111 - Não podemos confundir...
Esta é uma frase que, infelizmente, ouvimos cada vez mais frequentemente e da boca de pessoas que, pela posição que ocupam, deviam ter mais juízo e que vem, quase sempre, acompanhada de uma outra expressão também muito popular, “temos de compreender”. Sabem como é, sempre que há crimes, protestos ou outros atos que caem nas boas graças da nossa esquerda ou a que esta fecha os olhos para não ser “má”. Curiosamente, é uma via de sentido único, como verão nos casos que cito abaixo.
Por exemplo, se um membro da religião da paz e do amor atacar pessoas à facada (ou à catanada, ou a tiro), “não podemos confundir” a parte com o todo, é só um caso individual que nada tem a ver com o resto da comunidade a que pertencem. Mas... se um branco atacar um membro da dita religião com quem tem quezílias pessoais de longa data, bom, aí, sim, já se pode confundir, é uma prova clara de intolerância religiosa e de racismo e ninguém se dá ao trabalho de tentar saber o que realmente se passou.
E, claro, no primeiro caso “temos de compreender” que o criminoso, perdão, a santa alma que cometeu o crime estava a ter um surto psicótico, a vida de refugiado não era bem o que pensava, “passou-lhe uma coisa pela cabeça”, enfim, mil e uma desculpas interessantíssimas que nunca, mas mesmo nunca, se aplicam no caso oposto.
Veja-se, também, o que se passa com as manifestações pró-palestinianos, toleradas, não, encorajadas, porque não “devemos confundir” palestinianos e Hamas, isto apesar de os ditos terem elegido esses terroristas para o seu governo e os acolherem e protegerem. Houve até uma invasão do Capitólio em Washington, esta sim, com entrada à força e distúrbios, mas que passou quase sem dar nas vistas porque “temos de compreender” que a causa é boa e é natural que alguns ânimos se exaltem. Será que vai haver um investigação do Congresso, prisões e penas pesadas? Pois...
Basicamente, há dois pesos e duas medidas. É que a nossa esquerda tem tanto medo de ser acusada de intolerância ou, pior ainda, de racismo, que tolera tudo e mais alguma coisa da parte dos não europeus – esta também é uma dúvida minha de “estimação”, porque é que se diz sempre africanos e brancos e não africanos e europeus? É claro que fazer esta pergunta converte-me instantaneamente em racista.
Continuando com o Islão, inúmeros atos terroristas não permitem que se diga seja o que for contra essa religião, é que “não podemos confundir”, isto apesar de nunca se verem manifestações de muçulmanos contra esses atos que são, supostamente, contrários ao que praticam. Mas pode-se dizer “os padres são pedófilos”, supostamente porque a Igreja não os denunciou, independentemente de, em muitos casos, haver zero provas de que os ditos crimes realmente aconteceram.
Os “costumes” também entram nesta equação. Como a mutilação genital feminina, que ocorre alegremente por toda a Europa, incluindo Portugal. E quando um caso é denunciado, pois, lá vêm as desculpas usuais, apesar de toda a comunidade da zona saber perfeitamente o que se estava a passar e nada ter dito ou comunicado. Mas se um pai cristão não quiser que os filhos não aprendam certas coisas na escola, grande azar, só não vai imediatamente preso porque ainda não se descobriu como fazê-lo dentro da legalidade, mas fica sob vigilância do Serviço de Menores, ao contrário do caso anterior, em que nada acontece, nem à família nem a quem praticou a mutilação. Pois, nada de confundir!
E temos, depois, a política. Se alguém considerado de direita for acusado de qualquer crime de corrupção ou de não divulgação de dados financeiros, para além de ser imediatamente considerado culpado, independentemente de não haver provas, a “nódoa” estende-se, de imediato, ao respetivo partido. Mas perante os atuais factos gravíssimos respeitantes a ministros, assistentes e não só, e que duram há anos, pois é, “não podemos confundir” algumas maçãs podres com a bondade do PS.
Há algum caso que abranja o PSD, por exemplo, e alguém desse partido queixa-se da morosidade da investigação? Estão a pressionar a justiça! Mas ministros, ex-presidentes da Assembleia e muitos outros podem berrar à vontade contra o Ministério Público e dar-lhe “conselhos” a torto e a direito que isso não pode ser confundido com pressões.
Lembram-se das “forças de bloqueio”? Segundo parece, dizer isso era sinal de desespero da direita. Mas dizer que o MP arranjou maneira de derrubar ministros e outros mimos similares, bom, não confundamos a “justa indignação” – outra expressão favorita da esquerda – com pressões ou insultos.
Um último exemplo, as supostas manifestações relativas ao clima. Partem montras, destroem propriedade privada, insultem e agridem pessoas, perturbam gravemente a vida de quem tem de trabalhar para sobreviver? Ei, não podemos confundir esses atos com vandalismo ou, porque não chamar os bois pelos nomes, terrorismo. Mas se membros de um partido da cor “errada” fizer uma manifestação devidamente autorizada contra um outro da cor “certa” e que nos desgoverna há anos, pois, também aqui “não podemos confundir”, não é um ato de democracia em ação, é uma expressão de nazismo, fascismo e quejandos.
Pois é, perante tudo isto só me resta concluir que “não devemos confundir” esquerdistas com democratas e “temos de compreender” que para a nossa esquerda, e a europeia também, vale tudo para conquistar e deter o poder, veja-se o que se passa atualmente em Espanha – já agora, aposto que se as manifestações que duram há dias fossem contra um Feijóo primeiro-ministro ouviríamos todos os dias a exigência da sua demissão por jornalistas, analistas e políticos, mesmo os de topo, ou acham que Costa e os seus muchachos se calavam?
Para semana: Adorava saber... Agora que se aproximam eleições, há certas coisinhas que eu adorava que me dissessem
