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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

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Luísa Opina

24
Fev23

73 - A pedofilia na Igreja

Luísa

Para evitar confusões, começo por dizer que considero a pedofilia e o abuso sexual de menores um crime horrendo e sem a menor atenuante.

Mas, tendo dito isto, sou frontalmente contra a existência de comissões que se dedicam, única e exclusivamente, a casos relacionados com a Igreja. Mais ainda, indigna-me o tipo de reações a que temos assistido perante os há muitos sabidos resultados.

E porquê? Vamos por partes.

De acordo com os especialistas no assunto, a maioria esmagadora dos casos de abuso sexual de menores dá-se no seio familiar. Se incluirmos amigos e conhecidos da família, professores, treinadores, etc. – ou seja elementos que fazem parte do dia-a-dia do menor – estamos a falar de pelo menos 90 % dos casos. Há ainda estranhos, ou seja, pessoas que não fazem parte desse ambiente, digamos, doméstico, e que o menor conheceu por casualidade ou não.

Perante estes números, porque é que só se fala dos padres e das vítimas destes? Será que quem o faz tem a noção de haver, POR MÊS, tantas ou mais vítimas do que as que a dita Comissão diz ter avalizado como reais e que cobrem décadas?

Mais ainda, ouvimos constantemente dizer que a culpa é do celibato dos padres. A sério? Então aqueles pais todos que passam anos a abusar de filhos e filhas, qual é a sua desculpa?

Ouvi até alguém dizer que nada pode ser pior do que uma criança ser vítima de um padre. Repito a pergunta, a sério? Que tal ser vítima de um pai, avô, tio ou outro familiar chegado, muitas vezes perante a indiferença ou, até, o silêncio cúmplice da mãe?

Vem depois o famoso “a Igreja sabia e nada fez”. É claro que quem o diz nunca explica exatamente o que é que se podia fazer. Expulsar o acusado, para que ficasse à solta na sociedade? Acusá-lo? Só que todo o enquadramento legal não o permitia.

E já agora, porque é que ninguém fala da família destas vítimas? Ninguém deu por nada? Não houve mudanças de comportamento, enfim, algo que levasse a indagar? E nos muitos casos de abusos na família, também aí são todos cegos, surdos e mudos?

Outro facto curioso, triste, mas curioso, tem a ver com a célebre lista de pedófilos condenados. Sabiam que só a polícia pode autorizar pais preocupados a acederem-lhe? Pois é, se calhar aquele vizinho simpático, sempre pronto para ajudar e que se dá tão bem com crianças, até faz parte dela... mas o único problema é a Igreja.

Só que a dita Comissão vai divulgar a lista dos padres alegadamente culpados e que ainda estejam no ativo. E uso o termo “alegadamente” no seu sentido legal, precisamente porque não foram condenados, tudo se baseia em depoimentos que os doutos membros dessa Comissão “acharam credíveis”. Fantástico, já pensaram no dinheiro que poderíamos poupar em juízes, advogados de defesa oficiosos, etc., se aplicássemos o mesmo critério a outros crimes?

Temos ainda o facto de que um pedófilo que cumpriu pena pode voltar alegremente para onde vivia ou, se acha que isso lhe restringe um pouco as atividades, mudar-se para onde ninguém o conhece e agir à vontade – ao contrário dos EUA, por exemplo, onde está proibido de viver em certas zonas e é obrigado a informar os vizinhos da sua condenação.

Já ouvi até apelar ao fim da Igreja. Isso significa que também vamos acabar com a família? Oh, mas como as instituições também têm culpados deste tipo, só há uma solução, as crianças passam a ser criadas por robots e em total isolamento físico – sim, é que há abusos por parte de outros menores.

O mais chocante disto tudo é que andamos tão preocupados a olhar para o passado que nem uma pequena olhadela deitamos ao presente. Refiro-me a um fenómeno que, infelizmente, já se começa a espalhar em Portugal e que é o chamado “grooming” via Internet.

Lembram-se da Luna, de 16 anos, desaparecida de casa e que foi encontrada a viver com o namorado de 40 e tais? Falou-se em rapto, só que, legalmente, não pega, ela foi para lá sem ser coagida fisicamente. É que o dito, que percebe do assunto ou tem quem perceba por ele, “conheceu-a” online aos 14 e esperou, pacientemente e fazendo-lhe o tal grooming, que chegasse aos 16 – é que a moldura jurídica é bem diferente a partir dessa idade.

E quantos dos menores deste país são aliciados para enviarem fotos a “amigos”, inicialmente inocentes e que vão descambando tão gradualmente que chegam à pornografia sem darem por ela? Quem tanto berra contra a Igreja tem a certeza de que os seus filhos ou netos não estão a ser vitimizados neste preciso momento?

Repito, sinto a maior repugnância pelos padres realmente culpados, só que, no meu caso, é exatamente a mesma que sinto por qualquer outro pedófilo ou abusador – sim, há uma diferença. O que não entendo é este sistema de dois pesos e duas medidas em que há quase um linchamento público de um bispo “que sabia e nada fez” e a reação nula perante um juiz que usou a lei de metadados para mandar em paz alguém que tinha milhares de fotos e vídeos de pornografia infantil no computador.

E como é que acham que as muitas vítimas atuais, as que sofrem agora, neste preciso momento, às mãos de laicos, sentem ao ouvirem falar em apoio psicológico e muito mais para vítimas de há 50 anos? Porque é que as vítimas de padres tiveram direito a uma Comissão que as escutasse e as outras não? É que nem sequer se pensa em criar um sistema em que um menor abusado possa falar, anonimamente, do que lhe está a acontecer e receber apoio e conselhos.

Francamente, o abuso sexual de menores é demasiado grave para andarmos a tratar de modo diferente o que devia ser igual. Um pedófilo é um pedófilo, mais nada!

Para semana: Vamos todos ter casa! Com as novas “medidas” anunciadas, passamos todos a ter casa... e baratinha.

17
Fev23

72 - Coisas que me chocam

Luísa

Não é de agora sentir-me chocada com a sobranceria de muitos dos nossos líderes políticos ou o facto de as pessoas que dizem representar estarem no fundo da sua pirâmide de preocupações.

Passemos a alguns exemplos.

Todos vimos o espetáculo, sim, espetáculo, do Sr. Marcelo a ir a Olhão tirar uma selfie – mais uma – com o nepalês agredido e pedir-lhe desculpas em nome do povo português. À parte ficar “bem” na imagem, pelo menos na opinião dele, como é que se explica esta atitude?

Sim, quando um português é agredido – ou até morto, como tem acontecido em Angola e Moçambique, por exemplo – será que o Sr. Marcelo exige um pedido de desculpas dos respetivos presidentes? Ou quando portugueses são agredidos por estrangeiros em Portugal? Pois...

Pior ainda, esse caso de Olhão tem contornos curiosos. Primeiro, o imenso cuidado com que Polícia e comunicação social se referiram sempre aos ditos agressores: um grupo, uns jovens, uns indivíduos... Ou seja, para quem já aprendeu a ler “wokenês” e “jornalês” isso significa, imediatamente, que não eram brancos. E lendo nas entrelinhas das notícias aquando da sua prisão, bom, só são portugueses por causa da nossa tão benévola lei da nacionalidade.

Pior ainda, os primeiros relatos, até dos indianos e nepaleses, é que o dito grupo há muito fazia tropelias e aterrorizava toda a gente da zona, tendo já agredido gravemente um sem-abrigo e um jovem. Será que o Sr. Marcelo se incomodou a falar com mais vítimas? Ou até a saber da sua existência? O que é que acham?

Mas, infelizmente, não é o único “Presidente de todos os portugueses” que se preocupa apenas com estrangeiros. Lembro-me de uma situação do tempo do Sr. Sampaio, em que Angola andava de candeias às avessas com Portugal e negou, por várias vezes, a entrada de portugueses, apesar de estes terem todos os papeis em ordem. Pois bem, o SEF decidiu fazer uma espécie de greve de zelo com a inspeção dos documentos dos angolanos que chegavam a Portugal. E, clado, detetou inúmeras irregularidades, negando-lhes a entrada.

Pois bem, o Sr. Sampaio, que estivera caladíssimo durante as semanas em que portugueses eram verdadeiramente maltratados no aeroporto de Luanda, veio prontamente a lume para dizer que “cidadãos não devem sofrer pelos problemas entre governos.” Cidadãos? E os portugueses afetados eram o quê?

Passemos agora a um outro caso. Vi, meramente por acaso, as imagens de uma reunião da Câmara de Mafra, uma daquelas abertas ao público. Foram mostradas a propósito da polémica do fecho repentino do camping lá do sítio e da ordem de despejo de quem lá vive.

Já agora, para verem que ataco atitudes e não cores políticas, o presidente da Câmara a que me refiro é do PSD...

Não sei quem tem razão neste caso, mas, pelo que li até agora, é uma daquelas confusões e trapalhices infelizmente muito comuns cá na terra. Resumidamente, num país onde tudo demora uma eternidade, a empresa gestora do camping continuou, alegremente, a autorizar investimentos por parte de quem lá vive e a instalar casas prefabricadas – a última em novembro de 2022 – para em janeiro deste ano anunciar que ia fechar tudo e que todos tinham até fim de fevereiro para sair...

Mas passemos ao que me causou indignação. Em plena reunião, em que as pessoas diziam claramente que não era tempo suficiente para organizarem tudo e saírem, o dito presidente da Câmara disse, em tom de chacota, “uma tenda desmonta-se em 10 minutos, sei-o porque fui militar.”

Será que ignora que para a maioria não se tratava de “desmontar uma tenda” mas, acima de tudo, de arranjar para onde ir? Que para muitos aquela é a sua única habitação? Curioso, em minutos, eu fiquei a sabê-lo. Mas ele não? E goza assim com as pessoas? Pior ainda, com os cidadãos que é suposto servir?

Como ponto final, temos o apoio inequívoco e bem sonante da maioria dos nossos políticos ao Sistema Nacional de Saúde e ao ensino público. É ouvi-los falar em defesa de ambos, insinuando, ou, até afirmando, que só o público é que é bom! Os mais honestos, se é que podemos chamar-lhes isso, lá vão dizendo que, “bom, há alguns problemas, mas, em geral, funciona tudo lindamente.”

Que bom, estamos cheios de sorte!

E aqui fica a minha perguntinha: quando ficam doentes, vão ao médico de família? Ou às Urgências de um hospital público? Se precisam de uma operação, aguardam pacientemente o tempos (anos...) necessário? Ou são dos grandes frequentadores dias clínicas e hospitais privados que tanto criticam?

E os filhos – ou netos, consoante os casos – andam na escolinha pública ou nalgum colégio chique?

Pois, caso ainda haja algum jornalista a sério cá na terra, seria curioso ver um levantamento de tudo isto.

E não só. Quantos professores, dos que andam em greves e protestos, têm os filhos no privado? Quantos funcionários públicos nunca puseram os pés em algo relacionado com o SNS, o tal que eles dizem ser tão bom?

Conclusão, continuamos a viver numa sociedade de classes, em que a do topo olha com desprezo a de baixo, só que, em vez de se basear em riqueza ou algo similar, é muito simplesmente a divisão entre governantes e os pategos que os sustentam e entre quem tem regalias devido ao seu contrato laboral e quem vai ficando com os restos. E que são cada vez menores, com o custo acrescido de suportar este autêntico castelo de cartas em que vivemos.

Para semana: A pedofilia na Igreja. O que me incomoda é haver vítimas de primeira, as dos padres, e as ignoradas (todas as outras).

10
Fev23

71 - O país do bota abaixo

Luísa

Ando para escrever este post desde o começo da “saga” da saída do Ronaldo do clube inglês, apesar de ser algo que me intriga há bastante tempo.

Basicamente, o povo português adora criar ídolos, até aí, tudo bem, quem não gosta? Só que o que nos diferencia de outros povos que fazem o mesmo é o facto de em menos de nada dedicarmos o mesmo esforço, tempo e energia a tentar derrubá-los.

O facto é mais frequente no futebol, penso que por ser a área que mais interessa a muitos dos portugueses, mas não se restringe a ele. Mesmo assim, pensem por instantes nos inúmeros treinadores e jogadores recebidos ou tratados como “salvadores da pátria” e que, pouco depois e sem que houvesse verdadeiramente uma razão para isso, passavam a ser alvos do ódio e desprezo coletivos. Aquilo que em bom português se chama “passar de bestial a besta”.

Também neste aspeto o Ronaldo foi um caso singular, aguentou-se mais do que é usual, apesar de também ter subido mais alto. Mas, enquanto os adeptos do clube inglês o elogiaram na altura da sua saída, aqui... bom, até parecia que tinha traído a nação! E as mesmas vozes que bem pouco tempo antes achavam que ele era o máximo não se coibiam de dizer que estava totalmente acabado – e afinal, parece que não...

Somos realmente grandes fãs do velho ditado, “o prego que sobressai leva martelada”.

Fica-me a sensação de que, sempre que alguém se destaca por algum feito, nem que seja um mero concurso televisivo, há uma espécie de arrepio nacional, uma quase reação alérgica que nos faz querer pôr imediatamente essa pessoa no seu devido lugar, ou seja, como mero membro da manada.

Mas a nossa singularidade não se fica por aqui. Ao contrário de muitos outros países, adoramos dizer mal do nosso. E não só entre nós, muito pelo contrário. Sempre que um estrangeiro critica algo, nem verificamos se há razões para o fazer, elevamos logo a fasquia da negatividade.

Lembram-se do caso Madeleine? E de como os pais criticaram a nossa Polícia por não ter fechado a fronteira? Fez-se logo coro, sem reparar que a dita estava a 15 minutos do hotel e que, mesmo que o desaparecimento se tivesse dado segundos antes de ser descoberto, o tempo que o paizinho levou a fazer chamadas para Inglaterra (facto nunca explicado, diga-se de passagem) antes de dar o alerta tinha dado para fazer esse percurso num verdadeiro passo de caracol.

Mas, parafraseando uma frase célebre, “não deixemos os factos interferirem”.

Basicamente, se alguém de fora diz “mata” em relação a algo que se passou aqui, ou lá fora mas com um português, logo o coro desata a berrar “esfola”, ou antes, “esfola, esquarteja e queima”.

Não sou adepta de elogiar o nosso país só porque o é ou de achar que tudo o que fazemos é bem feito ou, ainda, de desculpar tudo só por ser feito “por um dos nossos”, mas cair no extremo oposto também me parece ser péssimo.

E isto estende-se a todas as áreas. Por exemplo, se um português é preso algures por ter infringido uma lei local, por exemplo, dar a mão à mulher em público, é claro que é logo criticado “porque devia saber como as coisas são e cumpri-las.” Mas se um nacional desse mesmo país vem ao nosso e assedia uma mulher por não estar vestida “com decência”, então passa logo a ser, “coitado, não conhece os nossos costumes, há que desculpar.”

Pior ainda, aceitamos como factos provados qualquer acusação feita contra um português no estrangeiro. Como aqueles três rapazes acusados de “violação em massa” de duas espanholas, um caso que, quem o ouvisse com um mínimo de atenção, via logo que estava muito mal contado – já agora, o que aconteceu a esse assunto, depois de tanta publicidade? Mas se lermos e virmos as notícias da altura, o tom mais assanhado veio precisamente... de Portugal.

E para o caso de não me ter explicado bem, se eles realmente as violaram, merecem toda a condenação. Só que não automática, que tal começarmos por ver a história como deve ser e só depois tirar as devidas conclusões? Mas não, se alguém aponta um dedo a um português, é claro que é culpado!

Curiosamente, nada disto se aplica se a cor política da pessoa ou instituição for, digamos, a dar para o vermelhinho. Francamente, nunca consegui decidir se isso se dá porque, à partida, os portugueses não escolhem heróis desse lado ou, caso o façam, fazem-no já a pensar, lá no fundo, que se calhar as coisas não são bem como parecem ser, ou seja, que a estátua tem pés de barro – e assim nunca são apanhados de surpresa, haja o que houver. Querem exemplos? Pensem Sócrates e a sua reeleição. Ou Saramago, que até é quase um crime criticar... ou dizer que não se gosta.

Para semana: Coisas que me chocam. Do Sr. Marcelo a outros “servidores do público”...

03
Fev23

70 - Indignação Seletiva

Luísa

O tema forte dos últimos dias tem sido o custo do palco que se está a construir para a vinda do Papa durante a Jornada Mundial da Juventude. Não sou muito de teorias de conspiração, mas não posso deixar de reparar na enorme conveniência, digamos, de ter vindo mesmo na altura certa para retirar das primeiras páginas os muitos escândalos de governantes socialistas, a tremenda catástrofe que é a TAP, os protestos selvagens de professores e muitos outros assuntos todos eles nada benévolos para quem nos governa.

E a primeira pergunta que me veio à mente foi, precisamente, esta: se o projeto foi iniciado há mais de 2 anos – está, aliás, em fase de conclusão – porque é que só agora se lembraram do custo desta obra? É que se a ideia era atacar o atual Presidente da Câmara de Lisboa, bom, não o era quando tudo recebeu luz verde para avançar.

Mais ainda, estamos a falar numa obra de muitos milhões, que nos vai deixar requalificada mais uma das zonas ribeirinhas, à semelhança do que aconteceu com a Expo 98. E, quem ouvir os críticos, parece que só se vai fazer o palco ou, então, que este é a maior despesa!

Ora, se fosse apenas isso, até era capaz de ser. Mas, pelo que tenho visto, engloba muito mais do que um simples palco. E aos críticos da sua reutilização, não é precisamente naquela zona que se fazem vários concertos e festivais de verão? Melhor ainda, não seria ótimo retirar para lá os que se fazem atualmente em Algés e que causam grandes confusões na Linha de Cascais?  E porque não ampliar aquela zona de lazer com uma renascida Feira Popular e, até, um parque com montanha-russa e similares?

Mas não é o seu uso posterior, ou não, o que me incomoda nesta polémica, mas sim o que só se pode chamar de indignação seletiva de “jornalistas”, políticos e muitos mais.

Lembram-se da Parque Escolar? A que foi criada pelo honestíssimo Sr. Sócrates e recebeu muitos, mas mesmo muitos milhões para renovar 332 escolas por todo o país e que, tendo gasto 2300 milhões de euros, acabou por só renovar 100? E mesmo estas...

Lembro-me de ter visto e lido na altura várias entrevistas com pessoas, da cor política correta, claro, que visitaram algumas dessas escolas renovadas e o que mais diziam era, “Está um luxo!” Pois, porque é isso mesmo que é preciso num estabelecimento escolar!

Ouvi, também, mas muito mais raramente, diretores dessas escolas a criticarem o que fora feito e o tremendo aumento nas despesas anuais que iam passar a ter, nomeadamente pelo tremendo aumento de janelas, sem vidros duplos, claro, azulejos por tudo o que era sítio, tornando muito mais difícil – e caro – aquecer e arrefecer o edifício, iluminação inadequada, mas com candeeiros muito estéticos, enfim, um sem fim de queixas, todas elas bem abalizadas, mas que, como eram inconvenientes, foram ignoradas.

E para quem se diz tão ecologista, essa grande bandeira da esquerda, nem um painel solar à vista!

Não acham que este, sim, foi um caso que merecia os rios de tinta gastos com o tal palco? E se querem derrapagens, bom, o que é que chamam a gastar em 100 escolas o que devia ser para 332?

Também, muito curiosamente, esta indignação é uns milhões de vezes superior à expressa com o caso recentíssimo das obras no Hospital Militar, que “só” custaram mais do triplo! Mas... o altar é que é o problema, apesar de estar a cumprir o orçamento.

Há, ainda, outro aspeto, o das críticas à Igreja, como se tivesse sido esta a exigir esta obra. Para começar, fomos nós que nos candidatámos à JMJ. E, para além de uma lista com os requisitos mínimos, sobretudo em termos de pessoas que têm de estar presentes, nada teve a ver com o projeto. Mas é um alvo fácil e sempre faz esquecer os verdadeiros problemas do país!

Já agora, por falar de derrapagens, lembram-se do que foi dito aquando da Expo e que serviu de pretexto para substitui o Comissário por um outro mais do agrado dos Socialistas? Pois bem, mais uma vez, visão seletiva. Houve, sim, um aumento nos custos, mas que resultou, em grande parte, de terem sido acrescentadas mais obras ao projeto inicial já depois do orçamento ter sido fechado. Curiosamente, ou talvez não, uma vez mudado o Comissário já ninguém quis saber de custos ou do cumprimento das contas!

Exceder o orçamento em obras públicas é de tal modo rotina que o contrário causa até espanto. Quando visitei o Pilar da Ponte, estive a ler as informações sobre o projeto e a sua construção, disponibilizadas mal entramos. Ao mesmo tempo que eu tinha chegado um grupo de uns cinco jovens, pelo aspeto deviam ter cerca de 20 anos. Pois bem, às tantas uma das raparigas chama o grupo, toda excitada. É que tinha lido que a obra tinha sido executada bem antes do fim do prazo e, espanto dos espantos, abaixo do orçamento! Pois é... se fosse agora, até havia um ataque cardíaco coletivo...

Para semana: O país do bota abaixo. Adoramos, supostamente, ter heróis, mas, sobretudo, para depois os espezinharmos.

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