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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Luísa Opina

22
Mar24

128 - E houve eleições!

Luísa

A semana passada anunciei que este post seria sobre Inteligência artificial mas, como as eleições ficaram entretanto resolvidas, decidi adiá-lo e dedicar-me ao rescaldo do que aconteceu.

Para começar, adorei o espanto denotado pelos “especialistas” perante as sondagens à boca da urna. Pelos vistos têm a memória curta, é que quando o CDS era o papão da extrema-direita as sondagens davam-lhe sempre uns pontos largos abaixo do resultado final. Mais ainda, pelos vistos não lhes ocorreu que, se calhar, muitos dos indecisos não o eram, sabiam bem que iam votar no Chega mas não o queriam dizer... sim, é a democracia em que vivemos.

Passado o choque desse autêntico terramoto, houve algumas coisinhas que me despertaram particularmente a atenção e outras que adorei.

A primeira foi a indignação da AD por ter, muito provavelmente, perdido deputados por causa da semelhança de nome com o ADN. Francamente! Um partido, perdão, uma coligação que dizia ser a única capaz de nos governar só deu por ela depois das eleições? Adorei sobretudo o comentário de que a Comissão de Eleições devia ter obrigado o dito ADN – que existe desde 2021 – a mudar de nome a favor de uma união acabadinha de formar. Diga-se de passagem que essa semelhança contraria o que diz a Lei dos Partidos Políticos de 22 de agosto de 2003, artigo 12 – estranho ninguém ter reparado...

Tivemos depois, inevitavelmente, as inúmeras tentativas para minorar o resultado do Chega e, acima de tudo, para não dar demasiada ênfase à estrondosa derrota do PS – já o PCP ficou por conta própria, fartaram-se de falar do seu desaparecimento do Alentejo.

O mais grave, para mim, nestas eleições é que ninguém aprendeu nada. E por ninguém refiro-me, claro, aos iluminados donos da verdade que pululam por aí, sempre a botarem faladura e não deixando ninguém dizer nada que contrarie a sua douta opinião.

Senão, vejamos. Perante o facto de o Chega ter eleito deputados por todo o país – e fora dele – a opção racional seria analisar muito a sério as razões do seu êxito. Só que... nem pensar! “Todos” sabem que quem assim votou é racista, estúpido ou ambas as coisas. Vi, até uma daquelas entrevistas de rua em que uma rapariga negra dizia, “Não sabia que em Portugal havia um milhão de racistas”.

Só que a realidade é outra e o que aconteceu em Portugal e está a ocorrer por toda a Europa tem tudo a ver com a bolha em que vive a classe política, sobretudo a esquerda, e os “intelectuais” que se assumem como fazedores da opinião pública, bolha essa que nada tem a ver com o mundo real onde vivem muitos dos eleitores.

Enquanto uns se preocupam com a educação sobre transexuais e quartos de banho mistos, os outros vivem diariamente a insegurança nas escolas e as greves e faltas constantes de professores que deixam os seus filhos ao abandono. Uns apelam à “tolerância” e a um país de portas abertas, eles vivem em bairros sitiados, sujeitos a insultos, a violência de todos os tipos e ao aumento crescente de ataques à mão armada.

Para uns, o importante é “salvar” a TAP e fazer o TGV Lisboa – Porto. Para o povo, o tal que supostamente é quem mais ordena, a preocupação é conseguir que o dinheiro chegue até ao fim do mês. E a lista seria infindável.

Tivemos, depois, a “explicação” de que eram só votos de protesto. Só? Mais de um milhão de portugueses mostraram o seu desagrado e não se dão ao trabalho de tentarem perceber o que os atormenta?

Num ponto acertaram, embora não na totalidade, quando dizem que foi o PS que fez crescer o Chega com a “cerca sanitária”. Mas só em parte, por toda a Europa partidos ditos de direita crescem precisamente porque os do centro e esquerda ignoram os seus potenciais eleitores ou, pior ainda, insultam-nos à menor oportunidade com os já mais do que estafados fascista, racista, etc.

Mas, francamente, foi o que veio depois do domingo de eleições que me tem dado mais gozo. Refiro-me, claro, às manobras da esquerda, lideradas pelas “pessoas capazes de amamentar” – veem, também sei ser woke – do BE e do PAN. Pelos vistos a matemática não é o seu forte, querem criar um acordo para não deixar passar a direita! Pois, com os seus 5 + 1 deputados... Ou a IL a querer ter ministros no novo Governo, é claro que os seus lautos 8 deputados dão para todo o tipo de exigências...

E quanto apostam que daqui a uns dias, umas semanas, no máximo, veremos gente do PS a dizer que até ganharam as eleições porque a AD não teve a tão desejada maioria? Já a perda de 42 deputados e a passagem de maioria absoluta a segunda força política são meros detalhes que nem vale a pena referir.

Agora o que me fez ganhar o dia, bom, o mês, foi o que aconteceu ao Sr. SS, o tal de “eu sou a segunda figura do Estado, respeitem-me!” Não sei se viram ou leram a entrevista que deu em que afirma, com um ar muito sério, que nunca cortou a palavra a deputados do Chega, que nunca esteve contra eles, foi sempre isento, limitando-se a cumprir as regras e quem diz o contrário mente. Achará que sofremos todos de amnésia?

Já agora, lembram-se da cena dos 3 Estarolas aquando da visita de Lula à Assembleia da República e de como gozaram com o Chega? Pois, o cabecilha não conseguiu ser reeleito, o outro demitiu-se após inúmeros escândalos o seu Governo e o terceiro passou, aos olhos da opinião pública, de bem-amado ao pior Presidente da República de sempre.

Para a semana: Inteligência artificial. Será mesmo o papão que dizem?

26
Jan24

120 - Quanta má fé

Luísa

Certas “cenas” recentes da nossa política e não só chamaram-me novamente a atenção para o abismo entre o modo como situações similares são tratadas consoante os envolvidos.

Comecemos pelo ex-deputado do PSD e agora também ex-candidato pelo Chega, Maló de Abreu. Muito francamente, não faço a menor ideia se o que esse senhor fez é ou não legal, não foi isso que me chamou a atenção nas inúmeras notícias que vieram a lume sobre a questão. É que tinham todas algo em comum, o tremendo realce dado ao facto de pertencer agora ao Chega.

Mesmo sem ter ouvido as notícias com muita atenção, uma coisa ficou bem clara na minha mente: todos esses atos, fossem ou não ilícitos, repito, decorreram quando era deputado do PSD. Não competia, pois, a este partido vigiar as pessoas que mete na Assembleia da República? Mais ainda, não é curioso que um deputado nosso declare a sua residência oficial em Angola e ninguém verifique nada, limitam-se a pagar-lhe os subsídios e ajudas a que teria direito?

É claro que a parte mais interessante – para mim, claro – é o pequeno detalhe de tudo isto ter vindo a lume só depois de o Chega ter anunciado a sua inclusão nas listas do partido... Mas, ei, tenho a certeza de que quem fez a denúncia agiu com toda a boa fé...

Só um pequeno detalhe, não será altura de investigar as residências oficiais de todos os deputados, atuais e passados e os dinheirinhos que averbaram? Se calhar ainda havia uma série de surpresas!

A segunda situação que vou comentar vem de Espanha e é, de certo modo, mais um caso de hipocrisia. Pelos vistos o Governo espanhol decidiu mandar fazer uma verificação das obras expostas nos museus do país para retirar peças com ligações ao colonialismo. Bom, até aqui, é apenas mais um triste exemplo do alastramento do vírus letal que é o wokismo.

Só que, curiosamente, este anúncio era seguido de outro, com bem menos destaque, claro, em que o mesmo governo anunciava a criação de uma Comissão de Censura para impedir que exista em Espanha. Hum... O que é que chamam à retirada de obras de arte por “ofenderem” alguns? Já agora, os termos desta notícia são bem claros, impedir pessoas “más” – e todos sabemos que são – de falar ou de se expressarem não é censura.

E onde está a má fé? Pois bem, ambas as notícias foram dadas exatamente com o mesmo grau de satisfação e com a ideia subjacente de que se estava a dar um grande passo a favor de uma sociedade inclusiva. Pois, agora é o colonialismo, qual será a “ofensa” seguinte? Retirar todas as obras que incluam figuras humanas para que uma certa religião se sinta “incluída” na nossa sociedade?

Voltando ao Chega... sim, bem sei, duas vezes num post, mas dada a obsessão da nossa comunicação social com este partido, é inevitável haver inúmeras notícias que sirvam de exemplo para todo o tipo de coisas, nenhuma delas boa, diga-se de passagem.

Voltando, pois, ao Chega, temos o jornalista, penso que do Expresso, que afirma ter sido agredido num evento promovido por Associações Académicas da Universidade Católica em que Ventura era um dos oradores. Segundo se veio a saber, bom, quem pesquisou, o dito jornalista mentiu para estar presente e provocou todo o tipo de desacatos até ser expulso – possivelmente à força, já que não quis sair a bem.

E qual foi o título e a ênfase dadas por toda a comunicação social? Adivinharam, “jornalista agredido em conferência do Chega”.

Eu até entendo, é que as Associações Académicas em causa acreditam no pluralismo de opiniões e não discriminam certos líderes parlamentares por não terem a cor política “certa”. E muito francamente, atendendo à minha (fraquíssima) opinião dos jornalistas, a ideia que me ficou é que esse senhor apareceu precisamente para provocar um incidente e obter o título em questão. Mas tudo bem, fê-lo de boa fé por acreditar piamente - e praticar – na isenção jornalística.

E passamos às promessas eleitorais. PS promete repor tempo dos professores, aumentar reformas e salários da função pública, tudo bem, aplaude-se ou, quanto muito, faz-se o silêncio de quem sabe o que valem estas coisas ditas antes de uma eleição. O PSD faz o mesmo, bom, aqui já se começam a ouvir algumas críticas ao custo do que se propõe fazer, mas nada de especial até porque muito do que diz coincide com promessas PS.

Mas perante a proposta de igualar a reforma mínima ao salário mínimo, feita pela perigosíssima extrema-direita – perdão, agora foi promovida a “partido conservador” – pois, foi um aqui d’el rei que isso irá levar a Segurança Social à falência! E as medidas dos outros não?

Ou as tomadas recentemente, em que as pensões mais baixas subiram 6 % mas as maiores subiram “só” 5 %. Ou seja, quem recebia 500 euros, ficou com mais 30 por mês – um euro por dia, mas não em meses de 31 dias! Mas quem tinha uma reforma de 3000 euros passou a ter mais 150, ou seja, 3 por dia em meses de 30 dias! E alguém protestou?

Pois, mas é tudo gente de boa fé...

Último tema, o honestíssimo Sr. Sócrates, que teve direito de antena para se proclamar, mais uma vez, vítima de todo o tipo de cabalas. Recordo-me de quando surgiram as primeiras notícias sobre gastos incomportáveis para quem tinha apenas, a fazer fé na sua declaração de rendimentos, a reforma de primeiro-ministro. Saiu este mundo e o outro em defesa do pobre injustiçado. E, a fazer fé em reações que vi ontem, muitos comentadores e jornalistas foram apanhados de surpresa pelo que aconteceu na Relação.

E ainda o defendem! Mais ainda, cheios de boa fé, lamentam a morosidade desta decisão, escamoteando, de boa fé, claro, que se deveu, sobre tudo, aos quarenta e muitos recursos que esse senhor tem andado a apresentar, aqui para nós, na esperança, provavelmente não descabida, de que tudo – ou quase tudo – prescreva.

Mas é claro que o senhor PSD da Madeira é culpadíssimo, nem vale a pena haver julgamento – pequena nota, não tenho nenhuma simpatia por esse político, limito-me a destacar a dualidade de critérios e a boa fé com que se defendem ou atacam pessoas, não pelos seus atos mas por quem são.

Como complemento deste tema, recebi há momentos de um dos leitores deste blog um link (e que agradeço imenso) com o discurso de Ivo Rosa quando eliminou a maior parte das acusações a Sócrates e que é o exemplo acabado de alguém que toma uma decisão importantíssima totalmente de boa fé...

Para a semana: E vivam as greves! Simples curiosidade, será que alguém lhes liga?

17
Nov23

110 - Jornalismo ou jornalixo? Parte 2

Luísa

Os acontecimentos desta semana levam-me, mais uma vez, a alterar o tema que tinha programado para publicar hoje. Mas houve vários “detalhes” que me incomodaram bastante, bom, alguns já duram há algum tempinho. E para quem estiver interessado e não tenha lido, a parte 1, sem esta identificação, está em Jornalismo ou Jornalixo?

Comecemos pela política. Eu já estava a estranhar ver a nossa comunicação social a atacar socialistas de topo e até o nosso PM. Pelos vistos deve ter sido o choque das acusações terem surgido sem que soubessem de nada, ou seja, sem as tão famosas fugas ao famosíssimo segredo de justiça.

É que, menos de uma semana depois, voltou tudo ao “normal”. Comentadores e jornalistas repetem à saciedade o chavão da presunção de inocência que, curiosamente, só existe para quem alinha pela cor política “certa”, é que em casos em que se falou vagamente em acusações similares de pessoas da chamada direita – atenção, boatos, não indiciamentos formais – os mesmos berravam por demissões e aí a presunção era de culpa – lembram-se de Carmona Rodrigues e dos terrenos da Feira Popular?

Mais ainda, acham perfeitamente normal que um governo demissionário por corrupção tome decisões económicas importantes como a Linha Violeta do Metro e a TAP? Ora isto só é possível graças ao prazo alargadíssimo que o senhor de Belém decretou para as novas eleições e que continua, também, a não merecer reparos contra.

Mas temos melhor. Começaram, agora, a esmiuçar as acusações do Ministério Público, numa tentativa clara de as tornar nulas. Já agora, com o tipo de erros que têm aparecido, acho que o MP devia era investigar a fundo quem os cometeu – filiação partidária ou simpatias políticas, círculo de conhecidos e amigos, contas bancárias... é que são mesmo estranhos.

Mas o que me deixa curiosa é passarem horas a discutirem, por exemplo, o facto de terem apontado mal o local de uma reunião, como se isso fosse o mais importante e não o facto de esse encontro ter acontecido!

Enfim, a sensação que fica é que, passado o tal choque inicial que referi, os nossos jornalista meteram mãos à obra para tentar ilibar todos os envolvidos e, acima de tudo, para que o seu bem-amado PS ganhe as próximas eleições e nos continue a dar mais do mesmo.

E, última nota sobre este assunto, já ouviram criticar o Sr. SS – para os mais distraídos, o Santos Silva da AR – pelo que tem dito sobre o MP e a necessidade de celeridade da justiça? Primeiro, como segunda figura do estado, algo que repete vezes sem fim, e líder do seu órgão legislativo, a famosa separação de poderes deveria impedi-lo de abrir a boca. Segundo, e mais importante a meu ver, porque é que o caso de um ex-ministro ou outro amigo do PM precisa de ser resolvido rapidamente mas o do Zé dos Anzóis pode arrastar-se anos a fio, muitas vezes sem uma acusação formal? De acordo com a Constituição, outra vaca sagrada da esquerda, não somos todos iguais perante a lei?

Passemos agora ao que se passa em Israel e que ainda dá uma imagem pior do que é o jornalismo atual, neste caso, infelizmente, em todo o Ocidente.

Ouvindo as notícias, fica-nos a dúvida se estamos perante órgãos de uma imprensa livre ou de meros porta-voz do Hamas. É que tudo o que estes terroristas dizem é aceite como sendo a verdade pura e dura e ninguém faz perguntas que essas criaturas possam achar inconvenientes.

A preocupação com os civis, por exemplo. Já ouviram alguém perguntar porque não os deixam refugiar-se nos célebres túneis enquanto decorrem os combates? Mais ainda, vemos em imagens muitas vezes em direto disparos de todo o tipo, até de rockets, vindos de prédios de apartamentos. E quando o dito edifício é destruído... pois, só lá havia civis, ou antes, mulheres e crianças.

Pelos vistos ninguém ouviu o líder civil do Hamas dizer que esta guerra está a criar mártires e “estamos dispostos a que haja muitos mártires”. Ou seja, o dito “senhor” continua na sua vida de luxo no Qatar enquanto os civis são convertidos em mártires!

Mas o que se tem dito sobre os hospitais, sobretudo o Al-Shifa, ultrapassa todo o bom senso. Independentemente de termos visto, bom, quem quis ver, rockets e tiros a serem disparados do interior daquele enorme complexo, há a crença feroz na nossa comunicação social de que só lá estão médicos, doentes e outro pessoal de saúde! Como li num comentário feito a um artigo do Observador, se só houvesse lá dentro esse tipo de pessoas, porque é que as tropas israelitas levaram vários dias sem lá entrar, cercando-o, aos poucos, até deixar de haver resposta militar?

Sim, atacar hospitais é contra o direito internacional. Mas o mesmo direito diz que se um hospital for usado como centro militar ou base para ataques, então passa a ser um alvo legítimo. Mas só ontem é que ouvi um comentador a falar disso e na ilegalidade de o Hamas estar a usar escudos humanos – suspeito que não volta a ser convidado, não seguiu a cartilha...

Último ponto, a quase agressão física e os insultos que sofreu a deputada Rita Matias do Chega numa Faculdade de Lisboa onde estava a distribuir panfletos, com berros de abaixo os fascistas e viva a democracia. Pelos vistos, os “filhotes da esquerda caviar”, mais conhecidos como climáxicos, acham que democracia significa ninguém se poder opor ao que dizem e fazem. Mais ainda, que eles têm toda a legalidade de cortar estradas e atacar edifícios mas o Chega “não tinha legitimidade para estar ali”. Imaginem as notícias e comentários da nossa comunicação social se isso tivesse acontecido com alguém do PCP, BE ou até do PS!

Para semana: Não podemos confundir...  É o que se ouve se há certos protestos, mas nunca se estes forem contra outros alvos

10
Nov23

109 - E haja eleições!

Luísa

Os acontecimentos desta semana levam-me, mais uma vez, a alterar o tema que tinha programado. Mas não podia, de modo algum, nada dizer perante a conjuntura atual.

Em primeiro lugar, não entendo o espanto que alguns mostraram por ministros importantes do (des)governo Costa terem sido indiciados por crimes de corrupção. Muito francamente, a escrita estava há meses na parede e só o mais total sentido de impunidade levou o nosso ex-PM a não se distanciar dos seus amigalhaços e a tentar salvar-se enquanto ainda ia a tempo... bom, talvez, pelos vistos a ferrugem tinha penetrado bem mais fundo do que se pensava.

Para mim, o único espanto foi o Ministério Público ter agido contra nomes chorudos do PS e, milagrosamente, sem fugas de informação! Sim, esse foi sem dúvida um verdadeiro milagre de Natal antecipado.

Gostei, em particular, da descontração desse homem honestíssimo que até mereceu ser o interlocutor do OE com Marcelo, o Sr. Galamba. Mas talvez o haxixe, o tal que é apenas ilegal, tenha algo a ver com isso... Já agora, alguém é capaz de me explicar quem é que esse senhor queria enganar com a camisa aberta e sem gravata, muito à “homem do povo”, mas com fatos de marca?

Passemos agora às opiniões dos vários partidos sobre o futuro imediato.

Para o PS tudo devia continuar como dantes, mudando-se o PM, claro, mas apenas porque ele se tinha demitido apesar de nada ter a ver com nada, como sempre foi, aliás, o seu hábito durante os últimos anos. Propuseram, até, como seu substituto, o SS, sim, o arruaceiro de serviço do partido e que tão “bom” e “isento” serviço tem prestado ao nosso país com presidente da AR.

O PCP e o PAN eram ferozmente contra eleições, apresentando inúmeras razões para essa sua atitude. Só que, cá para mim que ninguém nos ouve, acho que têm é medo de desaparecer de vez, ligados como estão à geringonça.

O BE parece que ainda não entendeu que vai a caminho do fosso e que está, na mente do povo, também totalmente ligado ao Costa e seus muchachos, daí querer eleições. Acho ótimo, com alguma sorte, desaparece também.

Já o PSD queria eleições, ou antes, o Sr. Montenegro era grande fã dessa opção. É que se houvesse um novo governo PS de transição, com eleições só daqui a quase um ano ou mais, já não estaria, certamente no poleiro e lá se ia a sua única oportunidade de ser PM.

O Chega e o IL têm, claro está, tudo a ganhar com nova campanha eleitoral, será mais uma tentativa de se afirmarem no palco político português, a sua atitude foi, pois, totalmente esperada e coerente.

Falemos, agora, da terceira parte desta peça que seria uma farsa se não fosse tão triste a imagem que dá do nosso país, isto para não falar das consequências internacionais e económicas. Refiro-me, claro está, ao senhor de Belém.

Adorei, adorei, adorei, isto para copiar uma frase de Recordações da Casa Amarela. Foi um belíssimo exemplo do “cá se fazem, cá se pagam”.

O dito senhor andou estes anos todos a engolir sapos do Costinha e a aparar-lhe o jogo “pela estabilidade do país”. Pois, valeu bem a pena, num ápice lá se foi tudo isso ao ar e, pelo que pudemos ver, sem o menor aviso prévio.

E de presidente das selfies e das viagens passou, em minutos, a presidente que tem de tomar a decisão mais grave que um PR português pode tomar e que é dissolver ou não a Assembleia da República.

E porque é que citei aquele ditado? Pois bem, lembram-se do governo de Santana Lopes e da sua eliminação pelo outro amigalhaço de Marcelo, o Sr. Sampaio, sem nenhuma razão válida? Sim, sem qualquer razão, acho que o “perigo de instabilidade” não convenceu ninguém, o Sr. Sampaio esteve simplesmente à espera que o PS tivesse um presidente não associado, pelo menos na mente popular, ao caso Casa Pia para avançar para eleições.

E qual foi a reação do então comentador Marcelo? Um aplauso de pé, porque “os portugueses não tinham votado em Santana para PM”. Para além disso me fazer uma certa confusão, que eu saiba o boletim de voto só tem nomes de partidos, há ainda o detalhe de o mesmo Marcelo ter acho ótima a ideia da geringonça, apesar de, aí sim, não termos votado no PS para governar o país.

Mas onde quero chegar é que agora, tantos anos depois, essa sua atitude ressurgiu para o queimar. Se aceitasse um novo governo PS, mesmo de transição, não haveria quem lhe lembrasse, alto e bom som, que “o povo não tinha votado no novo PM”. Alguém acha que o Ventura ficaria calado?

Mesmo assim, tentou fugir com o rabo à seringa, como se costuma dizer, convocando o Conselho de Estado. Atenção, numa situação grave como a que vivemos o dito Conselho deve ser consultado, supostamente é para isso que existe, apesar de a sua composição me fazer imensa confusão... Lídia Jorge?!!! O problema aqui é que Marcelo estava à espera de uma decisão contra eleições e, apesar de esta não ser vinculativa, citaria no seu discurso o respeito pela opinião das sumidades que o constituem, alinhando na não dissolução.

Grande azar, o resultado foi 8-8, teve, pois, de ser ele o único responsável pela decisão. Mesmo assim repare-se que deu o máximo de tempo possível ao PS para pôr a casa em ordem e, ao permitir a votação do OE antes da dissolução, garantiu que o partido culpado da crise pode meter à última hora todo o tipo de benesses no dito de modo a garantir os chamados votos cativos, nomeadamente reformados (do Estado) e funcionários públicos.

Seria mau não ter OE? Possivelmente, mas que tal garantir que a votação na especialidade não introduz modificações de peso? Ou, melhor ainda, exigir um OE mínimo, só com o suficiente para o país funcionar. É que, para além do que disse acima, o próximo governo, seja de que cor venha a ser, começará o seu mandato com o peso de despesas que não são, muito provavelmente, as que gostaria de fazer.

Só duas últimas notas.

Tenho falado várias vezes dos “peritos” e comentadores “profissionais” que nos enchem os ecrãs e que não acertam uma seja em que assunto for. E foi para mim um tremendo prazer vê-los a debaterem-se para tentar defender o indefensável, ou seja, a inocência e honradez dos acusados, e justificar não terem tido a menor suspeita do que iria acontecer. Isto fora os usuais cenários de catástrofe caso a AR fosse dissolvida.

Segundo, será que o Sr. Marcelo nunca ouviu falar de separação de poderes? Refiro-me, claro está, ao que disse sobre desejar que o MP seja rápido a bem da justiça e do bom nome das pessoas. É que se fosse o Zé da Esquina a dizê-lo, tudo bem, era uma opinião válida e justificada pela tremenda morosidade do que passa por justiça no nosso país. Mas vindo da boca do Presidente da República, bom, soa a pressão...

Para semana: Não podemos confundir...  É o que se ouve se há certos protestos, mas nunca se estes forem contra outros alvos

29
Set23

103 - Democracia

Luísa

Concluídas as eleições na Madeira pareceu-me apropriado voltar a este tema, que já tratei anteriormente neste blogue, nomeadamente em Vivemos mesmo em democracia? e, indiretamente, em Novo dicionário precisa-se – Parte I e Novo dicionário precisa-se – Parte II. Infelizmente é um tema que nunca é demais tratar e pelas piores razões.

Comecemos, então, pelas eleições na Madeira. Não acompanhei a campanha eleitoral, aliás nunca o faço em detalhe, mesmo assim houve alguns detalhes caricatos como o candidato do PAN – ou do BE... – a dizer que tinham imenso apoio mas que as pessoas tinham medo de o dizer por receio de represálias! A sério? Num país em que a extrema esquerda é a dona da verdade e quem discordar de algo que diga é imediatamente apelidado de fascista, nazi, etc.?

Na noite das eleições acompanhei até certo ponto os resultados por várias razões. A primeira, a tremenda margem de erro das projeções – francamente, será que pagaram mesmo por esse brilharete? Segundo, para ver se o PSD/CDS tinha maioria absoluta, desejando, aqui para nós, que não a tivesse uma vez que queria ver o que faria nesse caso o Sr. Albuquerque – sabem, o tal que se demitiria se isso acontecesse. Terceiro, e mais importante para mim, para assistir aos malabarismos da nossa comunicação social caso os resultados não lhe agradassem.

Bom, quanto ao Sr. Albuquerque, enfim, devia ter adivinhado que um político daqueles não tem palavra. Pior ainda, chama-nos estúpidos ao afirmar que não foi isso que disse,  foi mal interpretado, só se demitia se não conseguisse formar governo ou, última versão, “foi só uma tática de campanha”! Resumindo, um bom democrata! Ainda por cima com uma tal ganância de manter o tacho que até se alia à deputada do PAN, uma “inteligentíssima e culta” criatura, como podem ver nesta entrevista. Mas tudo bem, o importante foi traçar uma linha vermelha em relação ao Chega.

Passemos aos nossos jornalistas. Já falei deles anteriormente em Jornalismo ou Jornalixo, mas é “bom” ver que nada mudou. Ou se mudou foi para pior. Senão, vejamos.

O PS perdeu 40 % dos votos e 8 deputados. Mas isto só foi referido muito de passagem, quase por obrigação, sem comentários.

Em compensação, adivinhem quem foi o grande perdedor? Pois, aposto que adivinharam, o Chega! Curiosamente, passou de 619 para 12 028 votos e de 0 para 4 deputados, mas ei, foi a quarta força mais votada e não a terceira e não ia fazer parte de uma solução de governo – por isso, grande perdedor. Pois, a mim ficou-me a dúvida, será que quereriam governar com o Sr. Albuquerque? E o JPP, o tal terceiro mais votado? Não perde pela mesma razão?

Infelizmente, tudo isto não passa de um sintoma de algo bem mais grave que se passa um pouco por todo o Ocidente. Ou seja, o resultado de uma eleição só é “válido” (não no sentido legal, bem entendido) se for ganha por um partido ou pessoa considerados desejáveis. Caso contrário, a democracia está ameaçada, vem aí a ditadura, enfim, os mimos do costume.

Veja-se o caso bem recente de Itália. Como um dos poucos analistas credíveis que ainda nos restam antecipou, nunca mais ouvimos falar do que ali se passa – exceto agora quando o mau do governo “extremista de direita” quer ver se os migrantes que se dizem menores o são realmente. Mas se nos dermos ao trabalho de ir procurar notícias, descobrimos que a Sra. Meloni até tem tomado medidas económicas sensatas e algumas que até são favoritas da nossa esquerda, como taxar lucros extraordinários da banca. Mas é de direita, por isso tudo o que faz é mau e tem de ser ignorado.

Temos também o aumento do desprezo total pelo povo e pelas suas opiniões, com ameaças mais ou menos veladas de que o seu voto só contará se for para um “partido bom”. Sim, ameaças, no fundo todas essas afirmações de “nunca nos ligaremos ao Chega” são isso mesmo, dizer a muitos portugueses que o que pensam não conta para nada, que a sua opinião livremente expressa nas urnas é para deitar fora se votarem “mal”.

Já agora, não seria interessante incluir nos boletins de voto das legislativas uma perguntinha sobre coligações? Um boletim separado com  PS e PSD e por baixo de cada um deles punha-se a lista dos outros partidos, com o respetivo quadradinho ao lado, para que os eleitores pudessem votar em quem gostariam de ver numa coligação governativa... confesso que morro de curiosidade para ver esses resultados, era capaz de haver grandes surpresas!

Enfim, temos um governo que não governa, ministros que nunca sabem de nada, inúmero pessoal ministerial envolvido em todo o tipo de negócios escuros, um presidente que só se cala quando devia falar, mas a ameaça à democracia está na chamada extrema direita? E não é curioso que esse termo abranja tudo o que não seja centro esquerda – ou considerado como tal – mas que nunca se ouça falar de extrema esquerda ou de esquerda radical?

Só um último ponto. Ouve-se muito dizer que uma das razões de a direita ser um perigo é que tenta tudo para ser poder, para depois governar em ditadura. A sério? Sem voltarmos à muito nossa geringonça, por acaso já repararam no que se está a passar em Espanha, com o Sánchez disposto a aliar-se a extremistas que nem sequer reconhecem a existência da Espanha só para ficar no poleiro? Mas tudo bem, é socialista, ou seja, é um bom “democrata”.

Para semana: O ativismo climático  Sim, o dos protestos, tinta atirada, etc.

28
Abr23

81 - E viva o 25 de Abril!

Luísa

Devido ao muito que aconteceu antes e durante o 25 de abril deste ano decidi converter este post numa espécie de carta aberta ao Muito Digno (pelo menos na opinião dele) Presidente da Assembleia da República, o Sr. Santos Silva, daqui em diante conhecido como o Sr. SS, para poupar esforço.

Só um pequeno detalhe, não sou nem nunca fui militante do Chega ou de qualquer outro partido político.

Dito isto, aqui vai a minha cartinha.

Caro Sr. SS:

Ando há uns tempos para lhe dedicar um post mas o que se passou neste 25 de abril, o suposto Dia da Liberdade, foi literalmente a gota de água que fez entornar o caldo. Refiro-me, claro está, aos seus comentários e reações às atitudes do partido Chega que, na sua opinião, envergonharam o país. A sério? Foi mesmo isso que envergonhou os portugueses? Se realmente acha isso, lamento informá-lo de que não conhece minimamente o povo que diz representar e que lhe paga o salário e outras (numerosas) benesses.

Sabe o que é que realmente nos envergonhou? Pois bem, passo a explicar-lhe alguns dos destaques.

Primeiro, a condecoração dada pelo nosso estimadíssimo Presidente da República, o Sr. Marcelo, à esposa do Sr. Lula “por serviços prestados à Nação”. Para os mais distraídos, lembro que a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique é destinada, e cito, “a quem houver prestado serviços relevantes a Portugal, no país e no estrangeiro, assim como na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua história e dos seus valores.” Dois dos anteriores agraciados, que dispensam apresentações, foram o Dr. Pedro Ferraz da Costa e o escritor Mário de Carvalho.

Com a sua enorme preocupação pela vergonha que o Chega trouxe ao país, talvez possa esclarecer os papalvos que o sustentam sobre a aplicação de tudo isto à tal senhora. Só que aposto que não consegue, por isso, o seu amigo Marcelo trouxe, ele sim, vergonha para o nosso país.

Mas há mais. Soube, com grande espanto meu, que o nosso ainda mais estimado Primeiro-Ministro, o Sr. Costa, disse, num discurso em Matosinhos, que “temos é pena de não falarmos com o vosso sotaque”. Fantástico! Não sei quem era o “nós” implícito na frase, não me incluía, certamente, é que ao contrário do nosso PM e, obviamente, de si, tenho muito orgulho em ser portuguesa e não vejo nenhuma razão para me rebaixar perante quem quer que seja.

Já agora, o Sr. Lula retribuiu dizendo que “geringonça no Brasil não é coisa muito boa. É um amontoado de todas as coisas.” Pois é, o nosso PM põe-se de gatas perante o Presidente de um país estrangeiro e, em troca, este insulta-nos.

E é o Chega que envergonha o país?

Quer pior vergonha do que a entrada do Sr. Lula num órgão de soberania do nosso país rodeado de guarda-costas? Ou antes, de energúmenos, que fizeram questão de agredir deputados eleitos pelo povo português... mas tudo bem, o Sr. SS até aplaude, eram os maus do Chega. Já agora, é legal entrar com guarda-costas na nossa Assembleia da República? Qual seria a sua reação se alguns deputados – e sabe a quem me refiro – fizessem o mesmo por se sentirem sob ameaça constante? Vergonhoso, tudo isto!

Sei que gosta muito de falar da falta de credibilidade democrática de André Ventura e de mencionar, a torto e a direito, a sua posição de “segunda figura do Estado” e, como tal, merecedora de todo o respeito. Só que...

Vamos por partes. Não gosto do Sr. Costa nem do Sr. Marcelo mas respeito-os enquanto titulares dos seus cargos porque foram eleitos pelos portugueses. Sim, ao contrário de si, eu tenho respeito pela democracia.

Mas a si, quem o elegeu para ser a tal “segunda figura”? Não foram certamente os eleitores portugueses. Pior ainda, quando foi eleito deputado, não passava de um nome entre dezenas de outros, sem haver sequer a menor garantia de que iria ocupar o seu lugar. É que, lembro, um deputado tem de estar na lista do seu partido mas este não é obrigado a seguir a ordem indicada. Recordo uma época em que se escolhiam atores e outras figuras conhecidas como cabeças de lista e que depois eram pura e simplesmente afastados para darem lugar a políticos de carreira.

Resumindo, ninguém votou em si. Já André Ventura, quem votou no Chega sabia que pelo menos o seu líder iria estar na Assembleia.

E quanto a ser Presidente da Assembleia da República, a “eleição” é feita apenas entre os deputados e sabe-se, à partida, que é eleito o escolhido pelo partido com mais votos. E chama a isso ter credibilidade democrática?

Último ponto, a sua ameaça de que o Chega nunca será convidado para visitas de estado ao estrangeiro. Esta sua afirmação deixou-me uma dúvida. Essas viagens são pagas por si? É que se são pagas pelos contribuintes, como é que explica pôr de lado os escolhidos de quase 400 000 deles e obrigá-los a ver os seus impostos a irem para as despesas de pessoas altamente democráticas como são os deputados do PCP, por exemplo?

Sabe, Sr. SS, talvez deva mudar oficialmente de nome para Luís XIV, aquele que dizia “o Estado sou eu”. É que todas as suas atitudes e afirmações só demonstram que tem zero respeito pela democracia – ou antes, respeita imenso a nova definição do termo e que é, muito simplesmente, só é democrata quem agradar à esquerda ou, pior ainda, a si.

Numa coisa dou-lhe toda a razão, o que se passou neste 25 de abril envergonhou muito a sério Portugal. Mas não pelas razões que nos deu, foi o senhor e a sua trupe (ou seja, o trio da conversinha a sós que afinal foi gravada) quem nos encheu de vergonha.

E viva a liberdade!

30
Set22

52 - O respeitinho é muito bonito!

Luísa

Mostrar respeito pelos outros é um conceito cada vez mais na moda, nestes tempos tão woke. Mas será que quem mais o apregoa cumpre o que diz? Mais ainda, porque será que o tal “respeito”, tão badalado, é sempre uma via de sentido único e ainda por cima sempre no mesmo sentido? É o que irei explorar neste post.

Comecemos pela política. Como já referi no post Novo Dicionário precisa-se – Parte 1 (https://luisaopina.blogs.sapo.pt/9-novo-dicionario-precisa-se-parte-4624), estamos sempre a ouvir expressões que indicam, basicamente, que se deve respeitar totalmente a vontade do povo expressa nas urnas – ou, numa versão bem nossa, “o povo é quem mais ordena”. Só que a realidade é bem diferente.

O que realmente querem dizer é “respeitar a vontade do povo desde que esta coincida com o que os Donos da Verdade (DDV) consideram correto.

Veja-se o que se passa atualmente entre a União Europeia e a Hungria, por exemplo. O pretexto para a retenção de fundos europeus é a corrupção, mais especificamente, compadrios em concursos públicos, etc.

Bom, o que nos vale é termos um governo de esquerda, se fosse de direita e houvesse um César com a familota toda em cargos chorudos, lá se ia o nosso rico dinheirinho. Ou se o Sr. Sócrates não fosse PS, com o “emprestador” de 25 milhões de euros a ganhar todos os concursos públicos em que entrava...

Temos também a total falta de respeito que o Sr. Santos Silva e o próprio Sr. Costa demonstram para com o Chega. Goste-se ou não deste partido, a verdade é que é a terceira força política na Assembleia da República, ou seja, foi a escolha de bem mais portugueses do que o PCP e o BE, tão do agrado desses senhores.

Pior ainda, estão sempre a dizer que têm de ser respeitados como “figuras importantes” que são do nosso país, mas que tal começarem eles também a mostrar respeito pela vontade soberana do povo? Ou seja, tornar o “respeito” uma via de dois sentidos?

Mas, infelizmente, esta não é a única área em que se exige que se dê respeito mas não se pede sequer que este seja devolvido.

Veja-se o caso dos imigrantes e minorias em Portugal. Mais uma vez, estamos sempre a ouvir dizer que temos de respeitar os seus costumes. Curiosamente, não incomoda ninguém muitos desses costumes serem contra a nossa Constituição.

Os mesmos que se fartam de berrar a pedir quotas para mulheres em cargos diretivos nada dizem quando as mulheres e raparigas dessas minorias são proibidas de estudar, são obrigadas a casar bem novinhas com quem a família decidir, sofrem mutilação genital, enfim, um sem acabar de atrocidades. Sim, atrocidades.

Mas, estranhamente, nunca se pede, muito menos se exige, que esses imigrantes e minorias respeitem as leis e costumes do nosso país. Pior ainda, quem o faz é logo apelidado de xenófobo e racista. Lembro-me de ver parte de uma entrevista na BBC em que um líder “africano” de um dos bairros mais problemáticos de Londres disse às tantas: “Porque é que eu tenho de cumprir as leis inglesas?” Pois, talvez porque reside em Inglaterra?

Ou seja, mais uma vez, o respeito é uma via de sentido único.

E não são só as minorias. Já ouviram brasileiros residentes há anos em Portugal a criticar o “sotaque” português? Pois, pequeno detalhe, portugueses no Brasil têm sotaque, em Portugal quem o tem são os brasileiros... E já que estamos a falar em respeito, porque é que um português no Brasil só arranja e mantém emprego falando à maneira de lá, mas os brasileiros em Portugal podem falar como muito bem lhes apetece? Não merecemos o mesmo respeito que lhes mostramos no país deles?

Temos também o caso da religião. É ver quem mais se desdobra em mostras de respeito pelo Islão. Tivemos até uma escola que cancelou em cima da hora a festa de Natal por ter recebido dois miúdos de uma família iraniana chegada como refugiada. Pois, temos há que séculos alunos judeus, hindus, sikhs e Testemunhas de Jeová, entre outros, e nunca ninguém se lembrou de cancelar esse tipo de festa para “não ofender”.

Jornalistas, comentadores e muitos outros não se coíbem de criticar tudo o que a Igreja faz, assuntos que, muito francamente, só dizem respeito a crentes praticantes. Talvez seja altura de lembrar que, ao contrário do que se passa com o dito Islão, não há um único país sujeito aos ditames da Igreja Católica – bom, o Vaticano, mas não é exatamente um país “a sério”.

Exigem, por exemplo, que aceite mulheres padres. Já agora, quantas mulheres imãs há? E quanto aos homossexuais, já repararam no que lhes acontece em países muçulmanos? Só condenação à morte...

Vemos com grande aparato figuras políticas graúdas – como o Sr. Marcelo, claro – irem à mesquita na companhia de cardeais e outros e até do rabi local. Mas já alguma vez viram o imã da mesquita de Lisboa numa igreja?

Achamos normal que vedem a entrada da mesquita a não crentes, mas quando, após uma ameaça credível de atentado, se falou em limitar o acesso a Fátima num 13 de maio choveram logo as acusações de fascismo, discriminação, racismo, enfim, os mimos do costume.

Ou seja, também aqui o “respeito” é uma via de sentido único, de todas as outras religiões em direção ao Islão.

Talvez seja mais do que altura de exigir dos tais “outros” o mesmo respeito que lhes temos dado até agora ou, que, pelos menos, nos é exigido que lhes demos.

Para semana: O público é que é bom! Falar em “privado” é como falar no diabo para a nossa bendita esquerda...

15
Jul22

41 - Ditadura é Agora

Luísa

Este ano falou-se ainda mais do 25 de abril, da ditadura, da censura, enfim, do usual. Curiosamente, olhando à nossa volta, há cada vez mais gente a pensar que ditadura é o que temos agora! E pior ainda, muito bem enroupada em termos muito simpáticos como “valores democráticos”, “a bem do povo” (hum, isto soa familiar...), enfim, em toda uma panóplia destinada a convencer-nos de que é só gente boa e que os “maus” somos nós por duvidarmos da bondade das suas opiniões e decisões.

Vamos lá a alguns exemplos.

O aspeto mais gritante desta nova “democracia” é o que acontece com as minorias. As coisas até começaram bem, estou totalmente de acordo que devam ser respeitadas – desde que o que fazem não esteja contra a nossa Constituição e as nossas leis, bem entendido. O problema é que passámos rapidamente à atual situação em que da exigência de respeito passaram à de mandarem, de serem os únicos a poder falar.

Refiro-me nomeadamente às cenas a que assistimos relativamente a um professor universitário que pôs na sua página pessoal do Facebook uma opinião sua sobre a atual campanha que decorre relativamente à chamada comunidade LGBTQ+ (isto vai aumentando, espero não ter esquecido nenhuma letra!).

Pessoalmente, discordo totalmente com essa campanha, que passa pelo menos nos canais AXN, vejo televisão para relaxar e não para ser indoutrinada, por muito bem intencionada que seja essa endoutrinação. Mas o que está aqui em causa é que esse senhor tem todo o direito de dizer o que pensa – e de pensar o que quiser – à face da tal Constituição tantas vezes citada.

Mas não, houve logo manifestações, em que foram usadas termos mais do que violentos para o classificar, e a situação só acalmou quando foi suspenso enquanto é investigado – pois, perder o emprego por delito de opinião, onde é que já ouvi isso?

Infelizmente, não é caso único. As pessoas têm cada vez mais receio de falarem abertamente, nunca se sabe quem irão ofender, os “iluminados” do costume arranjam cada vez mais pretextos para imporem a sua vontade e as suas ideias.

E isto estende-se à política, no nosso país e lá fora.

Veja-se, por exemplo, o modo como o Sr. Costa foi tão elogiado por não ter falado com o Chega antes de tomar posse. Parecia que tinha cometido um ato muitíssimo corajoso ao virar as costas à terceira força política mais votada, goste-se ou não deles. E a chamada linha sanitária em torno desse mesmo partido, vinda de partidos tão democráticos e igualitários como o PCP (lembram-se de quando receberam as FARC como convidados de honra da Festa do Avante, esses traficantes de droga e terroristas?) ou do BE (com o nada racista Mamadou Ba e com autarcas que pertenceram ao grupo das FP 25 de abril que assassinava pessoas) e de quem os apoia.

Já agora, relembro que, como disse em posts anteriores, o regime em que vivemos pode dizer-se muito democrático mas na realidade nem temos direito a eleger os deputados que supostamente nos representam. Sim, limitamo-nos a poder votar em partidos, que escolhem quem muito bem entendem e por razões que muitas vezes nos escapam totalmente!

Mas infelizmente, as coisas nem sempre são encapotadas, recordo o caso dos dois irmãos de Famalicão que, a pedido do Ministério da Educação, o Ministério Público quer retirar aos pais por estes não quererem que eles frequentem as célebres aulas de cidadania. O mesmo MP que arquivou o caso da Jéssica, que fecha os olhos às muitas crianças que não põem os pés nas aulas anos a fio, se é que alguma fez o fizeram (o Tribunal de Contas tem dúvidas sobre os dados da monitorização do abandono precoce dos estudos), esse mesmo MP, repito, fala aqui em “perigo existencial para os jovens” (alguém é capaz de me explicar o que é que isto significa?), de maus-tratos psíquicos, de coerção emocional, enfim, uma tremenda preocupação!

É óbvio que nunca pensaram que esta família não cedesse às inúmeras pressões que tem sofrido e querem criar um exemplo para evitar que outros tentem livrar os filhos de uma lavagem ao cérebro – sim, é disso que se trata, num post futuro falarei desta cadeira, do que é e do que devia ser.

 Não é também por acaso que surgiu  Lei dos Direitos Digitais, que Portugal se apressou a apoiar. Em Portugal, surgiu em 2006 a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), tendo como missão a regulação e supervisão de veículos de comunicação. Isto para salvar a coitada da população dos perigos da desinformação!

O próprio Sindicato dos Jornalistas está contra e afirma até que “a criação de um conceito de 'desinformação' com consequências jurídicas ao nível sancionatório é inaceitável". Mas atenção, a ERC não é uma Comissão de Censura, isso era antigamente! As suas intenções são boas, combater a enorme proliferação de desinformação nos meios de comunicação, redes sociais, etc.

Pois, o problema começa logo como esse termo, desinformação. Quem define o que é ou não é, em casos específicos? É que a avaliar com o que se passa no Twitter, Facebook, etc., desinformação é tudo o que não agrada aos “iluminados” ou ao poder vigente. Não acreditam? O Presidente do Irão mantém 7 ou 8 contas em que fala abertamente de matar americanos, de acabar com todos os cristão, enfim, uma série de “mimos” nada racistas ou discriminatórios. Curiosamente, quem ousa pedir que sejam eliminadas é logo posto na lista negra, é óbvio que esse senhor está só a expressar uma opinião... Mas escrevam “gosto do Trump” e bumba! São logo banidos!

Lembremos o famigerado Conselho para a Governança da Desinformação criado por Biden. Foi prontamente apelidado de Ministério da Verdade (leiam 1984, de George Orwell...) e de modo bem apropriado. Bastava olhar para as pessoas que o dirigiam para termos uma ideia bem clara do que realmente era, um organismo encarregue de eliminar toda e qualquer oposição e expressão de ideias que não agradassem aos senhores do costume. Bom, felizmente esta primeira tentativa só durou três semanas, mas outras virão, mais subtis e difíceis de detetar.

Olhem à vossa volta, vejam o que os noticiários dizem e, mais importante ainda, o que não dizem, o modo como tratam casos consoante a cor política, etnia, religião, etc. das pessoas envolvidas. Vejam como amigos, familiares ou até meros conhecidos reagem quando ousam expressar algo que seja visto como “remar contra a maré”.

E terão de concordar comigo, Ditadura é agora!

 

Para a semana: A (in)justiça) que temos – inspirado por algumas decisões recentes e não recentes.

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