205 - A Palestina
Após uma ausência de duas semanas devido a umas férias em que, confesso, me alheei bastante dos nossos noticiários, decidi alterar de novo o tema desta semana devido a alguns dos poucos acontecimentos que acompanhei um pouco durante este período, mais por acaso do que por vontade própria.
Comecemos pelo reconhecimento do “estado da Palestina” por parte de alguns países europeus, entre eles Portugal. Para além de ser um gesto vazio, sim, curiosamente nenhum deles definiu o que entende por Palestina nem referiu que o Sr. Abbas só “manda” – se é que o faz – numa parte dela, fica-nos a pergunta, porquê agora? Mais ainda, que importância real tem este “reconhecimento”?
Pelo que li num site do nosso governo, são estas as condições pedidas – sim, pedidas, não impostas – por Portugal para este reconhecimento:
- Condenação dos atos terroristas do Hamas e exigência do seu total desarmamento;
- Exigência da libertação incondicional e imediata dos reféns de Gaza e dos prisioneiros;
III. Compromisso de reforma institucional interna e de organização de eleições num futuro próximo;
- Aceitação do princípio de um Estado palestiniano desmilitarizado, cuja segurança externa seja garantida por forças internacionais;
- Prontidão para retomar a administração e o controlo total da Faixa de Gaza, com saída do Hamas;
- Reconhecimento do Estado de Israel e das necessárias garantias de segurança.
Bom, sempre é uma listinha mais completa do que a da Dinamarca, por exemplo.
Até não era um mau conjunto de condições, só que... alguém ouviu o Sr. Abbas a aceitá-las publicamente, a começar pelo reconhecimento do estado de Israel? É claro que não! Vistas bem as coisas, até nem sabemos se as aceitou realmente ou se foi algo que o nosso governo, apostado em chegar-se à esquerda, sabe-se lá porquê, comunicou ao “povinho” – já agora, as ditas condições não deviam ter sido explicitadas em tudo quanto é órgão de comunicação social para sabermos exatamente o que quem nos (des)governa anda a cozinhar?
E mesmo que o Sr. Abbas aceitasse tudo isto publicamente, como é que acham que ele iria conseguir cumprir? A única razão de a chamada Autoridade Palestiniana ainda existir é porque tem Israel entre ela e o Hamas.
Passemos ao “genocídio” em Gaza. Segundo li, esse Sr. Sousa Tavares, que faço questão de evitar a todo o custo, terá dito que Israel já matou 800 mil palestinianos (uns 40 % da população) nestes dois anos. Pois, nem o Hamas vai tão longe! E os mortos são todos, claro está, mulheres, crianças e velhinhos.
Infelizmente, não é o único. Estamos sempre a ouvir notícias de que os maus dos judeus atacaram escolas, hospitais, centros de refugiados, escamoteando o pequeno pormenor de que são locais favoritos do Hamas para esconder os seus militantes e armamento.
Pior ainda, ninguém parece preocupado com o uso do termo “civis” quando se referem a mortos e feridos. Será que não entendem que, como o Hamas não é um exército oficial de um país oficial, todos os seus combatentes são civis no sentido legal do termo?
Mas o que me incomoda mais em tudo isto é a afirmação repetida ad nauseam por comentadores, políticos, influenciadores – ou candidatos a isso – de que apoiar os palestinianos (voltarei a isto) não é antissemitismo, é pura justiça social ou outro chavão similar. É claro que não, daí eu ter ficado espantada por logo após o brutal ataque do Hamas, esse sim a civis – e lembro que muitos eram jovens a assistir a um concerto pela Palestina – ter havido um hiato de uns dias em que alguns, não todos, criticaram esse ato, mesmo assim arranjando logo todo o tipo de “explicações” e desculpas.
Voltando aos palestinianos, acham mesmo que o Hamas se interessa pelo bem-estar deles? Usa-os, isso sim, como escudos humanos e como pretexto para uma vasta campanha mundial a seu favor que está, infelizmente, a dar frutos graças à autêntica lavagem cerebral que as duas mais recentes gerações ocidentais têm andado a sofrer.
Porque não os alojam nos túneis durante os bombardeamentos, à semelhança do que os países europeus fizeram durante a Segunda Guerra Mundial? E quanto à fome, aposto que quando virmos imagens do interior dos célebres túneis, construídos, lembro, com materiais enviados para a ereção e reparação de edifícios para a população, veremos toneladas de comida ali armazenada para uso exclusivo do Hamas e dos seus protegidos.
O que me leva à célebre “flotilha”, ou antes, ao cruzeiro de férias mais desorganizado de sempre. Muito francamente, estão mesmo com vontade de ir até Gaza? É que o percurso que têm feito não o indica – agora foram parar à Grécia! Mais ainda, se a sua intenção era entregar ajuda alimentar a Gaza, porque têm recusado todas as propostas de a porem nas mãos de quem garante o seu transporte seguro até aos supostos destinatários?
Isto para não falar na saga dos “ataques de drones”. É o que se chama porem-se em bicos de pés. Alguém acha credível que Israel os ache uma ameaça e ande a tentar intimidá-los? E com um pequeno drone de cada vez? É claro que em termos de propaganda, a Espanha e a Itália enviaram navios de guerra para “protegerem” a dita flotilha, afirmando o seu direito a navegarem em águas internacionais. A Espanha, bom, com o governo que tem, não admira nada. Quanto à Meloni, é um modo barato de acalmar a esquerda e desviar a sua atenção das reformas que anda a fazer.
Enfim, é triste verificar que o “futuro” do Ocidente – nas palavras da “querida” Greta – está nas mãos de pessoas que preferem ditaduras ferozes e terroristas ao único estado democrático do Médio Oriente.
Para a semana: Falemos de educação. Perante alguns comentários e notícias que li recentemente, é altura de voltar ao assunto.
