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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Luísa Opina

26
Jan24

120 - Quanta má fé

Luísa

Certas “cenas” recentes da nossa política e não só chamaram-me novamente a atenção para o abismo entre o modo como situações similares são tratadas consoante os envolvidos.

Comecemos pelo ex-deputado do PSD e agora também ex-candidato pelo Chega, Maló de Abreu. Muito francamente, não faço a menor ideia se o que esse senhor fez é ou não legal, não foi isso que me chamou a atenção nas inúmeras notícias que vieram a lume sobre a questão. É que tinham todas algo em comum, o tremendo realce dado ao facto de pertencer agora ao Chega.

Mesmo sem ter ouvido as notícias com muita atenção, uma coisa ficou bem clara na minha mente: todos esses atos, fossem ou não ilícitos, repito, decorreram quando era deputado do PSD. Não competia, pois, a este partido vigiar as pessoas que mete na Assembleia da República? Mais ainda, não é curioso que um deputado nosso declare a sua residência oficial em Angola e ninguém verifique nada, limitam-se a pagar-lhe os subsídios e ajudas a que teria direito?

É claro que a parte mais interessante – para mim, claro – é o pequeno detalhe de tudo isto ter vindo a lume só depois de o Chega ter anunciado a sua inclusão nas listas do partido... Mas, ei, tenho a certeza de que quem fez a denúncia agiu com toda a boa fé...

Só um pequeno detalhe, não será altura de investigar as residências oficiais de todos os deputados, atuais e passados e os dinheirinhos que averbaram? Se calhar ainda havia uma série de surpresas!

A segunda situação que vou comentar vem de Espanha e é, de certo modo, mais um caso de hipocrisia. Pelos vistos o Governo espanhol decidiu mandar fazer uma verificação das obras expostas nos museus do país para retirar peças com ligações ao colonialismo. Bom, até aqui, é apenas mais um triste exemplo do alastramento do vírus letal que é o wokismo.

Só que, curiosamente, este anúncio era seguido de outro, com bem menos destaque, claro, em que o mesmo governo anunciava a criação de uma Comissão de Censura para impedir que exista em Espanha. Hum... O que é que chamam à retirada de obras de arte por “ofenderem” alguns? Já agora, os termos desta notícia são bem claros, impedir pessoas “más” – e todos sabemos que são – de falar ou de se expressarem não é censura.

E onde está a má fé? Pois bem, ambas as notícias foram dadas exatamente com o mesmo grau de satisfação e com a ideia subjacente de que se estava a dar um grande passo a favor de uma sociedade inclusiva. Pois, agora é o colonialismo, qual será a “ofensa” seguinte? Retirar todas as obras que incluam figuras humanas para que uma certa religião se sinta “incluída” na nossa sociedade?

Voltando ao Chega... sim, bem sei, duas vezes num post, mas dada a obsessão da nossa comunicação social com este partido, é inevitável haver inúmeras notícias que sirvam de exemplo para todo o tipo de coisas, nenhuma delas boa, diga-se de passagem.

Voltando, pois, ao Chega, temos o jornalista, penso que do Expresso, que afirma ter sido agredido num evento promovido por Associações Académicas da Universidade Católica em que Ventura era um dos oradores. Segundo se veio a saber, bom, quem pesquisou, o dito jornalista mentiu para estar presente e provocou todo o tipo de desacatos até ser expulso – possivelmente à força, já que não quis sair a bem.

E qual foi o título e a ênfase dadas por toda a comunicação social? Adivinharam, “jornalista agredido em conferência do Chega”.

Eu até entendo, é que as Associações Académicas em causa acreditam no pluralismo de opiniões e não discriminam certos líderes parlamentares por não terem a cor política “certa”. E muito francamente, atendendo à minha (fraquíssima) opinião dos jornalistas, a ideia que me ficou é que esse senhor apareceu precisamente para provocar um incidente e obter o título em questão. Mas tudo bem, fê-lo de boa fé por acreditar piamente - e praticar – na isenção jornalística.

E passamos às promessas eleitorais. PS promete repor tempo dos professores, aumentar reformas e salários da função pública, tudo bem, aplaude-se ou, quanto muito, faz-se o silêncio de quem sabe o que valem estas coisas ditas antes de uma eleição. O PSD faz o mesmo, bom, aqui já se começam a ouvir algumas críticas ao custo do que se propõe fazer, mas nada de especial até porque muito do que diz coincide com promessas PS.

Mas perante a proposta de igualar a reforma mínima ao salário mínimo, feita pela perigosíssima extrema-direita – perdão, agora foi promovida a “partido conservador” – pois, foi um aqui d’el rei que isso irá levar a Segurança Social à falência! E as medidas dos outros não?

Ou as tomadas recentemente, em que as pensões mais baixas subiram 6 % mas as maiores subiram “só” 5 %. Ou seja, quem recebia 500 euros, ficou com mais 30 por mês – um euro por dia, mas não em meses de 31 dias! Mas quem tinha uma reforma de 3000 euros passou a ter mais 150, ou seja, 3 por dia em meses de 30 dias! E alguém protestou?

Pois, mas é tudo gente de boa fé...

Último tema, o honestíssimo Sr. Sócrates, que teve direito de antena para se proclamar, mais uma vez, vítima de todo o tipo de cabalas. Recordo-me de quando surgiram as primeiras notícias sobre gastos incomportáveis para quem tinha apenas, a fazer fé na sua declaração de rendimentos, a reforma de primeiro-ministro. Saiu este mundo e o outro em defesa do pobre injustiçado. E, a fazer fé em reações que vi ontem, muitos comentadores e jornalistas foram apanhados de surpresa pelo que aconteceu na Relação.

E ainda o defendem! Mais ainda, cheios de boa fé, lamentam a morosidade desta decisão, escamoteando, de boa fé, claro, que se deveu, sobre tudo, aos quarenta e muitos recursos que esse senhor tem andado a apresentar, aqui para nós, na esperança, provavelmente não descabida, de que tudo – ou quase tudo – prescreva.

Mas é claro que o senhor PSD da Madeira é culpadíssimo, nem vale a pena haver julgamento – pequena nota, não tenho nenhuma simpatia por esse político, limito-me a destacar a dualidade de critérios e a boa fé com que se defendem ou atacam pessoas, não pelos seus atos mas por quem são.

Como complemento deste tema, recebi há momentos de um dos leitores deste blog um link (e que agradeço imenso) com o discurso de Ivo Rosa quando eliminou a maior parte das acusações a Sócrates e que é o exemplo acabado de alguém que toma uma decisão importantíssima totalmente de boa fé...

Para a semana: E vivam as greves! Simples curiosidade, será que alguém lhes liga?

19
Jan24

119 Para uma inclusão a sério

Luísa

Entre os termos da moda, “inclusão” é um dos mais usados – e abusados.

Em teoria, é, até, um conceito de louvar, a criação de uma sociedade onde todos se possam sentir à vontade na sua pele e realizar todo o seu potencial, sem entraves devidos apenas ao que são.

Francamente, dito deste modo, sou totalmente a favor!

Só que... pois, infelizmente há sempre um mas. E aqui é só um detalhe, é que definição de “todos” nas campanhas da inclusão não significa mesmo todos, muito longe disso, apenas o pessoal do alfabeto – sabem, os LB etc. – e, sobretudo transexuais ou candidatos a tal.

Pois bem, como sou uma otimista de gema, aqui deixo algumas sugestões para tentar criar uma inclusão a sério.

E como a grande ênfase das campanhas está nas escolas e criancinhas, irei concentrar-me nelas.

Como primeira sugestão, em vez de as porem a marchar com as bandeirinhas arco-íris e o slogan de “todos iguais”, como vi, ainda recentemente, um grupo da pré-primária, e a receberem, chamemos os bois pelos nomes, uma lavagem ao cérebro sobre “sexo é uma construção da sociedade” e o “género nada tem a ver com biologia”, que tal aprenderem algo realmente inclusivo como linguagem gestual?

Para além de poderem comunicar com colegas – e não só – surdos, isso abrir-lhes-á os olhos e a mente para a ideia de que há pessoas diferentes e que têm o mesmo direito a viver plenamente em sociedade. Não digo que a aprendam na totalidade, mas, pelo menos, o mínimo para comunicar e entender. E como até há noticiários e programas dobrados nessa linguagem, será fácil treiná-la. No mínimo, aprenderão alguma coisa útil.

E já que o mote ouvido até à saciedade é aceitar a diferença, seria, certamente, uma boa ideia organizar convívios com pessoas cegas, por exemplo, caso não tenham nenhum colega nessa situação. É que muitos nunca viram ninguém assim e só lhes fará bem perceberem desde cedo que a cegueira não impede de se ter uma vida rica e útil. E quem diz cegueira diz falta de mobilidade ou algo assim.

Já agora, que tal organizar visitas às escolas de atletas paraolímpicos? Temos muitos e bons, apesar de pouco conhecidos, e acredito que isto ajudaria muito à inclusão de crianças – e mais tarde adultos – com vários tipos de problemas.

Passando a uma área diferente, um dia destes vi uma reportagem que me chocou, sobretudo porque foi logo a seguir ao discurso de alguém a elogiar a nova lei das escolas que, supostamente, ajuda à inclusão. Pois bem, tratava-se de um rapaz autista, adolescente, que era diariamente vítima de bullying na escola por ser “diferente”, tudo isso perante a passividade de professores e diretores e apesar de inúmeras queixas por parte da mãe.

Acontece que há no mundo atual cada vez mais pessoas diagnosticadas com autismo. Reparem que eu disse “diagnosticadas”, é que não é por acaso que se fala no espetro do autismo, a maioria dos casos passava despercebida ou era apenas diagnosticada como atraso mental ou problemas emocionais.

Pois bem, aqui está algo mais para ensinar às ditas criancinhas a fim de as educar para um futuro mais inclusivo. É que atualmente até pouquíssimos adultos sabem o que fazer perante alguém autista ou com outro problema da mesma área, estou a pensar, por exemplo, em crianças com síndrome de Down, apesar de serem cada vez menos devido a abortos seletivos – há países nórdicos em que não nasce nenhuma há anos...

É que, exceto em casos mais extremos, não há nenhuma razão para estas crianças não frequentarem uma escola normal, com algum acompanhamento adicional, claro, consoante as suas especificidades. Mas muitos pais hesitam em fazê-lo precisamente porque sabem que os filhos irão ser descriminados por serem o que são. Sem contar que as mesmas direções de escolas prontíssimas a ter casas de banho mistas para não discriminar ninguém arrastam os pés quando se trata de incluir alunos deste tipo.

Mudando de assunto, se queremos uma sociedade inclusiva não podemos permitir que continue a existir o fosso atual entre os dois extremos etários. Muita coisa mudou na sociedade nos últimos anos e são agora poucas as famílias em que várias gerações vivem na mesma casa. Ou até que convivem regularmente.

Junte-se a isso o idadismo cada vez mais presente a todos os níveis, incluindo o governamental, e temos gerações mais novas, leia-se, criancinhas, convencidas desde cedo que “velhos são lixo” ou, no mínimo, um peso morto para a sociedade, pessoas que nada fazem e nada sabem fazer.

Pequeno aparte, neste blog fiz um post, Velhos não são lixo! sobre este tema e no meu outro blog, Ir para novo, há vários posts sobre Idadismo.

A minha sugestão é combater isso desde cedo, a bem da tal inclusão. Por exemplo, pôr os alunos a fazerem a sua árvore genealógica, mas não apenas com nomes, também com uma pequena descrição de quem é – ou era – a pessoa. Seria, até, interessante manter este projeto ao longo do percurso escolar, aumentando o número e qualidade da informação à medida que os alunos iam crescendo.

Mas não me refiro a pôr só factos “frios”, tipo, o meu avô era sapateiro, não, tentar falar com esses familiares caso ainda vivam ou com alguém que os tenha conhecido, a fim de saberem algumas histórias.

Este projeto teria várias vantagens. Por um lado, os mais novos aprenderiam algo sobre os membros mais idosos da sua família, mesmo que não os viessem a conhecer pessoalmente, passando a vê-los como pessoas e não apenas como caras mais ou menos desfocadas em fotos antigas. E da família seria fácil passarem a ver outros idosos como gente de carne e osso, com as suas vidas e histórias, e não apenas  como os “velhinhos, coitadinhos”, outra expressão muito na moda.

E, quem sabe, poderiam até descobrir algum antepassado, não necessariamente longínquo, bastante interessante.

Outra sugestão seria a aplicação em Portugal de algo que já se faz noutros países e que é a ligação entre infantários / pré-primárias e lares de idosos / centros de dia, precisamente para permitir esse convívio, situação alargada ao período pós-aulas durante a primária, por exemplo. E há muitos países em que dar apoio a idosos faz parte das atividades extracurriculares sem as quais um aluno do liceu não tem hipótese de entrar numa universidade.

Bom,  foram só sugestões de inclusão aplicadas às escolas. Há, ainda, a sociedade em geral, mas fica para outro post.

Para a semana: Quanta má fé! A propósito de "cenas" recentes de políticos, jornalixeiros e outros

12
Jan24

118 - Falemos de Saúde

Luísa

Como até os mais distraídos saberão, assistimos, mais uma vez, ao caos total nas Urgências dos nossos hospitais e a esperas que seriam anedota se não fossem tão graves – sete horas para casos graves, a sério?

Assistimos, também, ao usual “lavar de mãos” por parte de quem nos (des)governa ou espera vir a fazê-lo em breve. São os argumentos usuais, é do frio (ou do calor, consoante a época do ano), as pessoas vão desnecessariamente às Urgências, há um surto de gripe (ou qualquer outra coisa, real ou não) e, o meu favorito e estreia absoluta, “a culpa é dos hospitais privados”! Pois, o PCP nunca desilude...

Ora vamos por partes.

Uma coisa que me chama sempre a atenção quando se discutem os problemas da Saúde em Portugal é o modo como a nossa esquerda – que, lembro, nos (des)governou em 20 dos últimos 27 anos – aborda a questão. A grande frase é sempre, explícita ou implicitamente, temos de salvar o SNS.

Na minha ingenuidade, sempre pensei que um sistema de saúde nacional existia para cuidar da saúde da população, ou seja, era um meio para atingir um fim. Mas parece que estava enganada, o fim é precisamente o dito SNS, tudo o resto é fogo de vista. O que explica a campanha permanente contra o privado, incluindo a extinção de parcerias sempre que possível.

Ou seja, público e privado são vistos como inimigos mortais envolvidos numa luta até à morte do Bem contra o Mal e não como dois elementos que se podiam complementar – e de que maneira – para cuidar de todos nós.

Podíamos, por exemplo, aproveitar o exemplo de outros países e ter uma espécie de cheque saúde. Mas não como o cheque dentista! A ideia é muito simples, o Governo cria uma tabela com valores para consultas, exames de todo o tipo, operações, etc.

Assim, se alguém precisa de uma consulta ou de outra coisa, em vez de estar à espera, vai onde quiser e o Estado “comparticipa” o seu custo. Sim, na maioria dos casos o utente teria de pagar a diferença, mas sempre é bem melhor do que pagar a totalidade porque não é atendido pelos serviços que sustenta com os seus pesadíssimos impostos.

Pequeno detalhe, a mesma tabela era aplicada nos serviços públicos, sempre ajudava a fazer umas contas decentes e comparativas.

Mais ainda, isto encorajaria médicos a abrirem consultórios em terras mais pequenas ou até em bairros residenciais, uma vez que a base potencial de clientes passaria a ser bem maior. Imaginem o que isto faria pelos muitos portugueses que nem médico de família têm!

Passemos ao ponto seguinte, o aumento da afluência devido ao frio, calor, etc., e que traz sempre consigo o cenário apocalíptico de ambulâncias paradas junto aos hospitais, às vezes durante horas, porque não há macas disponíveis para que lhes devolvam as suas.

Francamente! Isto dura há anos e ainda não houve tempo – ou vontade – para investir num stock de macas a serem usadas nestas situações? Podiam, até, ser de um modelo “mais leve”, digamos, com menos extras e tudo isso. É que mesmo assim seriam preferíveis ao que se passa agora. E não me falem do custo, há certamente muito onde se pode cortar para esta tão necessária despesa. Além disso, já pensaram no custo do agravamento do estado de saúde – ou morte – de quem não recebe uma ambulância porque esta está retida?

Quanto ao muito repetido argumento de as pessoas irem desnecessariamente às Urgências, até pode ser verdade, e é-o, certamente, mas, qual é a alternativa? Mesmo quem tem médico de família só dificilmente lhe pode aceder fora das consultas marcadas – e boa sorte com estas! Postos médicos? Pois, além de raros, muitos partem do princípio de que não se adoece durante a noite...

Há cada vez mais seguros e empresas a oferecerem pacotes com consultas ao domicílio – e não só – por valores até muito razoáveis, mas nem todos os podem pagar ou sabem, até, da sua existência.

Sim, há a Linha Saúde 24. Só que, na minha opinião, esta podia e devia fornecer serviços adicionais. Por exemplo, um site que conteria as dúvidas que originam mais telefonemas e as respetivas respostas. Começariam por estas e depois iam alargando o conteúdo de modo a torná-lo a primeira ferramenta de consulta de quem acha que há um problema ou tem apenas uma dúvida.

E porque não incluir no site um Avaliador de Sintomas? Vejo muitos em sites de grande qualidade de outros países, nomeadamente Austrália e Reino Unido, mas em Portugal só encontrei o da Médis. Sim, não substitui uma consulta com um médico a sério, mas é um bom primeiro passo para quem tem sintomas vagos e receia que representem algo grave. E como inclui sugestões de tratamento para coisas menores, evitaria muitas das tais idas desnecessárias às Urgências.

Só mais um ponto. Fala-se muito que as pessoas consultam a Internet para problemas de saúde e que os sites que frequentam nem sempre são fiáveis. E eu concordo totalmente. Só que, em vez de criticarem, que tal criarem um local como deve ser, feito com a colaboração de médicos das várias áreas?

Mais uma vez, podia começar pequeno e ir aumentando. E não estou a falar de uma enciclopédia médica, apenas de algo simples que satisfaça a curiosidade de quem ouviu falar de uma doença e não sabe o que é ou de quem está um pouco preocupado com os seus sintomas e imagina o pior.

Não sei se há mais em Portugal, mas só encontrei este guia Saúde A-Z da CUF. E este do Brasil, do Hospital Einstein, Guia de doenças e sintomas.

Curioso, não é, serem de privados? É que no Reino Unido, o equivalente deles do SNS – o NHS – tem um, Health A to Z...

Enfim, enquanto uma boa parte da classe política – e não só - continuar a ter uma visão esquizofrénica da nossa saúde continuaremos a assistir a caos, mortes indevidas e agravamento de situações que seriam facilmente resolvidas se fossem tratadas a tempo e horas.

Repito, não interessa, ou não devia interessar, quem fornece um serviço, só importa que ele exista.

Boa saúde – vão precisar...

Para semana: Para uma inclusão a sério Que tal devolver à palavra da moda o seu verdadeiro significado?

05
Jan24

117 - Já não há vergonha

Luísa

Dedico este primeiro post de 2024  a toda uma série de comportamentos e de afirmações dos nossos maravilhosos políticos, e não só, algumas do ano passado mas outras, infelizmente, mais recentes. Mas têm todos algo em comum, o mais completo despudor de quem os faz ou diz.

Pior ainda, fica-me cada vez mais a ideia de que para quem nos (des)governa e / ou “orienta” os portugueses são burros, amnésicos e adoram ser enganados repetidamente e do mesmo modo. Bom, atendendo ao resultado de eleições e sondagens, se calhar até nem andam muito longe da verdade...

Começo pelo autêntico festival de congratulações e elogios de quando a legislatura entrou, finalmente, em gestão, depois de o senhor de Belém ter esgotado todos os adiamentos e desculpas para lhes permitir ir passando leis atrás de leis tendo em vista o próximo dia 10 de março.

Um extraterrestre que chegasse a Portugal nessa altura ficaria imediatamente convencido de que se tratara de um governo de grande êxito, que terminara no fim do mandato para que fora eleito e que tomara inúmeras medidas muitíssimo importantes, entre elas as sempre tão badaladas reformas estruturais.

E não me refiro apenas à gentinha do PS, não vi, da parte do PSD, nenhuma tentativa a sério para lhes estragar a festa e os foguetes com um banho de realidade.

Tivemos, depois, o tremendo entusiasmo desse senhor Montenegro por ter conseguido o milagre fundamental de formar uma coligação “importantíssima” para as próximas eleições. Quem o ouvisse falar ficava com a ideia de que descobrira, a muito custo, o segredo para uma vitória eleitoral e resultante formação de governo. E, mais uma vez, não vi um grande esforço da parte de ninguém para que ele esclarecesse como vai conseguir isso aliando-se a um partido que perdeu, nas últimas eleições, os pouquíssimos representantes que ainda tinha na Assembleia da República.

Aqui para nós, quem tem boas razões para festejar é o CDS que elege, deste modo, pelo menos 3 deputados sem mexer uma palha. Mas, curiosamente, a alegria era bem mais esfuziante do outro lado.

Passemos, agora, ao nosso muito “prezado” Presidente da Assembleia da República, o Sr. SS, e as suas declarações em relação ao Ministério Público. Se fosse ele a dizê-las, tudo bem, sou uma simples cidadã. Mas é gravíssimo, ou antes, devia sê-lo, que quem preside ao braço legislativo desconheça a separação de poderes consagrada na Constituição – sim, a tal que tão citada é quando convém à nossa esquerda. Ou, pior ainda, se sabe disso e não se incomodou com essas “chinesices”.

É que para esse senhor, a única verdadeira ameaça à democracia em Portugal está na existência do Chega. E tem a desfaçatez, sim, não há outro termo para isso, de o dizer com um ar muito sério depois de todos os comportamentos mais do que antidemocráticos que demonstrou – ou permitiu – na AR.

Veio, depois, a mensagem do senhor de Belém – não, não é o Menino Jesus, é o de cá... Confesso que não a ouvi, limitei-me a ver extratos, é que os anos já pesam e tenho de poupar os nervos para coisas realmente importantes. Mas adorei ouvi-lo dizer que vai apoiar a candidatura do seu compincha Costa à Presidência da União Europeia porque ele merece! Mais ainda, será um cargo onde poderá fazer o que faz melhor...

Hum... Acho que um pequeno esclarecimento tinha dado muito jeito a quem o ouviu. O que faz melhor? Aldrabar? Meter amigos e conhecidos sem competência em cargos importantes? Prometer mundos e fundos, nada fazer apesar de ter todos os meios para tal e ainda por cima acusar a oposição de ter a culpa do falhanço? Bom, não a atual oposição, a de há uns largos anos, quando era, então, governo.

Mesmo assim, o novo líder do PS bate-os a todos aos pontos. Anunciados vários aumentos na função pública e pensões, que, infelizmente, iremos pagar com colher de pau passada a euforia eleitoral, lembrou que Passos Coelho cortara em 50 % o subsídio de Natal por causa da Troika. Não sei se é ele que anda distraído ou a minha memória já não é o que era, mas a dita não veio por causa do queridíssimo Sócrates? E este não era um primeiro-ministro socialista?

Para terminar, duas afirmações recentes, já deste ano, que me impressionaram por levarem o tal despudor a novos píncaros.

A primeira é de alguém do PCP, esse partido tão democrático, pelo menos para o PS e para o Sr. SS. De acordo com essa sumidade, a culpa das horas de espera nas Urgências e de o Sistema Nacional de Saúde não funcionar é... dos hospitais privados!

Se calhar até tem razão, é que sem medicina privada morreria muito mais gente, libertando, assim, vagas nas consultas, hospitais e Urgências. E, não estou, infelizmente, a brincar, pelo menos totalmente, é que passei o dia a ouvir falar da taxa de mortalidade acima dos 45 anos em Portugal.

A segunda e última afirmação despudorada é recentíssima, veio da douta boca do ainda primeiro ministro hoje já à noitinha. Também não ouvi o discurso todo, veja-se o que disse acima sobre os meus nervos, mas passei por lá na altura em que dizia “Só o PS fará melhor do que o PS” e, a minha parte favorita, “Há problemas? Claro que há problemas. Mas é por isso que estamos cá. É o PS que vai resolver os problemas.”

Pois, esperemos sinceramente que não ou teremos, para a economia e outros setores do nosso país, a concretização da velha expressão, “de vitória em vitória até à derrota final”.

Só me resta desejar-vos um bom ano de 2024... sim, sou uma otimista nata!

Para semana: Falemos de saúde A propósito de declarações recentes de alguns políticos

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