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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Luísa Opina

29
Dez23

116 - Seria tão bom...

Luísa

Em termos de resoluções e desejos pessoais, sugiro que releiam, ou leiam, o meu post Intenções de Ano Novo, de 2022. E quanto a resoluções para contribuirmos para a melhoria da sociedade e do mundo, bom, o post de 2023, Resoluções, resoluções...

Este ano decidi variar e falar apenas de coisas que eu gostaria muito de ver concretizadas em 2024, mas que não dependem de mim. Bom, aqui para nós, é mais uma lista de desejos impossíveis ou, no mínimo, altamente improváveis. Mas, como sou uma otimista nata, aqui vai.

Seria tão bom... que os nossos políticos deixassem de nos considerar estúpidos e amnésicos. Sobretudo num ano em que teremos eleições legislativas antecipadas, que tal meterem a mão na consciência e cortarem com as mil e uma promessas habituais? Não vos parece que merecemos melhor do que a repetição, mais uma, de “haverá creches para todos”, “criaremos milhares de camas para estudantes universitários”, construiremos milhares de casas” e outras balelas semelhantes?

Já agora, seria tão bom... que os eleitores portugueses não se deixassem levar na onda de promessas e de benesses em cima do acontecimento e, pelo menos por uma vez, votassem em quem fará o melhor pelo futuro do nosso país e de todos nós, mesmo que isso nos traga problemas a curto prazo – sabem, a tal questão de não se fazerem omeletas sem partir os ovos.

Seria tão bom... que houvesse um esforço a sério para melhorar a qualidade e, acima de tudo, o nível de exigência do nosso ensino. E que em vez de identidades de género e similares se prestasse atenção à aquisição de conhecimentos e de competências para a vida. É que estamos a criar uma geração – ou várias – que nem sequer sabe estudar, pesquisar, procurar e filtrar informação e avaliar a sua credibilidade, o que os torna propícios a um seguidismo cego e sem o menor sentido crítico.

Seria tão bom... que passássemos a avaliar as pessoas por aquilo que valem e sabem e não porque são minorias, mulheres, etc. Ou seja, nada de quotas, seja porque razão for. Tratemos todas as pessoas como seres humanos e apenas seres humanos, isso, sim, é a verdadeira inclusão, sem artificialismos ou regras absurdas que só servem para desacreditar os membros do grupo que se tenta promover à força. Ou acham que a partir do momento em que tiver de haver uma percentagem obrigatória de mulheres, por exemplo, em lugares de chefia isso não vai prejudicar todas as que lá chegaram por mérito próprio?

Seria tão bom que se fizesse algo para acabar com o último tipo de discriminação ainda totalmente aceite pela nossa sociedade, o idadismo. E que se deixe de falar dos “velhinhos, coitadinhos” e que as pessoas com uma certa idade passassem a ser vistas como aquilo que realmente são: recetáculos de experiência e de conhecimentos, teóricos e / ou práticos que devíamos aproveitar a bem da sociedade em vez de os pormos a um canto como algo em desuso.

Seria tão bom... que o muito dinheiro que se gasta em ajudas e apoios a torto e a direito passasse a ir para quem realmente precisa e não para oportunistas não dispostos em dar o seu contributo para a sociedade. E que esses apoios servissem, de facto, para ajudar quem os recebe a refazer a sua vida ou a voltar ao caminho certo para se poder firmar nos seus próprios pés e deixar de estar dependente de terceiros. Mais ainda, que em vez de pagar a pessoas que nada fazem, esse dinheiro fosse usado para criar pensões mínimas decentes para quem após uma vida de trabalho e de dificuldades se vê a ter uma existência ainda mais precária.

Seria tão bom... que passássemos a ter consultas médicas sempre que são precisas – ou que achamos que o são. E que deixássemos de passar horas à espera nas Urgências de um hospital, mesmo quando a situação é gravíssima. Mais ainda, que quem precisa de um tratamento ou de uma operação os possa ter a tempo e horas, sem passar anos à espera e a ver o seu estado físico – e psicológico – a deteriorar-se. E que uma grávida não tenha de passar as últimas semanas em sobressalto sem saber se vai conseguir um sítio para ter a criança.

Seria tão bom... que jornalistas e comunicação social voltassem ao que eram há umas décadas, ou seja, defensores dos factos e da verdade, doesse a quem doesse. E que reservassem as suas opiniões e parcialidades para as colunas de opinião, onde pertencem, e não para o que chamam notícias.

Finalmente, seria tão bom... que um português vítima de um crime ou familiar de uma vítima visse a justiça a ser aplicada como deve ser, com justeza, sem olhar a amizades ou interesses de qualquer tipo, e, acima de tudo, com a máxima celeridade. E que deixássemos de ver imagens como as que passaram recentemente num canal de televisão em que víamos os presos, “coitadinhos”, a viverem à grande e a divertirem-se com tudo e mais alguma coisa, incluindo drogas, quando há tanta gente que nunca fez mal nenhum e que vive com grandes dificuldades, em muitos casos são até as vítimas dos que vão gozando a vida atrás das grades.

Pois, seria mesmo bom...

Mas enquanto espero – sentada, claro – aproveito para vos desejar uma boa Passagem de Anos e um 2024 melhor do que 2023, por muito bom que este tenha sido para vós.

Para semana: Já não há vergonha A propósito de declarações recentes de alguns políticos

22
Dez23

115 - O Natal incomoda muita gente

Luísa

É o meu terceiro Natal com este blogue e, para não me repetir demasiado, sugiro a leitura dos posts dos dois anos anteriores, E é Natal (2021) e Falemos de Natal (2022). Tudo o que ali disse continua válido, em muitos casos infelizmente, e podia, pois, perfeitamente ter sido escrito esta semana ou, muito francamente, daqui a um ano ou mais.

Comecemos pelas inúmeras tentativas de conseguir o “cancelamento” do Natal, um termo muito na moda por parte dos bem-pensantes woke, que passam a vida a cancelar tudo e mais alguma coisa. Esqueçamos, para efeitos deste texto, o estafadíssimo argumento de que a sua celebração pode ofender quem não é cristão praticante e, sendo assim, em nome da tão famosa tolerância, devemos abster-nos de festejar algo que nos é querido. Como disse no texto do ano passado, há realmente intolerância nesta situação, só que é toda da parte dos ofendidos.

O que realmente me intriga em tudo isto é a dualidade de critérios entre o Halloween e o Natal. Durante anos ouvíamos dizer em tudo quanto era comunicação social – e não só – que não se devia festejar o Dia das Bruxas em Portugal porque era uma mera importação dos Estados Unidos – por acaso não é verdade, no próximo ano explicarei porquê – e devíamos manter-nos fiéis aos nossos usos e costumes.

Pois bem, haverá coisa mais europeia do que a festa de Natal, quer na sua antecessora pagã quer na sua versão cristã? E querem agora esses donos da verdade que abandonemos esse tão antigo – e tão nosso – costume para agradar à sua ideia de tolerância e respeito pelas culturas dos outros? E o respeito pela nossa, onde anda? Já agora, na maioria esmagadora das vezes os supostos ofendidos não se incomodam nada com este festejo, muitos até aderem e entram no espírito da festa. Mas nem pensem dizer isso na presença dos autoproclamados protetores da tolerância e respeito, como é evidente, eles é que sabem o que é correto ou não fazer-se.

E como a estes bem-pensantes se juntam os supostos ateus – sim, supostos, como expliquei o ano passado – as decorações públicas andam tão neutras que até dói. Felizmente há toda uma série de povoações mais pequenas que não querem saber destas modernices e que, para além de reviverem tradições antiquíssimas e em muitos casos quase esquecidas, têm aprimorado as suas decorações, dando grande ênfase ao que sempre foi o centro do Natal português, o presépio.

Já agora, sabiam que a nossa primeira árvore de Natal surgiu apenas em meados do século XIX quando D. Fernando, marido da rainha D. Maria II, mandou instalar uma no Palácio das Necessidades? É que o seu uso nesta época festiva terá começado precisamente na Alemanha no século XVI e não nos esqueçamos que o consorte real era um príncipe alemão.

Pessoalmente adoro uma bonita árvore decorada, para além do presépio, mas estranho, também aqui, não haver fúrias contra a “importação” de costumes...

Mas há coisas no Natal em Portugal que também me incomodam bastante. E como não sou menos do que os outros, aqui vão as minhas “queixinhas”.

A primeira tem a ver com as mensagens dos nossos “governantes”. Não sei se o nosso “estimadíssimo” PM, agora que é um ex, vai falar à mesma, mas aposto que sim, não quererá perder mais uma oportunidade de repetir que os seus foram governos de grande êxito, que o país está bem, ou antes, está ótimo e recomenda-se e que se quisermos continuar assim só temos um caminho, manter o seu PS no poder.

Quando ouço, intermitentemente, claro, é demasiado para eu aguentar tudo de uma vez, fica-me a dúvida: estará a falar do mesmo país em que os que o ouvem vivem? Onde o número de pessoas sem-abrigo disparou, graças sobretudo a inúmeros idosos que deixaram de poder pagar a casa onde viviam? Onde uma pessoa desespera para ter uma consulta, tendo em muitos casos bem mais hipóteses de morrer primeiro? Onde uma grávida passa meses numa aflição sem saber se haverá algum sítio aberto onde possa ter a criança?

E como se não bastasse, vem depois o senhor de Belém e as inevitáveis referências à estabilidade politica, como se isso fosse o mais desejável!

Irrita-me, também, ver ano após ano as mesmas reportagens sobre problemas em aeroportos e hospitais, sempre agravados com as também habituais greves nesta época. Mais as visitas a locais de ajuda a pessoas sem-abrigo ou com problemas económicos, sem que se veja qualquer melhoria, é, até, uma sorte calhar-nos um ano em que as coisas não piorem – e não é certamente este ano que ganhamos a lotaria.

E, numa nota mais leve para terminar, odeio que tenham retirado da programação natalícia filmes bem de Natal, como Do Céu Caiu uma Estrela ou uma boa versão – não woke – de Conto de Natal ou um bailado como O Quebra-nozes para os substituírem por versões “não ofensivas” ou por filmes totalmente inócuos e intermutáveis.

Bom, tendo desabafado o que me incomoda no Natal em Portugal, só me resta desejar-vos Feliz Natal – e se esta expressão vos ofende, azar... o vosso.

Para semana: Seria tão bom... Pois, a minha listinha de desejos para 2024

15
Dez23

114 - Há populismo e... populismo

Luísa

Uma das grandes armas de arremesso da esquerda e dos “bem-pensantes” em geral contra o que chamam de direita, perdão, de extrema-direita, é a acusação de populismo. É claro que a conotação é sempre negativa, ouvindo-os fica-se até a pensar que não há crime pior que um político possa cometer do que ser... populista.

Ouvimos dizer que Le Pen é populista, Orbán é-o, claro, o novo líder da Argentina então nem se fala e, cá mais pelos nossos lados, é uma das qualificações mais frequentes de Ventura e do Chega – para além dos mimos usuais de nazis, racistas, etc.

Só que... analisemos um pouco o que se tem passado nos últimos tempos cá na terra e com o absolutamente nada populista PS.

O agora – finalmente – demissionário Governo andou meses, penso que até mais de um ano, a fazer finca-pé em relação à recuperação do tempo de serviço dos professores. Mas, após a demissão de Costa e a marcação de eleições, inverteu completamente a marcha e já está disposto a negociar e a aceitar as “justas exigências” desses tão esforçados e prejudicados funcionários públicos. E isso não é populismo?

Temos também a pressa com que enfiou pela goela abaixo da Assembleia da República leis respeitantes à igualdade de género e o “respeito” por tudo e mais alguma coisa nas escolas – desde que, claro, não tenham a ver com heterossexualidade ou cristianismo. É claro que isso encantou a esquerda mais do que caviar e a gentinha woke – pois, nem sempre são sinónimos – que passou a achar este PS o máximo, ou antes, ainda mais máximo do que o era antes. Mas isto não é populismo...

Temos, também, o aumento das pensões de 5 a 6 %, valor bem acima do que tinha sido anunciado há uns meses, antes de se saber que iria haver eleições antecipadas, claro, bem como outros tipo de aumentos similares anunciados nestes últimos dias. Pois, mas só a direita é que é populista!

O grande problema aqui, ou antes, um dos muitos que temos, é o facto de a nossa comunicação social continuar enfeudada à esquerda, fechando os olhos quando lhe convém e pondo lentes de aumento para o outro lado do espetro político. É que seria extremamente interessante ver, nas semanas antes de uma eleição, uma espécie de livro de contas em que se vissem numa das colunas as promessas feitas antes da eleição anterior pelo partido vencedor e na outra, o que foi realmente cumprido – suspeito que esta seria curtíssima.

Mas nem pensar em fazê-lo!

Lembram-se dos milhares de camas para estudantes universitários prometidas pelo nada populista Costa e seus muchachos? Das regalias e benesses de todos os tipos anunciadas também pelos mesmos? Há quantos anos andamos a ouvir falar em creches gratuitas para todos? Como se as houvesse, mesmo pagas, para todos os que delas precisam!

Pois, só agora, mesmo em cima de novas eleições é que se desfazem em manipulações, propostas e... novas promessas. Mas tudo bem, os outros é que são populistas.

E temos ainda a parte puramente política de toda esta cena. Se alguém lembra que a União Europeia equiparou o comunismo ao nazismo e que o PS não teve problemas em aliar-se ao único partido puramente comunista da Europa – sim, nem a Rússia o é – chovem logo as acusações de populismo lançadas contra quem o diz. Mas é totalmente justo, honesto e, acima de tudo, nada populista chamar extrema-direita a quem discorde com a esquerda dona da verdade ou a quem meramente lhe desagrade.

É claro que a culpa não é toda da esquerda, da nossa e das outras, sempre me intrigou ver tanta gente a continuar a acreditar nela e na sua mão-cheia de promessas apesar de a experiência lhe dever provar que não passam disso mesmo, coisas ditas a esmo só para ganhar eleições e sem a mínima hipótese de virem a ser realizadas.

Mas não nos esqueçamos da frase atribuída a P. T. Barnum, segundo parece erroneamente por ser de autor desconhecido, “a cada minuto nasce um idiota”. Bom, quer tenha sido ele o autor ou não, o facto é que criou um império com base nessa expressão. Não sei se irei tão longe, mas a verdade é que, perante os resultados, temos mesmo de concluir que há muita gente que gosta de ser enganada, sabem, como o título traduzido do filme “Just Go with It” que ficou, em português, “Engana-me que eu gosto.

No fundo, a nossa esquerda limita-se a tentar aplicar, com maior ou menor sucesso, a receita usada pelos maiores populistas de sempre, os imperadores romanos. Sabem, os do “pão e circo”. Quando as coisas corriam pessimamente e o povo pensava revoltar-se, bom, uma distribuição de pão gratuito e uns espetáculos, também gratuitos, no Coliseu e ficava tudo em paz, mais ainda, os ditos imperadores passavam imediatamente de zeros a heróis.

Mas os nossos governantes fazem ainda melhor, é que o pão e o circo sempre custavam algum dinheirinho, mas as promessas, essas, funcionam igualmente bem e são de borla. É que não se iludam, se o PS ganhar as eleições, surgirão prontamente algumas taxas e taxinhas que para absorverem os aumentos agora dados, será, até, uma sorte se não levarem mais do que isso.

E se a direita vencer, bom, com o endividamento do país não me admira nada que chegue um novo período de austeridade para conseguir pôr as contas em dia – só que será mesmo pô-las em dia, custa-me muito a crer nos “bons” resultados tão badalados por este agora ex-Governo. E, claro, isso só irá garantir mais promessas da esquerda e a sua vitória nas eleições seguintes... mas sem populismo!

Para semana: O Natal incomoda muita gente. Sim, não são só os woke.

08
Dez23

113 - Pobres Jovens!

Luísa

Um dos leitores deste blogue chamou-me a atenção para o Projeto de Lei 332/XV que o PS aprovou dia 7 de dezembro, ou seja, no último dia do prazo alargado – mais a borla de uma semana – que o senhor de Belém decidiu dar a Costa e seus muchachos para poderem manobrar e assinar tudo e mais alguma coisa com vista a cair nas boas graças dos seus votantes usuais. Estou muito grata por esta chamada de atenção, uma vez que é uma lei gravíssima.

E aqui fica o link que recebi.

Basicamente, as crianças passam a ter, desde os 7 anos, o poder de decidir a sua “identidade de género”, pior ainda, podem iniciar, ainda adolescentes jovens, os tratamentos para a transição, sem consultas psicológicas e à revelia da vontade dos pais – que, evidentemente, terão de pagar tudo e mais alguma coisa.

A teoria subjacente é que o sexo, no sentido de género, não é biológico mas sim uma construção da sociedade. E, perante isto, as escolas passam a ter o direito de denunciar pais que, na sua opinião, não respeitem a vontade da dita criancinha, podendo, até, verem ser-lhes retirados os filhos.

Mas passemos ao mais importante, a denúncia dos pais à Comissão de Menores se a escola ou um professor achar que não apoiam devidamente o seu filhote ou se este se lembrar de fazer queixinhas.

A minha pergunta é esta, porque não estendem isto a outras situações? Por exemplo, a violência doméstica. Sabe-se há muito que crianças que vivem num ambiente desses acabam por se tornar, em adultas, agressores ou vítimas. E há desde há muito toda uma série de sinais de alarme a que escola, professores e outro pessoal deviam estar atentos. Mas não, a única preocupação é a identidade de género...

E temos também a pedofilia. Também aqui há toda uma lista de sinais de alarme há muito conhecidos. Mais ainda, sabe-se que mais de 90 por cento dos casos decorrem no seio familiar ou envolvem amigos da família – ou seja, é terreno propício para que em caso de dúvida se retire a criança. Mas o que é que a escola faz? Nada! Há algum projeto-lei sobre o assunto? É claro que não! Mas não admira, como temos visto a pedofilia só é grave se o seu autor for padre...

E temos, depois, um outro aspeto deste projeto-lei e de decisões similares, é que não abrangem toda a gente, as atenções focam-se única e exclusivamente em cristãos e brancos.

Que liberdade é que acham que tem um rapaz ou rapariga muçulmanos que decidam que estão no corpo errado? Pois, têm sorte se não sofrerem um “acidente” doméstico que os ponha no cemitério. Mas tudo bem, se calhar até nem têm de estar presentes quando se discute esse assunto, para não ferir as suscetibilidades...

E já que estão tão preocupados com dar o poder de decisão aos jovens, que tal levarem isso a sério e proibirem o uso de hijab, burcas e similares a menores de 18 anos? E se houver provas – perdão, suspeitas – de que os pais as obrigam a cumprir com ditames desses, bom, tirem-lhes as criancinhas para que, num ambiente neutro e sem pressões, possam  decidir sozinhas.

E a mutilação feminina? Que poder de decisão têm essas raparigas que passarão a sofrer dores e todo o tipo de problemas para o resto da vida? Mas tudo bem, são os costumes.

E quando raparigas – sim, os casos maus são quase sempre com elas – são impedidas de estudar para terem um futuro melhor e são casadas mal o podem fazer com um homem escolhido pela família? Não era de as retirar desse ambiente tóxico, o termo da moda?

Muito francamente, começo a pensar se a esquerda não anda numa campanha para reduzir a população. É que um jovem que inicie o processo de transição, mesmo que se venha a arrepender mais tarde, bom, azar, já é estéril! Ou seja, os iluminados patrocinadores desta lei acham que um jovem de 13 / 14 anos tem maturidade suficiente para analisar os prós e contras desta questão e interiorizar a ideia de que é uma decisão irreversível.

Já agora, recomendo a leitura desta coluna do Observador.

Tudo isto seria absurdo se não fosse tão grave. E, mera curiosidade, saíram esta semana os dados da avaliação PISA de 2022, em que os jovens portugueses desceram em tudo, sobretudo na compreensão da língua portuguesa. Ou seja, não sabem interpretar um texto, mas podem decidir sobre um assunto complexo e com consequências futuras tão graves como é a mudança de sexo...

O que mais me choca nisto tudo é a leveza com que se trata um problema psicológico grave como é a disforia de género. É que, ao contrário do que nos tentam enfiar goela abaixo, não é uma moda nem uma escolha, é algo gravíssimo que não se cura com uma mera mudança de sexo, muito menos se esta é feita em jovens que ainda não atingiram a maturidade física.

Já agora, temos toda esta preocupação com criar um ambiente inclusivo nas escolas... pois, se que pelos vistos é mais um termo cujo significado foi alterado pelos donos da verdade. É que ainda há bem pouco tempo vi uma reportagem sobre um rapaz autista que sofria bullying na escola, perante a indiferença de todo o seu pessoal. Mas se dissesse “sinto-me rapariga”, aí, sim, ai de quem o insultasse, de facto ou na sua imaginação.

Uma última nota, no artigo que mencionei no início deste post ficou-me, sobretudo, uma declaração de Jorge Sarmento Morais, chefe de gabinete do Ministro da Educação. Diz essa luminária, “O papel das escolas é retirar as crianças à família para as fazer crescer em comunidade.”

E eu que pensava, na minha ingenuidade, que o papel das escolas era preparar as crianças para a vida em sociedade! Mas, pelos vistos, existem para lavar o cérebro aos jovens e transformá-los em máquinas acéfalas que só fazem e dizem o que os Iluminados do costume entendem ser correto.

Para semana: Há populismo e... populismo. Sim, não nascem todos iguais!

01
Dez23

112 - Adorava saber...

Luísa

Com eleições marcadas, apesar de um inexplicável prazo alargadíssimo que permite a Costa e seus muchachos distribuírem benesses a rodos pelos seus futuros votantes, está na altura de expressar algumas dúvidas que me assolam há anos sobre o processo eleitoral e não só.

A minha primeira pergunta é muito simplesmente esta: atendendo à forte influência do PCP na nossa Constituição, porque é que o voto não é obrigatório em Portugal? Será que nessa altura já suspeitavam que a “ditadura do povo” não se iria concretizar e queriam, com o voto voluntário, garantir os melhores resultados possíveis em anos vindouros?

É que como bem sabemos, a extrema-esquerda vota religiosamente em tudo, já o centro e o centro-direita é mais comodista e entre ir votar ou ir à praia, às compras ou ficar em casa, bom, a escolha é fácil... E se aliarmos o voto voluntário ao descrédito cada vez maior em relação a políticos e partidos, uma coisa é certa, teremos cada vez mais eleições em que o vencedor, e com maioria absoluta, é... a abstenção.

O que me leva à segunda pergunta. Porque é que não pode haver mais do que uma eleição no mesmo dia? Será que quem criou a lei eleitoral acha que os portugueses são tão estúpidos que ficam confusos se lhes apresentarem dois boletins, um para as Legislativas e outro para as Europeias? Ainda por cima são eleições em que só podemos votar em partidos, ao contrário das Autárquicas, por isso até é bastante claro.

Mas foquemo-nos nas Eleições Legislativas e às questões que me suscitam.

A primeira, que suspeito ser partilhada por muito boa gente, é apenas esta: porque é que precisamos de tantos deputados? Sim, saiu recentemente um estudo que diz que estamos abaixo da média europeia, só que os países com mais elementos do que o nosso são também muito mais ricos.

E temos também o pequeno detalhe de os nossos dignos representantes votarem de cruz – ou seja, fazem apenas o que a direção do respetivo partido manda fazer, com raríssimas exceções. Sendo assim, um deputado por partido representado chegava e sobrava, com ponderação do peso do seu voto. Por exemplo, o voto do partido mais votado poderia valer 5 vezes mais do que o do menos votado...

Bom, para fazer face às comissões disto e daquilo, etc., talvez mais alguns deputados, com um máximo de uns 20 ou isso para o líder da matilha.

A questão seguinte tem precisamente a ver com o facto de votarmos em partidos e não em pessoas. Sim, cada partido tem de apresentar uma lista de candidatos e só estes poderão tomar posse, o problema é que não fazemos a menor ideia sobre quem serão os beneficiados.

Lembram-se de há uns anos estar na moda usarem atores, cantores e outras figuras populares em lugares de destaque nas listas de candidatos? Só que, terminadas as eleições, estas figuras populares desapareciam, pura e simplesmente, dando lugar a bons “soldados” do partido que se aproveitara da sua fama para ganhar votos.

O que leva à minha dúvida, porque temos círculos eleitorais? É que com exceção da Madeira e dos Açores, não fazem o menor sentido. Acreditem, faz-me imensa confusão na noite das eleições ouvir “o PSD elegeu um deputado pela Guarda”, “o PS elegeu um deputado por Viseu”... A sério? Essas pessoas vão mesmo representar os interesses dessa região? Mais ainda, os eleitores sabem sequer quem são? E se acharem que estão a ser mal representados, podem protestar contra essa pessoa? Exigir a sua substituição?

Muito francamente, este sistema só faz sentido com círculos uninominais ou quando há regiões bem definidas, como é o caso das nossas ilhas.

Fazia bem mais sentido haver apenas três círculos, Madeira, Açores e o resto – Continente e os atuais círculos de fora de Portugal. Isto teria também outras vantagens. A primeira, seria uma repartição bem mais justa dos votos, com percentagens nacionais e não por círculo, onde é fácil falhar a eleição de um deputado por um niquinho. E impediria também que alguns partidos pequenos fizessem campanha só numa zona onde sabem que têm hipótese de eleger alguém, indo depois para a Assembleia “representar o país”.

O que nos leva aos cadernos eleitorais. Também aqui nunca percebi porque não se faz um esforço real para os manter atualizados em vez de gastar um balúrdio muito de vez em quanto para os “limpar”. E seria, até muito simples.

Comecemos pela entrada de nomes nos ditos cadernos. Tomando o exemplo de França, todos os cidadãos franceses recebem, automaticamente, em casa o seu cartão de eleitor quando fazem 18 anos. Ou seja, não têm de se ir inscrever para exercer este seu direito, uma complicação adicional que desencoraja a votar... E com toda a informatização atual, o novo eleitor seria registado na freguesia da sua área de residência. Já agora, a alteração de residência – e de local de voto – poderia ser feita via internet ou, melhor ainda, uma alteração desse dado no Cartão de Cidadão levaria automaticamente a novo registo – e à eliminação do antigo.

Quanto à saída de nomes, pois bem, em caso de falecimento seria também automática, com o cruzamento de dados informáticos.

Assim, com exceção de quem tivesse saído do país ou morrido nas últimas semanas antes do ato eleitoral, o número de eleitores seria muito mais real. E lembro que as percentagens dos partidos – e da abstenção – se baseiam no suposto número de eleitores daquele círculo eleitoral, número esse que está muitas vezes bem longe da realidade.

Já agora, qual será o custo para todos nós dos tais cadernos que só funcionam para uma eleição?

Só uma última perguntinha. Porquê um prazo tão longo entre o fim das eleições e a tomada de posse de um novo governo? Há países em que se vota no domingo e na segunda-feira já se fez a transição. E outros em que isto só não acontece quando é preciso haver negociações para criar coligações. Mas aqui nem uma maioria absoluta acelera o processo!

Enfim, suspeito que passarão estas eleições e muitas outras sem que eu tenha a resposta a estas minhas dúvidas.

Para semana: Há populismo e... populismo. Sim, não nascem todos iguais!

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