107 - Há migrantes... e migrantes
Hoje vou falar de uma das muitas coisas que me intrigam em Portugal e nesta sociedade que diz ser tão aberta e acolhedora, isto a fazer fé ao modo como se encoraja a vinda de toda a gente para cá... bom, de toda, não exatamente.
Como vimos recentemente com o ataque deste Governo ao alojamento local, reina a opinião generalizada de que são os estrangeiros que impedem os portugueses de arranjarem facilmente uma casa e a bom preço. Mas atenção, não são todos os estrangeiros, só os que chegam com capacidade financeira para se sustentarem. E, infelizmente, esta atitude estende-se a muitas outras áreas.
Começando pelo célebre alojamento local, quem são os seus clientes? Pois, são na sua maioria europeus, americanos, asiáticos, etc., que vêm passar uns tempos a Portugal, em férias ou como nómadas digitais. E como esse tipo de aluguer é feito, em geral, através de agências e estas não são parvas nenhumas, pagam adiantado o valor desse aluguer e têm cuidado com o local alugado por receio de irem parar a uma lista de indesejados. E as quantias até são pesadas, ou seja, estamos a falar de pessoas com dinheiro e que contribuem para economia local com compras, refeições, distrações, etc.
Mas ei, são más, tiram-nos casas que podiam ser para nós – por isso é que muitas estavam desabitadas e a cair aos bocados – e, pior ainda, “descaracterizam” as zonas que privilegiam e onde quase já nem se ouve falar português, o que é, evidentemente, terrível, o silêncio de cemitério que ali reinava antes a partir do fim da tarde era muitíssimo melhor.
Eu até podia aceitar estes argumentos se não fosse o outro lado da moeda, o migrante, o termo da moda, que nos chega sobretudo de África, partes da Ásia e Médio Oriente e do Brasil. Aqueles a quem me refiro têm todos algo em comum: ausência de dinheiro, pelo menos oficialmente, falta de habilitações e nula vontade de respeitar o nosso país, as suas leis e costumes. Mais ainda, tendem a “ocupar” bairros ou zonas das cidades onde chegam, onde só falam a sua língua e, pior ainda, tentam impor os seus costumes.
Mas tudo bem, esses são bem-vindos e já não se trata de descaracterização da zona mas sim do tão desejável e tão woke multiculturalismo. E quem protestar recebe logo os “mimos” do costume, ao passo que se refilar contra os primeiros, os com dinheiro, é elogiado.
Lembram-se dos vistos Gold e dos rios de impropérios que provocaram por parte da nossa esquerda? O grande argumento é que quem o pedia limitava-se a comprar uma casa – de alto luxo, diga-se de passagem, com os respetivos e pesadíssimos impostos – e depois não investia no país. Que maus!
Mas a mesma esquerda aplaudiu a medida do tão “douto” Sr. Costa de dar residência em 72 horas a nacionais dos países CPLP desde que tenham entrado em Portugal legalmente, mesmo com um visto temporário. Sim, este é o único critério. Fica-me a dúvida, quanto dinheiro é que estas pessoas vão investir cá? E quando largaram à partida para obter o visto de entrada no nosso país?
Passemos agora ao furor causado pelo direito de descendentes de judeus sefarditas expulsos de Portugal poderem pedir a nacionalidade portuguesa. Segundo parece, já foi solicitada por cerca de 74 mil – atenção, solicitada, não dada, a decisão demora bastante tempo. Só que, pequeno detalhe, a grande maioria não tem a menor intenção de viver em Portugal, quer a nossa nacionalidade para poderem viajar mais à vontade e em segurança do que, por exemplo, com um passaporte israelita. Especulou-se até que havia certificados falsos, nomeadamente do rabi da sinagoga do Porto, enfim, um drama tremendo que, como sempre, se provou não ter bases factuais.
Só que... qualquer brasileiro filho, neto ou bisneto de portugueses pode obter a nossa nacionalidade, que, aparte casarem com um português, é o modo mais rápido e fácil. Vão dizer-me que todas essas provas sobre a sua ascendência são esmiuçadas com o mesmo rigor e são todas legítimas? Já agora, só encontrei que em dois anos 100 mil brasileiros adquiriram a nacionalidade portuguesa, não aparece o modo como a obtiveram, e, ao contrário dos judeus sefarditas, vivem em Portugal e, como cidadãos, têm direito a todas as ajudas e subsídios que a esquerda é tão pródiga em dar, matando, para isso, a classe média com a mais do que onerosa carga fiscal.
Depois temos os turistas. Sim, quem anda em Lisboa encontra-os aos magotes por todo o lado e, ultimamente durante todo o ano. Há-os de todos os tipos, financeiramente falando, mas mesmo os chamados “mochileiros” sempre deixam alguns patacos por cá. E, muito francamente, do modo como está a nossa economia, todas as migalhas ajudam. Pois bem, lá ouvimos as mesmas críticas, os mesmos protestos, enfim, o fadinho habitual dos incómodos que causam e, sobretudo, a tal descaracterização, ou seja, estamos entregues aos estrangeiros.
É claro que quando chegam de bote vindos do Norte de África são acolhidos de braços abertos e têm logo direito a habitação, comida, etc., tudo gratuito, ou seja, em vez de nos deixarem dinheiro, gastavam-no. E, curiosamente, nunca se lhes referem como estrangeiros...
Já agora, não é curioso que tenha havido tanta discussão para receber refugiados da Ucrânia, apoiados na sua maioria por compatriotas seus em Portugal, mas os que vêm de certas partes do mundo, o Irão, por exemplo, são aceites sem a menor hesitação? Ou das tremendas hesitações há uns anos para receber meia dúzia de gatos pingados do Kosovo que, pasme-se, até preferiam ir para zonas rurais?
Resumindo, há migrantes e estrangeiros não nascem iguais, dependendo da sua origem e capacidade financeira podem ser maus – os que não sustentamos – ou bons...
Para semana: Os impostos baixam... Quem diria! E nem estamos em abril...
