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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

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Luísa Opina

27
Jul25

198 - Protegemos mesmo as crianças?

Luísa

Só de passagem irei referir a disciplina de Cidadania, ainda não pude ler o texto que está para consulta pública, ficará, pois, para daqui a umas semanas uma vez que tenho bastante a dizer sobre o assunto. E menciono-a aqui porque passei a semana a ouvir psicólogos e similares muito preocupados com as péssimas consequências para as criancinhas da redução na educação sexual! Pelos vistos até vai fazer disparar o número de doenças sexualmente transmitidas na camada mais jovem...

Em posts anteriores deste blogue já falei do modo como tendemos, por um lado, a meter crianças e jovens numa redoma para os “proteger”, deixando-os totalmente incapazes de enfrentar a menor contrariedade ou infortúnio que lhes venha a acontecer mais tarde ou mais cedo e, também do modo como só saímos em sua defesa em situações que encaixam numa certa visão que uma certa esquerda tem do mundo.

Nomeadamente, Deixem os bullies em paz (em que refiro que devíamos era fortalecer as vítimas para deixarem de o ser porque haverá sempre um bully à sua espera), Partam-se os vidrinhos (em que refiro, precisamente, a redoma em que criamos crianças e jovens), Jovens (em que falo do facto de chegarem a adultos sem nada terem feito na vida, por vezes nem mesmo estudar, exceto exigir isto e aquilo), A infância é mesmo para brincar? (em que falo da evolução do conceito de brincadeira e do facto de a conceção atual de ocupação dos tempos livres não deixar dar azo à imaginação), A geração entediada (o título diz tudo), Pobres jovens! (em que falo da ideologia de género e do facto de não estenderam o conceito de “o jovem é que escolhe” a outras áreas), Os jovens são infelizes (ou antes, são levados a sentirem-se infelizes) e Indisciplina e violência na escola (sim, são ambas graves e só a segunda é alvo de atenções e, mesmo assim, só com a combinação “certa” de atores.

Quem leu todos estes posts deve ter notado que o fio condutor se resume a isto: com as melhores intenções do mundo, estamos a criar jovens que se vão abaixo à menor contrariedade, que chegam à idade adulta sem nada terem feito para além da escola – e mesmo esta... – e sem uma verdadeira noção de como é o mundo real, pior ainda, que passaram a vida em atividades estruturadas ou, caso estas não existam, totalmente à deriva sem saberem como ocupar-se.

Mas neste post quero referir o facto de que, com tanta conversa sobre proteger as crianças de tudo e mais alguma coisa, a triste realidade é que não o fazemos quando elas mais precisam.

Comecemos pela pedofilia, que só recentemente começou a ser vista como a praga que é e que só é veementemente condenada em certas circunstâncias. Mas, o que fazemos para proteger as crianças de se tornarem vítimas? Porque não lhes ensinamos, desde a mais tenra idade, o que é aceitável ou não em termos de toques e contactos entre um adulto, seja ele qual for, e elas? Mais importante ainda, porque não criamos modos simples e rápidos de atender possíveis queixas e, sobretudo, porque não educamos professores e auxiliares escolares a detetarem sinais que possam indicar estarem perante uma vítima?

É que, lembro, a maior parte dos criminosos são membros da própria família, amigos chegados desta ou, com cada vez mais frequência (pelo menos a fazer fé nas denúncias), professores, treinadores e similares. O que não pode de modo algum acontecer são casos como o que vi recentemente em que, após ter cumprido uma pena ridícula pelo abuso sexual da filha da sua companheira, de 11 anos, o macho em questão voltou a residir com elas!

Outra vertente muito popular quando se fala em proteger crianças e jovens está em evitar, por todos os meios, que tenham contacto com ideias consideradas perniciosas – é claro que se essa tentativa vier do lado “errado”, digamos, é censura! Ora o que devíamos realmente fazer era expor os mais novos a todo o tipo de ideias, explicando, de um modo adequado à sua idade, as suas origens, consequências e ramificações. É que só lhes mostrar um dos lados não é proteção, é lavagem ao cérebro, sem contar que mais tarde, na adolescência, irão adotar todas essas ideias proibidas como modo de se rebelarem.

E já repararam que, embora se fale muito em ouvir as crianças, a realidade é bem diferente e raras vezes são realmente escutadas? Pior ainda, há inúmeros assuntos que não lhes são explicados porque “não são para a tua idade” – e não me refiro à educação sexual, tão badalada a propósito da Cidadania, há inúmeras questões que as crianças não põem ou deixam de o fazer porque são ignoradas ou lhes dizem que são um disparate.

Sim, o problema pode ser os próprios pais nunca terem pensado no assunto em questão, mas muitas vezes não explicam nem falam disso para “proteger a criança da crua realidade do mundo” – curiosamente, não veem problema no uso de certos jogos de computador ou programas televisivos suscetíveis de dessensibilizar até um adulto para violências de todo o tipo. Também há a possibilidade, bem real, de a pergunta levar para áreas consideradas anátema pelo adulto, sendo a sua única reação insultar quem pensa dessa maneira – e se estão a pensar em pessoas conservadores, bom, é bem mais provável este tipo de reação vir de esquerdistas que nem podem ouvir mencionar certos assuntos sem desatar logo a berrar fascista e similares.

Resumindo, talvez seja altura de pensarmos em proteger, de facto, crianças e jovens de ameaças externas – a pedofilia – mas, ao mesmo tempo, equipá-los com conhecimentos suficientemente amplos para poderem optar, sem pressões de fazer como os outros, por um comportamento decente.

Para a semana: Repensemos as ajudas Acho que está mais do que na altura de repensar o modo como gastamos balúrdios de dinheiro, cá dentro e lá fora, para, supostamente, ajudar os mais necessitados.

19
Jul25

197 - Perceção e realidade

Luísa

Face a alguns acontecimentos recentes dentro e fora do nosso país decidi alterar o tema desta semana. A questão é, mais uma vez, não os factos em si mas o modo como os “bem-pensantes” do nosso país e não só os veem e, pior ainda, os tentam “explicar” a nós, pobres mortais que não temos a sorte de sermos uns iluminados como eles.

Comecemos por Múrcia. Os factos são bem simples, após meses – ou mais – de assaltos, agressões, violações e assédios de todos os tipos, deu-se o brutal espancamento de um idoso por um ou mais magrebinos que, ainda por cima, orgulhosos desse seu ato de “coragem”, pespegaram com tudo no YouTube.

Fartos de verem as suas queixas ignoradas pelas autoridades e perante esta última ação de pura selvajaria, a população foi para as ruas no que foi prontamente apelidado de “caça aos imigrantes” ou caça aos “magrebinos”.

Escusado será dizer que a polícia, que nada fizera nos muitos casos anteriores, veio prontamente para a rua armada até aos dentes para deter esses perigosos meliantes – os que protestavam, entenda-se. Aliás, muito à semelhança do que se passou no nosso Martim Moniz onde um grupo, farto da impunidade com que alguns dos “tão esforçados” imigrantes da zona cometiam todo o tipo de dislates, atacou o apartamento de um grupo deles, sendo prontamente identificados e presos. Pequeno aparte, já repararam que nunca mais se falou disso? Será que as pobres vítimas desse suposto ataque xenófobo não eram afinal tão inocentes como diziam?

Voltando a Múrcia, é claro que tudo o que se passou foi culpa da extrema-direita. Vi, até, um “comentador” numa das nossas televisões dizer, com ar de quem se considera tremendamente moderado, “Bom, acredito que muitos dos que foram para a rua até nem são da extrema-direita, mas são certamente de direita, conservadores...” Não, senhor comentador, se calhar até são de esquerda ou nem nunca pensaram em política, são, isso sim, pura e simplesmente, cidadãos normais fartos de se sentirem estrangeiros na sua própria terra e de mal ousarem sair de casa com medo do que lhes possa acontecer.

Perante as reações a que assistimos de jornalistas, comentadores e políticos, enfim, a fauna do costume, é de espantar que muitos se comecem a virar para a suposta extrema-direita? É que, muito francamente, são os únicos que os ouvem e que prestam atenção aos seus problemas.

O que me leva à segunda questão, a demolição de um bairro clandestino em Loures. Quem ouça os comentários tecidos em torno desse acontecimento fica com a ideia de que qualquer pessoa pode chegar a Portugal, desde que não seja branca, entenda-se, construir uma barraca mal amanhada no primeiro sítio que lhe aparecer e pronto, fica logo com direito a casa!

Pior ainda, tentaram passar a mensagem, pelo menos nos primeiros dias, de que os “coitadinhos” tinham sido apanhados desprevenidos e que nada sabiam da demolição iminente – curiosamente, tinham esvaziado as barracas...

Ora há um dado curioso nesta situação. Segundo dados da Câmara de Loures havia em março deste ano umas cinquenta e poucas barracas naquele bairro, cujos moradores foram identificados e avisados da demolição. Mas em junho já tinham aparecido mais cento e cinquenta e tal barracas novas! É claro que isto só espanta quem vive na bolha, ou antes, no universo paralelo dos “bem-pensantes”, acontece sempre que se sabe que um bairro clandestino vai ser demolido e os seus moradores realojados – é logo um sinal para o número de barracas aumentar de um modo de fazer inveja ao milagre da multiplicação dos pães.

A única coisa que me espantou em todo este cenário foi ouvir o presidente da Câmara de Loures que, lembro, é socialista, dizer, e estou a parafrasear, “não se podem dar as coisas a quem simplesmente berra mais alto”. A sério, se votasse nessa área, tinha o meu voto!

Bom, houve uma outra coisa que me causou estranheza, o que é que a Amnistia Internacional tem a ver com este caso? Curioso, não é, na Síria matam-se cristãos num verdadeiro genocídio, agora estendido aos drusos (sim, também são cristão, mas é uma vertente muito específica deles) e nem piam. Umas barracas são demolidas em Portugal e querem explicações?

Última questão, esta relativa à liberdade de opinião. Começo, claro, pelo caso da Joana Marques e os Anjos. Não vou tomar partido, nem sabia quem ela era, mas à força de ouvir chamar-lhe “grande humorista” fiz questão de ver umas coisinhas. E se aquilo é humor... Mas a questão é esta, se ela tivesse feito “humor” com causas queridas da esquerda, transgéneros, por exemplo, ou gozado com pessoas como as Manas Metralha – perdão, Mortágua – acham que os mesmos viriam em defesa dela e da tão badalada e apregoada – quando convém, claro – liberdade de expressão?

Acho que todos sabemos a resposta, atendendo, até, ao que aconteceu esta semana na Assembleia da República com um deputado do PS a dizer que tinha vergonha do presidente da dita por o ter advertido por ter chamado fanfarrão ao Ventura. Imaginemos agora que tinha sido o Ventura a chamar qualquer coisa, por muito inócua que fosse, a um deputado da esquerda... Pois, nesse caso bradariam que uma simples advertência era pouco, devia era ser expulso!

Pois é, perante tudo isto e milhentos outros casos similares, fica-me a ideia de que a fenda entre perceção e realidade de quem tenta mandar e formar opiniões, os tais “Donos da Verdade”, está a degenerar a passos largos para um abismo rival da Fossa das Marianas!

Para a semana: Protegemos mesmo as crianças? Com o choro e ranger de dentes a que assistimos recentemente, é altura de fazer esta pergunta.

12
Jul25

196 - Pequenas mudanças, grandes resultados

Luísa

Estão neste momento em discussão propostas de alteração de várias leis / sistemas, alterações essas muito contestadas pelos “suspeitos do costume”, claro está, apesar de ainda ser tudo muito vago e sujeito a alterações. Mas nem outra coisa seria de esperar atendendo a que temos na Assembleia da República um partido que anunciou que iria votar contra o programa do Governo – só que, pequeno detalhe que se calhar lhe passou despercebido, ainda nem sequer havia Governo...

Uma dessas questões tem a ver com a Lei da Greve no sentido de ter de haver sempre serviços mínimos. Ora, na minha opinião, claro, isso nada resolve, mesmo partindo do princípio que se consegue fazer essa alteração. Mas há outras medidas que se podiam tomar para que passássemos a ter greves a sério e não ao sabor de interesses políticos nem sequer muito bem encapotados.

Comecemos pelo princípio. Temos inúmeros sindicatos que se gabam de ter muitos milhares de membros. Curiosamente, sempre que ouço isso lembro-me dos clubes de futebol. Há muitos que afirmam o mesmo, só que, quando é altura de eleições e é preciso ter as cotas em dia para votar, os muitas dezenas de milhares ficam reduzidos a muito pouco.

Pior ainda no caso dos sindicatos, temos o modo como decretam as greves: ou pura e simplesmente por decisão da sua direção ou, nos mais “democráticos”, por voto de braço no ar, um estilo de votação que não é praticado em nenhum país civilizado.

Proponho, pois, o seguinte para pormos fim às greves selvagens que assolam o dia a dia de quem trabalha de facto e que é sempre quem mais prejudicado é por essas atitudes a favor dos “trabalhadores”.

Primeiro, os sindicatos teriam de partir todos da estaca zero, ou seja, teriam de reinscrever os seus membros. E, pequeno detalhe, lembro que não é obrigatório pertencer – ou continuar a pertencer – a um sindicato. Veríamos, assim, o peso real dos ditos nos setores que dizem representar.

Segundo, uma greve só pode ser decretada por voto secreto dos membros desse sindicato. Ou seja, urna fechada. Mais ainda, podíamos ir buscar o exemplo inglês em que acima de uma determinada dimensão tem de ser contratada uma empresa externa para contar os votos. Último detalhe, a greve só pode ir em frente se for votada por mais de 50 por cento dos sindicalizados – atenção, não são 50 por cento dos votos expressos mas sim dos membros desse sindicato, ou seja, a direção teria mesmo de os convencer da justeza da greve.

Não sei porquê, suspeito que, sobretudo com esta segunda medida, o número de greves cairia a pique...

Passemos, agora, a outro tema muito na moda, o reagrupamento familiar. Acho ótimo que os imigrantes que cá estão queiram mandar vir a família. Só que... pois, há sempre um senão nestas coisas. E neste caso é até bem simples, basta fazer uma simples pergunta: o imigrante em questão tem como sustentar os ditos familiares? Ou quer mandá-los vir para passar a receber ainda mais ajudas e subsídios e / ou, com o pretexto de ter filhos menores, receber de imediato uma casa a custo baixíssimo (isto se pagar a renda)?

Para evitar que os que vêm sobrecarreguem ainda mais as nossas pobres finanças públicas, aqui fica a minha proposta:

Primeiro, para pedir o dito reagrupamento familiar é preciso ter trabalhado legalmente – ou seja, com descontos e impostos – durante um mínimo de cinco anos.

Segundo, o imigrante em questão tem de ter casa onde instalar a família que vier ter com ele. E, pequeno detalhe, mas muito importante, não terá direito à chamada habitação social durante pelo menos dez anos. O mesmo se aplica a subsídios e ajudas de todos os tipos – incluindo o RSI.

Terceiro, é responsabilizável pelo bom comportamento escolar e social de filhos que mande vir para cá, com um sistema de tolerância zero. Isso inclui a aprendizagem do português caso não o falem.

E se estão a pensar, coitados, assim só podem mandar vir a família os que tiverem um bom emprego, bom, acham bem que sejamos nós a pagar pela vinda e sustento dessas pessoas? É que se acham que sim, a solução é simples, criem uma associação que o faça com as vossas cotas...

Finalmente, e de certo modo associado ao tema anterior, a muito contestada alteração da lei da nacionalidade.

Sim, é preciso reformulá-la muito a sério, mas até lá, que tal aplicar como deve ser a que já existe?

Que eu saiba, inclui pelo menos dois pontos: emprego e conhecimento da língua portuguesa. Ora a avaliar pelos resultados que grassam por aí, muitos dos primeiros são falsos, “criados” apenas para apresentar o papel na altura do pedido e esquecidos mal resulta. E quanto ao português... não faltam por aí “portugueses” que nem uma palavra dizem, levando-nos a questionar como é que obtiveram a nacionalidade.

Como o combate à corrupção está também muito na moda, que tal investigar as atribuições de nacionalidade dos últimos cinco anos? Ou seja, prova de que tinham, de facto, um emprego a sério quando fizeram o pedido – e uma explicação decente para o que lhe aconteceu depois, suspeito que muitos esfumaram-se mal foram obtidos os documentos da praxe. E um exame a sério dos conhecimentos de português do dito cidadão.

Caso não satisfaçam estas exigências, a atribuição da nacionalidade será, pura e simplesmente, considerada dolosa e fica sem efeito – eu diria, até, que se fosse investigar quem lhe deu o aval, mas como serão funcionários públicos, não vale a pena, se forem despedidos lá virá o Tribunal Administrativo zelar por eles.

Resumindo, sem alterar as leis teríamos, certamente, um resultado bem melhor do que continuar à espera das medidas perfeitas, sobretudo com um PM que oscila entre querer agradar à população que votou, claramente, contra a esquerda e as suas tendências naturais de se chegar ao PS.

Para a semana: Protegemos mesmo as crianças? Com o choro e ranger de dentes a que assistimos recentemente, é altura de fazer esta pergunta.

05
Jul25

195 - Profissão: manifestante

Luísa

O título deste post refere-se a um fenómeno social, infelizmente não restrito ao nosso país, e que tem aumentado cada vez mais nos últimos anos: a existência de pessoas que estão presentes em tudo o que é manifestação – bom, só as “boas”, claro – apesar de na maior parte dos casos não terem a mínima ideia do que está em causa, ou seja, o que estão a protestar.

Dizem-se, claro está, de esquerda, ou antes, não de direita – pois, não é a mesma coisa, é que ser de algo significa ter e apoiar todo um conjunto de ideias e de opções para a sociedade. Pequeno detalhe, quando falam em direita, esse termo refere-se a todos os que não concordam com o que os Iluminados, os Donos da Verdade, consideram correto. Mas atenção, não é preciso sequer saber o que uma pessoa pensa para que seja apelidada de direita, não, basta que se diga por aí que o é.

Acham que não é bem assim? Bom, há uns anos, alunos de uma das mais famosas universidades americanas, penso que Harvard, entraram em protestos e manifestações contra o convite endereçado a um escritor para dar ali uma conferência. Não o queriam porque “era fascista”. Pois bem, um jornalista, ainda restam alguns dignos desse nome, deu-se ao trabalho de entrevistar dúzias desses manifestantes, escolhendo os mais vociferantes. E ficou espantadíssimo ao ver que a maioria esmagadora nem o nome do dito escritor sabia, muito menos o que escrevera. Mas... ouviram dizer que era “fascista”, por isso ali estavam a mostrar a sua indignação.

E se na semana seguinte houvesse um convite a outro intelectual que não agradasse sabe-se lá a quem – é que os “eles” do célebre “diz-se que” são sempre anónimos – é claro que os mesmos voltariam a manifestar-se.

E o mesmo se passa por toda a Europa. Se forem perguntar a muitos dos que aparecem nas inúmeras manifestações contra tudo e mais alguma coisa, muitos nem sabem dizer ao certo qual é o “tema” daquele protesto específico. E dos que conhecem o mote do dia pouquíssimos saberão explicar o que pretendem obter ou qual é o mal contra que protestam.

Já viram as entrevistas feitas aos “climáticos”? Em termos de conhecimentos e ideias são de uma pobreza mais do que franciscana. Mas isso não os impede de aparecerem sempre para “protestar contra a tragédia climática”. Curiosamente, só o fazem na Europa e EUA, onde podem berrar que “um polícia empurrou-me”. É que, como todos sabemos, só os europeus – excluindo a Rússia, claro – e os americanos é que são maus para o clima.

Infelizmente, como disse, o fenómeno, apesar de bastante generalizado no mundo ocidental, tem no nosso país uma outra vertente: a dos sindicatos e partidos de esquerda. É que não sei se já repararam, mas nas milhentas “marchas de protesto” promovidos por eles vemos sempre as mesmas caras. E, tal como nos exemplos acima, as razões que indicam são sempre extremamente vagas, por exemplo, melhores condições de trabalho, um slogan sempre muito popular.

Outra vertente curiosa destas manifestações é que os seus participantes têm, na maioria, ar de já estarem reformados há muito tempo. Ou seja, exigem melhores salários, menos horas de trabalho, etc., por pura bondade de coração, é que nada disso lhes diz respeito. E quando falo em vermos as mesmas caras, independentemente do setor em causa, digo-o devido a uma característica minha: sou péssima a fixar caras de simples conhecidos, mas memorizo de imediato as de muitos desconhecidos que me chamem a atenção por alguma razão. E não me refiro aos membros – cada vez menos – dos partidos de esquerda ou a líderes sindicais mas sim aos “populares” que aparecem sempre para mostrar a sua justa indignação.

E se em vez de uma causa laboral o protesto for contra o “fascismo”, o “racismo”, etc., pois, lá estão os mesmos das marchas sindicais a berrar os slogans do dia. E não nos esqueçamos de que muitas dessas manifestações têm causas no mínimo pouco claras, quando não são mesmo enganadoras. Por exemplo, a que foi feita junto ao Teatro A Barraca por causa do suposto ataque neonazi a um dos atores – e por falar nisso, não é estranho que depois de tanto aparato e de tantas versões diferentes por parte do dito o caso tenha simplesmente desaparecido da comunicação social?

Alguém fala em limitar e controlar a imigração descontrolada? Marcha-se pela tolerância e contra a xenofobia e racismo, tudo isto sem que nos expliquem porque é que querer ter uma palavra a dizer sobre quem vem viver para o nosso país entra nessas categorias.

Temos também, como causas desses manifestantes profissionais, os direitos do pessoal do alfabeto – sabem os LB... – e os direitos das mulheres. Mas atenção, no caso destas não quando se trata de ter pessoas transgénero em desportos femininos. Ou quando há repetidos casos de assédio, ataques e violações por parte de, digamos, “não nacionais”.

É que pelos vistos a agenda desses profissionais do protesto tem prioridades – por exemplo, onde esteve a indignação pelo motorista de autocarro que quase foi queimado vivo por ser branco? E o caso recente de um natural do Bangladesh morto por “dois jovens” – pois, curiosamente sem detalhes – à frente da mulher e da filha?

Resumindo, para além de serem, de facto, manifestantes profissionais, são claramente “ativados” por certos chavões e não pelos factos da questão em causa. O que não espanta, uma vez que, como disse e repito, a maioria desses “protestantes” não os conhece e, pior ainda, nem sequer os quer conhecer, basta-lhes a satisfação de saberem que estão do “lado certo” da barreira – bom, de acordo com o famoso “dizem que...”

Para a semana: Pequenas mudanças, grandes resultados Da lei da greve ao reagrupamento familiar, bastariam "pequenas" alterações para mudar muita coisa.

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