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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

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Luísa Opina

26
Abr24

133 - O 25 de abril

Luísa

Passou-se mais um 25 de abril, este com grande ênfase devido aos seus 50 anos, mas com os discursos e afirmações do costume. Diga-se de passagem, já há vários anos que só ouço e vejo as celebrações pela rama, para repetições prefiro um bom filme ou livro.

Basicamente, resume-se tudo a “o 25 de abril trouxe-nos a liberdade”. Só que não é bem verdade, quem a trouxe, de facto, foi o 25 de novembro de 1975, caso contrário estaríamos agora a viver numa “ditadura do povo” – sabem, um daqueles regimes muito respeitadores das liberdades e direitos das pessoas, como a Coreia do Norte ou a atual Rússia. Mas está convencionado que uma das datas é que é a “boa” e deve ser festejada em grande e que a outra deve ser totalmente ignorada, inclusive pela Assembleia da República. E, claro, quem a quiser celebrar, é, no mínimo, pouco respeitador dos heróis de abril.

Este ano, devido aos tais 50 anos, passámos semanas a ouvir várias personalidades – e não só – a dizerem: “Antes do 25 de abril não se podia...” em relação às coisas mais variadas, desde eleições livres à minissaia. Pois irei falar, precisamente, de algumas delas.

Antes do 25 de abril não havia eleições livres. Verdade, claro. E pode-se dizer que vivemos agora num regime democrático, apesar de todas os problemas do nosso sistema eleitoral e, acima de tudo, da enorme renitência em, no mínimo, afiná-lo para o aproximar mais da população. Mas esta liberdade democrática tem imensas “exceções”, digamos.

Por exemplo, fala-se muito na liberdade de escolha política, ao contrário do que acontecia antes. E no papel até é verdade. Mas sê-lo-á de facto? Basta recordar as cenas passadas com o Chega na última legislatura e as reações aos resultados da sua subida nestas eleições. Chegámos ao ponto de ouvir o Livre dizer, do alto dos seus 8 deputados e menos de 205 000 votos que os 50 do dito Chega e o seus quase 1 170 000 eleitores não contam e isto perante o silêncio ensurdecedor de políticos, jornalistas e comentadores. E lembro que aconteceu, anteriormente, o mesmo com o CDS.

Antes havia censura. Sim, havia mesmo, “a bem da Nação”, a frase então consagrada. E ouvimos dizer que o 25 de abril trouxe o seu fim. E até é verdade, se estivermos a falar de uma censura organizada a nível do Estado.

Mas o que vemos agora é que tudo quanto é órgão de comunicação social e, também, as editoras, têm comissões de sensibilidade (ou outro nome similar) para garantirem que não é publicado nada que possa ferir as suscetibilidades e fazem-no “a bem do povo”. Curiosamente, para estas comissões as ditas suscetibilidades não nascem iguais – sabem a que me refiro, já falei várias vezes deste assunto.

Dir-me-ão, mas agora ninguém vai preso por algo que disse ou escreveu! Pois não, mas esses zeladores do povo tudo fazem para impedir que esses “malvados” voltem a publicar ou de continuarem a sua carreira profissional. Já agora, eu gostaria de ver algum investigador intrépido publicar uma obra sobre a censura nos anos imediatamente após o 25 de abril, aposto que seria uma enorme surpresa para muitos.

E não posso deixar de referir as diversas tentativas para legislar contra as chamadas “fake news”, omitindo, sempre, o pequeno detalhe que são definidas como tal pelos tais “donos da verdade” e não pela inveracidade dos factos que relatam.

Os sindicatos eram controlados pelo governo. E eram. Só que passaram dessa tutela para uma outra, a dos partidos, nomeadamente PCP e PS. E não tenhamos ilusões, muitas das greves e ações que vimos ao longo dos anos nada (ou muito pouco) tinham a ver com os trabalhadores que diziam representar, eram, sim, feitas de acordo com interesses políticos desses ditos partidos.

A escola restringia o que se podia aprender. Sim, “a bem da moral e bons costumes”. Mas... há realmente liberdade educativa agora, em que metem todo o tipo de ideias woke na cabeça das crianças, sem olhar para a sua idade e à revelia dos pais? E os autores escolhidos para as aulas de Português são-no apenas com base na sua qualidade como escritores? E os textos usados nas outras matérias, são mesmo isentos?

Para terminar, quero deixar muito claro que sim, o Estado Novo era uma ditadura e que vivemos agora em democracia. E não concordo com quem suspira pelo que o 25 de abril devia ter sido, comparando-o com uma sua imagem totalmente utópica. Ou dos que remoem constantemente o que foi o antes, dando-lhe tons cada vez mais negros, provavelmente para enaltecer o seu papel, real ou imaginado, na mudança.

Para mim, o passado é o passado e o que nos devia preocupar é o futuro para que caminhamos. E o que vemos em Portugal e também no resto do Ocidente é, francamente, preocupante. Como os movimentos a que assistimos para impedir certas opiniões e troca livre de ideias – lembro as muitas universidades que não convidam ou desconvidam pessoas porque um grupinho de alunos decide que são “fascistas”, isto apesar de desconhecerem o que dizem ou escrevem.

Ou a pressão para acabar com partidos que desagradam aos bem-pensantes, apesar da sua popularidade – mas ei, ao contrário do que acontecia no Estado Novo, faz-se isso para proteger as pessoas demasiado estúpidas para entenderem o que eles realmente são.

É que pode-se lutar contra uma ditadura como a de Salazar, em que há alvos bem definidos. Mas é muitíssimo mais complicado, quase impossível, até, combater o avanço insidioso de medidas e atitudes que, se não fossem tomadas por gente de esquerda, seriam vistas como ditatoriais.

Ou seja, concordo totalmente com a ideia de “manter vivo o espírito de abril”, mas na sua plena aceção de recusa de todo o tipo de censura e de respeito pelas opções políticas – e não só – de todos.

Para a semana: Só alguns são trabalhadores Pelos menos para os sindicatos e para a nossa esquerda

19
Abr24

132 - Haja consistência

Luísa

Um bom título alternativo para este post seria, “acabemos com o dois pesos e duas medidas”. Infelizmente, há cada vez menos pessoas razoavelmente isentas no que dizem e no que fazem. Não me refiro, claro está, ao chamado povo mas sim a quem ocupa posições de responsabilidade, seja na governação seja na formação da opinião pública. Bem sei que todos temos direito à nossa opinião, não é isso que está em causa, o perigo vem de as quererem passar por factos e, pior ainda, por notícias.

Não me incomoda, minimamente, ver certos debates em que os participantes estão devidamente identificados como associados a um partido ou tendência política – ou clube de futebol... Mas quando vemos notícias a serem distorcidas ao sabor da tendência de quem as lê (ou organiza), bom, aí está o caldo entornado.

O que se passa no Médio Oriente, por exemplo. Tantos apelos para que Israel pare com a violência e reconheça o estado da Palestina. Mas já viram alguém exigir ao Hamas que liberte imediatamente os reféns? Ou que deixe de usar hospitais e casas particulares como escudo para as suas operações militares? Mais ainda, a teoria de dois povos, dois estados só funciona se houver reciprocidade. Mas, estranhamente, não vemos ninguém – e muito menos a ONU – a exigir que os palestinianos reconheçam o estado de Israel.

Mudando de assunto, berra-se e barafusta-se contra a Arábia Saudita e o Qatar porque não respeitam os direitos das mulheres. Mas já viram alguma manifestação de solidariedade com as mulheres do Irão? Pois, é que este é um inimigo de Israel, por isso deixa-se passar as atrocidades que comete. Já agora, não é bizarro termos ouvido o Embaixador desse país dizer que a tripulação do navio português apreendido está livre e vermos hoje a notícia de que libertaram um membro feminino da tripulação? Alguém realçou este “pequeno detalhe”?

E temos também a reação pública, e não só, perante portugueses presos no estrangeiro. Há-os detidos há anos, sem culpa formada, nomeadamente em Angola e na África do Sul. Ouvimos falar neles? Há pressões para que os julguem ou libertem? É claro que não! Mas quando se trata dos dois pategos que acharam que era boa ideia fazer tráfico de droga na Indonésia, aí, sim, há esforços de todo o tipo.

Outra coisa que sempre me fez confusão tem a ver com o repatriamento de emergência de países africanos devido a guerras. Se o grupo inclui pessoas não portuguesas, temos a Cruz Vermelha e outras organizações em peso no aeroporto, prontas a fornecer todo o tipo de apoios e ajudas. Mas se são só portugueses... azar, estão por conta própria. Pelos vistos reina a teoria de que estes têm família e amigos prontos a ajudarem-nos, mais dinheiro para as primeiras despesas, sobretudo se não são de Lisboa. Só que... será mesmo assim?

Temos depois a reação atual ao que se passa com António Costa e o facto de haver ou não uma acusação. Chovem os pedidos de uma justiça célere e críticas ao Ministério Público. Curioso, quando Carmona se demitiu de Presidente da Câmara de Lisboa devido a uma investigação de fraude, a coisa arrastou-se que tempos, deu ampla oportunidade ao PS de reconquistar a dita Câmara e não houve nem críticas nem pedidos de celeridade. Pequeno detalhe, a investigação não deu em nada.

Continuando com o Ministério Público, soube hoje que pede prisão efetiva para Mário Machado por apelar à violação de mulheres de esquerda em mensagens que trocou com outra pessoa. Tudo bem, acho isso inaceitável. Mas... pois, há sempre um mas, porque não acusaram o inenarrável Mamadou quando, “citando um livro”, disse publicamente que devíamos matar todos os brancos? Não é discurso de ódio? Sem contar que tenho uma vaga ideia de ter ouvido algo similar à frase de Machado mas relativa às mulheres apoiantes do Chega...

O que nos leva à difamação. Ventura foi condenado por chamar banditagem a uma família em que mais de metade dos membros tinha cumprido penas ou aguardava julgamento. Mas a Ana Gomes chamar escroque a um empresário é apenas algo que se insere no direito à liberdade de expressão, apesar de ser ofensivo da honra. Hmm... E se alguém da dita direita chamar umas coisinhas a essa senhora, também é liberdade de expressão?

Temos, também, a criminalidade. Se um patego mata e fere a tiro algumas pessoas nos EUA, lá vêm os comentários sobre a necessidade do controle das armas, mesmo sem se darem ao trabalho de indagar se as do dito tinham sido compradas legalmente. Mas na última semana tivemos ataques à facada com as mesmas consequências nefastas e nada ouvimos sobre o seu controle...

Já agora, como o nosso é um país em que é quase impossível a um cidadão honesto conseguir licença de porte de arma, não é estranho não ouvirmos comentários sobre o assunto perante o enorme aumento de crimes com armas de fogo que se tem verificado nos últimos tempos?

Finalmente, a habitação. Não é curioso vermos sempre histórias de inquilinos que não têm dinheiro para pagar a renda e estão em vias de ser despejados mas nunca as dos muitos senhorios que vivem em dificuldades porque lhes devem os alugueres de meses ou, até, de anos? Ou as de pessoas que até têm meios mas não pagam porque sabem que vai demorar imenso tempo até serem corridos da casa que habitam de borla?

Perante tudo isto, só espero que as ideias da UE para pôr fim ao que chamam “fake news” (que é, claro, tudo o que possa desagradar ou ser inconveniente para os “bem-pensantes donos da verdade”) não venham piorar ainda mais as coisas. É que se já é difícil perceber o que realmente se passa no mundo, imaginem como será depois!

Para a semana: O 25 de Abril Passados 50 anos, que democracia e liberdade temos?

12
Abr24

131 - Os jovens são infelizes

Luísa

Saiu há uns dias o Relatório Mundial da Felicidade que inclui o que chamam um dado preocupante, ou seja, que os jovens estão mais infelizes do que os de gerações anteriores. Li inúmeras análises e comentários sobre o assunto, desde a culpa ser do tempo que passam nas redes sociais ao envelhecimento da população – tipo, pudera, vivem num mundo de velhos feito para velhos... Hum! Um dia falarei sobre esta questão.

Mas o que sobressaiu para mim não foi tanto o que foi dito mas o que foi omitido. A começar pelo conceito de felicidade. É que a ideia de que se não somos perfeitamente felizes o tempo todo (ou quase todo) então somos uns desgraçados é um conceito recente e ligado à evolução económica das sociedades. Não é por acaso que muitos dos chamados contos de fadas – que lembro, começaram a sua existência como contos populares tradicionais – acabam com “e viveram felizes para sempre”.

É que isso era uma utopia. Sim, esperava-se, com sorte, vir a ter momentos felizes ao longo da vida, mas não era um dado adquirido. E, muito francamente, a ideia de felicidade estava muitas vezes associada a não passar fome nem frio e a não ter uma relação conjugal muito má, esta mais para as mulheres. Ou seja, a fasquia era muito básica, eram coisas em que no Ocidente nem pensamos muito quando falamos em ser feliz.

O grande problema é que passámos agora para o extremo oposto. É quase “obrigatório” ser feliz a tempo inteiro e, como o que nos deixa felizes evoluiu e é, agora, muito mais subjetivo, vago e difícil de alcançar, não espanta ler resultados como o deste relatório.

Mas há mais. Professores, comentadores, políticos, “intelectuais” fazem questão de focar continuamente todo o tipo de problemas, sejam eles reais ou não, quase sempre com muita emotividade e poucos ou nenhuns factos, como a chamada catástrofe climática, por exemplo. E como os jovens não são ensinados e, acima de tudo, encorajados a pensar por si, vão ficando com a ideia de que o mundo é um lugar terrível. Lembro-me bem de um episódio dos Simpson em que Lisa entrou em depressão profunda ao iniciar uma “dieta” de noticiários.

Temos, também, a ênfase atual na tolerância e respeito pelos outros, algo muito de louvar, é claro. A questão é que os tais outros não nascem todos iguais e há cada vez mais jovens a sentirem-se isolados porque o que sentem ou são não “encaixa” nas caixinhas em que os bem-pensantes enfiam os que consideram vítimas ou oprimidos, ou seja, não estão abrangidos.

E, sim, as redes sociais. Sempre achei estranho que sociedades que tanto berram pela diversidade exijam, simultaneamente, tanta conformidade. É que quem pensar fora do cânone considerado correto é vilipendiado, mais ainda, nunca a aparência foi tão importante como agora, em que um comentário negativo numa rede social pode ter efeitos devastadores. Ou seja, em vez de fator de aproximação e convívio são muitas vezes a causa direta de uma cada vez maior solidão e isolamento.

Há, também, a total falta de preparação dos jovens para a vida, função essa que, para além da família, compete também à escola. A ideia básica é mantê-los numa bolha, supostamente para os proteger do stress de lidarem com a realidade. Resultado? Nada sabem sobre o custo de vida, sobre os (muitos) impostos que pagamos, enfim, a sua relação com a economia pode-se resumir a “quero isto e quero-o já”. E como nem sempre é possível, sentem-se, claro, infelizes.

E não estou a exagerar, em tempos vi uma reportagem sobre uma turma do 11º ou 12º ano em que o professor lhes pediu o preço de toda uma série de artigos básicos, como pão, leite, etc. Pois bem, todos erraram muito, mas mesmo muito por baixo e foi um choque quando viram os valores reais. Bom, também lhes foi pedido o mesmo para videojogos, telemóveis... e aí, acertavam ao cêntimo!

O que está diretamente ligado à ideia muito ouvida de que a falta de saídas profissionais é uma causa da infelicidade dos jovens. E sim, muitos não têm emprego apesar de terem um curso universitário, como tanto apregoam. Só que há aqui uma pequenina questão, a ideia que têm de um emprego é a clássica, digamos, a que lhes veio dos pais e avós.

Sim, houve uma época, ainda bastante recente, em que concluir um curso universitário, fosse ele qual fosse, era garantia de um bom emprego para a vida. Só que agora todo o gato sapato tem um, em muitos casos sem a menor utilidade visível, e não há lugar para todos, pelo menos com contrato de pedra e cal desde a formatura até à reforma.

Mas, em vez de tentar reforçar a ideia de que há muitas profissões que até rendem bem, que o emprego para a vida é cada vez menos provável, ou até desejável, continuamos a insistir em pôr toda a gente a estudar, quer gostem ou não de o fazer. E também aqui os jovens não são encorajados a pensarem no seu futuro económico em termos realistas, quantos seguem um curso meramente porque é o que os amigos escolheram ou porque está na moda.

Para concluir, acho, muito francamente, que se falássemos menos em felicidade seríamos bem mais felizes. Veja-se o que se passa com o casamento – ou qualquer outro tipo de relação. Filmes, redes sociais, revistas de fofocas só falam em estar apaixonado e em ser feliz. Só que uma relação tem de evoluir para poder durar. E com este tipo de ênfase, muitos pares juntam-se nada sabendo, a sério, sobre quem realmente são e, ao menor sinal de desvio do tal guião da felicidade, é a quebra e a infelicidade total!

Para a semana: Haja consistência! Sim, no jornalismo, na política, na justiça, nos "comentadores"...

05
Abr24

130 - Emigrantes e quejandos

Luísa

Não é, mais uma vez, o tema anunciado, mas devido a coisas que ouvi e li nos últimos dias, ainda relacionadas com o resultado das eleições, ou antes, com o do Chega, não resisti a dar, também, a minha opinião.

Comecemos pelos emigrantes, nomeadamente a estranheza que muitos mostraram pela tendência de voto dos portugueses no estrangeiro. A frase mais ouvida foi, precisamente, “não entendo como emigrantes podem votar num partido que é contra os emigrantes”.

Pois, a confusão está precisamente aí, confundir ser contra a entrada descontrolada de pessoas com ser contra os emigrantes. E subentende-se, claro, que por trás disso está o racismo, a xenofobia, etc. Bom, subentende-se é capaz de não ser o termo certo, dizem-no abertamente.

Há uns tempos li algo semelhante em relação ao facto de muitos muçulmanos em França votarem Le Pen que, lembro, é considerada islamofóbica pelos “bem-pensantes” de cá e de lá. Ora analisemos a situação com olhos de ver.

Durante muitos anos existiu em França uma comunidade muçulmana numerosa que vivia a sua vidinha, cujos filhos se integravam mais ou menos na sociedade francesa e que era, em muitos casos, constituída por pessoas fugidas às várias revoluções islâmicas que iam decorrendo por aí.

E de repente, graças à política de portas abertas, “não racista”, dos tais iluminados, viram-se invadidos, sim, é esse o termo, pelas pessoas de quem tinham fugido. Pior ainda, com o medo de serem considerados xenófobos, etc., os vários governantes deixaram-nos fazer o que muito bem entendiam e criar guetos cada vez mais extensos que governavam a seu bel-prazer. Ou seja, as populações há muito instaladas viram-se, subitamente, rodeadas de bárbaros a imporem-lhes regras de vestuário e de vida que, em muitos casos, lhes eram totalmente alheias, pior ainda, assistiram, impotentes, à imposição de uma sharia selvagem às suas mulheres e filhas – pois, curiosamente, os homens nunca são abrangidos...

E não tenhamos ilusões, a ideia é alargar tudo isso ao resto do país. Assisti, em tempos, ao discurso de Abu Hamza al-Masri (procurem-no, é um mimo!) perante milhares de seguidores em Londres, em que disse, claramente, usaremos todos os meios para islamizar a Europa e fazer com que a nossa seja a única religião permitida. Comentário das TVs locais? Limitaram-se a dizer que a extrema-direita tinha tentado interromper o comício. Hum... o que ele disse não é racista? Pelos vistos, não, pelo menos a esquerda nada disse.

Ora quem é que defende estas comunidades? Quem é que as escuta e está ciente dos problemas que esta invasão desenfreada lhes traz? Pois, não é o dito centro e muito menos a esquerda.

E aqui em Portugal, já repararam no aumento brutal de crimes violentos a que temos assistido nos últimos anos? Recebemos, sem pestanejar, gangues brasileiros identificados como tal, a máfia angolana e muitos outros criminosos que se apresentam como “migrantes”. Querer separar o trigo do joio é ser racista? Para mim, racista é quem mete tudo no mesmo saco, o emigrante honesto e que vem, realmente, para melhorar a sua vida pelo trabalho e o criminoso e chupista que se quer apenas aproveitar de nós e, acima de tudo, aproveitar-se de um país em que a polícia quase nada pode fazer e as penas são uma anedota, deixando-os com o tipo de rédea solta que nunca teriam no seu país de origem.

O que os “bem-pensantes” esquecem é que muitos dos portugueses que vivem – e votam – lá fora têm familiares e amigos em Portugal e não nos bairros finos desses comentadores e especialistas. Mais ainda, veem bem o contraste entre o modo como são tratados, ou antes, ignorados, e a preocupação com os ditos migrantes, desde que estes não sejam brancos, claro.

Acham que exagero? Mais ou menos na mesma altura tivemos a vinda de supostos refugiados sírios (curiosamente, são sempre muçulmanos, apesar do genocídio que têm sofrido os cristãos nesse país) e de portugueses que queriam sair da Venezuela após ameaças claras feitas pelo seu governo à nossa comunidade há muito ali radicada. Um casal sírio recebeu uma casa da Câmara local, a estrear, apesar de haver lista de espera de residentes na zona. Mais ainda, a escola local cancelou a festa de Natal para “não chocar as sensibilidades religiosas dessa família. Mas os que vieram da Venezuela não tiveram direito a nada! Bom, o Governo da Madeira tentou dar-lhes algum apoio, mas foram ignorados por todos os movimentos de ajuda – até nem admira, como ousaram fugir de um paraíso comunista!

E admiram-se do sentido de voto dos emigrantes? É que ao contrário do que apregoam, partidos como o Chega não são contra eles, são, isso sim, contra tratar do mesmo modo quem é, realmente um emigrante e quem não passa de um criminoso, muitas vezes bem perigoso. Mas quem o diz vive em bons bairros e tem os filhos em escolas privadas e não nas muitas que são cada vez mais palco de violência por parte de gangues de menores.

O meu último ponto tem a ver com as “brilhantes” e tão democráticas declarações de Miguel Sousa Tavares sobre os eleitores do Chega. São, segundo ele, mal formados ou mal informados. Ou seja, parafraseando, são, por natureza, convicção ou doença mental, racistas, xenófobos no sentido pacóvio ou saudosistas pelo tempo da velha senhora. Ah, e só recebem informação via redes sociais e que nunca defenderiam a democracia...

Pois, penso que este senhor devia ir a correr inscrever-se no Livre, o tal partido que, a bem da democracia, quer cancelar os 50 deputados do Chega. Ou seja, 50 anos após o 25 de abril só é democrata quem vota nos partidos “certos” e quem tem opiniões autorizadas pelos “donos da verdade”. Mas que bela democracia!

Para a semana: Os jovens são infelizes. É o que diz um estudo recente.

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