209 - Quando é que a Europa acorda?
Só os mais distraídos – e que são, infelizmente, muitos ou, no mínimo, os mais ativos nas sociedades Ocidentais – é que ainda não repararam que a Europa está a ir por muito mau caminho. E não me refiro ao sentido que é dado a esta frase pelas esquerdas e extremas-esquerdas quando falam na subida de partidos que consideram fascistas. Aliás, esta interpretação faz parte do problema.
Na minha opinião, os problemas começaram há já umas décadas, com a geração dos embevecidos como o Maio de 68 em França – uma das “revoluções” mais ocas de que reza a história levada a cabo por “estudantes” que nem sabiam o que queriam, exceto destruir (não sou eu que o digo, disse-o Sartre, que começou por apoiá-los e, após uns encontros com os seus líderes, desistiu).
Infelizmente, esses embeiçados acabaram por ocupar posições de relevo nos respetivos países sem que a sua maturidade melhorasse. São os senhores do apego ao comunismo e à União Soviética quando era mais do que evidente os crimes de que eram culpados e do deleite pelo anticapitalismo – enquanto enchiam os bolsos, claro.
Pior ainda, foram eles que (des)educaram a geração atual de manifestantes profissionais, retirando dos currículos tudo o que pudesse ensinar os jovens a pensarem por si mesmos e criando um clima de facilitismo em que, se algo era visto como difícil, pois bem, eliminava-se ou simplificava-se a ponto de deixar de ter significado. Foram, também, os impulsionadores do revisionismo histórico tão popular atualmente e da eliminação de tudo o que pudesse ser visto como ensino de moral, confundindo esta com a religião cristã.
E como as suas grandes causas tinham caído em descrédito, até mesmo para os mais fanáticos, tiveram de procurar outras. Azar o nosso, encontraram-nas no “respeito pelos outros” – mas atenção, só os considerados “merecedores”, sabem, homossexuais, estrangeiros não brancos, minorias, etc.
Sou totalmente a favor de respeitarmos quem é diferente de nós, só que exijo que me mostrem o mesmo respeito, atitude que faz de mim uma fascista, racista e xenófoba, claro. E apesar de os ouvirmos repetir vezes sem conta que é preciso aprender história para não repetirmos os erros do passado, parece que ninguém leva a sério essa ideia.
Por exemplo, a queda de Roma. Foram alargando a cidadania romana cidade a cidade, província a província, até se estender a toda a atual Itália. Mas não se ficaram por aí. Pouco a pouco, foram-na dando aos povos chamados “bárbaros” do resto da Europa, o que lhes dava o direito de circularem à vontade e de se instalarem em território italiano e até em Roma. Durante uns tempinhos, ainda se exigiu que respeitassem os deuses e leis romanas, mas isso transformou-se rapidamente num vale tudo.
Pior ainda, com o seu vasto império, Roma estava habituada a sustentar muitos dos seus cidadãos com o básico – lembram-se da expressão “pão e circo”? Com o alargamento da cidadania, isto começou a funcionar cada vez pior. A parte religiosa também se complicou. Os romanos “a sério” tornaram-se cada vez mais cínicos em relação às suas práticas religiosas, já os novos cidadãos acreditavam piamente, de um modo quase supersticioso, nos seus deuses.
E com a política de portas abertas de Roma, esses “bárbaros” começaram a instalar-se em massa em território italiano, onde a vida era bem mais fácil. Até que... foi o fim de Roma e da sua civilização avançada. Soa familiar?
É claro que é muito conveniente para os “bem-pensantes” dizer que quem é contra esta política do “entrem todos, para serem muitos” fá-lo por racismo, por temer o que é diferente, etc. Pois bem, há uns anos, não muitos, vi uma reportagem de uma cidade do Sul de Espanha, penso que era Valência, mas não garanto. A “jornalista”, novinha, estava encantada porque percorrera vários bairros onde só se falava árabe, todas as placas de lojas, etc., estavam em árabe e em cafés e restaurantes só se viam homens de aspeto árabe. Dizia ela, “sentimo-nos no Norte de África”, em tom elogioso, por achar que era uma prova do multiculturalismo em Espanha! Diga-se de passagem que já há zonas de Lisboa em que isto acontece...
O outro problema da Europa tem a ver com a defesa. Durante os anos posteriores à Segunda Guerra Mundial encostámo-nos totalmente à sombra da bananeira americana. Pior ainda, dávamo-nos ao luxo de insultar os americanos e o seu belicismo, na certeza de que, em caso de perigo, viriam – mais uma vez – em nosso socorro. E tudo isso piorou com o desmembramento da URSS e a queda da Cortina de Ferro.
Fomos avisados, recentemente, do perigo que o Putin constituía. Mas como quem o disse foi o Trump, gozou-se e nada se fez. E agora que acordámos para a realidade do expansionismo russo – ou acham que quer ficar pela Ucrânia? – e em que lidamos com um presidente americano que nos manda cumprir as nossas obrigações internacionais, é o caos.
Não temos armas de jeito, pior ainda, não temos exércitos capazes de reagirem a tempo e horas. Li, em tempos, sobre uma força de intervenção rápida, reparem no título, a ser criada por vários países europeus, que estaria preparada para responder a qualquer ataque... ao fim de 3 a 4 meses! Fabuloso, já podemos dormir descansados.
Pelo menos nesta área, já há países a acordarem e pode ser que ainda se vá a tempo. Mas no caso da imigração desregrada e da exigência de que quem vem para a Europa tem de respeitar as nossas leis e costumes e não pode, nunca, viver de subsídios e ajudas, custa a crer mas ainda há (muitos) resistentes. Basta ver, aliás, todo o burburinho em torno da chamada “lei da burca” e das alterações à lei da nacionalidade e do reagrupamento familiar.
É que, tal como Roma, estamos a ser invadidos – sim, é o termo correto – por pessoas que são, em muitos casos, fanáticos religiosos e que veem nestas terras de relativismo moral e sem âncoras religiosas e históricas terreno fértil para espalhar a sua religião. Já dizia o líder religioso expulso de Inglaterra com muito custo, um a quem faltava uma mão e usava um gancho tipo Capitão Hook, “usaremos todos os meios para islamizar totalmente a Europa”. Detalhe curioso, os que se manifestaram contra ele foram considerados fanáticos da extrema-direita!
Para a semana: Mitos perigosos, parte 2 Continuemos a analisar o mal que estes mitos tão divulgados fazem à nossa sociedade
