falarei de aldeias ecológicas noutra altura. Mas sabiam que há uma no Alentejo, chamada Tamera?

Para a semana: Seria chocante... se não fosse usual. De idosos em casas-lixeira a pessoas

08
Mar24

126 - Campanha eleitoral - notas

Luísa

Com a campanha eleitoral a queimar os últimos cartuchos no momento em que escrevo isto, aqui ficam algumas notas minhas sobre situações e ditos que me chamaram particularmente a atenção.

Primeiro, a insistência do PS em deitar para o PSD as culpas da Troika e de tudo o que esta impôs. Sim, sei que a experiência nos diz que os portugueses sofrem, coletivamente, de perda de memória e que têm, além disso, uma grande tendência para acreditar em mentiras desde que as repitam várias vezes. Diga-se de passagem que eu até estava admirada pelo “brilhante” ex-ministro das infraestruturas ainda não ter acenado com o fantasma do Passos Coelho... Pois, era inevitável que todos os problemas atuais sejam culpa dele, mesmo depois de 4 anos de geringonça seguidos de uma maioria absoluta rosa.

Mas não admira esta insistência, afinal o suposto líder da oposição e forte candidato a primeiro-ministro nada fez para repor a verdade. Será que tem medo de ofender o PS e que este se recuse a apoiar um seu futuro governo? Muito francamente, acho que a posição da AD nas sondagens se deve mais à falta de capacidade de PNS do que a mérito de Montenegro. Aliás, este pouco falou do que faria à frente de um governo, fartámo-nos, isso sim, em ouvir referências a “linhas vermelhas”.

Passemos à Iniciativa Liberal e às suas promessas. Vai ser um verdadeiro bodo aos pobres! Construção imediata de 250 000 casas – curiosamente, este parece ser o número mágico para quem faz este tipo de promessa – e médico de família, já, para grávidas, crianças até aos 9 anos e pessoas acima dos 65. Bom, será que os vai retirar a quem não cabe nestas três categorias? Sem falar na sua outra grande prioridade que é passarmos a considerar os eSports como Desportos, com todas as benesses que isso traz! Francamente, por muito populares que se estejam a tornar, é um assunto assim tão importante?

Quanto ao PAN, gostei muito do cartaz “Tourada só na cama”. É que atendendo aos outros significados da palavra “tourada”, será que este partido é a favor da violência doméstica? Ou da violência sexual? Bom, não nos esqueçamos que, tendo proposto penas pesadíssimas para quem maltratasse um animal, foram totalmente contra o agravamento de penas para maus tratos a idosos. Ou seja, são basicamente o partido dos animais.

Temos, depois, o sempre tão atual PCP. O que me chamou mais a atenção foi ver que para o seu destemido líder o grande problema do país em geral e das mulheres em particular é a possibilidade de um novo referendo ao aborto. Curiosamente, não põe sequer a hipótese de ganhar a manutenção do sistema atual, não, segundo ele as pobres grávidas terão de voltar a fazer abortos clandestinos como antigamente. Será que esse senhor já ouviu falar em contraceção?

E passemos aos incidentes de campanha, começando pelo célebre vaso atirado à comitiva do PS em Guimarães. Meramente por acaso, calhou eu ver as imagens completas em que vemos claramente que os “bons democratas” da comitiva atiraram paus e um guarda-chuva ao homem que estava a exercer o seu direito de liberdade de expressão, algo que, segundo nos repetem vezes sem fim, é muito querido da esquerda e que a direita, sobretudo a perigosíssima extrema-direita, quer eliminar. Só que, com a ajuda dos amiguinhos do costume na nossa tão isenta comunicação social, as imagens foram prontamente cortadas e passámos a ver apenas o dito senhor a atirar uns vasos à comitiva, facto este que deu lugar a todo o tipo de críticas.

Curiosamente, quando uma “cidadã indignada” quase agredia Montenegro porque “o PSD tinha chamado a Troika que lhe cortou a pensão”, a reação foi totalmente oposta, toda aquela cena foi considerada perfeitamente normal numa democracia de direito, outra expressão muito querida da nossa esquerda.

Mas o incidente que mais me intrigou foi o dos climáticos. É que, tendo em conta que o PSD não governa há anos, a tinta não devia ter sido atirada ao atual líder do PS que, lembro, foi ministro de Costa? É claro que todos os partidos repudiaram esse ato, é que, aqui para nós que ninguém nos ouve, devem ter receado que lhes chegasse a vez. Já agora, adorei o comentário do senhor de Belém de que o abuso do ato de atirar tinta faz com que perca a eficácia. Como li num comentário algures, seria um conselho para usarem métodos mais fortes?

Para terminar, a afirmação de um membro do BE de que os votos da AD e do Chega seriam cancelados. A explicação dada é que se tratou de uma piada! Devem estar a gozar com o Zé Povinho e acham, certamente, que somos todos burros. O grave desta questão é que o dito militante disse apenas em voz alta o que o seu partido em particular e a esquerda em geral pensam, ou seja, que só deviam ir a votos partidos e pessoas aprovados por eles.

Imaginem que era o Chega a dizer isto do BE ou do PCP, aposto que choviam pedidos para ser excluído das listas ou, no mínimo, de todas as mesas de voto. Mas como foi o BE, o mau aqui é o dito Chega que protestou. Já agora, não dei por ela ou não ouve reação dos líderes da AD?

Só me resta desejar que desta vez o grande vencedor não seja a abstenção, algo que já é bem real em certas eleições em Portugal.

Para a semana: Planeemos apartamentos a sério Inspirado pela ideia de eliminar a necessidade de pôr bidés

24
Nov23

111 - Não podemos confundir...

Luísa

Esta é uma frase que, infelizmente, ouvimos cada vez mais frequentemente e da boca de pessoas que, pela posição que ocupam, deviam ter mais juízo e que vem, quase sempre, acompanhada de uma outra expressão também muito popular, “temos de compreender”. Sabem como é, sempre que há crimes, protestos ou outros atos que caem nas boas graças da nossa esquerda ou a que esta fecha os olhos para não ser “má”. Curiosamente, é uma via de sentido único, como verão nos casos que cito abaixo.

Por exemplo, se um membro da religião da paz e do amor atacar pessoas à facada (ou à catanada, ou a tiro), “não podemos confundir” a parte com o todo, é só um caso individual que nada tem a ver com o resto da comunidade a que pertencem. Mas... se um branco atacar um membro da dita religião com quem tem quezílias pessoais de longa data, bom, aí, sim, já se pode confundir, é uma prova clara de intolerância religiosa e de racismo e ninguém se dá ao trabalho de tentar saber o que realmente se passou.

E, claro, no primeiro caso “temos de compreender” que o criminoso, perdão, a santa alma que cometeu o crime estava a ter um surto psicótico, a vida de refugiado não era bem o que pensava, “passou-lhe uma coisa pela cabeça”, enfim, mil e uma desculpas interessantíssimas que nunca, mas mesmo nunca, se aplicam no caso oposto.

Veja-se, também, o que se passa com as manifestações pró-palestinianos, toleradas, não, encorajadas, porque não “devemos confundir” palestinianos e Hamas, isto apesar de os ditos terem elegido esses terroristas para o seu governo e os acolherem e protegerem. Houve até uma invasão do Capitólio em Washington, esta sim, com entrada à força e distúrbios, mas que passou quase sem dar nas vistas porque “temos de compreender” que a causa é boa e é natural que alguns ânimos se exaltem. Será que vai haver um investigação do Congresso, prisões e penas pesadas? Pois...

Basicamente, há dois pesos e duas medidas. É que a nossa esquerda tem tanto medo de ser acusada de intolerância ou, pior ainda, de racismo, que tolera tudo e mais alguma coisa da parte dos não europeus – esta também é uma dúvida minha de “estimação”, porque é que se diz sempre africanos e brancos e não africanos e europeus? É claro que fazer esta pergunta converte-me instantaneamente em racista.

Continuando com o Islão, inúmeros atos terroristas não permitem que se diga seja o que for contra essa religião, é que “não podemos confundir”, isto apesar de nunca se verem manifestações de muçulmanos contra esses atos que são, supostamente, contrários ao que praticam. Mas pode-se dizer “os padres são pedófilos”, supostamente porque a Igreja não os denunciou, independentemente de, em muitos casos, haver zero provas de que os ditos crimes realmente aconteceram.

Os “costumes” também entram nesta equação. Como a mutilação genital feminina, que ocorre alegremente por toda a Europa, incluindo Portugal. E quando um caso é denunciado, pois, lá vêm as desculpas usuais, apesar de toda a comunidade da zona saber perfeitamente o que se estava a passar e nada ter dito ou comunicado. Mas se um pai cristão não quiser que os filhos não aprendam certas coisas na escola, grande azar, só não vai imediatamente preso porque ainda não se descobriu como fazê-lo dentro da legalidade, mas fica sob vigilância do Serviço de Menores, ao contrário do caso anterior, em que nada acontece, nem à família nem a quem praticou a mutilação. Pois, nada de confundir!

E temos, depois, a política. Se alguém considerado de direita for acusado de qualquer crime de corrupção ou de não divulgação de dados financeiros, para além de ser imediatamente considerado culpado, independentemente de não haver provas, a “nódoa” estende-se, de imediato, ao respetivo partido. Mas perante os atuais factos gravíssimos respeitantes a ministros, assistentes e não só, e que duram há anos, pois é, “não podemos confundir” algumas maçãs podres com a bondade do PS.

Há algum caso que abranja o PSD, por exemplo, e alguém desse partido queixa-se da morosidade da investigação? Estão a pressionar a justiça! Mas ministros, ex-presidentes da Assembleia e muitos outros podem berrar à vontade contra o Ministério Público e dar-lhe “conselhos” a torto e a direito que isso não pode ser confundido com pressões.

Lembram-se das “forças de bloqueio”? Segundo parece, dizer isso era sinal de desespero da direita. Mas dizer que o MP arranjou maneira de derrubar ministros e outros mimos similares, bom, não confundamos a “justa indignação” – outra expressão favorita da esquerda – com pressões ou insultos.

Um último exemplo, as supostas manifestações relativas ao clima. Partem montras, destroem propriedade privada, insultem e agridem pessoas, perturbam gravemente a vida de quem tem de trabalhar para sobreviver? Ei, não podemos confundir esses atos com vandalismo ou, porque não chamar os bois pelos nomes, terrorismo. Mas se membros de um partido da cor “errada” fizer uma manifestação devidamente autorizada contra um outro da cor “certa” e que nos desgoverna há anos, pois, também aqui “não podemos confundir”, não é um ato de democracia em ação, é uma expressão de nazismo, fascismo e quejandos.

Pois é, perante tudo isto só me resta concluir que “não devemos confundir” esquerdistas com democratas e “temos de compreender” que para a nossa esquerda, e a europeia também, vale tudo para conquistar e deter o poder, veja-se o que se passa atualmente em Espanha – já agora, aposto que se as manifestações que duram há dias fossem contra um Feijóo primeiro-ministro ouviríamos todos os dias a exigência da sua demissão por jornalistas, analistas e políticos, mesmo os de topo, ou acham que Costa e os seus muchachos se calavam?

Para semana: Adorava saber...  Agora que se aproximam eleições, há certas coisinhas que eu adorava que me dissessem

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