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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Luísa Opina

27
Out23

107 - Há migrantes... e migrantes

Luísa

Hoje vou falar de uma das muitas coisas que me intrigam em Portugal e nesta sociedade que diz ser tão aberta e acolhedora, isto a fazer fé ao modo como se encoraja a vinda de toda a gente para cá... bom, de toda, não exatamente.

Como vimos recentemente com o ataque deste Governo ao alojamento local, reina a opinião generalizada de que são os estrangeiros que impedem os portugueses de arranjarem facilmente uma casa e a bom preço. Mas atenção, não são todos os estrangeiros, só os que chegam com capacidade financeira para se sustentarem. E, infelizmente, esta atitude estende-se a muitas outras áreas.

Começando pelo célebre alojamento local, quem são os seus clientes? Pois, são na sua maioria europeus, americanos, asiáticos, etc., que vêm passar uns tempos a Portugal, em férias ou como nómadas digitais. E como esse tipo de aluguer é feito, em geral, através de agências e estas não são parvas nenhumas, pagam adiantado o valor desse aluguer e têm cuidado com o local alugado por receio de irem parar a uma lista de indesejados. E as quantias até são pesadas, ou seja, estamos a falar de pessoas com dinheiro e que contribuem para economia local com compras, refeições, distrações, etc.

Mas ei, são más, tiram-nos casas que podiam ser para nós – por isso é que muitas estavam desabitadas e a cair aos bocados – e, pior ainda, “descaracterizam” as zonas que privilegiam e onde quase já nem se ouve falar português, o que é, evidentemente, terrível, o silêncio de cemitério que ali reinava antes a partir do fim da tarde era muitíssimo melhor.

Eu até podia aceitar estes argumentos se não fosse o outro lado da moeda, o migrante, o termo da moda, que nos chega sobretudo de África, partes da Ásia e Médio Oriente e do Brasil. Aqueles a quem me refiro têm todos algo em comum: ausência de dinheiro, pelo menos oficialmente, falta de habilitações e nula vontade de respeitar o nosso país, as suas leis e costumes. Mais ainda, tendem a “ocupar” bairros ou zonas das cidades onde chegam, onde só falam a sua língua e, pior ainda, tentam impor os seus costumes.

Mas tudo bem, esses são bem-vindos e já não se trata de descaracterização da zona mas sim do tão desejável e tão woke multiculturalismo. E quem protestar recebe logo os “mimos” do costume, ao passo que se refilar contra os primeiros, os com dinheiro, é elogiado.

Lembram-se dos vistos Gold e dos rios de impropérios que provocaram por parte da nossa esquerda? O grande argumento é que quem o pedia limitava-se a comprar uma casa – de alto luxo, diga-se de passagem, com os respetivos e pesadíssimos impostos – e depois não investia no país. Que maus!

Mas a mesma esquerda aplaudiu a medida do tão “douto” Sr. Costa de dar residência em 72 horas a nacionais dos países CPLP desde que tenham entrado em Portugal legalmente, mesmo com um visto temporário. Sim, este é o único critério. Fica-me a dúvida, quanto dinheiro é que estas pessoas vão investir cá? E quando largaram à partida para obter o visto de entrada no nosso país?

Passemos agora ao furor causado pelo direito de descendentes de judeus sefarditas expulsos de Portugal poderem pedir a nacionalidade portuguesa. Segundo parece, já foi solicitada por cerca de 74 mil – atenção, solicitada, não dada, a decisão demora bastante tempo. Só que, pequeno detalhe, a grande maioria não tem a menor intenção de viver em Portugal, quer a nossa nacionalidade para poderem viajar mais à vontade e em segurança do que, por exemplo, com um passaporte israelita. Especulou-se até que havia certificados falsos, nomeadamente do rabi da sinagoga do Porto, enfim, um drama tremendo que, como sempre, se provou não ter bases factuais.

Só que... qualquer brasileiro filho, neto ou bisneto de portugueses pode obter a nossa nacionalidade, que, aparte casarem com um português, é o modo mais rápido e fácil. Vão dizer-me que todas essas provas sobre a sua ascendência são esmiuçadas com o mesmo rigor e são todas legítimas? Já agora, só encontrei que em dois anos 100 mil brasileiros adquiriram a nacionalidade portuguesa, não aparece o modo como a obtiveram, e, ao contrário dos judeus sefarditas, vivem em Portugal e, como cidadãos, têm direito a todas as ajudas e subsídios que a esquerda é tão pródiga em dar, matando, para isso, a classe média com a mais do que onerosa carga fiscal.

Depois temos os turistas. Sim, quem anda em Lisboa encontra-os aos magotes por todo o lado e, ultimamente durante todo o ano. Há-os de todos os tipos, financeiramente falando, mas mesmo os chamados “mochileiros” sempre deixam alguns patacos por cá. E, muito francamente, do modo como está a nossa economia, todas as migalhas ajudam. Pois bem, lá ouvimos as mesmas críticas, os mesmos protestos, enfim, o fadinho habitual dos incómodos que causam e, sobretudo, a tal descaracterização, ou seja, estamos entregues aos estrangeiros.

É claro que quando chegam de bote vindos do Norte de África são acolhidos de braços abertos e têm logo direito a habitação, comida, etc., tudo gratuito, ou seja, em vez de nos deixarem dinheiro, gastavam-no. E, curiosamente, nunca se lhes referem como estrangeiros...

Já agora, não é curioso que tenha havido tanta discussão para receber refugiados da Ucrânia, apoiados na sua maioria por compatriotas seus em Portugal, mas os que vêm de certas partes do mundo, o Irão, por exemplo, são aceites sem a menor hesitação? Ou das tremendas hesitações há uns anos para receber meia dúzia de gatos pingados do Kosovo que, pasme-se, até preferiam ir para zonas rurais?

Resumindo, há migrantes e estrangeiros não nascem iguais, dependendo da sua origem e capacidade financeira podem ser maus – os que não sustentamos – ou bons...

Para semana: Os impostos baixam...  Quem diria! E nem estamos em abril...

20
Out23

106 - O problema da habitação

Luísa

Já tratei anteriormente deste tema, em Alugueres, o problema impossível?,  mas perante a gravidade da questão e face à “decisões” patéticas de quem nos governa para a “resolver” tive de voltar ao assunto.

A última grande “descoberta” do Sr. Costa é condicionar o valor das rendas aos rendimentos de quem aluga as casas! Uau! Medida bem digna de um país comunista! Hum... de onde terá vindo a inspiração?

Muito francamente, nunca ouvi nada tão ridículo. Então agora o senhorio é – ainda mais – a Segurança Social? Será que os iluminados que tiveram esta ideia se lembraram dos inúmeros residentes, cidadãos ou não, com empregos na chamada economia paralela ou, até, com rendimentos ilegais? É que são todos eles uns pobrezinhos, sem dinheiro que se veja, que merecem, pois, um aumento zero e uma renda baixíssima, isto se a pagarem.

Curiosamente, deixámos de ouvir falar no arrendamento obrigatório... pois, foi mais uma daquelas medidas tomadas em cima do joelho, sem que ninguém se desse ao trabalho de estudar as suas implicações legais.

Infelizmente, em todo este descalabro, há um facto bem verdadeiro: não se constrói para as classes baixa e média baixa – bom, ao ritmo a que o descalabro económico vai, para a classe média. A nova construção está (quase) limitada aos setores mais altos da sociedade.

Ouvimos as habituais imprecações sobre capitalismo, lucros indevidos, etc., mas será que já pararam para pensar porque é que isto acontece em Portugal e não se passa noutros países?

Pois bem, um dia destes li por alto um artigo sobre algo em que nunca tinha pensado – sim, também sou má, mas não estou numa posição decisória em termos de políticas habitacionais ou outras. E de que tratava? Do tremendo custo e, acima de tudo, morosidade, das licenças de construção, que oneram imenso o preço de construir e, consequentemente, do tipo de habitação que se constrói.

Sim, a morosidade também é importante, pensem bem. Um construtor faz um projeto, com os respetivos custos associados, mas fica quatro, cinco anos ou mais à espera que seja aprovado, pagando e bem por essa “benesse”. Quando pode, finalmente, construir, esses valores já não são reais. Mais ainda, tem de ter o seu dinheiro disponível porque não sabe quando será autorizado a avançar, pode até dar-se o milagre de ser rápido.

Ora como uma empresa só sobrevive se der lucro – e isto não é capitalismo, é a pura realidade, mas assunto para outro dia – as construtoras limitam-se a unidades com mais margem para o conseguirem obter, mesmo que não seja o valor previsto inicialmente.

Há também as cooperativas de habitação, que enfrentam obstáculos e esperas ainda maiores. Para um país com tantos governos de esquerda, isso é espantoso, fica-nos quase a ideia de que não são desejáveis e que se faz tudo para que acabem por desistir...

Pois bem, em vez de atacar os senhorios, atitude que, repito, cai sempre bem a um certo setor da esquerda, que tal incentivar a construção de habitação mais barata? Sei o que estão a pensar, lá vêm mais subsídios pagos por todos nós, bom, pelos que pagam impostos. Só que não é esse o tipo de incentivo que proponho, sou, aliás, frontalmente contra esse tipo de “ajudas”, não só não incentivam nada como têm, até, frequentemente, o efeito oposto.

Não, o que eu proponho é a descida brutal do preço de todas as licenças para construção de habitação até um determinado valor e a aceleração dos prazos para a sua concessão. Não há nenhuma razão para não serem despachadas em semanas, em vez dos anos atuais. Perante este cenário e a atual estagnação do mercado mais caro, muitas construtoras atirar-se-iam a este setor mais baixo, ao fim e ao cabo sempre é melhor ter algum lucro, mesmo pequeno, do que nenhum.

Outro incentivo – repito, sem subsídios – a este setor poderia vir de facilidades na criação de cooperativas e, também aqui, na rapidez e baixa no custo de licenças e tudo o mais, desde que, claro, fossem para habitações mais baratas. Podia até criar-se um gabinete nacional que orientasse os interessados nos passos a dar para a sua criação.

Há ainda o absurdo da classificação de terrenos e da tremenda inércia que se opõe à sua alteração. Como todos sabemos, há cada vez mais gente a procurar casa em zonas afastadas das grandes cidades, onde podem ter mais por menos dinheiro. Só que se deparam com o problema dos “terrenos agrícolas”. Sejamos claros, estou a falar de zonas que não veem agricultura há anos, nalguns casos nem nunca a viram, mas a sua classificação impede a construção de habitações. Pior ainda, se houver ali um casebre a cair de velho, este só pode ser restaurado mas não ampliado, o que torna impossível a sua habitação por alguém do nosso século. E isto para não falar em propriedades “agrícolas” no meio de grandes cidades, que não passam há muito tempo de mato mas que são intocáveis.

Resumindo, em vez de atacar os senhorios com medidas condenadas à partida ao fracasso, que tal fazer tudo para encorajar o aparecimento de habitações para as camadas financeiramente mais fracas? Isto para além das medidas que sugeri no post anterior, nomeadamente a restrição dos bairros sociais ao fim a que se destinam e encorajar jovens a restaurar casas do Estado e das Câmaras para sua residência.

É que a situação atual, bom, de há décadas, impede a mobilidade da população, em todos os sentidos. Lembro que em muitos países um casal compra uma casa pequena em novo, vende-a e compra outra maior – quase sempre nos subúrbios – quando tem filhos e, mais tarde, vinda a reforma, mudam novamente de habitação. Isto sem contar que não têm problemas em arranjar emprego no outro extremo do país uma vez que é fácil venderem a sua casa atual e comprarem outra similar no novo local de residência. Mas os portugueses têm de se endividar profundamente em novos para adquirirem uma “casa para a vida” ou, pior ainda, passam anos a pagar rendas que dariam bem para serem donos da sua própria habitação, se tivessem rendimentos que permitissem a sua aquisição.

Já agora, achei este artigo muito esclarecedor. E este também.

Para semana: Há migrantes... e migrantes  Sim, para uns é “bem-vindos”, outros são vilipendiados e não são os que se imaginam...

13
Out23

105 - Israel e quejandos

Luísa

Não é o tema que anunciei para esta semana, mas, devido aos acontecimentos recentes e inesperados no palco internacional decidi adiá-lo uma semana e tratar hoje da questão do Hamas e do seu ataque selvático a Israel. Vamos a isto.

Quando surgiram as notícias do feroz ataque de terroristas – sim, terroristas, deixemo-nos de eufemismos – em solo israelita fiquei admirada com a contenção da comunicação social, a nossa e a estrangeira, mais ainda, com o modo colo relataram massacres, torturas e outros atos selváticos. É que muito francamente, nunca o tinham feito.

Como penso que contei num post anterior, houve uma altura em que havia ataques bombistas, e não só, no mínimo semanalmente naquela parte do mundo e eu, só pelo título, sabia sempre quem tinha morto quem. Por exemplo, a polícia israelita matava dois marmanjos de 17 ou 18 anos que os tinham atacado, saía em grandes letras “Massacre em Israel”. Mas um palestiniano fazia-se explodir num autocarro israelita cheio de crianças a caminho da escola primária, pois bem, tínhamos um muito singelo “Tragédia em Israel”.

Daí a minha enorme surpresa por usarem o termo massacres em relação a atos cometidos pelo Hamas.

Pois... infelizmente, foi sol de pouquíssima dura. Umas meras 24 horas depois entrava-se na “normalidade”. Vamos a alguns exemplos.

Um dos casos principais foi o dos 40 bebés que teriam sido decapitados. É claro que os jornais – e não só – de ontem e de hoje estão cheios de dúvidas sobre se terá acontecido ou se foram só mortos (grande diferença!). Em compensação, todos acreditam piamente na declaração do Hamas de que Israel só está a matar crianças e mulheres... Assim como sempre viram como verdadeiras as imagens – ou até simples relatos, sem provas – de crianças palestinianas supostamente mortas aquando de qualquer ataque israelita. Mas ei, todos sabemos que o Hamas é um movimento de gente honestíssima e boa, totalmente incapaz de mentir!

Também como seria de esperar, desapareceram de quase todos os sítios imagens captadas em direto aquando dos ataques, sobretudo o perpetrado contra os jovens que assistiam a um festival de música pela paz. É que, de acordo com essas doutas almas, podem “criar ou incentivar ódio”. É claro que não há problema nenhum em mostrar atos de retaliação de Israel.

Assisti – parcialmente, perdi a paciência – à entrevista da CM TV a uma jovem palestiniana residente em Portugal, Shahd Wadi, doutorada em estudos femininos (?), que começou por enviar as suas condolências aos familiares de todos os palestinianos mortos, aos que perderam entretanto as casas e aos que estão sem água e sem eletricidade. Já os familiares dos israelitas – e dos muitos estrangeiros – mortos ou desaparecidos não mereceram nada.

E, claro, à semelhança do que continuamos a ouvir há mais de 2 anos em relação à Ucrânia por parte de “especialistas”, Israel vai ter grandes problemas para retaliar, vai ser uma catástrofe, é desta que os palestinianos ganham, etc. Juro que adorava saber onde é que estudaram e o que leem para fundamentarem as suas muito “doutas” opiniões. Penso que tal como os atuais “cientistas” (Novo Dicionário Precisa-se – Parte 2), primeiro chegam a uma conclusão e depois vão à procura de provas que a sustentem.

Temos depois a diferença de tratamento em relação a protestos. Se há um atentado “em nome do Islão” – não é a minha opinião, é o que quem o faz e apoia diz – não se pode dizer nada nem protestar pacificamente, por exemplo, à porta de uma mesquita porque isso incentiva ao ódio e é islamofobia. E se ocorrer algo extremamente inócuo deste género no nosso país chovem protestos de todos os lados, incluindo a Assembleia da República, PM e Belém.

Mas se uma sinagoga for vandalizada, como foi a do Porto, temos um silêncio atroador. Se estou enganada espero que me informem, mas não me lembro de ter ouvido esse senhor Costa e o inenarrável Marcelo criticarem esse ato. E o senhor de Belém, sempre pronto a ir a correr para aqui e para acolá onde há “vítimas” de discriminação, será que já a foi visitar? Pois é... isso podia ofender os amiguinhos do seu grande amigalhaço Costa.

E temos um artigo de hoje do Observador – francamente, só continuo a ser assinante por causa de dois ou três articulistas, muitos dos outros são uma nódoa em termos de ignorância e de facciosismo. É o caso de Marina Ferreira e do seu artigo Deputada do Chega critica manifestação pró-Palestina, mas em 2019 participou na missão diplomática palestiniana. Fabuloso! Só que, lendo a sua diatribe, descobrimos que a deputada em questão, Rita Matias, foi monitora e coordenadora de um campo de férias do Seixal onde participaram 22 jovens palestinianos entre os 12 e os 16 anos. E, como parte das suas funções, participou em várias atividades junto da Missão Diplomática da Palestina. Uau! E isto impede-a de criticar a manifestação de meia dúzia de gatos pingados que ocorreu em Lisboa?

Já agora, podemos aplicar o mesmo critério a esse senhor Ferro Rodrigues que recebeu em 2018, na sua condição de Presidente da Assembleia da República, o chefe ta tal Missão Diplomática da Palestina? É claro que não, é PS e não Chega, por isso, tudo bem.

Como última nota, tenho ouvido a exigência da aplicação das regras da Convenção de Genebra aos combatentes do Hamas. A única explicação possível é que nunca a leram. Porquê? Muito simplesmente porque o Hamas não é o exército oficial de nenhum país, nem sequer da Palestina (e estou a usar país num sentido lato).

Curiosamente, os mesmos que acham que vale tudo em relação a mercenários, sobretudo se lutam do lado “errado” para os donos da verdade, ficam todos indignados se algo acontece a estes senhores a que, com uma dose tremenda de boa vontade, só se pode chamar, no máximo, combatentes armados.

Para semana: O problema da habitação  Vale bem a pena voltar a este assunto, tão pertinente

06
Out23

104 - O Ativismo Climático

Luísa

Assistimos nos últimos dias a várias ações de “protesto” por parte de jovens ativistas climáticos, como atirar tinta, partir vidros, parar a Segunda Circular de Lisboa... Já agora, como são tão pelo ambiente, limparam o que sujaram?

O mais chocante, pelo menos para mim, foi o imenso cuidado que todos, de jornalistas a políticos, comentadores e até pessoas “normais” tiveram para não condenar abertamente estas ações, basicamente porque, justificavam “a causa é justa”!

Pois... Se querem saber a minha opinião sobre a justiça desta causa, já falei do clima em vários posts anteriores, como O céu está a cair,  É o clima! e, mais recentemente, Vem aí a ebulição.  Infelizmente, há sempre muito a dizer para contrariar a cartilha vigente e que ouvimos repetir à saciedade.

Mas voltemos aos jovens em questão que, a pretexto do clima, querem acabar com o capitalismo, sim, o mesmo que lhes permitiu serem a geração mais mimada de toda a história da humanidade. E nem querem ouvir falar no não cumprimento de metas por parte da China e Rússia, por exemplo, dando sempre como resposta  “compete-nos fazer a nossa parte”.

E outra pequena curiosidade, exigem que se passem a usar só veículos elétricos JÁ, mas não que sejam produzidos na Europa, para evitar o seu longo e dispendioso (para o clima) transporte desde a China? Pois é... E o mesmo se aplica a tudo o mais que vem desse país tão amigo do ambiente. Ou seja, se uma pessoa “normal” tira férias nas Caraíbas, é criminosa, mas não há problemas em importar tudo e mais alguma coisa de outros continentes, desde que venham dos países “certos”, leia-se, não capitalistas.

Pois bem, aqui vai uma listinha do que esses jovens podem fazer para cumprirem a sua parte em impedir a catástrofe climática.

- Nada de andar de carro, mesmo elétrico, é que o fabrico destes é poluente e gasta eletricidade, água e matérias-primas. Já agora os transportes públicos estão incluídos nesta proibição e pelas mesmas razões. Ou seja, deslocações só a pé ou de bicicleta, mas não das novas de materiais compósitos e cheias de arrebiques – já pensaram no custo do seu fabrico para o ambiente? Não, das antigas, pesadas, de ferro, que encontrarão certamente em lojas de coisas usadas (ou até na garagem de algum familiar idoso).

- Se não vivem perto da praia a ponto de poderem ir a pé ou na tal bicicleta, azar, nada de banhos de mar ou surf. E por falar em surf, já analisaram as matérias-primas e outros consumos usados no fabrico dos fatos e pranchas?

- Smartphones? Nem pensar! São feitos na China, uma pais violador de todos os tratados e acordos climáticos. E, pequeno detalhe, a sua reciclagem também é feita maioritariamente nesse país, sendo entregue a pessoas que os desmontam artesanalmente em casa, inalando todo o tipo de gases e fumos que as levam a uma morte prematura. Ou seja, um telemóvel antigo ou, melhor ainda, nenhum: fabricantes e operadoras são grandes empresas globais e vocês querem o fim do malvado do capitalismo.

- Passemos a uma área mais pessoal, a roupa. Pois, acho que já sabem o que vou dizer... Nada de roupa nova, só em segunda (ou terceira ou quarta) mão. Já agora, é muito bonito dizer “só uso roupa feita de materiais naturais” mas, e há sempre um mas, a menos que estes sejam cultivados e tecidos por vós, já pensaram no custo ambiental da sua produção e fabrico? E para quê? Para ser usada umas semanas – estou a ser otimista – e descartada porque já não está na moda?

- E nada de maquilhagem, claro, por muito “ecológica” que seja o seu fabrico exige energia elétrica e água. E está nas mãos de grandes empresas, mesmo a artesanal usa ingredientes que vêm, muitas vezes, delas. E há outros detalhes a ter em conta. Por exemplo, já pensaram na enorme quantidade de água usada para cultivar flores usadas em perfumes? Pois é, nada de “cheirinhos”. O mesmo se aplica a sabonetes e outros artigos similares. Investiguem, por exemplo, o uso de pauzinhos para “lavar” os dentes, é uma prática muito antiga e muitíssimo mais ecológica do que a usual pasta de dentes. E nada de champôs, amaciadores e tudo o mais, sabão – sim, sabão, sabem, como o chamado sabão macaco – serve muito bem, aliás serviu durante os bons tempos antigos, sem catástrofes climáticas!

- Festivais de música? Esqueçam, mesmo que sejam ao pé de casa. Já pensaram no enorme consumo de eletricidade que implicam? Aliás há algo que sempre me intrigou, atendendo a que são quase a 100 % para jovens, os tais tão preocupados com o ambiente, não é estranho ver a lixeira que ali deixam?

- Vida noturna? Idem. Bares, clubes, etc. são um autêntico desperdício de energia elétrica, isto sem falar na tremenda poluição sonora que criam, isto para não falar na produção de bebidas – e garrafas – ali consumidas.

- Férias? Só em casa, no bairro ou onde possam ir a pé ou de bicicleta. O mesmo se aplica ao voluntariado – sim, é grande bondade vossa ir fazer casas em África ou ajudar na Tailândia, mas vão ter de arranjar outra saída para as vossas boas intenções, é que o avião é mau para o clima.

- Mas a vossa grande contribuição pode ser dada após os 18 anos. Em vez de irem para a universidade para depois arranjarem um emprego, possivelmente numa grande empresa, peçam algum dinheirinho aos pais – sim, os ativistas climáticos tendem a ser a esquerda caviar jovem. E para quê? Pois bem, comprem uma daquelas casinhas ao abandono por todo o Portugal rural (ou usem uma de família) e restaurem-na. Mas cuidado com os materiais usados, nada vindo de grandes fábricas, e com as ferramentas: só as antigas, manuais, que não gastam eletricidade. E nada de água da rede pública – que lembro, vem em muitos locais de uma “má” empresa privada”, a do poço ou de outra fonte perto é bem melhor para o clima. O mesmo se aplica à eletricidade, já que até mesmo um painel solar deixa uma pegada de carbono no seu fabrico. E, arranjada a casa, vivam ali do que cultivarem de modo artesanal no vosso pequeno terreno – nada de latifúndios! – com a satisfação de que o vosso contributo para a catástrofe climática é nulo – ou até negativo, dependendo do que plantarem!

Para semana: O problema da habitação  Vale bem a pena voltar a este assunto, tão pertinente

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