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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Luísa Opina

24
Jun22

38 - Eutanásia salvará o SNS?

Luísa

Assistimos recentemente à aprovação na Assembleia da República da chamada Lei da Eutanásia, com a habitual confusão à mistura, de ambos os lados do tema.

Começo por dizer que sou totalmente contra a eutanásia e totalmente a favor da morte medicamente assistida. É que, ao contrário do que se ouve por aí, os dois conceitos não representam a mesma coisa, como expliquei no meu post Os falsos sinónimos.

Resumidamente, a morte medicamente assistida tem lugar quando uma pessoa está gravemente doente e em sofrimento, a ponto de a medicamentação de a medicamentação só funcionar a níveis que a deixam inconsciente a maior parte do tempo e pouco lúcida no restante. A eutanásia tem lugar quando a pessoa se acha em sofrimento físico ou psicológico e decide que não quer continuar a viver, mas por uma razão ou por outra não quer ou não pode pôr fim à sua vida.

Como exemplo, há uns anos houve inúmeros casos de pessoas com SIDA que pediram a eutanásia, e que a conseguiram legal ou ilegalmente, por não aguentarem saber que tinham os dias contados e que os passariam em grande sofrimento. O problema é que pouco depois houve grandes evoluções na área médica e, se não tivessem recorrido à dita, teriam tido uma vida longa e em bom estado de saúde.

Sei que retiraram do texto a expressão “doença mortal” que era, no mínimo, absurda. Sem contar que nascer é uma doença mortal, o que é que isso significa? Se me diagnosticam com um tipo de cancro com alta taxa de mortalidade, posso ir a correr pedir a eutanásia ainda antes de sentir sintomas graves? É que muito francamente, ouvindo os argumentos a favor desta lei posso concluir que a vida é minha e que tenho todo o direito de querer evitar o sofrimento.

Não tenho a menor dúvida de que muitas pessoas sofrem, fisicamente ou não, e desejam a morte como solução para esse sofrimento. E agora mais do que nunca, nesta sociedade que andamos a criar e onde se tenta quase “proibir” que se sofra, seja de que modo for. Mas se analisarmos bem a questão vemos que em muitas dessas situações esse sofrimento poderia ser muito minorado tomando algumas medidas.

Não me refiro apenas aos cuidados paliativos, que são escassíssimos e sem grande garantia de qualidade. Falo também da atitude da sociedade em geral e das famílias em particular perante pessoas com doenças permanentes, idosos a perderem capacidades, etc. Quantas vezes ouvimos dizer, “aquilo nem é vida nem é nada, se fosse eu, preferia morrer”? E acham que as pessoas a quem se referem não o ouviram centenas de vezes?

Outra expressão muito usada é, “não quero ser um fardo para ninguém”. Mas, porquê um fardo? É que muitas situações dessas derivam não da incapacidade da pessoa para cuidar de si mas da total falta de apoios que aliviem um pouco a tarefa de quem as tem a seu cargo.

É muito bonito ouvir dizer que a eutanásia só pode ser pedida por alguém com mais de 18 anos, são de espírito e consciente do seu pedido e depois de uma opinião médica. Ou seja, esperamos anos por uma cirurgia, meses por uma consulta de rotina, mas se for para a eutanásia já é rápido? E já agora, será que os autores da lei pensaram nas pressões, conscientes ou não, que familiares e amigos exercem sobre quem sofre de determinadas doenças ou incapacidades e que os levam a achar a morte preferível à sua situação atual?

Um exemplo muito usado é de pessoas com paralisia total e que vivem há anos totalmente dependentes de terceiros. Em vez de as lastimarmos e de lhes acenarmos com a eutanásia como saída airosa dessa vida monótona, não seria melhor dedicarmos recursos e ideias a tornarmos a sua existência mais plena e rica? Os meios existem, veja-se o caso do Stephen Hawkins – ora aqui está um bom candidato à eutanásia, em vez da cadeira sofisticada e do computador que podia manipular com os olhos, pois bem, deixe-se numa cama ou num cadeirão o dia todo sem qualquer controlo sobre o que faz ou vê!

E as crianças? Curiosamente, ninguém fala nisso. Sim, menores de 18 anos não podem pedir a eutanásia, mas nada se diz sobre pais a pedirem para os filhos que nascem com problemas graves, dos tais que ouvimos dizer “mais valia não ter nascido” ou algo similar. Sabem, aquelas situações em que se ouve muito falar na qualidade de vida, ou falta dela, etc.

A questão é que também aqui as coisas têm evoluído muito. Veja-se o caso da paralisia cerebral. Até há uns anos, pensava-se que essas crianças sofriam de um imenso atraso mental – veja-se o filme australiano de 1984 Annie's Coming Out - Uma razão para viver. Veio-se depois a descobrir que muitas têm uma inteligência normal, estão é presas num corpo que não reage da maneira certa. E que com fisioterapia e cuidados especiais, muitas tinham uma longa e útil vida pela frente, não sendo pois as “coitadinhas” que diziam.

O problema disto tudo é que soluções custam dinheiro e recursos ao passo que o recurso à eutanásia tem o efeito oposto, poupa-se muito em tratamentos, cuidados, etc. Parece cru? Sim, mas não deixa de ser verdade, sobretudo com um SNS como o nosso, sobrecarregado, a rebentar financeiramente, que nem as pessoas normalmente saudáveis consegue assistir quando têm algum problema, muito menos quem precise de cuidados especiais continuados e, na maior parte das vezes, de custo elevado.

E há outro aspeto de que ninguém fala, é que a triste realidade desta nossa sociedade facilitista é que o grande objetivo da maioria é, como disse acima, evitar todo o sofrimento, seja de que tipo for. Hoje em dia, sofrer é como pecar na Idade Média, algo vergonhoso que não queremos para nós e a que nos incomoda imenso assistir. E por isso, em vez de minorarmos o sofrimento ou, muito simplesmente, aprendermos a viver com um certo nível dele e desfrutar à mesma da vida, preferimos acabar com tudo.

Já agora, recomendo a leitura do artigo de Jaime Nogueira Pinto no Observador intitulado À falta de vida boa, a boa morte (cortesia do Estado): https://observador.pt/opiniao/a-falta-de-vida-boa-a-boa-morte-cortesia-do-estado/

Uma última nota, sou uma fervorosa adepta de uma boa morte e de a pessoa a poder escolher livremente. Mas a eutanásia não é a resposta. Se quiserem saber mais sobre o assunto, leiam o post da próxima semana, Viver bem para morrer bem.

Para a semana: Viver bem para morrer bem – tratar a morte como o que nunca devia ter deixado de ser, uma parte integral de viver

17
Jun22

37 - Jovens

Luísa

Esta semana vou falar de algo que me incomoda há bastante tempo e que é, muito simplesmente, o que se passa com os jovens de Portugal, em particular, e do mundo ocidental em geral.

Com as melhores intenções do mundo tem-se aplicado a teoria de tudo facilitar, de tudo lhes dar, de que a sociedade tudo lhes deve e eles não devem nada a ninguém. Em princípio até soa bem, aplanar-lhes todas as dificuldades para que possam ter uma vida feliz e bem ajustada. O problema é que, para espanto de muita gente, surgiu uma nova geração suscetível a todo o tipo de problemas psicológicos e não só.

O que correu mal?

Quando penso neste assunto vem-me logo à mente uma entrevista a um pediatra a que assisti há uns anos sobre os perigos de, como ele muito bem disse, “envolver as crianças em algodão em rama”. Referia-se a doenças infantis e ao facto de que, como ele explicou, até recentemente as crianças mexiam em tudo, metiam tudo na boca, apanhavam algumas pequenas infeções mas criavam uma boa dose de imunidade. Hoje em dia é tipo, “não mexas na terra”, “que horror, meteste isso na boca, sabe-se lá por onde andou”... E desinfeta-se logo mãos e o mais que vier a jeito. Junte-se a isto o facto de que muitas crianças não têm onde brincar livremente e o resultado está em termos crianças com imunidade zero a tudo – e depois vão para a escola e começam os problemas.

O grande problema está em que se usa a mesma teoria de proteção durante a adolescência. É considerado terrível obrigar os jovens a fazerem a sua quota parte das tarefas domésticas. Ou, se as fazem, é quase sempre tendo como contrapartida uma mesada. E isto sem falar que a mesada passou a ser um “direito”!

Não sou contra dar uma mesada aos filhos, variável com a idade, muito pelo contrário, penso que é uma boa ideia de lhes ensinar princípios básicos de economia doméstica. O problema é que a dita é muitas vezes vista como um extra, como algo a ser usado apenas em diversão e nem toda. Ou seja, para além de roupa, etc., os pais têm a obrigação de pagar jogos, saídas e tudo o mais e a mesada em si é para gastos em ninharias, quase sempre para “fazer figura” com os amigos. E em vez de aprenderem a poupar para um prazer ou o facto básico de que se gastam à toa acabam por não ter para as coisas que realmente querem a lição que tiram é que há sempre um saco sem fundo a que recorrer quando o dinheiro acaba e que se os pais não lhes dão mais é porque são maus.

Outro aspeto deste problema está nas facilidades da vida atual. Sei que é muito comum ouvir dizer que os jovens atuais têm uma vida complicada, mas será mesmo assim?

Uma das vertentes da tal complicação está na falta de empregos. Mas aqui o que mais me choca é o facto de jovens de 20 e poucos anos acharem que têm direito, sim, direito, a um emprego para a vida e com um bom salário e isto independentemente do curso que tiraram. Uma conferência a que assisti, o Prof. Agostinho da Silva disse que todos têm o direito de estudar o que quiserem, não têm é o direito de exigir um emprego nessa área. E tem toda a razão.

As universidades estão cheias de cursos que, muito francamente, não se consegue perceber para que servem, para além da aquisição de conhecimentos, claro. Há ainda o pequeno detalhe de que há uns anos ter um curso superior era garantia de um bom emprego. Agora, com cada vez mais gente a formar-se, bom, estamos a chegar rapidamente a uma fase em que é quase como ter a quarta classe no tempo dos nossos avós...

O verdadeiro problema nesta área está nas expectativas que se criam aos jovens, quer tenham ou não estudos superiores. Há uns anos fizeram um estudo em França sobre jovens com o equivalente ao nosso liceu e porque razão tinham dificuldade em arranjar emprego. Pois bem, todos queriam trabalhar num escritório, apesar de, sem qualificações, irem receber um salário muito pequeno. E torciam o nariz a profissões “menos chiques”, apesar de pagarem melhor e terem mais hipóteses de evolução salarial.

E a nível de quem estuda mais é a mesma coisa. Quantos alunos têm dificuldades num curso de medicina e acabam por desistir, isto apesar da muito alta nota de admissão? Se querem trabalhar na área da saúde, pois bem, há cada vez mais necessidade de fisioterapeutas, por exemplo, sobretudo para cuidados paliativos. E muitas outras áreas onde ou falta pessoal ou até nem existem no nosso país e que, como o famoso envelhecimento da população, começam a ser cada vez mais necessárias.

A culpa nisto tudo não é dos jovens, claro, limitam-se a viver, ou a tirar proveito, da teoria de que as dificuldades são más e têm de ser evitadas a todo o custo. E o resultado está nos inúmeros jogos letais na Internet, como o Blue Whale.

A adolescência e os anos que se lhe seguem deviam ser uma época para correr riscos, para aprender, para experimentar. E sim, para conhecer as dificuldades da vida. Acham realmente que um jovem que nunca mexeu uma palha em casa, que sempre teve tudo o que exigiu, mesmo que a família passasse dificuldades para o conseguir, acham, repito, que está preparado para aguentar qualquer percalço, por muito pequeno que seja?

Vimos aliás o que aconteceu com o confinamento em que, apesar de terem Internet, jogos, contacto eletrónico com os amigos, muitos jovens ficaram com problemas psicológicos por não poderem sair e fazer a sua vida habitual. Se calhar até nem se lembrariam disso, mas as televisões encheram-se de especialistas a explicarem como é problemático ter aulas via Internet, isto para uma geração que vive praticamente nela, e como terem de ficar em casa é um trauma. Se eu fosse jovem e ouvisse isso dia após dia também teria problemas psicológicos.

Para terminar, um pequeno exemplo do problema que andamos a criar. Um tribunal de Guimarães deu uma pensão de alimentos a uma mulher que saiu de casa aos 21 anos porque não aguentava a miséria em que viviam e a mãe, uma operária viúva que ganha o salário mínimo, vai ter de lhe pagar 60 euros mensais até ela fazer 25 anos ou acabar o curso de técnica auxiliar médica – não sei porquê, suspeito que se concluirá a formação bem depois dessa idade... E muita sorte, a filhinha tinha pedido 200 euros, a 1ª instância deu-lhe 90 e a Relação reduziu para 60. Parece anedota? Leiam aqui: https://observador.pt/2022/05/23/operaria-com-salario-minimo-obrigada-a-pagar-pensao-de-alimentos-a-filha-que-saiu-de-casa/

 

Para a semana: Eutanásia salvará o SNS? – uma pergunta pertinente nos tempos que correm.

10
Jun22

36 - A Anulação das Mulheres

Luísa

Este movimento já tem bastantes anos, mas o seu ritmo tem-se acelerado e de que maneira nos últimos tempos. E, espantosamente do meu ponto de vista, muito disto está a ser impulsionado por pessoas que se dizem “feministas”. Ora vamos lá ver a que me refiro.

Quotas para mulheres em várias profissões, postos de trabalho, etc.

Implementadas recentemente em Portugal, são anunciadas como uma grande vitória para as mulheres. Mas serão mesmo?

A sua base está na constatação de que há poucas mulheres em cargos elevados em empresas, na Assembleia da República, etc. E a justificação dada é sempre a mesma, as mulheres são preteridas por serem simplesmente mulheres, não podem dedicar tanto tempo ao trabalho / política porque têm de cuidar do marido e filhos pequenos... Sim, como disse num post anterior, é incrível como num país com a nossa baixa natalidade todas as mulheres que trabalham têm filhos pequenos a seu cargo.

Ora, na minha opinião, o que realmente se passa é que para as mulheres o trabalho não é o fim das suas vidas. Ou seja, até podem gostar do que fazem, e muito, mas os seus interesses não se resumem a isso. E sabem perfeitamente que quanto mais se sobe numa empresa, menos tempo vago há para as amigas, para outras atividades, enfim, para si.

O mesmo se aplica a escalões mais baixos, muitos homens veem na sua profissão a sua identidade total, tudo o resto é acessório. Para muitas mulheres, o trabalho é apenas um elemento das suas vidas.

Para além do tremendo paternalismo destas medidas, não seria bem melhor estudar a sério a razão desta diferença, perguntando, por exemplo, às mulheres se estão mesmo interessadas em lugares cimeiros. Talvez a resposta espante...

Não digo que não haja discriminação, há-a, certamente. Mas não se cura com quotas, que só dão aquela ideia de “coitadinhas, sozinhas não conseguem”. E a prova de que a correção é feita naturalmente havendo mulheres que pretendam esses lugares e trabalhem para eles está em todo o lado. Veja-se, por exemplo, que a primeira mulher a frequentar o ensino superior em Portugal foi Elisa Augusta da Conceição Andrade, que se matriculou na Politécnica de Lisboa, em Medicina, em 1880. E em 2020 havia 32 179 mulheres em cursos de medicina contra 25 019 homens, tendo quase toda esta evolução decorrido nas últimas décadas.

Ou seja, se as mulheres querem realmente alguma coisa, lutam por ela, a menos que sejam condicionadas, como o estão a ser agora, a acreditar que o mundo está contra elas e que precisam de proteção especial para poderem singrar na vida.

Quanto à política, muito francamente, uma mulher competente e que quer fazer algo pela sociedade, não pensa na Assembleia da República, onde será apenas mais um número e estará sujeita à vontade da cúpula do respetivo partido. Concorrerá, isso sim, a Juntas de Freguesia e Câmaras como independente e é algo que estamos a ver cada vez mais frequentemente.

Transexuais. Comecemos pela educação das criancinhas. Ainda não é tão grave como nos EUA, mas para lá caminhamos a passos largos. Basicamente, o que se houve a rapazes que dizem que se “sentem raparigas” é que gostam de usar vestidos, maquilhagem e penteados giros e de brincar com bonecas. Ou seja, isto passa a ideia de que as mulheres “a sério” – uma palavra muito usada atualmente – são umas desmioladas que só pensam no seu aspeto.

Pelo contrário, se uma rapariga gosta de ciência, de tecnologia, de construir coisas e de brincar com carros, máquinas e isso, bom, então é porque não é uma rapariga mas sim um rapaz num corpo de rapariga. É que como todos sabem, só homens gostam dessas coisas...

Espantosamente, as tais “feministas” ou aprovam esta teoria ou, no mínimo, calam-se, permitindo que toda uma geração cresça com a ideia de que mulheres só gostam de coisas “fofas” e que quem gosta de coisas “sérias” tem ser homem, tenha ou não o corpo de um. Belo feminismo!

Temos também o caso dos quartos de banho em estabelecimentos escolares, que chegou recentemente a Portugal (https://observador.pt/opiniao/se-iscte-um-homem/?utm_source=Newsletters+Observador&utm_campaign=7231355ed3-360_CAMPAIGN_2019_12_11_COPY_01&utm_medium=email&utm_term=0_4e99f7d1e5-7231355ed3-184050873). Basicamente, um aluno rapaz – é sempre um rapaz – diz que se sente rapariga e é imediatamente autorizado a frequentar o quarto de banho destas. Curiosamente, este “sentimento” surge em rapazes de 14, 15 anos...

Ninguém quer saber o que as alunas acham disso. E quando há assédio sexual e até violações pelos tais supostos transexuais, a escola tenta abafar tudo e, em muitos casos, acusa até as raparigas de inventarem tudo porque são, claro, está, transfóbicas!

E as “feministas” no meio disto tudo? Caladas, caladíssimas.

Temos também a cada vez maior ocupação do desporto feminino por homens que dizem estar no início da transição para mulheres – caso curiosos, estão sempre no início. Tivemos a Lia Thomas (procurem na Internet, há inúmeros artigos, fotos, etc., incluindo a polémica de a NBC ter “suavizado” fotos para que parecesse menos masculina) e, recentemente, uma prova de ciclismo (https://www.outkick.com/transgender-women-cyclists-kiss-after-taking-1st-and-2nd-while-3rd-place-biological-female-cares-for-baby/ ).

Com estes homens – e são mesmo homens, se estão no início da transição, isto supondo que até o estão a fazer, então nada têm de mulheres – a competirem, as mulheres não têm qualquer hipótese. É que há uma razão para os valores das provas masculinas serem diferentes das masculinas.

Mas tudo bem, transexuais são mais importantes do que mulheres...

Já agora, repararam que na chamada Pride Parade as lésbicas quase desapareceram, a ênfase está toda em homossexuais homens, sobretudo se são travestis, e em transexuais?

Últimas notas.

Espanha avançou com a licença menstrual para mulheres que sofrem durante esse período. Foi apregoado como uma grande vitória feminista, mas será mesmo? Para começar, quanto apostam que o número de sofredoras dispara? Mais ainda, isso não “cheira” ao antigamente, em que se evitava o contacto com uma mulher menstruada. E, muito curiosamente, tem uma forte influência do Islão (https://islammessage.org/pt/article/11074/Coisas-Proibidas-%C3%A0-Mulher-Durante-a-Menstrua%C3%A7%C3%A3o-e-o-P%C3%B3s-Parto ). Ou seja, se, de acordo com a teoria vigente das “feministas” as mulheres já são discriminadas no emprego pelo facto de o serem, imaginem como será agora, com o empregador a arriscar-se a ficar sem a funcionária durante 3 dias todos os meses? Como disse alguém, vai ser ótimo para mulheres mais idosas, passarão a arranjar emprego mais facilmente...

A última nota é algo que também de Espanha, nomeadamente do País Basco, para que seja aprovada legislação para que todas as casas novas sejam casas feministas (https://observador.pt/2022/03/07/suites-proibidas-e-cozinhas-sempre-em-open-space-a-nova-casa-feminista-avanca-no-pais-basco-e-em-valencia/?utm_source=Newsletters+Observador&utm_campaign=f01320618e-360_CAMPAIGN_2019_12_11_COPY_01&utm_medium=email&utm_term=0_4e99f7d1e5-f01320618e-184050873 ).

Entre outros mimos, proibição de suítes, porque promovem uma hierarquização. Os quartos têm de ser todos iguais e os quartos de banho têm de poder ser frequentados por mais de uma pessoa ao mesmo tempo.

E é com disparates destes que se promove a mulher? Ou será que a intenção é provar mesmo aos mais céticos de que as mulheres são umas tontas e que não podem ter controlo sobre nada importante?

 

Para a semana: Jovens – as hipocrisias do modo como lidamos com os jovens.

03
Jun22

35 Bizarrias da Política Portuguesa

Luísa

O post de hoje não tem a ver com opções políticas, frases e inconsistências dos nossos políticos ou outras coisas similares. Vou falar, isso sim, do nosso sistema político em geral, nomeadamente em termos de eleições e da nossa tão querida Assembleia da República.

Em primeiro lugar, falemos da eleição dos deputados da dita Assembleia.

 Uma vez que regiões só há duas, Madeira e Açores, e os deputados não são eleitos pelo seu nome mas simplesmente por estarem nas listas de um partido, porque é que são eleitos distrito a distrito? Porque é que não se somam os votos em todo o país, determinando assim o número de deputados eleitos por cada partido concorrente às eleições.

Bem sei que o argumento usualmente apresentado é o de impedir que distritos com muita população tenham um peso excessivo na Assembleia. A sério?

Dediquei-me a fazer umas continhas referentes às eleições de 2022 usando as percentagens nacionais obtidas por cada partido. Curiosamente (!) PS e PSD perdiam deputados – o PS, por exemplo, passaria de 120 para 77. E os restantes partidos menores ganhavam deputados e de que maneira – o BE, por exemplo, passaria de 5 a 10. E já agora, o CDS teria no mínimo 2.

São cálculos aproximados por causa da percentagem elevada de brancos e nulos que entram na soma das percentagens, correspondendo a 13 deputados!

Mas estes resultados não são de espantar, uma vez que com o modo atual de conversão de votos em mandatos, no final “sobram” votos. Já agora, para quem tenha interesse em saber como funciona esta tremenda complicação, aqui fica este link: https://www.parlamento.pt/Parlamento/Paginas/SistemaEleitoral.aspx

Resumindo, na prática a distribuição de deputados não corresponde à tão badalada vontade popular.

Repito, se os deputados fossem eleitos em nome individual como em Inglaterra, por exemplo, fazia sentido uma votação por distritos. Assim, é um absurdo só explicável por beneficiar os grandes partidos.

Em segundo lugar, usando mais uma vez o facto de não elegermos deputados mas sim partidos, porque é que quando um deputado sai (ou é expulso) do partido em que foi eleito mantém o seu lugar na Assembleia da República e todas as regalias que lhe estão associadas? Ninguém o elegeu para esse cargo!

Quando foi o caso da dissolução do governo de Santana Lopes, o Sr. Marcelo fartou-se de repetir que ele não era um primeiro-ministro legítimo porque o povo português não o tinha eleito para esse cargo – curiosamente, ninguém mencionou isso quando foi do Sr. Costa e da geringonça...

Para os mais distraídos, a única condição para ser eleito é estar na lista do respetivo partido. E não, nem é preciso estar em lugar elegível. Há inúmeros casos em que um partido faz campanha com nomes sonantes que sabem que irão atrair votos e quando se trata de ocupar o seu lugar na Assembleia, pois bem, têm mais que fazer e cedem a sua posição a outros.

Vamos à terceira questão. Como penso que sabem, são precisas 7500 assinaturas para formar um partido – para além de toda a burocracia, Tribunal Constitucional, etc. Ora nas ditas eleições de 2022 houve 8 partidos que ficaram abaixo desse valor - https://www.legislativas2022.mai.gov.pt/resultados/globais

Não seria lógico que para continuarem a concorrer tivessem de refazer todo o processo de criação do respetivo partido? Sim, há partidos extintos e até são bastantes – ver https://www.cne.pt/content/partidos-politicos-1

Mas foram extintos por decisão própria. É que segundo parece, uma vez criado, um partido é para sempre, mesmo que eleição após eleição tenha um número de votantes inferior a 7500.

Quarta questão, porque é que só partidos podem concorrer à Assembleia da República? Ainda não ouvi uma única explicação lógica e muito menos credível sobre como é que isso é “a bem da democracia”. Lembremos que para as eleições autárquicas foi uma luta de anos, segundo parece uma simples junta de freguesia é mais democrática com pessoas eleitas simplesmente pelo partido do que com gente que, essa sim, foi escolhida individualmente pelo povo.

Lembremos que o ano passado houve uma tentativa de coartar fortemente esse tipo de eleição ao exigirem que cada candidato apresentasse uma lista de, penso, 10 000 assinaturas locais! Isso até para juntas de freguesia em que não há esse número de eleitores. Bom, deram-se mal, uma vez que um partido só precisa de 7500 e a nível nacional, um grupo de candidatos anunciou muito simplesmente que iriam criar um chamado... adivinharam, Independentes. Assim, quem quisesse concorrer a título individual só teria de se inscrever no dito partido.

Pessoalmente, achei que foi de génio.

Quinta e última questão, porque é que o voto não é obrigatório?

Atendendo a que temos uma Constituição feita pelo PCP com uns retoques do PS, porque não escolheram esta opção? Para quem tanto fala em democracia, seria de pensar que gostariam de ver os portugueses a exercerem o direito mais básico desse sistema político que é irem votar.

Dirão que não ir votar também é uma opção democrática, mas será mesmo? O facto de não nos revermos num partido ou pessoa não devia ser razão para nos desligarmos de todo o sistema, devia, isso, sim, incentivar-nos a encontrar alternativas que sejam mais do nosso agrado. E, acreditem, se as pessoas fossem obrigadas a sair de casa para votar – ou terem de pagar uma forte multa caso não tivessem uma boa razão para o não fazerem – garanto que havia muito mais pressão nos partidos existentes ou a criação de novos com uma muito boa dose de viabilidade.

É com o voto voluntário estamos cada vez mais perto de termos umas eleições em que o vencedor com maioria absoluta clara é... a abstenção.

 

Para a semana: A anulação das mulheres – como medidas tomadas supostamente a favor delas têm o efeito contrário.

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