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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

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Luísa Opina

19
Ago22

46 - É o clima

Luísa

Nesta época de incêndios – e está a ser um ano catastrófico – decidi revisitar o tema das alterações climáticas, que já tratei anteriormente no meu post de 2021, O céu está a cair (https://luisaopina.blogs.sapo.pt/8-o-ceu-esta-a-cair-4291).

Como continuamos a ouvir que a causa disto tudo “é o clima”, ou antes, as mudanças provocadas pela ação do Ocidente (sim, só do Ocidente, como explico no post acima citado), achei que talvez não fosse má ideia dar uma pequena perspetiva histórica das famosíssimas alterações climáticas. É que o nome mais recente, “catástrofe climática” não pegou, digamos, por isso os fazedores de opinião voltaram à versão anterior.

Mas antes, um pequeno comentário. Já repararam que se alguém se lembra de contestar uma qualquer afirmação “científica” sobre este assunto é logo acusado de não acreditar nas alterações climáticas? A sério? É que se há quem não acredita nelas são precisamente os que mais as apregoam –a fazer fé neles, são a descoberta do século, ou antes, a maior descoberta de sempre.

Ora do que muitos como eu duvidam não é da existência das ditas alterações, sempre as houve e haverá, só acabarão se a Terra morrer ou se a envolvermos numa cúpula como Asimov descreveu em alguns dos seus livros, nomeadamente em As Cavernas de Aço.

Não, do que duvidamos é da influência que se atribui à ação do homem (Ocidental) e, acima de tudo, a afirmações catastrofísticas como esta que ouvi na TV a uma “cientista do clima”, tipo “já há 4 milhões de anos que o nível do mar não era tão elevado”. Provas? Nenhumas, claro, por isso no dia seguinte, numa outra entrevista, essa frase passou a “já há muito tempo”.

Mas o tema favorito é mesmo o aquecimento global – já agora, esta foi a primeira versão do título dado a este assunto. É raro o dia em que não ouçamos, “são as temperaturas mais elevadas desde que há registo.” E se nos limitarmos aos atuais registos meteorológicos, até são capazes de ter razão.

A questão é que há outro tipo de registos, que nunca são citados porque desdizem todo este cenário de catástrofe inédita.

Por exemplo, sabiam que no século X largas áreas da Islândia, agora cobertas de gelo, eram cultivadas? Que quando os Vikings colonizaram a Gronelândia, mais ou menos por essa altura, ocuparam zonas que são agora inacessíveis devido ao gelo? Pois é, nunca acharam estranho terem chamado Terra Verde a uma ilha enorme que tem gelo em quase 80 % da sua superfície e o que resta não é lá muito verdejante?

Temos também o chamado Período Quente Medieval de que, curiosamente, nunca se houve falar. Decorreu entre o ano 1000 e 1200 e, análises a plantas, árvores e outros elementos, feitas por climatologistas a sério, dizem-nos que, nalguns pontos da Europa, as temperaturas chegaram a ser 2 a 2 graus superiores às registadas no início do século XX – e isto sem centrais a carvão ou carros.

Sim, não há registos antigos como os que temos agora, mas, lendo crónicas e outros textos da época lemos sobre alterações profundas na agricultura, na floração das plantas e até nas estações do ano, que levaram à deslocação forçada de populações e uma elevada mortalidade daí resultante.

Recuando mais um pouco, temos o Período Quente Romano, entre 250 a.C. e 400 d.C. Pesquisadores da zona do Canal da Sicília podem agora afirmar que foi o período mais quente dessa região nos últimos 2000 anos.

E estou a restringir-me a alterações climáticas dos últimos dois milénios, que incluíram as devastadoras “megassecas” nos atuais EUA, por exemplo, a do Nebrasca (1276-1313) e a do Colorado (1276-1313).

E já que falamos em secas, não é curioso andarmos há anos a falar disso em Portugal sem que, no entanto, nada se faça? E não me refiro a fechar uma central a carvão ou acabar com os carros a gasolina para pôr fim ao tal aquecimento global.

É que, para além do clima, há outras razões para as secas estarem a piorar, sendo a principal a explosão populacional.

Ora vejamos. Em 1100, Portugal tinha 495 000 habitantes. Em 1900, ou seja, após 800 anos, esse número tinha subido para pouco mais de 5 milhões. E cerca de 100 anos depois, tínhamos duplicado esse número, ultrapassando os 10 milhões de habitantes!

Pior ainda, durante uma boa parte da nossa história o consumo de água era reduzido, mesmo na agricultura. Não temos muitas zonas propícias à criação de canais de irrigação natural, como na Madeira, e, sem distribuição mecanizada desse líquido, gastava-se apenas o indispensável. É que, mesmo nas cidades, era preciso ir buscar água ao chafariz ou fonte mais próxima. E no campo, a única opção eram poços, as chamadas minas ou algum rio ou riacho que circulasse na zona.

Ora os hábitos de consumo mudaram imenso, basta pensar no banho. E na agricultura, já não nos contentamos a esperar que chova “pela vontade de Deus” e, se não chover, é a seca e a morte dos mais fracos – uma das razões do lento aumento da população durante séculos é que, quando subia um bocado, havia uma seca, uma epidemia ou algo similar que causava uma baixa considerável.

Sabemos quase desde que somos país que este cantinho da Europa tem uma grande propensão para secas. E o que fazemos para minorar os seus efeitos? Pois bem, pouco ou nada.

Defendo há anos a criação de albufeiras, que armazenem água para fins agrícolas e de criação de gado, espalhadas um pouco por todo o país. Nem teriam de ser muito grandes ou complexas, é um daqueles casos em que a quantidade é o mais importante – tome-se Israel como exemplo.

Também nunca entendi porque não se reaproveita sempre a água saída das ETAR, que é, muitas vezes, bem melhor do que a que é usada como base para o abastecimento de água.

Outro projeto muito contestado pelos “ambientalistas” era o do transbordo do excesso de água do rio Douro, por exemplo, para outros rios de menor caudal e / ou para albufeiras ou lagos artificiais, com a vantagem de isso reduzir imenso o célebre problema das cheias desse rio em anos em que chove mais. Mas isso era interferir com a natureza...

Isto, sim, seriam medidas a sério, em vez do atual “a culpa é das alterações climáticas”!

E já agora, um aquecimento global a sério também traria vantagens. Por exemplo, choveria mais em toda a área do deserto do Saara, permitindo o crescimento de vegetação e, claro, a presença de animais. A Islândia e Gronelândia voltariam a ser o que foram brevemente há dez séculos. E muitos outros casos similares, em que zonas atualmente inabitáveis passariam a poder sê-lo.

O que me leva ao meu ponto final. Porquê este pânico todo em relação ao desaparecimento dos glaciares? Que, diga-se de passagem, já nem deviam existir, a fazer fé em “previsões científicas” algumas tão recentes como 2008, teriam acabado de vez até 2020.

É que quando ouço as lamúrias a eles respeitantes fico logo a pensar no que teria sido dito no início da atual Idade Interglacial se estes “iluminados” estivessem presentes e vissem a brutal redução da cobertura de gelo na Europa, que levou a brutais inundações por todo o lado – e, já agora, a tornar o Saara habitável entre 11 000 e 6000 anos atrás.

A que atribuiriam as culpas? Ao metano produzido pelos mamutes em extinção? À punição pelos excessos de consumo de muitas tribos da época? Pena não haver uma máquina do tempo...

Para a semana: A eterna praga dos incêndios! – Todos os anos, a mesma tragédia, a mesma culpabilização, a mesma inércia...

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