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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Luísa Opina

29
Mar24

129 - Inteligência artificial

Luísa

A inteligência artificial é o tema da moda, tratado, quase sempre, em tons catastróficos. Só que uma pequena pesquisa revela-nos que nada disso é novidade, nem a dita IA nem os temores que desperta.

A criação dos primeiros computadores levou a todo o tipo de especulações sobre o seu futuro e consequências para o bem-estar da humanidade ou, até, para a sua continuação. A existência de máquinas conscientes foi um dos temas favoritos da chamada época de ouro da Ficção Científica, nomeadamente com o Multivac de várias histórias de Isaac Asimov.

O grande filme “catastrófico” foi, sem dúvida, “Colossus, the Forbin Project”, um supercomputador criado para assegurar a paz. E, mais recentemente, quem pode esquecer os filmes Exterminador Implacável e o desastre que foi para a humanidade as máquinas tornarem-se conscientes?

O problema é que todos estes livros e filmes têm influenciado, e de que maneira, o modo como olhamos para o desenvolvimento da chamada inteligência artificial. Para mim, o grande problema está no nome, é que estes programas nada têm de inteligentes, fazem, isso sim, uso das enormes velocidades de computação atuais para consultarem inúmeras bases de dados e outro material a fim de obter uma resposta.

Curiosamente, está a evoluir de um modo bem diferente do que inicialmente se previa. Uma das primeiras utilizações seria a criação de robots que ajudassem pessoas tetraplégicas nas tarefas do dia-a-dia, dando-lhes, assim, uma maior independência. Só que... os problemas começaram logo a surgir. É que não lhes conseguiam “ensinar” coisas que qualquer criança aprende de um modo mais ou menos inconsciente.

Por exemplo, o que é uma mesa e o que é um banco. Acham estranho? Pensem um pouco, como definiriam estes termos, mesa e banco, de modo a uma máquina poder reconhecer logo esse objeto? Pois, não é tão linear como parece à primeira vista.

Isto levou ao chamado paradoxo de Moravec, nos anos 80, que diz, muito simplesmente, que algo que exige raciocínio e elevada capacidade cognitiva é mais fácil de implementar num computador do que algo que exija perceção e mobilidade. Ou seja, um robot com IA pode ser mestre de xadrez mas não consegue atar os atacadores de um sapato...

E isso está bem visível em muitas das suas aplicações. A tradução por máquina, por exemplo, que tanto apavora quem trabalha nessa área. Lido com ela, muito do trabalho que recebo consiste em controlo de qualidade de legendas traduzidas por um programa desses, e, muito francamente, é um desastre. Para começar, tudo quanto seja frase idiomática é traduzido à letra. Não é mantida a coerência, recentemente, “scooter” saiu como lambreta, scooter, moto e trotineta, tudo isto em pouco mais de 200 legendas! Pequeno detalhe, recebo o mesmo que teria se fizesse eu a tradução, até porque muitas vezes é mesmo o que acontece.

Passemos à escrita. Sim, também tenho contactos com programas de IA que escrevem por nós, segundo dizem. Só que ao fim de ler meia dúzia de resultados aprendemos logo a distinguir o que não teve mão humana. Sabem para que os uso? Se estou a escrever um livro de não ficção, pego no tema ou num subtema e peço um índice detalhado – isto permite-me ver se há algo que seria bom incluir, às vezes são, até, assuntos de que nem me tinha lembrado. E são bons para textos de rotina a enviar repetidamente – mesmo aqui, o ideal é usar o que o programa nos dá apenas como uma base a alterar a nosso gosto.

Passemos à arte. Também tenho alguma experiência, dois dos meus livros, Projeto para Portugal e Don’t sleepwalk through life, têm capas feitas com um programa de IA. Para um uso destes são úteis, mas para arte em si? Sim, criam imagens muito bonitas, mas, também aqui, parecem-se todas umas com as outras. E o que um perito consegue fazer com Photoshop bate-as aos pontos. Ou seja, a IA é ótima para nulidades em arte que querem fazer algo bonitinho.

Uma área em que a IA já é bastante útil é a dos serviços de atendimento. Mas, também aqui, “inteligência” é o termo errado, todos esses “assistentes virtuais” recebem à partida uma imensa base de dados de perguntas e respostas na área com que lidam, é mesmo uma lista exaustiva – sei-o porque também já traduzi e criei nessa área. Isto libertaria os assistentes de carne e osso para lidarem com questões não rotineiras.

O que me leva a uma outra área em que podia ser muito útil, a medicina. É que muitas das consultas que temos são rotineiras, assisti a várias com os meus pais e, francamente, se não fosse ser o único modo de poderem fazer análises e exames, eram uma pura perda de tempo. Com um programa bem ensinado, podíamos ter “consultas” muito mais frequentes sem sobrecarregar os médicos de família. Mais ainda, uma das características do programa seria, precisamente, detetar quando é preciso passar o caso a alguém humano.

Acham absurdo? Pois bem, um programa criado para responder a chamadas de emergência provou ser mais rápido a detetar casos de problemas cardíacos graves do que os humanos que atendiam essas chamadas.

Quanto à maior queixa, facilitar a desinformação, será que os jornalistas temem a concorrência? É que são ótimos a promovê-la, apesar de terem, apenas, uma inteligência humana... presume-se!

Finalmente, o medo das consequências desastrosas da IA para o emprego não passa da repetição do que ouvimos desde a primeira revolução industrial. Sim, há destruição de funções, mas há também a criação de novas, não nos esqueçamos de que a grande característica da evolução humana é a nossa capacidade de adaptação.

Só mais uma coisinha, experimente, muitos dos programas têm uma versão gratuita, pelo menos durante uns dias.

Para a semana: Os jovens são infelizes. É o que diz um estudo recente.

22
Mar24

128 - E houve eleições!

Luísa

A semana passada anunciei que este post seria sobre Inteligência artificial mas, como as eleições ficaram entretanto resolvidas, decidi adiá-lo e dedicar-me ao rescaldo do que aconteceu.

Para começar, adorei o espanto denotado pelos “especialistas” perante as sondagens à boca da urna. Pelos vistos têm a memória curta, é que quando o CDS era o papão da extrema-direita as sondagens davam-lhe sempre uns pontos largos abaixo do resultado final. Mais ainda, pelos vistos não lhes ocorreu que, se calhar, muitos dos indecisos não o eram, sabiam bem que iam votar no Chega mas não o queriam dizer... sim, é a democracia em que vivemos.

Passado o choque desse autêntico terramoto, houve algumas coisinhas que me despertaram particularmente a atenção e outras que adorei.

A primeira foi a indignação da AD por ter, muito provavelmente, perdido deputados por causa da semelhança de nome com o ADN. Francamente! Um partido, perdão, uma coligação que dizia ser a única capaz de nos governar só deu por ela depois das eleições? Adorei sobretudo o comentário de que a Comissão de Eleições devia ter obrigado o dito ADN – que existe desde 2021 – a mudar de nome a favor de uma união acabadinha de formar. Diga-se de passagem que essa semelhança contraria o que diz a Lei dos Partidos Políticos de 22 de agosto de 2003, artigo 12 – estranho ninguém ter reparado...

Tivemos depois, inevitavelmente, as inúmeras tentativas para minorar o resultado do Chega e, acima de tudo, para não dar demasiada ênfase à estrondosa derrota do PS – já o PCP ficou por conta própria, fartaram-se de falar do seu desaparecimento do Alentejo.

O mais grave, para mim, nestas eleições é que ninguém aprendeu nada. E por ninguém refiro-me, claro, aos iluminados donos da verdade que pululam por aí, sempre a botarem faladura e não deixando ninguém dizer nada que contrarie a sua douta opinião.

Senão, vejamos. Perante o facto de o Chega ter eleito deputados por todo o país – e fora dele – a opção racional seria analisar muito a sério as razões do seu êxito. Só que... nem pensar! “Todos” sabem que quem assim votou é racista, estúpido ou ambas as coisas. Vi, até uma daquelas entrevistas de rua em que uma rapariga negra dizia, “Não sabia que em Portugal havia um milhão de racistas”.

Só que a realidade é outra e o que aconteceu em Portugal e está a ocorrer por toda a Europa tem tudo a ver com a bolha em que vive a classe política, sobretudo a esquerda, e os “intelectuais” que se assumem como fazedores da opinião pública, bolha essa que nada tem a ver com o mundo real onde vivem muitos dos eleitores.

Enquanto uns se preocupam com a educação sobre transexuais e quartos de banho mistos, os outros vivem diariamente a insegurança nas escolas e as greves e faltas constantes de professores que deixam os seus filhos ao abandono. Uns apelam à “tolerância” e a um país de portas abertas, eles vivem em bairros sitiados, sujeitos a insultos, a violência de todos os tipos e ao aumento crescente de ataques à mão armada.

Para uns, o importante é “salvar” a TAP e fazer o TGV Lisboa – Porto. Para o povo, o tal que supostamente é quem mais ordena, a preocupação é conseguir que o dinheiro chegue até ao fim do mês. E a lista seria infindável.

Tivemos, depois, a “explicação” de que eram só votos de protesto. Só? Mais de um milhão de portugueses mostraram o seu desagrado e não se dão ao trabalho de tentarem perceber o que os atormenta?

Num ponto acertaram, embora não na totalidade, quando dizem que foi o PS que fez crescer o Chega com a “cerca sanitária”. Mas só em parte, por toda a Europa partidos ditos de direita crescem precisamente porque os do centro e esquerda ignoram os seus potenciais eleitores ou, pior ainda, insultam-nos à menor oportunidade com os já mais do que estafados fascista, racista, etc.

Mas, francamente, foi o que veio depois do domingo de eleições que me tem dado mais gozo. Refiro-me, claro, às manobras da esquerda, lideradas pelas “pessoas capazes de amamentar” – veem, também sei ser woke – do BE e do PAN. Pelos vistos a matemática não é o seu forte, querem criar um acordo para não deixar passar a direita! Pois, com os seus 5 + 1 deputados... Ou a IL a querer ter ministros no novo Governo, é claro que os seus lautos 8 deputados dão para todo o tipo de exigências...

E quanto apostam que daqui a uns dias, umas semanas, no máximo, veremos gente do PS a dizer que até ganharam as eleições porque a AD não teve a tão desejada maioria? Já a perda de 42 deputados e a passagem de maioria absoluta a segunda força política são meros detalhes que nem vale a pena referir.

Agora o que me fez ganhar o dia, bom, o mês, foi o que aconteceu ao Sr. SS, o tal de “eu sou a segunda figura do Estado, respeitem-me!” Não sei se viram ou leram a entrevista que deu em que afirma, com um ar muito sério, que nunca cortou a palavra a deputados do Chega, que nunca esteve contra eles, foi sempre isento, limitando-se a cumprir as regras e quem diz o contrário mente. Achará que sofremos todos de amnésia?

Já agora, lembram-se da cena dos 3 Estarolas aquando da visita de Lula à Assembleia da República e de como gozaram com o Chega? Pois, o cabecilha não conseguiu ser reeleito, o outro demitiu-se após inúmeros escândalos o seu Governo e o terceiro passou, aos olhos da opinião pública, de bem-amado ao pior Presidente da República de sempre.

Para a semana: Inteligência artificial. Será mesmo o papão que dizem?

15
Mar24

127 - Planeemos apartamentos a sério

Luísa

Se calhar estavam à espera que falasse das eleições, mas só o farei quando a poeira assentar, daqui a umas duas semanas... Passemos, então, ao tema desta semana.

Li recentemente que iam retirar a obrigatoriedade de pôr bidés nos quartos de banho com vista a economizar no custo de um apartamento. Pois, está-se mesmo a ver que o que onera esse custo é a presença de bidés! Neste post não irei falar o custo de uma licença de construção, referirei apenas o absurdo que é serem sempre a mesma percentagem do valor final do edifício. Ou seja, o construtor de um prédio de apartamentos a vender por 900 mil euros paga os mesmos 40 % que quem faz apartamentos de 200 mil! Como é óbvio – ou antes, aparentemente não o é para quem nos (des)governa – se o primeiro pode incluir esse e outros impostos e taxas no preço final, o segundo já não o consegue fazer a menos que trabalhe “para aquecer”.

Mas isso seria tema para outro post. Neste irei tratar apenas de alguns aspetos que me intrigam há anos nos apartamentos construídos de raiz nas últimas décadas.

As varandas, por exemplo, sobretudo as que sobressaem da fachada. Podem ficar muito estéticas, mas não serão apenas um espaço desperdiçado? Muito francamente, quem é que as usa? Sim, sei que temos a fama de ter um bom clima, só que quem faz estes projetos esquece-se de que quem ali vai residir trabalha, muito provavelmente, e não tem tempo para estar “à varanda” – até porque muitas delas mal dão para pôr um estendal de roupa.

Se têm mesmo de existir, não seria bem mais útil fechá-las, à partida? É que assim poderiam ser usadas a qualquer hora do dia – ou da noite. Mesmo as que estão dentro da fachada pouca utilidade têm, repito, muitos dos que ali vivem saem cedo e entram tarde e não tiram proveito daquela área, sem contar a falta de privacidade se houver prédios em frente. Para evitar os protestos e lamentações quando as pessoas acabam por fechá-las, que tal fazê-lo à partida, de um modo “estético” e, acima de tudo funcional? É que passavam, assim, a ser uma área habitável e bem mais confortável e útil.

Podiam não ficar tão bonitas, mas esse sempre foi um problema dos arquitetos em geral, não terem em consideração o uso do que concebem. Não acreditam? Pensem na Estação do Oriente. É belíssima, uma verdadeira obra-prima arquitetónica... até termos de apanhar ali um comboio.

Passemos agora à parte interna, digamos, começando pela sala e cozinha. Apesar de pessoalmente não ser grande fã desse sistema, reconheço que o modelo que melhor se adapta ao modo de vida atual é a chamada área aberta, ou seja, cozinha e sala no mesmo espaço, como já viram, certamente, em muitos programas americanos. Permite que toda a família esteja junta durante a preparação das refeições e, sobretudo em apartamentos mais pequenos, dá logo uma sensação de mais espaço.

Isto sem falar em ganhos adicionais, como um uso mais racional da mesa da sala de jantar que pode, muito simplesmente, ser substituída por uma ilha com lugares sentados ou, no mínimo, ser usada para outros fins, como fazer trabalhos de casa enquanto os pais cozinham, etc. E evita que a área da cozinha seja, também ela, um espaço não usado durante a maior parte do dia.

Se queremos habitação mais barata, para além da redução de custos e prazos temos de pensar muito a sério no uso otimizado do seu espaço interior para que uma área total pequena possa parecer maior e, acima de tudo, ser melhor utilizada – veja-se o que está a acontecer com o movimentos das casas pequenas.

O que me leva aos quartos de banho. Francamente, deixem o bidé em paz! Mas para reduzir os custos e aumentar o espaço, que tal substituir a banheira por uma cabina com chuveiro? É que a maior parte dos portugueses não vai muito em banhos de imersão e acabam, mais cedo ou mais tarde, por fazer essa substituição, sobretudo quando a idade começa a aumentar. Bom, isto se tiverem meios financeiros para o fazerem...

Mais ainda, aproveitando bem esse espaço, mais o ganho com a área aberta sala / cozinha, seria certamente possível incluir um lavabo – ou seja, lavatório e retrete. Acreditem, para muitas famílias que só têm um quarto de banho, isso faria toda a diferença!

Para terminar, falemos da cobertura dos prédios. Para começar, com tanta exigência de “eficiência energética”, que onera, e de que maneira, a construção, sempre me intrigou não se exigir a colocação de painéis solares. Serviriam, no mínimo, para cobrir o consumo das zonas comuns – escada e elevador. E seria, certamente, bem mais barato – e mais estético... – inclui-los de raiz.

Outra coisa que me intriga tem a ver com a inutilidade de toda essa área. No prédio onde vivo, por exemplo, e em muitos dos que me rodeiam, o topo do edifício é uma espécie de imensa varanda, só interrompida pela casa da máquina do elevador. Não serve para nada, exceto acumular água quando chove muito, o que já tem criado problemas. Pior ainda, a porta que dá para a dita cabina está a pelo menos metro e meio do chão e muitos não lhe conseguem aceder facilmente mesmo que queiram, por exemplo, ir apanhar uns banhos de sol.

Temos, simultaneamente, as queixas sobre a selva de cimento e a falta de espaços verdes. Que tal transformarmos o topo dos prédios em espaços cultiváveis e de fácil acesso aos moradores? Podia ser dividido, ficando cada apartamento com a sua área, ou ser cuidado em conjunto como jardim, horta ou um misto dos dois. Numa época em que se fala tanto na natureza, não seria um bom aproveitamento de um espaço que, de momento, para nada serve?

Para a semana: Inteligência artificial. Será mesmo o papão que dizem?

08
Mar24

126 - Campanha eleitoral - notas

Luísa

Com a campanha eleitoral a queimar os últimos cartuchos no momento em que escrevo isto, aqui ficam algumas notas minhas sobre situações e ditos que me chamaram particularmente a atenção.

Primeiro, a insistência do PS em deitar para o PSD as culpas da Troika e de tudo o que esta impôs. Sim, sei que a experiência nos diz que os portugueses sofrem, coletivamente, de perda de memória e que têm, além disso, uma grande tendência para acreditar em mentiras desde que as repitam várias vezes. Diga-se de passagem que eu até estava admirada pelo “brilhante” ex-ministro das infraestruturas ainda não ter acenado com o fantasma do Passos Coelho... Pois, era inevitável que todos os problemas atuais sejam culpa dele, mesmo depois de 4 anos de geringonça seguidos de uma maioria absoluta rosa.

Mas não admira esta insistência, afinal o suposto líder da oposição e forte candidato a primeiro-ministro nada fez para repor a verdade. Será que tem medo de ofender o PS e que este se recuse a apoiar um seu futuro governo? Muito francamente, acho que a posição da AD nas sondagens se deve mais à falta de capacidade de PNS do que a mérito de Montenegro. Aliás, este pouco falou do que faria à frente de um governo, fartámo-nos, isso sim, em ouvir referências a “linhas vermelhas”.

Passemos à Iniciativa Liberal e às suas promessas. Vai ser um verdadeiro bodo aos pobres! Construção imediata de 250 000 casas – curiosamente, este parece ser o número mágico para quem faz este tipo de promessa – e médico de família, já, para grávidas, crianças até aos 9 anos e pessoas acima dos 65. Bom, será que os vai retirar a quem não cabe nestas três categorias? Sem falar na sua outra grande prioridade que é passarmos a considerar os eSports como Desportos, com todas as benesses que isso traz! Francamente, por muito populares que se estejam a tornar, é um assunto assim tão importante?

Quanto ao PAN, gostei muito do cartaz “Tourada só na cama”. É que atendendo aos outros significados da palavra “tourada”, será que este partido é a favor da violência doméstica? Ou da violência sexual? Bom, não nos esqueçamos que, tendo proposto penas pesadíssimas para quem maltratasse um animal, foram totalmente contra o agravamento de penas para maus tratos a idosos. Ou seja, são basicamente o partido dos animais.

Temos, depois, o sempre tão atual PCP. O que me chamou mais a atenção foi ver que para o seu destemido líder o grande problema do país em geral e das mulheres em particular é a possibilidade de um novo referendo ao aborto. Curiosamente, não põe sequer a hipótese de ganhar a manutenção do sistema atual, não, segundo ele as pobres grávidas terão de voltar a fazer abortos clandestinos como antigamente. Será que esse senhor já ouviu falar em contraceção?

E passemos aos incidentes de campanha, começando pelo célebre vaso atirado à comitiva do PS em Guimarães. Meramente por acaso, calhou eu ver as imagens completas em que vemos claramente que os “bons democratas” da comitiva atiraram paus e um guarda-chuva ao homem que estava a exercer o seu direito de liberdade de expressão, algo que, segundo nos repetem vezes sem fim, é muito querido da esquerda e que a direita, sobretudo a perigosíssima extrema-direita, quer eliminar. Só que, com a ajuda dos amiguinhos do costume na nossa tão isenta comunicação social, as imagens foram prontamente cortadas e passámos a ver apenas o dito senhor a atirar uns vasos à comitiva, facto este que deu lugar a todo o tipo de críticas.

Curiosamente, quando uma “cidadã indignada” quase agredia Montenegro porque “o PSD tinha chamado a Troika que lhe cortou a pensão”, a reação foi totalmente oposta, toda aquela cena foi considerada perfeitamente normal numa democracia de direito, outra expressão muito querida da nossa esquerda.

Mas o incidente que mais me intrigou foi o dos climáticos. É que, tendo em conta que o PSD não governa há anos, a tinta não devia ter sido atirada ao atual líder do PS que, lembro, foi ministro de Costa? É claro que todos os partidos repudiaram esse ato, é que, aqui para nós que ninguém nos ouve, devem ter receado que lhes chegasse a vez. Já agora, adorei o comentário do senhor de Belém de que o abuso do ato de atirar tinta faz com que perca a eficácia. Como li num comentário algures, seria um conselho para usarem métodos mais fortes?

Para terminar, a afirmação de um membro do BE de que os votos da AD e do Chega seriam cancelados. A explicação dada é que se tratou de uma piada! Devem estar a gozar com o Zé Povinho e acham, certamente, que somos todos burros. O grave desta questão é que o dito militante disse apenas em voz alta o que o seu partido em particular e a esquerda em geral pensam, ou seja, que só deviam ir a votos partidos e pessoas aprovados por eles.

Imaginem que era o Chega a dizer isto do BE ou do PCP, aposto que choviam pedidos para ser excluído das listas ou, no mínimo, de todas as mesas de voto. Mas como foi o BE, o mau aqui é o dito Chega que protestou. Já agora, não dei por ela ou não ouve reação dos líderes da AD?

Só me resta desejar que desta vez o grande vencedor não seja a abstenção, algo que já é bem real em certas eleições em Portugal.

Para a semana: Planeemos apartamentos a sério Inspirado pela ideia de eliminar a necessidade de pôr bidés

01
Mar24

125 - Desrespeitaram-nos... e agora queixam-se?

Luísa

Aparte alguns distraídos, do tipo “mente em Marte”, todos demos conta dos protestos dos polícias e da total incapacidade de resposta de quem (ainda) nos governa – lembro que começaram antes da demissão dos tão “chorados” Sr. Costa e seus Muchachos.

Aqui para nós, a ideia dos nossos (des)governantes é que, se deixassem passar uns dias, os polícias fariam o que têm feito ao longo de décadas, ou seja, engoliriam o sapo e voltariam ao serviço. Só que desta vez isso não aconteceu, precisamente porque se fartaram de não serem tidos em conta, ou antes, de só se lembrarem deles para os insultarem e acusarem de tudo e mais alguma coisa.

Sim, eu sei, que a nossa comunicação social e o resto da esquerda ainda mantêm os tiques do 25 de abril de que a Polícia é má e opressora – curiosamente, são os que mais berram se sofrem um pequeno roubo ou atitude mais agressiva em público, repetindo à saciedade a estafadíssima frase, “Mas porque é que a Polícia não faz nada?” Pois, mas se faz... basta um criminoso mais esperto – e agora são-no quase todos – falar em violência policial e pronto, acreditam piamente no “coitadinho”, sobretudo se este não for branco.

Infelizmente, os nossos juízes colaboram em todo este desprezo pelos polícias, como vemos por este caso, para mim paradigmático.

Há uns anos, dois polícias detiveram dois rapazes algures no interior, penso que foi em Évora. Resistiram, tentaram o truque da praxe de tentar atropelá-los e um dos polícias disparou. Levados para a esquadra, um deles quis ir ao quarto de banho e, como demorou, foram procurá-lo e estava inanimado. Levado para as Urgências, o médico de serviço também achou por bem fazer política e não medicina e declarou à comunicação social que o rapaz estava morto há horas. Foi a indignação geral, apesar de entre a entrada na esquadra e a ida para o hospital ter decorrido menos de uma hora, tudo isto confirmado pelo outro preso, também ele criminoso de profissão e, por isso, bom rapaz e totalmente credível. Mas há mais, o polícia foi imediatamente preso e o sobrevivente mandado aguardar julgamento em liberdade, apesar de já ter 16 ou 17 casos pendentes contra ele. Pequena nota, dois dias depois estava de novo em tribunal...

E todos nos lembramos das inúmeras vezes em que ouvimos dizer “o polícia agrediu-me”, sem a menor prova. Dir-me-ão, mas o queixoso apresenta equimoses, deve ser verdade. Deixem-me contar-vos uma cena a que assisti há uns anos, na zona onde moro. Era verão e, como a noite estava muito quente, deixei a janela e a persiana do quarto abertas. Como sofro de insónias, estava a ler na cama por volta das 2 da manhã quando ouvi carros a acelerarem, derrapagens, travagens bruscas, enfim, um barulho nada habitual naquela área, habitualmente pacata. Fui à janela, claro, e vi que, como eu, várias pessoas de prédios vizinhos tinham feito o mesmo.

Pois bem, era um carro da polícia em perseguição a um outro que, sabe-se lá porquê, dava voltas ao bairro virando de repente numa tentativa inútil de despistar a polícia. Pouco depois de ter assomado à janela, o carro perseguido parou mesmo por baixo de mim e saiu de lá um rapaz que se dirigiu a correr para um muro quase em frente. Este cercava um terreno enorme ainda dedicado a alguma agricultura – tinha até três vacas que me acordavam mal o sol nascia a exigirem ser mungidas – e a sua superfície era de cimento rugoso. Pois bem, o dito rapaz correu para lá e atirou-se repetidas vezes contra ele, fazendo questão de embater com a face, dos dois lados, e as costas das mãos. Entretanto o carro da polícia parou, algemaram-no e foi só então que o “coitadinho” reparou que o seu plano de acusar a Polícia de agressões não ia resultar, as janelas estavam cheias de testemunhas do que fizera.

Lembro ainda aquela esquadra de um bairro social atacada pelos “bons rapazes” da zona, que foi até incendiada, mas quando o senhor de Belém foi a correr à zona nem ali entrou, passou o tempo a tirar selfies com quem passava a vida a insultar e a agredir os polícias locais.

Não estou a dizer que não há casos de violência policial, mas da maneira como as coisas funcionam agora, nem se investiga, basta alguém, sobretudo se não for branco, dizer que a houve para ser considerado facto comprovado. E não me venham dizer que a Amnistia Internacional os confirma, encontrei no seu relatório vários casos que já tinham sido desmistificados há meses. Não nos esqueçamos que esse organismo se limita a incluir os relatórios que os seus vários afiliados lhe transmitem. Ou acham que têm tempo – e vontade – para verificar e confirmar tudo o que lhes chega às mãos?

Perante tudo isto que, repito, se arrasta há décadas, fica-me a profunda suspeita de que estes protestos não são apenas por salários e mais meios, são, também, por mais respeito e mais justiça para quem ainda “cai na asneira” de querer ser polícia. É que, tal como em certas cidades dos EUA, a nossa esquerda tão woke está sempre ansiosa por cortar fundos à Polícia para os gastar... com os criminosos ou candidatos a tal. Pequeno detalhe, para grande espanto (!) dos proponentes do “Defund the Police” (Cortem os Fundos à Polícia), porque era ela a causa de todos os males, a criminalidade disparou, e de que maneira, nessas cidades americanas.

Já agora, tudo o que digo acima é também válido para os guardas prisionais, tal como os polícias são sempre eles os agressores, apesar de todas as provas em contrário.

E se queremos acabar com este protesto, bom, para além de responder o mais rapidamente possível à questão da falta de meios – este link, que me foi enviado pelo Apartidário, é muito bom – é mais do que altura de nos deixarmos de esquerdices e de acreditar em tudo o que um criminoso diz, pior ainda, de, judicialmente, tratar os polícias de um modo bem pior do que se tratam os criminosos.

Último detalhe, achei curiosíssimo a reação do PS – e não só – ao “cerco” do Capitólio que, pelo que vi e ouvi, até correu ordeiramente. Aposto que se a coisa se tivesse passado com a AD ou, melhor, ainda, com o Chega, a “agressão à democracia” passaria a defesa desta.

Para a semana: Campanha eleitoral – notas Alguns pontos da campanha que me chamaram a atenção.

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