168 - Seria tão bom 2...
Como sou uma otimista nata, aqui estou, de novo, com os meus desejos de 2025 para a sociedade em que vivemos. E quem sabe, pode ser que à custa de falar neles algum se realize, nem que seja parcialmente.
Poderá sempre ler os meus posts anteriores desta época do ano: Resoluções, resoluções, em que também falo de algumas pessoais e mais fáceis de cumprir, e, claro, o Seria tão bom... do ano passado.
Curiosamente, pegando neste último as situações que citei não melhoraram, pioraram, até, e bastante. E foram elas o ambiente, os nossos políticos face às eleições legislativas, os eleitores nas mesmas, as quotas para minorias e similares, o idadismo, a saúde e a justiça. E vou aqui abordar, de novo, alguns deles.
No ambiente, disse como seria bom reduzirmos o lixo produzido e, também, fazer durar mais os artigos que usamos, sobretudo os eletrónicos, em vez de andar ao sabor da última moda. Ora perante a greve da malta do lixo em Lisboa, seria mesmo bom se as pessoas só pusessem fora o que tem cheiro, digamos, e guardassem o resto até estar tudo regularizado.
Já agora, e isto aplica-se a todos os setores do funcionalismo público, seria tão bom... se houvesse um site onde nós, os contribuintes não desse setor, pudéssemos ver quanto é que ganham, setor a setor, categoria a categoria. E não apenas o salário base, todos os subsídios, ajudas e outros extras que auferem e se estão ou não incluídos no IRS. Assim, aquando de uma das muitas greves, saberíamos se são, de facto, tão “coitadinhos” como dizem.
Passando à nossa política, seria tão bom... que partidos e líderes deixassem de falar e de agir como se toda a população sofresse de amnésia. E que em vez de andarem a “brincar” a quem culpabiliza mais o outro lado pensassem, isso sim, em arranjar soluções para os muitos problemas que afetam o nosso país. E face a um apelo recente, penso que do atual Presidente da Assembleia, de aumentar os salários dos deputados, seria tão bom... ver um hemiciclo com menos gente e, acima de tudo, a proibição total de “políticos de carreira”. Ou seja, para se ser elegível é preciso ter trabalhado X anos, de preferência no setor privado.
E seria também tão bom... se acabassem as nomeações dos “boys”, ou seja, a escolha de alguém para um cargo teria de ter por base apenas a sua competência para o lugar e não a sua filiação e amizades partidárias.
Passando à educação, seria tão bom... olharmos a sério para um estudo recente que diz que muitos portugueses só entendem frases simples e quanto a matemática, nadinha. Em vez de dizerem que isso se deve à população mais idosa que pouca escolaridade tem, que tal fazerem um estudo abrangendo só pessoas até aos 45 anos? Suspeito que os resultados seriam muito similares...
Na justiça, seria tão bom... alterar as regras de modo a pôr fim a recursos ilimitados por parte de quem tem dinheiro, levando, claro, à prescrição dos crimes de que estão acusados antes de haver, de facto, um julgamento. E seria tão simples, bastaria decidir que enquanto dura um recurso o “relógio” da prescrição para. Pois, suspeito que haveria muito menos gente a recorrer de tudo e mais alguma coisa.
E que o Conselho de Magistratura se debruçasse sobre casos absurdos que abundam nos nossos julgamentos, com sentenças que não lembram a ninguém ou presos a aguardarem julgamento em liberdade apesar da tremenda gravidade dos atos de que estão acusados.
Quanto à saúde, desta vez até sou muito moderada no que peço. Seria tão bom... que em vez de a triagem para as Urgências ser feita via Linha SNS 24 fosse criada uma outra linha, só com três algarismos – tipo 112, ou seja, muito mais fácil de memorizar e usar, sobretudo quando se está aflito. Mas com cruzamento entre as várias linhas, claro, para o caso de se ter ligado para a “errada”. Isso evitaria a atual sobrecarga da Linha SNS 24, uma vez que é também usada por pessoas que apenas querem tirar umas dúvidas.
Passemos à imigração. Seria tão bom... que deixássemos de ouvir dizer que o país precisa de cem mil imigrantes para trabalhos que os portugueses não querem fazer. Isso faz-me uma tremenda confusão, atendendo a que há mais de trezentas mil famílias a receberem há anos o RSI sem nada fazerem em troca. E, lembro, chama-se Rendimento Social de Inserção, só que não vemos ninguém a ser inserido – ou reinserido na sociedade.
E quanto a imigrantes, aceitá-los se tiverem profissões realmente necessárias e se vierem, de facto para trabalhar. Ou acham que se receberem casa e um subsídio “temporário” vão à procura de emprego? Sem contar que todos nós sabemos o que “temporário” significa em Portugal. Já agora, não é curioso que não se possam importar médicos “porque podem não falar português” mas não há problema em querer mandar vir professores do Brasil?
Mais ainda, parar de falar em legalizar os ilegais, isso é um insulto para os muitos que cumpriram todas as regras – e são bastantes – para poderem residir e trabalhar em Portugal.
Deixar, também, de meter no mesmo saco todos os estrangeiros e parar de falar em xenofobia e racismo quando as comunidades que com eles lidam são contra a sua presença. Já agora, não seria bom... haver um abaixo-assinado para apresentar queixa contra os 800 e tal que protestam contra o que se passou no Martim Moniz acusando-os de encorajar a criminalidade e de discriminação contra os residentes?
Pois, suspeito – só não tenho a certeza porque, como tenho dito, sou uma otimista nata – de que para o ano aqui estarei com a mesma listinha...
Entretanto, boa Passagem de Ano e um 2025 melhor ou, no mínimo, não pior que 2024.
Para a semana: Absurdos do mundo atual Coisas que até parecem de comédia se não fossem tão trágicas.