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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Luísa Opina

31
Jan25

173 - A economia precisa de emigrantes

Luísa

Esta é uma das expressões que mais ouvimos em Portugal – e não só. Logo seguida – ou superada – por “precisamos de emigrantes para sustentar a Segurança Social”. Sem esquecer o choradinho da baixa taxa de natalidade dos “portugueses de gema”, digamos, com todas as trágicas consequências que os “entendidos” preveem que vai trazer para a nossa sociedade.

Pequeno detalhe, quando esses peritos, políticos e outros que tais falam de emigrantes referem-se, claro está, a não europeus, de preferência sem estudos, profissão ou qualquer tipo de aptidão e muito menos dinheiro. Já se for um médico sueco em busca de um país mais quente ou um empresário alemão a querer montar uma empresa, “Arreda, Satanás”, é uma invasão indesejável e que só vai descaracterizar o nosso país e cultura.

Mas vamos por partes, começando pela economia. A teoria vigente é que os emigrantes vêm fazer os trabalhos que os portugueses não querem fazer, ficando implícito que não os aceitam porque são maus e mal pagos. E eu até acredito, se olharmos para outros números que raras vezes são citados. Por exemplo, em 2023 havia em Portugal 214 000 pessoas – não famílias, pessoas – com o erroneamente chamado Rendimento Mínimo, ou seja, o Rendimento Social de Inserção (RSI). Já agora, continuo à procura, sem êxito, de dados que me digam quantas pessoas foram inseridas desde a sua criação em 1996.

Ora acham mesmo que estas pessoas, tendo um dinheirinho garantido sem nada fazerem, mais as outras benesses que estar no RSI acarreta, vão aceitar um emprego? Lembro-me de um caso de uma senhora a quem arranjaram trabalho a cuidar de uma idosa. Pois bem, nem uma semana durou. E a razão, dita por ela na TV? “Pouco mais recebo e tenho de trabalhar”...

Junte-se a isto as quase 323 000 pessoas registadas como desempregadas e com quem se passa algo curioso: muitas arranjam misteriosamente emprego quando o subsídio acaba, mas não antes. Há exceções, claro, mas é uma situação usual e que não nos é exclusiva. Em França, há uns anos, o tempo de subsídio foi reduzido em um ano exatamente pela mesma razão.

Sem contar que abrir as portas do país não é a única solução. Veja-se o caso do Japão que, perante uma situação similar optou por automatizar e arranjar novos modos de fazer as coisas, inclusive na construção civil. É que, entre outras coisas, suspeitavam que muitos dos que entram num país para “terem uma vida melhor” optam por meios menos trabalhosos, como tráfico de drogas ou outros tipos de criminalidade.

Passemos, agora, à Segurança Social. Os últimos dados dizem que são precisas 2,5 pessoas no ativo para sustentar cada reformado. Sendo assim, precisamos de “importar” pessoas. Só que... estarão a insinuar que esses tais emigrantes não vão envelhecer? Ou que sairão do país antes de chegarem à idade da reforma?

E porque digo isto? Bom, vamos a umas continhas:

- 2,5 pessoas atuais para 1 reformado

- se tudo se mantiver igual em termos de custos (e nunca fica), essas 2,5 pessoas irão precisar de 6,25 quando chegarem à reforma

- e as 6,25 precisarão, por sua vez, de 15,62

Estão a ver onde quero chegar? Ou seja, se mantivermos o esquema atual da reforma aos 66 anos – sim, eu sei, mais 7 meses – daqui a uns tempos teremos um cenário tipo “As Cavernas de Aço” do Asimov, ou seja, viveremos uns em cima dos outros. E lembro, estes números são apenas se os custos ficarem na mesma, ou seja, se não progredirmos no montante das pensões e outras regalias a dar aos reformados.

Mais ainda, essa ideia de que precisamos de emigrantes para que sustentem a Segurança Social parte da falácia de que eles irão contribuir para a dita. Só que... mesmo que sejam todos pessoas decentes e dispostas a trabalharem, com a sua falta de qualificações, teóricas ou práticas, que tipo de emprego acham que podem arranjar? Muito francamente, algo pago com o salário mínimo ou pouco mais – isto se não for menos...

Ou seja, pouco ou nada contribuirão para a Segurança Social mas, em compensação, irão usar os seus recursos em cuidados de saúde e outras coisas. Resumindo, em vez de serem a solução serão, isso sim, mais um fator para afundar esse sistema.

Último detalhe, a matemática não é a única área em que os “fazedores de opinião” esbarram, a biologia também não é o seu forte. Vem isto a propósito da suposta necessidade de aumentar a taxa da natalidade na Europa em geral e em Portugal em particular. É que não sei se já repararam, mais muitos dos “migrantes” são homens. Sim, em Inglaterra, França e Alemanha isso não é bem assim, muitos chegaram via Turquia trazendo mulheres com eles e, fazendo filhos a torto e a direito, têm aumentado muito as respetivas comunidades.

Mas... qual tem sido o seu contributo para os equivalentes locais da nossa Segurança Social? Muito francamente, negativos. É que – e ao contrário do que a religião deles ordena – muitos desses homens vivem alegremente dos subsídios e ajudas dados às suas mulheres e filhos. Bom, se queremos aumentar a taxa da natalidade só para dizer que somos muitos... parabéns, é o caminho certo. Mas se é para ajudar a garantir as reformas e outros aspetos da Segurança Social, lamento dizê-lo, mas não funciona.

Resumindo, o nosso país não precisa de emigrantes a esmo. Precisa, isso sim, de pessoas que trabalhem, sejam portuguesas ou estrangeiras e, acima de tudo, que eduquem os filhos para serem membros produtivos da sociedade. E precisa, também, de reformular a ideia do que é ser “velho” e deixar de pôr de lado pessoas perfeitamente capazes só porque atingiram uma determinada idade que fazia sentido nos anos 70 – em que a esperança média de vida era de 68,2 anos – e que deixou de o fazer atualmente – com uma esperança média de vida de 81 anos e sempre a aumentar!

Para a semana: Politizações e hipocrisias. Dos relatórios policiais a casos caricatos, têm sido umas semanas em cheio...

24
Jan25

172 - Falemos do Trump

Luísa

Não tinha a menor intenção de falar da tomada de posse do Trump, mas, perante o que tenho visto e lido neste quatro dias não resisto a também eu deitar a minha acha para a fogueira.

Basicamente, tem sido um festival de “Trump Derangement Syndrome” (TDS daqui em diante), uma expressão criada pelo próprio penso que em 2018 e que expressa bem a obsessão de comentadores, jornalistas, políticos e não só com tudo o que o Trump diz e faz, mas sempre para criticar, claro. Bom, localmente temos algo um niquinho similar em relação ao Chega...

Nos dias que antecederam o 20 de janeiro as televisões encheram-se de “especialistas” que competiam pelo prémio de cenário mais negro. Desde a morte da democracia à catástrofe económica, houve de tudo. Até ouvi uma senhora dizer que o plano do Trump era ficar com a América, entregar a Europa à Rússia e todos os países do Pacífico à China!

Mas vamos ao dia em si. Devido às baixas temperaturas que se faziam sentir em Washington, a cerimónia decorreu dentro do Capitólio, algo que não acontecia desde 1985 aquando do segundo mandato de Reagan. É claro que vieram logo alguns “jornalistas” dizer que há vários anos não estavam presentes tão poucas pessoas para assistirem à cerimónia!

Há um ponto a destacar, todos os ex-presidentes ainda vivos e vice-presidentes estiveram presentes, parece que perceberam que se amuassem só iriam prejudicar o futuro dos respetivos partidos – e lembro que há eleições para o Senado e Câmara dos Representantes a cada dois anos. E um outro, este pela negativa, os risinhos dessa senhora Clinton, que provam bem a sua falta de respeito pelo cargo a que concorreu – e perdeu.

Da cerimónia na Arena One tenho dois destaques.

O primeiro tem a ver com a chamada ao palco de familiares dos reféns israelitas, num recado bem claro ao Hamas e seus aliados. O segundo é, claro, o já muito visto gesto do Musk, logo interpretado como uma saudação nazi. É preciso ter um caso gravíssimo de TDS para ver naquele “do meu coração para o vosso” algo repelente. E pelos vistos ignoram que tanto a Clinton como a Kamala fizeram o mesmo em várias alturas.

Passemos agora ao que Trump disse e fez, começando pelos perdões. Achei curiosa a confusão que reinou na comunicação social – e não só – entre perdão e comutação de pena. É que o grande problema daqueles 1500 que receberam o dito perdão é que estavam no limbo há quatro anos, tinham sido acusados mas não julgados – ou seja, ao contrário do que correu por aí, Trump não perdoou 1500 condenados, mas sim meramente acusados. E lembro que ao contrário do que se passa no nosso país, esperar tanto tempo por um julgamento é raro.

Já agora, quando dizem que houve vários mortos nos “motins” do Capitólio, a sua distribuição é a seguinte: 1 homem que sofreu um ataque cardíaco ainda antes de tudo começar; 1 mulher desarmada morta pelas costas e à queima-roupa por um dos guardas; uma morte por overdose (!); mais duas mortes por causas naturais, incluindo um polícia que sofreu um ataque cardíaco um dia depois...

Curiosamente, pouco ou nada se comenta sobre os “perdões preventivos” distribuídos em massa pelo “bom” do Biden, algo totalmente inédito por parte de um presidente cessante! E incluiu os dois irmãos, a irmã e os respetivos cônjuges – francamente, juntando a isto os quadros de centenas de milhares de dólares vendidos pelo filhinho a milionários chineses e outros e que nunca ninguém viu, eu, pelo menos, fico a pensar em que andaria metida aquela família.

Vamos, então, aos anúncios que Trump fez e que tanta tinta e voz têm feito correr. A fronteira sul, por exemplo, com o fim da entrada de pessoas que tinham arranjado um agendamento com a Imigração, outra das benesses do anterior presidente. É que bastava ter conseguido, via telemóvel, obter esse agendamento, sem data específica, para se poder entrar e ficar “à solta” nos EUA. A ideia é que quando recebessem uma mensagem a indicar que se deviam apresentar e onde, todos o fariam... pois! Acontecia tanto que agendavam mais de cem mil pessoas por dia!

Temos, também, as tarifas para produtos importados. Da China, por exemplo. Ou do México. Dois exemplos de locais que não respeitam as leis laborais e para onde as empresas americanas se mudam para poderem lucrar mais quando exportam os seus produtos para o país de onde saíram. No caso da China, há ainda a agravante de ser um país que põe todo o tipo de entraves à entrada de produtos americanos ou europeus, mas que berra e barafusta se não a deixam enviar livremente o que produz, muitas vezes fruto do trabalho de presos ou de internados em campos de concentração como os Uigurs.

Ou seja, em vez de criticarmos, devíamos adotar a mesma política: se querem que importemos, têm de permitir que exportemos com as mesmas regras.

E há, também, a NATO. Pois, a situação atual agrada sobremaneira aos seus membros europeus: baldam-se nas suas responsabilidades, mas exigem ser defendidos. Pior ainda, dão-se ao luxo de criticar os EUA e o seu militarismo, mas quando as coisas correm mal...

Finalmente, e muito brevemente, o início do fim do wokismo – só há dois sexos e é a competência que deve imperar – e o Acordo de Paris. Quanto ao primeiro, já era altura de haver um pouco de bom senso. É que, pasme-se, até as Forças Armadas eram forçadas a incluir elementos dos mil e um “géneros”, mesmo que fosse perfeitas nulidades em termos militares. E o Acordo de Paris, bom, desafio-vos a lerem-no. Basicamente, cada país define a sua meta, que pode ou não cumprir. Mas indica a criação de “milhentas” comissões, gabinetes de estudo, etc., daí o pânico com a saída dos EUA – sim, quem é que vai agora sustentar essa gentinha toda?

Não resisto a uma última nota, a saída da Organização Mundial de Saúde, um organismo que durante a crise COVID mostrou bem o seu enfeudamento à China. E isso cria-me a esperança de que outras agências da ONU (ver Para que serve a ONU) ou a própria ONU sigam o mesmo caminho.

Já agora, li esta semana estes dois artigos que achei interessantes: O significado de Trump, de Rui Ramos, e A Esquerda Possessa com a Possante Posse de Trump, de Tiago Dores.

Para a semana: A economia precisa de emigrantes. Uma das frases mais ouvidas para justificar a política de portas abertas dos últimos anos

17
Jan25

171 - Os preocupados

Luísa

Nos últimos tempos, políticos, comentadores, “especialistas” de assuntos diversos, de Portugal e não só, enfim, todos os que se acham formadores da opinião pública, têm algo em comum: estão preocupados. O motivo vai variando e o seu grau também, mas talvez seja altura de analisar as muitas preocupações que os eivam e pensar se também nós, o povinho banal, as deve partilhar. Como são muitas e variadas, irei falar apenas de algumas.

Comecemos por uma bem local, a tão badalada operação policial no Martim Moniz. Fartámo-nos de ver “preocupados” a falar de atentado à dignidade daqueles bons cidadãos, de racismo, xenofobia, fascismo, etc. Isto apesar de terem sido apreendidas drogas e armas brancas e sabe-se lá que mais.

Mas... o facto de quem ali vive ou por ali passa ser constantemente assediado, insultado, agredido, roubado, não preocupa ninguém. Aliás, fica-nos a ideia de que nada disso acontece, é apenas uma “perceção”, outro termo muito na moda por parte dos “preocupados”. Nem o facto de muitos dos que ali estão não terem qualificações nem profissão – isto partindo do princípio de que vieram para trabalhar – e, pior ainda, não terem a menor intenção de se adaptar ao país que os acolheu e, acima de tudo, de respeitar as suas leis e costumes.

Já agora, não é curioso que os ditos estejam preocupadíssimos com o aproveitamento político da dita operação por parte do Governo quando os partidos da sua estima não falam de outra coisa há semanas? Afinal, quem é que se está a aproveitar do que aconteceu?

Outro tema muito caro aos “preocupados” é a pedofilia da Igreja e as suas vítimas. Mas... quando veio recentemente a lume que em Inglaterra e durante 30 anos milhares de raparigas brancas e pobres, entre os 11 e os 16 anos, foram vítimas de violações por grupos de paquistaneses, qual foi a sua reação? De revolta, sim, mas contra o mau do Musk por ter falado do assunto e apontado que o atual Primeiro-ministro inglês foi um dos que varreu o assunto para debaixo do tapete para “não favorecer a extrema-direita”.

Quanto às raparigas, muitas das quais sofreram, até, lesões físicas graves, sem falar nas psicológicas, bom, pelos vistos não contam. Mas, claro, se alguém ficar farto, reagir e atacar quem cometeu o crime, verá a rapidez com que polícia e “justiça” atuam.

Continuando com o Musk, outra coisa muito mencionada pelos “preocupados” é a enorme influência que irá ter no governo americano – estranhamente, passam a vida a dizer que o Trump nunca escuta ninguém, que só faz o que bem lhe apetece... Há até memes a dizerem que a América se vendeu. Mas... quando o Soros, esse tão bom rapaz, deu muitos milhões à campanha da Hilary Clinton, ninguém piou. Fê-lo, aparentemente, por pura bondade, sem esperar nada em troca. Pois!

A Meloni tem toda a razão quando diz que a fonte desta preocupação está, apenas, em o Musk não ser de esquerda, ou antes, de extrema-esquerda como dizem que o Soros é... curioso, um multibilionário de esquerda!

Temos, também, como não podia deixar de ser, a “desinformação”. Vem isto a propósito do anúncio por parte do Facebook e do Instagram de que iriam deixar de fazer a verificação de factos, o que deixou em polvorosa os “preocupados”.

Primeiro, não lhes compete fazê-lo, são apenas locais de convívio e de troca de impressões. Mas mais importante ainda, quem é faz essa verificação? Os factos demonstram que na maioria dos casos “desinformação” é apenas informação que não agrada aos donos da verdade (DDV). Pior ainda, muitas coisas que foram vistas como tal acabam por provar ser verdadeiras o que, muito francamente, só serve para aumentar o descrédito de todo esse sistema que, chamando os burros pelos nomes, não passa de censura nem sequer muito bem encapotada.

Os “preocupados” também brilham na saúde, veja-se o abaixo-assinado e os inúmeros comentários contra a hipótese de o SNS deixar de tratar de imigrantes ilegais. Curiosamente, um português com pulseira laranja estar 15 horas à espera nas Urgências é algo que não os incomoda minimamente. Ou estar anos a aguardar uma operação que chega, muitas vezes, tarde demais. Ou não ter médico de família há anos. Mas nada disso importa.

Um outro tema seu favorito é a concorrência desleal das grandes superfícies e centros comerciais ao comércio tradicional. Mas quando se trata de pessoas a venderem nos passeios, sem pagarem impostos de espécie alguma e muitas vezes a impedirem o acesso a essas mesmas lojas que os “preocupados” supostamente defendem, tudo bem, não há nada a criticar. Nem que seja comida feita no local, com condições de higiene altamente duvidosas.

E há ainda o aborto. Para os “preocupados”, o grande problema das mulheres em Portugal está no prazo que têm para fazer um aborto legal. Ou seja, as muitas mulheres maltratadas e mortas pelos respetivos companheiros são algo bem menor comparado com a questão de passar das 10 semanas (+6 dias atuais) para 14 semanas.

Já agora, e mantendo-nos no aborto, não preocupa ninguém haver tantas jovens a abortarem numa época com tantos métodos contracetivos? Nem o facto de, na consulta para fazerem um aborto, não lhes falarem de alternativas, por exemplo, apoios se quiserem ter a criança ou como dá-la para adoção? Nem pensar, os “preocupados” têm mais em que pensar!

Finalmente, ser “preocupado” não é exclusivo de pessoas, as entidades também sofrem disso. Veja-se o Tribunal que ordenou que se mudasse o nome da Comissão de Inquérito às gémeas brasileiras “para preservar a sua privacidade”. É óbvio que isso é muito mais importante do que os 4 milhões gastos – ou mais, contando com as cadeiras de rodas – ou com a nacionalidade dada a ritmo de Usain Bolt.

Resumindo, estou a chegar à conclusão de que se algo preocupa os “preocupados” a minha melhor opção é preocupar-me com o oposto!

Para a semana: A economia precisa de emigrantes. Uma das frases mais ouvidas para justificar a política de portas abertas dos últimos anos

10
Jan25

170 - Para que serve a ONU e as suas agências

Luísa

A Organização das Nações Unidas – ONU – nasceu em 1945, mesmo no final da Segunda Guerra Mundial, e como sucessora da Liga das Nações, criada após a Primeira Guerra Mundial. A sua Carta, ratificada por 46 países signatários, entrou em vigor a 24 de outubro desse ano. A intenção era boa, constituir um fórum que facilitasse o diálogo entre os países, evitando assim a repetição daquele devastador conflito.

Com os vários processos de independência e de desmantelamento de certos países, tem agora 193 Estados-membros e 2 Observadores, a Santa Sé e a Palestina. E é basicamente constituída pelo Conselho de Segurança – em que 5 dos 15 membros, os permanentes, têm poder de veto – e por uma Assembleia Geral.

Emprega, oficialmente 39 700 pessoas e tem o módico orçamento de 3,59 biliões de dólares, fora o muito dinheiro que vai pedindo para acorrer a catástrofes e similares. O seu orçamento é supostamente pago por todos os membros, com valores que vão de 20 % do total (EUA) a 0,001 %. E há regras para quem não paga, perdendo o direito de voto na Assembleia Geral, só que esta pode decidir perdoar a dívida.

Curiosamente, há inúmeros países pobres com enormes comitivas na ONU e gastos sumptuosos, mas é uma daquelas coisas de que não se deve falar...

É claro que como qualquer órgão que se preze tem milhentos Fundos, Programas, Agências e quejandos associados, tendo “herdado” alguns aquando da sua formação, como a União Postal Internacional – que data de 1874 – ou a Organização Internacional do Trabalho – de 1919. Segue-se uma “pequena” lista, que penso estar incompleta. E lendo-o fica-se com a sensação de que há um imenso afã em criar organismos novos, muitas vezes apenas para agradar às vozes vociferantes do momento, mas quando se trata de avaliar se ainda têm razão de ser, bom, nunca é altura de extinguir nada.

Fundos e programas

- PNUD: Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas

- UN HABITAT: Agência das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, promove cidades sustentáveis em termos sociais e ambientais, e que ofereçam habitação adequada a todos... pois!

- PNUMA: Programa das Nações Unidas para o Ambiente

- UNICEF: Fundo das Nações Unidas para a Infância, sobejamente conhecido

- UNFPA: Fundo de População das Nações Unidas, lida com saúde sexual e reprodutiva

- PAM: Programa Alimentar Mundial

Agências

- FAO: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

- ONUDI: Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial

- OACI: Organização da Aviação Civil Internacional (OACI)

- OMT: Organização Mundial de Turismo

- FIDA: Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (porque não pertence à FAO?)

- UPU: União Postal Internacional

- OIT: Organização Internacional do Trabalho

- OMS: Organização Mundial da Saúde

- FMI: Fundo Monetário Internacional, que todos conhecemos...

- OMPI: Organização Mundial da Propriedade Intelectual

- OMI: Organização Marítima Internacional

- OMM: Organização Meteorológica Mundial

- UTI: União Internacional das Telecomunicações

- Banco Mundial

- UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, que os EUA deixaram de sustentar pelo seu facciosismo

Entidades

- UNAIDS: Programa da ONU para o combate da SIDA (A sério? Não devia pertencer à agência da saúde sexual e reprodutiva?)

- UNRWA: Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (pois, a que teve membros que colaboraram no ataque a Israel...)

- ACNUR: Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, bem nosso conhecido

relacionadas

- CTBTO: Organização do Tratado de Proibição Total de Ensaios Nucleares

- OPAQ: Organização para a Proibição das Armas Químicas (pois, funciona...)

- AIEA: Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA)

- UNFCCC: Secretariado das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (não podia faltar, claro)

- TPI: Tribunal Penal Internacional

- OIT: Organização Internacional do Trabalho

- OIM: Organização Internacional para as Migrações

- CCI: Câmara de Comércio Internacional (CCI)

Como disse, estou certa que há mais, não é só em Portugal que se criam comissões e similares a torto e direito, que nada fazem, na prática, exceto dar um bom tacho a muito gente. E se acham que falo de cor, trabalhei em Moçambique na década de 1980 e quando me deslocava ao Maputo os hotéis onde ficava estavam cheios de técnicos da ONU que passavam a maior parte do tempo na piscina ou a embebedarem-se – se sei-o pelo que os ouvia dizer e pelo que esposas de funcionários da minha empresa, ali residentes, me diziam.

O grande problema é que a ONU, criada, repito, com as melhores intenções do mundo, se tornou um gigantesco parasita que ou toma decisões absurdas via Assembleia Geral – onde os “pequenotes” aproveitam o seu poder de voto para aprovar ou criticar coisas a seu bel-prazer – ou fica paralisada devido ao poder de veto de 5 países.

E as suas agências e similares gozam da mesma triste fama. Todos vimos a subserviência da OMS perante a China na época COVID, o facto de a UNESCO nada ter dito quando os talibãs destruíram estátuas milenares de Buda ou, pior ainda, os relatos de atividades criminosas da UNRWA em Gaza.

E não nos esqueçamos do brilharete de haver uma Comissão sobre a Situação da Mulher, constituída por 45 países membros, escolhidos por uma distribuição geográfica equitativa, e a que o Irão, esse paladino das mulheres, pertenceu de 2016 a 2019!

Temos, ainda, os Capacetes Azuis, que têm a missão de manter a paz. Bom, e até a mantém, desde que as partes envolvidas não estejam interessadas em lutar, caso dos Montes Golã durante décadas. Quanto aos que vão para África, por exemplo, bom, digamos que o seu comportamento deixa muito a desejar.

Resumindo, talvez seja mais do que altura de pôr fim a esta ONU totalmente desacreditada e que não passa de um sugadouro de dinheiro e pensar muito a sério em criar uma outra estrutura, bem mais “enxuta”, de preferência com uma sede numa zona isolada – para evitar distrações... – e com regras de funcionamento bem claras. É que o mundo precisa mesmo de um fórum onde se possam discutir problemas e estudar soluções e a atual ONU deixou, claramente, de o ser há bastante tempo.

Para a semana: Os preocupados. Anda por aí muita gente preocupada com muitas coisas, pena não serem as que preocupam as populações

03
Jan25

169 - Absurdos do mundo atual

Luísa

Hoje irei falar de assuntos diversos, vai ser uma espécie de “limpeza da alma”, desopilar um bocadinho para começar bem o ano. Já toquei em alguns anteriormente, mas não resisto a fazê-lo de novo uma vez que continuam com a sua força toda, isto quando não pioraram, até.

Comecemos pela posição da mulher na sociedade, um absurdo que não se limita, infelizmente, a Portugal.

Como todos sabemos, berra-se e barafusta-se para que haja quotas em tudo o que é sítio a fim de promover a muito badalada “igualdade de género”, uma das muitas modas americanas que importámos. Mas quando se trata da presença de pessoas transexuais no desporto feminino, os mesmos defensores das mulheres mostram-se ferozmente a favor, apesar de todos sabermos a tremenda vantagem que têm em relação a mulheres biológicas – e lembro que em alguns casos famosos, a transição nem sequer tinha sido concluída, ou seja, tratava-se muito simplesmente de homens que “se sentiam mulheres”.

E quanto à tal “igualdade de género”, já repararam que só funciona num sentido? Ou seja, em profissões em que as mulheres são a maioria esmagadora, quase a totalidade, como em infantários, por exemplo, ninguém sugere a presença de quotas... E o mesmo se pode dizer em termos das chamadas etnias: veja-se o caso dos EUA, em que há inúmeras associações (e não só) apenas para negros, muitas outras para “latinos” (leia-se, mexicanos), mas se alguém ousar ter seja o que for só para brancos, bom, cai-lhe tudo em cima e tem sorte se só for chamado racista.

Mas o absurdo não se fica por aqui, infelizmente. Elogia-se uma campeã de xadrez por recusar jogar na Arábia Saudita, uma vez que este país não respeita os direitos das mulheres. Mas em plena Europa – e  EUA / Canadá – há mulheres e raparigas com bem menos direitos do que as sauditas, entregues a uma sharia interpretada ao gosto de cada um por vizinhos, familiares e similares machos e sem qualquer tipo de controlo. Só que aqui, quem protesta é mau, racista, etc., uma vez que há que “respeitar os costumes”.

Temos, também, a nossa justiça, ou antes, o que passa por o ser, muito francamente algumas decisões dos nossos “meritíssimos” fazem-me acreditar em extraterrestres que, por uma razão que só eles conhecem, optaram por estudar os terráqueos através da nossa magistratura.

Como o que soltou um pedófilo, sabendo perfeitamente que era vizinho da vítima de 10 anos – é claro que quando a população local se encarregou de lhe dar um corretivo à moda antiga rebentou logo a indignação contra a “justiça popular”. Ou o homem que esta semana agrediu brutalmente familiares, incluindo uma criança de dois anos, mais um GNR que os tentou socorrer e que vai aguardar pacatamente o julgamento em liberdade.

Isto sem contar com a existência de dois pesos, duas medias, com base sabe-se lá em quê. Por exemplo, um guarda-costas do Ventura tem dois anos de pena suspensa por roubar 10 euros a um cliente do local onde era segurança – pois, o dito cliente tinha “sonegado” uma garrafa de whisky, curiosa esta dualidade de termos para um mesmo ato ... Mas um condutor com 2 g de álcool que provocou um acidente com consequências mortais teve 3 anos também suspensos, “porque estava arrependido”, isto segundo a juíza.

Mais absurdo é capaz de ser impossível...

Isto leva-me a falar da tremenda simpatia que os “bem-pensantes” têm em relação a criminosos de todos os tipos.

Circula, agora, um abaixo-assinado a pedir um indulto para toda uma série de presos com vista a “facilitar a sua reinserção social”. Atendendo à outra sobre o Chega de que falei anteriormente, começo a pensar que chegou ao nosso país algo muito comum em alguns outros, ou seja, os assinantes profissionais de abaixo-assinados.

Este é só um episódio, o mais recente, de um fenómeno que me intriga há anos. Por exemplo, o caso de um angolano já com uma certa idade que cumprira pena por violar uma série de senhoras idosas nas suas próprias casas. Pois bem, houve todo um movimento a pedir que não fosse expulso do país porque, coitadinho, não tinha família em Angola.

Curiosamente, nunca vemos movimentos destes a favor das vítimas – a menos que seja a chamada pedofilia da Igreja, mas aí é mais contra esta do que a favor seja de quem for. Do mesmo modo, quando se trata da chamada habitação social, a indignação está reservada para quem quer expulsar delas criminosos e ilegais. Já os muitos portugueses que vivem em condições deploráveis, bom, azar, a culpa aí é do capitalismo, dos senhorios, do alojamento local, enfim, de tudo e mais alguma coisa, mas sem que mereçam o estatuto de coitadinhos e a indignação de todos esses grupos sempre prontos a manifestarem-se.

Para concluir, não acham curioso que os proponentes da política de portas abertas e do “precisamos de emigrantes” só defendam a vinda de pessoas sem qualificações e que, em muitos casos, não têm a menor intenção de se integrarem na nossa sociedade ou, até, de trabalharem? Mas se falamos de receber gente qualificada, médicos, por exemplo, surgem logo mil e uma razões para impedir a sua vinda.

Ou seja, os vistos Gold eram péssimos e não traziam dinheiro ao país, mas facilitar a vinda de gente dos PALOP, como fez o inenarrável senhor Costa, é uma excelente ideia que deve ser aplaudida. Encher bairros sociais com pessoas de fora, muitas delas a viverem do RSI é altamente desejável, já o alojamento local é demoníaco e impede muitos portugueses de arranjarem casa.

Enfim, há, infelizmente, muitos mais temas e casos absurdos, mas fico-me por aqui.

Para a semana: Para que serve a ONU e as suas agências. Algo que começou com boas intenções e que agora só é acatada por quem lhe convém.

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