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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

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Luísa Opina

22
Mar24

128 - E houve eleições!

Luísa

A semana passada anunciei que este post seria sobre Inteligência artificial mas, como as eleições ficaram entretanto resolvidas, decidi adiá-lo e dedicar-me ao rescaldo do que aconteceu.

Para começar, adorei o espanto denotado pelos “especialistas” perante as sondagens à boca da urna. Pelos vistos têm a memória curta, é que quando o CDS era o papão da extrema-direita as sondagens davam-lhe sempre uns pontos largos abaixo do resultado final. Mais ainda, pelos vistos não lhes ocorreu que, se calhar, muitos dos indecisos não o eram, sabiam bem que iam votar no Chega mas não o queriam dizer... sim, é a democracia em que vivemos.

Passado o choque desse autêntico terramoto, houve algumas coisinhas que me despertaram particularmente a atenção e outras que adorei.

A primeira foi a indignação da AD por ter, muito provavelmente, perdido deputados por causa da semelhança de nome com o ADN. Francamente! Um partido, perdão, uma coligação que dizia ser a única capaz de nos governar só deu por ela depois das eleições? Adorei sobretudo o comentário de que a Comissão de Eleições devia ter obrigado o dito ADN – que existe desde 2021 – a mudar de nome a favor de uma união acabadinha de formar. Diga-se de passagem que essa semelhança contraria o que diz a Lei dos Partidos Políticos de 22 de agosto de 2003, artigo 12 – estranho ninguém ter reparado...

Tivemos depois, inevitavelmente, as inúmeras tentativas para minorar o resultado do Chega e, acima de tudo, para não dar demasiada ênfase à estrondosa derrota do PS – já o PCP ficou por conta própria, fartaram-se de falar do seu desaparecimento do Alentejo.

O mais grave, para mim, nestas eleições é que ninguém aprendeu nada. E por ninguém refiro-me, claro, aos iluminados donos da verdade que pululam por aí, sempre a botarem faladura e não deixando ninguém dizer nada que contrarie a sua douta opinião.

Senão, vejamos. Perante o facto de o Chega ter eleito deputados por todo o país – e fora dele – a opção racional seria analisar muito a sério as razões do seu êxito. Só que... nem pensar! “Todos” sabem que quem assim votou é racista, estúpido ou ambas as coisas. Vi, até uma daquelas entrevistas de rua em que uma rapariga negra dizia, “Não sabia que em Portugal havia um milhão de racistas”.

Só que a realidade é outra e o que aconteceu em Portugal e está a ocorrer por toda a Europa tem tudo a ver com a bolha em que vive a classe política, sobretudo a esquerda, e os “intelectuais” que se assumem como fazedores da opinião pública, bolha essa que nada tem a ver com o mundo real onde vivem muitos dos eleitores.

Enquanto uns se preocupam com a educação sobre transexuais e quartos de banho mistos, os outros vivem diariamente a insegurança nas escolas e as greves e faltas constantes de professores que deixam os seus filhos ao abandono. Uns apelam à “tolerância” e a um país de portas abertas, eles vivem em bairros sitiados, sujeitos a insultos, a violência de todos os tipos e ao aumento crescente de ataques à mão armada.

Para uns, o importante é “salvar” a TAP e fazer o TGV Lisboa – Porto. Para o povo, o tal que supostamente é quem mais ordena, a preocupação é conseguir que o dinheiro chegue até ao fim do mês. E a lista seria infindável.

Tivemos, depois, a “explicação” de que eram só votos de protesto. Só? Mais de um milhão de portugueses mostraram o seu desagrado e não se dão ao trabalho de tentarem perceber o que os atormenta?

Num ponto acertaram, embora não na totalidade, quando dizem que foi o PS que fez crescer o Chega com a “cerca sanitária”. Mas só em parte, por toda a Europa partidos ditos de direita crescem precisamente porque os do centro e esquerda ignoram os seus potenciais eleitores ou, pior ainda, insultam-nos à menor oportunidade com os já mais do que estafados fascista, racista, etc.

Mas, francamente, foi o que veio depois do domingo de eleições que me tem dado mais gozo. Refiro-me, claro, às manobras da esquerda, lideradas pelas “pessoas capazes de amamentar” – veem, também sei ser woke – do BE e do PAN. Pelos vistos a matemática não é o seu forte, querem criar um acordo para não deixar passar a direita! Pois, com os seus 5 + 1 deputados... Ou a IL a querer ter ministros no novo Governo, é claro que os seus lautos 8 deputados dão para todo o tipo de exigências...

E quanto apostam que daqui a uns dias, umas semanas, no máximo, veremos gente do PS a dizer que até ganharam as eleições porque a AD não teve a tão desejada maioria? Já a perda de 42 deputados e a passagem de maioria absoluta a segunda força política são meros detalhes que nem vale a pena referir.

Agora o que me fez ganhar o dia, bom, o mês, foi o que aconteceu ao Sr. SS, o tal de “eu sou a segunda figura do Estado, respeitem-me!” Não sei se viram ou leram a entrevista que deu em que afirma, com um ar muito sério, que nunca cortou a palavra a deputados do Chega, que nunca esteve contra eles, foi sempre isento, limitando-se a cumprir as regras e quem diz o contrário mente. Achará que sofremos todos de amnésia?

Já agora, lembram-se da cena dos 3 Estarolas aquando da visita de Lula à Assembleia da República e de como gozaram com o Chega? Pois, o cabecilha não conseguiu ser reeleito, o outro demitiu-se após inúmeros escândalos o seu Governo e o terceiro passou, aos olhos da opinião pública, de bem-amado ao pior Presidente da República de sempre.

Para a semana: Inteligência artificial. Será mesmo o papão que dizem?

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