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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

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Luísa Opina

25
Out25

209 - Quando é que a Europa acorda?

Luísa

Só os mais distraídos – e que são, infelizmente, muitos ou, no mínimo, os mais ativos nas sociedades Ocidentais – é que ainda não repararam que a Europa está a ir por muito mau caminho. E não me refiro ao sentido que é dado a esta frase pelas esquerdas e extremas-esquerdas quando falam na subida de partidos que consideram fascistas. Aliás, esta interpretação faz parte do problema.

Na minha opinião, os problemas começaram há já umas décadas, com a geração dos embevecidos como o Maio de 68 em França – uma das “revoluções” mais ocas de que reza a história levada a cabo por “estudantes” que nem sabiam o que queriam, exceto destruir (não sou eu que o digo, disse-o Sartre, que começou por apoiá-los e, após uns encontros com os seus líderes, desistiu).

Infelizmente, esses embeiçados acabaram por ocupar posições de relevo nos respetivos países sem que a sua maturidade melhorasse. São os senhores do apego ao comunismo e à União Soviética quando era mais do que evidente os crimes de que eram culpados e do deleite pelo anticapitalismo – enquanto enchiam os bolsos, claro.

Pior ainda, foram eles que (des)educaram a geração atual de manifestantes profissionais, retirando dos currículos tudo o que pudesse ensinar os jovens a pensarem por si mesmos e criando um clima de facilitismo em que, se algo era visto como difícil, pois bem, eliminava-se ou simplificava-se a ponto de deixar de ter significado. Foram, também, os impulsionadores do revisionismo histórico tão popular atualmente e da eliminação de tudo o que pudesse ser visto como ensino de moral, confundindo esta com a religião cristã.

E como as suas grandes causas tinham caído em descrédito, até mesmo para os mais fanáticos, tiveram de procurar outras. Azar o nosso, encontraram-nas no “respeito pelos outros” – mas atenção, só os considerados “merecedores”, sabem, homossexuais, estrangeiros não brancos, minorias, etc.

Sou totalmente a favor de respeitarmos quem é diferente de nós, só que exijo que me mostrem o mesmo respeito, atitude que faz de mim uma fascista, racista e xenófoba, claro. E apesar de os ouvirmos repetir vezes sem conta que é preciso aprender história para não repetirmos os erros do passado, parece que ninguém leva a sério essa ideia.

Por exemplo, a queda de Roma. Foram alargando a cidadania romana cidade a cidade, província a província, até se estender a toda a atual Itália. Mas não se ficaram por aí. Pouco a pouco, foram-na dando aos povos chamados “bárbaros” do resto da Europa, o que lhes dava o direito de circularem à vontade e de se instalarem em território italiano e até em Roma. Durante uns tempinhos, ainda se exigiu que respeitassem os deuses e leis romanas, mas isso transformou-se rapidamente num vale tudo.

Pior ainda, com o seu vasto império, Roma estava habituada a sustentar muitos dos seus cidadãos com o básico – lembram-se da expressão “pão e circo”? Com o alargamento da cidadania, isto começou a funcionar cada vez pior. A parte religiosa também se complicou. Os romanos “a sério” tornaram-se cada vez  mais cínicos em relação às suas práticas religiosas, já os novos cidadãos acreditavam piamente, de um modo quase supersticioso, nos seus deuses.

E com a política de portas abertas de Roma, esses “bárbaros” começaram a instalar-se em massa em território italiano, onde a vida era bem mais fácil. Até que... foi o fim de Roma e da sua civilização avançada. Soa familiar?

É claro que é muito conveniente para os “bem-pensantes” dizer que quem é contra esta política do “entrem todos, para serem muitos” fá-lo por racismo, por temer o que é diferente, etc. Pois bem, há uns anos, não muitos, vi uma reportagem de uma cidade do Sul de Espanha, penso que era Valência, mas não garanto. A “jornalista”, novinha, estava encantada porque percorrera vários bairros onde só se falava árabe, todas as placas de lojas, etc., estavam em árabe e em cafés e restaurantes só se viam homens de aspeto árabe. Dizia ela, “sentimo-nos no Norte de África”, em tom elogioso, por achar que era uma prova do multiculturalismo em Espanha! Diga-se de passagem que já há zonas de Lisboa em que isto acontece...

O outro problema da Europa tem a ver com a defesa. Durante os anos posteriores à Segunda Guerra Mundial encostámo-nos totalmente à sombra da bananeira americana. Pior ainda, dávamo-nos ao luxo de insultar os americanos e o seu belicismo, na certeza de que, em caso de perigo, viriam – mais uma vez – em nosso socorro. E tudo isso piorou com o desmembramento da URSS e a queda da Cortina de Ferro.

Fomos avisados, recentemente, do perigo que o Putin constituía. Mas como quem o disse foi o Trump, gozou-se e nada se fez. E agora que acordámos para a realidade do expansionismo russo – ou acham que quer ficar pela Ucrânia? – e em que lidamos com um presidente americano que nos manda cumprir as nossas obrigações internacionais, é o caos.

Não temos armas de jeito, pior ainda, não temos exércitos capazes de reagirem a tempo e horas. Li, em tempos, sobre uma força de intervenção rápida, reparem no título, a ser criada por vários países europeus, que estaria preparada para responder a qualquer ataque... ao fim de 3 a 4 meses! Fabuloso, já podemos dormir descansados.

Pelo menos nesta área, já há países a acordarem e pode ser que ainda se vá a tempo. Mas no caso da imigração desregrada e da exigência de que quem vem para a Europa tem de respeitar as nossas leis e costumes e não pode, nunca, viver de subsídios e ajudas, custa a crer mas ainda há (muitos) resistentes. Basta ver, aliás, todo o burburinho em torno da chamada “lei da burca” e das alterações à lei da nacionalidade e do reagrupamento familiar.

É que, tal como Roma, estamos a ser invadidos – sim, é o termo correto – por pessoas que são, em muitos casos, fanáticos religiosos e que veem nestas terras de relativismo moral e sem âncoras religiosas e históricas terreno fértil para espalhar a sua religião. Já dizia o líder religioso expulso de Inglaterra com muito custo, um a quem faltava uma mão e usava um gancho tipo Capitão Hook, “usaremos todos os meios para islamizar totalmente a Europa”. Detalhe curioso, os que se manifestaram contra ele foram considerados fanáticos da extrema-direita!

Para a semana: Mitos perigosos, parte 2 Continuemos a analisar o mal que estes mitos tão divulgados fazem à nossa sociedade

18
Out25

208 Analisemos as Autárquicas

Luísa

Como não podia deixar de ser, hoje falarei das Eleições Autárquicas acabadinhas de acontecer.

Começo por dizer que estranhei ouvir dizer que temos 9 303 840 eleitores recenseados, isto numa população que varia, dependendo da fonte, entre 10,4 e 10,7 milhões de pessoas, número esse que, lembro, inclui menores de 18 anos e estrangeiros com residência legal no nosso país (muitos!). Francamente, parecem-me eleitores a mais. E sim, sei que os cadernos eleitorais foram limpos há pouco tempo e que, segundo parece, duas vezes por ano eliminam pessoas com 100 anos ou mais – espero que não às cegas, com o tão badalado “envelhecimento da população” há, certamente, pessoas vivas com essa idade e que têm todo o direito de votar.

Aliás, há estudos que estimam que o número de recenseados excede em cerca de 10 % o número de habitantes em idade de votar, mesmo assim bem abaixo dos cerca de 20 % da década de 1990. E isso afeta, certamente, os valores da abstenção – que poderão não ser tão elevados como surgem – e, mais importante ainda, a distribuição de mandatos com base no famigerado método de Hondt.

Passemos aos resultados em si.

Há uma característica das Eleições Autárquicas que sempre achei curiosa. E é muito simplesmente esta: se um partido dos “grandes” tem um mau resultado, não devemos misturar alhos com bugalhos, ou seja, Autárquicas e Legislativas são totalmente diferentes. Mas se o resultado é bom... já se sabe, passam a ser a mesma coisa!

E nestas Autárquicas vimos isso repetidamente, pela negativa e pela positiva, em relação a inúmeros partidos. Por exemplo, quando o PS disse que estava de volta. Ou a subida do CDS e da CDU – aqui para nós, acho que os autarcas que venceram essas Câmaras o fizeram APESAR de pertencerem a esses partidos...

E passamos, inevitavelmente, ao Chega. Acho que o seu líder sofreu da mesma confusão quando falou em 30 Câmaras. Mas nada que se compare aos “críticos” usuais e aos seus discursos sobre a derrota que sofreu. Deve ser uma nova definição do termo, estamos a falar de um partido com apenas 6 anos, que só concorreu a 2 Eleições Autárquicas e que passou de uns meros 9 vereadores a 3 Câmaras e 137 vereadores, fora os deputados municipais (637) e membros de Assembleias de Freguesia (1176).

Se isto é uma derrota, o que dizer do BE – zero eleitos por conta própria – e do PAN – a mesma coisa, algo que a sua líder considerou “um resultado modesto” – fora as perdas da CDU, claro.

Há um dado que não tenho conseguido encontrar, exceto quando se trata de maiorias absolutas, como Oeiras e Figueira da Foz. Muito simplesmente, ver, lado a lado, Câmara por Câmara, quem a ganhou e a composição da Assembleia Municipal. É que, infelizmente e como muito bem sabemos, se esta tem uma maioria da cor oposta, digamos, pode impedir o bom funcionamento da Câmara e a tomada de medidas importantes.

Veja-se, por exemplo, a afirmação dessa senhora Leitão de que iria fazer oposição cerrada a Moedas. O que os lisboetas gostariam de ouvir do segundo maior partido do país é que acatava o resultado do sufrágio e trabalharia afincadamente com Moedas para bem da cidade.

Mas isto diz tudo sobre os muitos e eternos problemas do nosso sistema eleitoral. Estamos cheios de “políticos profissionais” que põem, sempre, os interesses do seu partido à frente dos da região que os elegeu e que os sustenta. Daí aparecerem cada vez mais movimentos e partidos locais, sem falar nos candidatos independentes. E nos muitos presidentes de Câmaras e de Juntas de Freguesia eleitos por serem quem são e com base na obra feita em mandatos anteriores, independentemente do partido a que pertencem – daí o meu comentário acima sobre o CDS e a CDU.

É claro que os “comentadores” do costume embandeiraram em arco com o “regresso ao bipartidarismo”. Pois, esperem pelas próximas Legislativas e são capazes de terem uma surpresa, mais uma vez.

É que, como alguns apontam, e bem, nas Autárquicas muitos votam em partidos em que nem sonhariam votar para as Legislativas apenas porque viram que têm feito um bom trabalho. E em freguesias pequenas, em que muitos se conhecem, isso é ainda mais marcante, vota-se no senhor A ou na senhora B sem ligar a menor importância ao partido que representam oficialmente.

Pior ainda, num país em que o compadrio e as redes de favores continuam a imperar, não é nada fácil alterar toda uma situação altamente lesiva dos interesses dos governados e em que quem rema contra a maré partidária corre o sério risco de ser trucidado.

Mesmo assim, houve algumas mensagens claras por parte dos eleitores, como a maioria absoluta de Ricardo Leão – o da demolição das barracas – em Loures, apesar de ter sido tão criticado pelo partido que representava oficialmente e, acima de tudo, pelo inenarrável Costinha. Ou, de certo modo, Lisboa, onde há uma certa unanimidade em considerar que a aliança entre PS e BE foi a causa da derrota socialista na capital.

Como nota humorística final, não adoraram ouvir a Mortágua a esganiçar-se contra o Moedas e a prever-lhe a “derrota certa” quando o partido dela estava a ser arrasado? Pequeno detalhe, ouvi, por acaso, o Sousa Tavares – não estava a olhar para a TV, por isso não vi que era ele quem estava a falar ou teria mudado de canal – a dizer que ela deixara o seu Partido moribundo e que nestas eleições lhe tinha feito o enterro (estou a parafrasear). Confesso que fiquei em choque por concordar com algo que esse “senhor” disse.

Adorei, também, o discurso do líder do PCP que, nem sei bem porquê, li na íntegra. E a indignação de muita gentinha pelo tempo de antena dado ao Chega no pós-eleições, as mesmas pessoas que acham naturalíssimo apanharmos diariamente doses repetidas de políticos e comentadores do moribundo BE.

O pior é que nem podemos descansar da “politiquice”, já estamos em campanha para as Presidenciais...

Para a semana: Quando é que a Europa acorda? Cedências e decisões idiotas (a Palestina), a passividade perante provocações russas, estamos à espera de quê para começarmos a pensar em nós?

11
Out25

207 - Haja pachorra

Luísa

Estas duas últimas semanas, entre "heróis" da flotilha, Israel e Trump, esgotaram-me a (já pouca) paciência para certas coisas. Decidi, pois, alterar o tema deste post, que vai abarcar vários temas mas todos eles com uma espécie de linha condutora.

Comecemos pela inevitável “flotilha”, assunto que eu tinha jurado evitar a todo o custo. Não falarei propriamente da dita mas sim de todo o folclore em torno dela e, acima de tudo das omissões sobre o que se passou.

Não acham estranho que com tantos selfies, vídeos e transmissões nunca nos tenham mostrado a tal “ajuda humanitária” que iam levar para Gaza? Pior ainda, sei que Israel forneceu as imagens de quando descarregaram os barcos só que, inevitavelmente, o “excelente” jornalismo que prevalece na Europa nada mostrou, se calhar porque deixaria a ideia de que, para lá de zero ajuda, já nem havia comida para quem ia a bordo.

Tivemos, depois, horas a fio com a maninha que ficou em terra a falar do “rapto” da irmãzinha e a criticar a inatividade do nosso Governo – curioso, quando se trata de portugueses realmente raptados, em Moçambique, por exemplo, nada dizem... Isto para não falar da estupidez pegada que foi tomarem aquela ação – entrarem em águas controladas por Israel – no Yom Kipur, quando uma pequeníssima pesquisa lhes mostraria que é uma data cumprida por todos os judeus, mesmo os não praticantes, e durante a qual nada podem fazer.

Tivemos, depois, as queixinhas dos “raptados e que iam mudando. Primeiro, tinham-lhes dado “água contaminada” – fantástico, pelos vistos são laboratórios ambulantes, que jeito dariam em certos países! Em seguida, era afinal água da torneira – o que é que queriam, a Evian tão querida da esquerda caviar? Finalmente, já “não lhes davam água ou comida há 48 horas, isto quando tinham sido detidos há menos de 24! Bom, sem esquecer a “falsificação da assinatura”, fácil de remediar, bastava recusarem-se a sair e iriam a tribunal daí a uns 10 dias onde poderiam debitar o seu grande discurso sobre a “ilegalidade da detenção”.

E, para culminar, os supostos milhares que estariam no Aeroporto à espera dos “heróis” – francamente, fiz questão de ver as imagens e não sei quem os contou, se passavam dos cem era por pouco.

Mas o que mais me incomodou em tudo isto foram alguns comentários que li no Facebook. Um pequeno esclarecimento, mantenho a conta por causa de um grupo de leitura e de outros de viagens e só leio o que me aparece na página inicial e que muitas vezes tem a ver com anúncios de coisas que acho giras... Só que, infelizmente, alguns membros desses grupos têm visões do mundo que são, em muitos casos, opostas às minhas, mas mantenho a amizade porque adoro os contos e similares que escrevem.

Pois bem, fartei-me de ler sobre a heroicidade dos passeantes e lamentos sobre a falta de empatia dos que os criticavam, sem falar em críticas ferozes a Israel que, segundo eles, tinha pura e simplesmente invadido Gaza sem a menor provocação.

Sei que critico muito “comentadores” e “jornalistas” mas, perante o que fui lendo – pouco, porque não há pachorra para tanta ignorância – fiquei com a dúvida: estarão a falar apenas para esta gentinha? E qual será o peso desta espécie de “génios” na nossa sociedade? Pequeno, espero eu.

Passemos ao acordo de paz.

O que achei mais curioso nestas últimas duas semanas foi sentir que quase parecia que os muitos que tinham berrado pela paz em Gaza estavam a torcer para que o acordo fosse ao charco, pura e simplesmente por ser obra do... Trump.

Depois, quando foi confirmado, com exceção da RTP que o pôs no resumo antes da abertura do noticiário das 20, todos os outros canais enterraram essa notícia entre assuntos menores. E estamos a falar de televisões que tinham dado honras de abertura à “flotilha” e à inenarrável Mortágua.

Fiz questão de ouvir alguns dos comentadores – bom, com peso e medida, claro, nada de Sousa Tavares ou do general comuna – e também aqui fiquei estarrecida. A ênfase ia toda para os problemas que anteviam a curto e médio prazo, o que contrasta fortemente com o embandeirar em arco a que assistíamos sempre que o Biden dizia que estava prestes a estabelecer a paz na região – coisa que, aliás, não fez.

Esperei, também, pacientemente, que alguém referisse o facto de ir ser a primeira vez que líderes do Hamas assinam um documento também assinado por Israel, algo que sempre evitaram até agora uma vez que não reconhecem a existência do dito estado. E o mesmo é válido para o Qatar, outro país que também recusa a existência de Israel. Ou seja, esta assinatura é um reconhecimento implícito de Israel, apesar de eu ter lido – não na nossa comunicação social, claro está – que as condições do acordo preveem um reconhecimento formal desse estado.

E, pelos vistos, os nossos jornalistas e “comentadores” não sabem ler ou, melhor ainda, não sabem interpretar o que leem. Têm dito como dado adquirido que a ONU irá distribuir a ajuda humanitária – a verdadeira, não a da Greta e companhia... Curioso, o acordo fala em “agências neutras”, uma expressão curiosa e que, na minha opinião, foi lá posta precisamente para excluir a dita ONU, que se tem mostrado tudo menos neutra.

Finalmente, o Nobel da Paz. Pessoalmente, achava cedo para ser atribuído ao Trump, mas discordo totalmente dos comentários que li sobre ele não o merecer. Ou antes, até poderia concordar, não tivesse sido o silêncio atroador com que foi recebido o anúncio da sua atribuição ao Obama após uns meros 8 meses de presidência dos EUA, pelos seus “esforços extraordinários para fortalecer a diplomacia internacional”. A sério? Em 8 mesinhos? Curiosamente, o galardoado pela paz veio a ser o presidente americano que mais países bombardeou após a Segunda Guerra Mundial. Pois, não podia ter sido mais merecido!

Para a semana: Analisemos as Autárquicas Será que algo mudou? E o que temos mesmo de fazer para termos algum controlo sobre o local onde vivemos e / ou trabalhamos?

04
Out25

206 - Falemos de educação

Luísa

Começou mais um ano letivo – bom, já há umas semanas, mas entre férias e outros assuntos fui adiando este post. E, espanto dos espantos, tivemos quase a mesma repetição das queixas e problemas de inúmeros anos anteriores, sendo a exceção algo relacionado com o Ensino Superior. Sendo assim, irei tratar da questão sob três vertentes: creches, ensino primário / liceal e universidades.

Começando pelas creches, crescem os protestos de quem não arranja lugar numa do estado e não ganha o suficiente para pôr os filhos num estabelecimento privado. A novidade foi terem surgido afirmações de que estrangeiros, sabe-se lá em que situação de legalidade, estavam a ocupar vagas, deixando de fora crianças filhas de pais portugueses de longa data.

Não irei falar desta questão, apesar de não me admirar nada que seja verdade, limitando-me a sugerir algumas pequenas alterações que garantiriam, isso sim, lugares para quem deles realmente precisa.

Primeiro, as creches do estado seriam apenas para crianças em que os dois pais – sejam eles de que “género” sejam – trabalhem ou para filhos de pais / mães solteiros que tenham a sua guarda exclusiva e trabalhem. É que se um progenitor ou companheiro dele nada faz, como justificam a ocupação de uma das poucas vagas existentes com o seu filhote?

Mais ainda, as ditas vagas estariam vedadas a crianças de agregados familiares que recebem o erroneamente chamado Rendimento Mínimo e pela mesma razão. E sim, sei que uma creche é muito útil para a socialização das crianças, mas enquanto não houver vagas para todas, deve-se dar prioridade a quem precisa desesperadamente de um sítio para deixar os filhos enquanto trabalha e contribui para o nosso país.

É claro que ouvimos, ano após ano, a promessa de criação de mais creches estatais. Só que o seu custo é enorme, graças em grande parte à “carreira” dos funcionários públicos. Até termos acesso a um pote de ouro sem fim, que tal o Governo decidir, zona por zona, quanto gasta com cada criança numa creche, atribuindo-lhe um cheque a ser entregue na creche que viesse a frequentar?

Perante esta ajuda, muitas famílias já poderiam suportar os custos de um estabelecimento privado e, mais ainda, aposto que o número destes aumentaria em flecha...

Passando à escola propriamente dita, anda tudo preocupado com a falta de “mediadores” para os alunos estrangeiros – e pasme-se, estes incluem até as crianças brasileiras que precisam de ajuda para entenderem as aulas!

O chocante é que estamos sempre a ler notícias sobre a falta de apoios para alunos com necessidades especiais, sejam físicas ou outras. Muitos alunos autistas, por exemplo, precisam mesmo de quem os acompanhe e entenda, não sobrecarregando os respetivos professores com algo que está para além das suas funções.

Não seria altura de pormos a ênfase em quem precisa realmente de ajuda e gastar com sensatez os fundos públicos? Quanto aos alunos estrangeiros, tudo bem, haja mediadores ou lá o que são, mas pagos pelos respetivos pais. E com um prazo curto para aprenderem a nossa língua e se integrarem nas aulas sem causarem perturbações no seu andamento regular.

Ou seja, o ónus da adaptação deve estar em quem vem para o nosso país e não o contrário, como se passa atualmente. Podemos, claro, pôr ao seu dispor as ferramentas de que precisam, mas deixando bem claro que não temos a menor obrigação de o fazer e que o seu uso não é gratuito, juntando-lhe, também, penalizações, em apoios e similares, para quem não se adapte dentro de um prazo razoável.

Finalmente, o Ensino Superior, que este ano apresentou novidades em termos das queixas mais ouvidas. É que o tema do dia foi a diminuição no número de alunos que se candidataram – e entraram, claro.

A culpa foi prontamente atribuída ao custo astronómico dos quartos e à falta de residências universitárias. Concordo que pode levar alguns a pensarem duas vezes antes de programarem tirar um curso, mas será esta a única razão?

A questão aqui é que esta baixa em alunos universitários está a ser notada em vários países ocidentais em que os custos são diferentes, sobretudo graças à omnipresença de empréstimos a começar a pagar bem depois dos estudos. O que nos devia levar a uma análise mais profunda do que se passa de facto.

Limitando-nos ao nosso país, passámos rapidamente de uma fase em que quem tinha um curso superior era “rei” para outra em que todo o gato sapato, mais o periquito e o papagaio, tem um curso, na maior parte das vezes com uma utilidade prática nula.

Ora muitos jovens começam a olhar à sua volta e a verem que inúmeros licenciados não arranjam um emprego que considerem à altura da sua dignidade de licenciados. Há quem imigre, mas nem todas as profissões dão para isso e, muito francamente, nunca vi reportagens ou análises a sério sobre o que os nossos jovens emigrados fazem, de facto, lá fora.

Acontece que há inúmeras profissões em que falta gente – eletricistas, por exemplo – e onde se pode ganhar bom dinheiro. Mais ainda, começa a haver uma melhor oferta de cursos profissionais e suspeito que se mais vagas houvesse mais jovens os frequentariam.

Ou seja, em vez de arrepelarmos os cabelos porque há menos jovens nas Universidades devíamos, isso sim, fazer um esforço para lhes dar outras opções profissionais, muitas delas com bem melhores saídas do que muitos dos cursos que vemos por aí. E com tanta conversa sobre os “jovens serem o nosso futuro”, que tal prestar atenção ao que eles realmente querem? É que se calhar “ser doutor” não é bem o que anteveem para si...

Para a semana: Quando é que a Europa acorda? Cedências e decisões idiotas (a Palestina), a passividade perante provocações russas, estamos à espera de quê para começarmos a pensar em nós?

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