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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Luísa Opina

22
Abr22

30 - Não à Liberdade!

Luísa

Sei que tinha agendado para esta semana falar em “almoços grátis” mas atendendo ao próximo 25 de abril decidi falar de liberdade, ou antes, das muitas falsas liberdades da sociedade atual. Será uma espécie de manifesto antiliberdade, mas antes de começarem a atirar pedras e insultos, leiam, por favor, e no fim digam-me se não tenho razão. Será de certo modo um contraponto aos discursos que iremos ouvir nos próximos dias, oriundos de uma esquerda que se considera bem-pensante e libertária mas que é na realidade tirânica e esclerosada.

Vamos a isto!

Não à liberdade de podermos proclamar o nosso orgulho na nossa orientação sexual se formos homossexuais, trans ou algo assim, mas não se formos heterossexuais. É que se estes o fizerem, são homofóbicos ou outros mimos similares. Já há até escolas americanas em que alunos, alguns de 7 ou 8 anos, sobretudo rapazes, têm de pedir publicamente desculpa aos colegas de turma por serem heterossexuais.

Não à liberdade de podermos proclamar orgulho na nossa raça ou origem cultural, mas não se formos brancos ou europeus. Similar ao anterior, com os brancos em escolas, empresas, etc. a terem de pedir desculpa pelo “privilégio branco” de que supostamente beneficiam.

Não à liberdade de exprimir e cumprir livremente até aspetos da nossa religião contrários às leis e Constituição do país, mas não se for uma religião cristã. Por exemplo, a virgindade das mulheres. É perfeitamente aceitável que certas religiões ou culturas a façam cumprir por todos os meios, mas se for uma mulher cristã que o faz voluntariamente, então é motivo de chacota.

Não à liberdade de expressão sob a forma de nos podermos (e devermos) manifestar publicamente a favor ou contra ideias, atos ou princípios que a tal esquerda bem-pensante aprova, mas, claro, não o poder fazer se esses iluminados não aprovarem. Pior ainda, às vezes nem é preciso dizer nada, os defensores da liberdade têm a capacidade de ler mentes e ostracizam e atacam pessoas não pelo que dizem ou fazem mas pelo que “pensam no íntimo”...

Não à liberdade de fazer greve por tudo e por nada,  mas quem a recusar por a considerar mal fundamentada e lesiva dos seus interesses é um lacaio dos patrões e pode ser insultado e agredido à vontade. Sobretudo no nosso país, em que as greves não são votadas pelos sindicalizados, como acontece em Inglaterra e na Alemanha, por exemplo, mas simplesmente decididas pela direção do sindicato, muitas vezes sem que se percebe porquê – vejam-se as greves feitas antes do início de uma negociação salarial, “só para avisar”.

Não à liberdade de exigir direitos e benesses para os imigrantes presentes no nosso país, legais ou não, mas não para os nossos cidadãos imigrados nos países de onde esses emigrantes são originários. Veja-se por exemplo o caso dos vistos para angolanos em Portugal e para portugueses que trabalham em Angola. Um angolano chega ao nosso país, legal ou ilegalmente, e fica quanto tempo quiser. Um português que vá trabalhar para Angola, para além de uma lista interminável de requisitos, recebe um visto de 12 meses, prorrogável por duas vezes. E depois, rua!

Não à liberdade de exigir direitos e benesses para criminosos condenados, mas não para cidadãos honestos que foram ou virão a ser as suas vítimas. Ainda ontem ouvi um caso que me deixou arrepiada. Um homem matou o filho de 3 meses à facada, “para se vingar da ex-companheira”. Foi condenado a 23 anos (de que cumprirá uns 9, com sorte) e passa agora os dias numa secção especial da cadeia, recusando-se a estudar ou a trabalhar, preferindo jogar Playstation! Ou seja, os nossos impostos vão para que ele viva uns anos à sombra da bananeira, como se costumava dizer, a divertir-se. E sabem o pior? A preocupação toda da reportagem era sobre o estado de espírito do coitadinho, nem uma palavra para a mulher que perdeu o bebé daquele modo terrível – aposto até que nem apoio psicológico tem!

Não à liberdade de exigir respeito pela privacidade e direitos de criminosos que cumpriram pena, mas não pelos das vítimas ou familiares. Uma pequena história a ilustrar este ponto. Um indivíduo cumpriu pena por violar e matar duas mulheres, mãe e filha. Cumprida a ridícula pena a que foi condenado, pôde voltar livremente para a povoação onde cometera os crimes. Pior ainda, sempre que via o marido e pai das vítimas, gabava-se do que lhes fizera. Bom, um dia este fartou-se e matou-o. Curiosamente, teve uma pena pesada por aquilo que foi, na minha opinião, mais do que um crime justificado. Mas a principal questão aqui é que isto só aconteceu porque o criminoso pôde voltar ao local do crime após ser libertado, é que impedi-lo de o fazer seria “uma violação dos seus direitos”.

Não à liberdade de exigir igualdade quando se trata de cortar regalias à Função Pública, mas não quando se trata da sua atribuição. Acho que nem preciso de exemplificar, se há um corte em salários ou benesses, ouvimos o choradinho de que são sempre os sacrificados, a igualdade, etc. Mas onde está essa ânsia quando se trata de direitos que só eles têm? Por exemplo, não serem despedidos, a “empresa” para que trabalham, leia-se, o Estado, nunca ir à falência (por muito falido que esteja), as “carreiras” com os aumentos salariais que acarretam, enfim, um nunca acabar de coisas que não existem nem nunca poderiam existir no setor privado.

Não à liberdade de nos podermos proclamar de esquerda ou de extrema-esquerda, mesmo que seja uma esquerda conotada com as piores ditaduras que o mundo conheceu e conhece, mas não podermos dizer que somos de direita ou, pior ainda, de extrema-direita sem que nos chamem nazis, fascistas e outras coisas similares. Isto se não formos até fisicamente agredidos. Já agora, nem é preciso sermos de direita, basta dizermos que somos contra essas tais esquerdas!

Enfim, não à liberdade de sermos livres apenas dentro dos limites impostos pelos que se proclamam os únicos defensores da liberdade e que, a bem do povo, claro, tudo fazem para coartar as muitas liberdades que dizem apoiarem!

 

Para a semana: E viva o grátis – um país onde ainda se acredita que há almoços grátis

15
Abr22

29 - Porque será...

Luísa

Neste post irei falar de pequenas coisas que me intrigam há anos e para que, francamente, nunca encontrei uma explicação lógica. São de várias áreas, não havendo pois um tema único, a ligação é apenas uma espécie de “dois pesos e duas medidas”. Vamos a isto!

Porque será...

Quando visitamos um país estrangeiro repetem-nos à saciedade que temos de ter cuidado com o que fazemos e dizemos para não ofender costumes locais porque estamos na casa deles e compete-nos, pois, “portarmo-nos bem”.

E estou de acordo, dentro do razoável, claro. Acho, por exemplo, ridículo uma pessoa canhota ter de usar a mão direita para comer se visita um país muçulmano porque tocar em comida com a mão esquerda pode ofender a gente local.

O problema é que quando os ditos estrangeiros nos visitam, podem fazer tudo o que quiserem e temos de o aceitar de bom grado porque “são convidados na nossa casa”! Grande coerência!

E se querem um exemplo, quando os japoneses começaram a fazer turismo a sério, houve inúmeros casos de inundações em quartos de banho de hotéis. É que quando tomam banho, ensaboam-se e esfregam-se, digamos, fora da banheira e esta é só usada no fim para relaxe. E não há problema, os banhos deles estão feitos para serem usados assim – os nossos não. Mas, claro, ninguém quis sugerir às agências de viagens que explicassem o uso apropriado de um banho ocidental porque isso seria xenofobia...

O mesmo se passa a área da religião. Quem viaja sabe que um estrangeiro só tem acesso a algumas mesquitas e que tem de respeitar rigorosamente todas as regras para lá entrar e permanecer. Mais uma vez, estou totalmente de acordo e mais uma vez o problema está na falta de reciprocidade. É que todas as nossas igrejas têm de estar acessíveis a todos e quanto ao comportamento...

Bom, vou contar-vos um caso a que assisti uma das vezes que fui aos Jerónimos. Estava a decorrer uma missa e, para quem não conhece, há avisos que assinalam o facto de que se trata de um templo religioso e não de um mero monumento. Pois bem, entrou um homem muçulmano acompanhado de duas mulheres de quem só se via a cara – curiosamente, maquilhadas em excesso, de tal modo que davam nas vistas. Entraram às gargalhadas e a falarem em voz alta e assim continuaram, apesar de várias pessoas lhes terem apontado a placa que avisava que decorria uma missa. Pior ainda, quando um dos guardas os mandou sair, houve logo alguém que mencionou islamofobia, xenofobia, etc.

Para resumir este ponto, as regras não deviam ser as mesmas, quando viajamos e quando nos visitam? Porque é que temos de ser sempre nós a mostrar respeito e consideração? Quando é que nos chega a vez?

Porque será...

O tiroteio desta semana no metropolitano de Nova Iorque trouxe-me de novo à mente uma outra destas incoerências. E as notícias sobre o criminoso, perdão, o alegado autor dos tiros, só veio confirmar algo em que reparo há anos.

Trata-se basicamente do modo como polícia e comunicação social tratam o autor de um ato destes, consoante a cor da pele e / ou a sua religião. Passo a explicar.

Se quem comete um tiroteio, ataca pessoas na rua à facada ou põe uma bomba for muçulmano, então é certo e sabido que sofre de perturbações mentais e que o seu ato nada tem a ver com religião ou ódio, nem que o dito repita alto e bom som que o fez (ou está a fazer) em nome de Alá.

Se o dito for negro, ou africano, como se diz agora, então é um coitado que teve uma vida difícil, montes de problemas e, bom, um dia perdeu a cabeça.

Mas se é branco, nem perturbações mentais nem vida difícil, mesmo quando há provas disso. Não! É inevitavelmente um supremacista branco, agiu por ódio racial, mesmo se as vítimas forem todas brancas, se o caso se der nos EUA então é certamente um apoiante de Trump, enfim, já entenderam.

A religião também é um fator decisivo. Um muçulmano ataca um clube de homossexuais? Coitado, tinha problemas, não foi homofobia, nem pensar, como todos sabemos o Islão é extremamente tolerante com essas coisas. Mas se for cristão...

Resumindo, a hediondez do crime depende de quem o pratica...

Porque será...

Para terminar, um breve desvio pela política. Lembram-se de quando Ferro Rodrigues foi apupado e insultado por manifestantes no exterior de um restaurante? Pois, o Ministério Público abriu prontamente um inquérito, ouvimos dúzias de comentadores e políticos a expressarem a sua indignação pelo enxovalho à terceira figura do Estado e a exigirem penas de prisão para quem tal ousara.

Pois, mas quando Cavaco Silva, então Presidente, era apupado, os mesmos viam nisso uma mera manifestação da liberdade de expressão que merecia toda a sua aprovação e aplauso, isto quando não incentivavam à sua repetição.

Ora é isso que me baralha. Temos de respeitar totalmente a terceira figura do Estaco mas não a primeira? Pior ainda, o Presidente da República é eleito pelos portugueses, o da Assembleia não o é – para os mais distraídos lembro que não elegemos deputados mas sim partidos, são estes que escolhem quem põem nas listas e nem sequer são obrigados a cumprir a sua ordem quando se trata de ocupar os lugares.

Já agora, se Ferro Rodrigues fosse PSD e Cavaco fosse PS, acham que estas reações seriam as mesmas?

Para a semana: E viva o grátis – um país onde ainda se acredita que há almoços grátis

08
Abr22

28 - O mito da liberdade de expressão

Luísa

Quando optei por este tema para esta semana mal sabia eu que iria passar estes últimos dias a ouvir falar da censura do “antigamente” e como éramos todos uns desgraçadinhos que nem podíamos abrir a boca... A sério? Por acaso já deram uma olhadela ao mundo atual, o tal supostamente sem censura?

Posso garantir-vos que a liberdade de expressão nunca foi tão coartada como o é atualmente e, o que é pior, isso é feito em nome da igualdade, harmonia, enfim, os chavões do costume. Pior ainda, essa coação não atinge todos por igual. Há quem possa dizer o que bem quer – “é preciso matar o homem branco...” – outros são acusados pelo que supostamente queriam dizer e não pelo que dizem de facto.

Explicando melhor, o que Mamadou Ba disse (já agora, numa conferência contra o racismo!) é perfeitamente aceitável porque “estava só a fazer uma citação”. Mas dizer, por exemplo, “temos o direito de verificar quem vem para o nosso país” é proibido porque a intenção não expressa é o incentivo à violência racial.

Noutra área, temos agora toda uma lista de palavras e expressões proibidas “porque podem ofender”. Aqui em Portugal a lista ainda não é grande, talvez por falta de expressões alternativas, mas nos EUA, a outrora pátria da liberdade de expressão, envolve tudo e mais alguma coisa – por exemplo, não se deve dizer mãe, porque é discriminatório, o termo correto é “pessoa que dá à luz”! Mas falarei mais disto num post sobre a (in)cultura woke.

É curioso que as pessoas que ouvi esta semana a choramingarem, sim, é o termo correto, por causa censura sobre escritores, pensadores, etc. não tenham sequer mencionado o que se passa agora em muitas universidades de renome onde, para além de haver uma censura rigorosa do que professores e alunos podem dizer (e que muda constantemente), há protestos e manifestações a impedir a ida de alguns oradores por serem “fascistas” – um termo guarda-chuva que acolhe, muito simplesmente, todos os que têm ideias que não agradam a quem quer realmente mandar no mundo.

E sabem o melhor, ou o pior, sobre estas manifestações? Um dos poucos jornalistas decentes que ainda restam decidiu fazer uns inquéritos sempre que isto acontecia. E descobriu, para seu espanto, que os manifestantes nunca tinham ouvido sequer falar nesse orador e não faziam a mais pálida ideia do que defendia, mas estavam ali porque “diz-se” que é... acrescentar um termo à vontade, seja nazi, fascista, racista ou outro.

Mas temos liberdade de expressão!

E esta nova censura vai ainda mais longe, não se limita a criticar, insultar e tentar impedir que se digam certas coisas. Não, o mesmo pode acontecer se não dissermos ou expressarmos certas palavras ou ideias. Nos EUA – e lembro que o que lá acontece mais cedo ou mais tarde acaba por nos vir bater à porta – nos EUA, repito, tem havido professores universitários suspensos ou até despedidos por não fazerem discursos de elogio aos chamados LGBTQI+ (se andam distraídos, procurem), mesmo que nada tenha a ver com o que lecionam.

E tivemos recentemente a tentativa, espero, sinceramente, que não passe disso, de criar uma lei para as chamadas “fake news”. À parte o pequeno detalhe de que muito do que os iluminados do mundo classificaram como tal acabou por ser provado como verdadeiro, quem define o que é uma notícia falsa? Pois é, os mesmos que estão tão interessados nesta lei. E como nem se deram ao trabalho de definir devidamente o que isso é, bom, uma fale news passa a ser muito simplesmente o que as pessoas no poder, oficialmente ou não, decidam que o é. E como deixa de se poder falar sobre o assunto abrangido, nunca saberíamos que era, afinal, verdade!

Infelizmente, este cenário de censura abrange também as ciências. Quando a TV, por exemplo, diz “os cientistas”, o que quer realmente dizer é os que dizem as coisas consideradas certas, porque os outros não conseguem sequer publicar ou divulgar as suas ideias, muitas vezes bem mais baseadas em factos do que as dos que estão na lista aprovada. Como as mudanças climáticas, por exemplo, só podem ver a luz do dia estudos que falem que vem aí uma desgraça e que a culpa é única exclusivamente do homem (bom, basicamente, do homem branco, mas este é também tema para outro post).

O mais grave na censura atual é que na antiga, havia regras, sabia-se até onde se podia ir. Já agora, uma das causas da queda de popularidade do teatro de revista veio precisamente de confundirem o “agora pode-se dizer tudo” com “agora vamos dizer tudo”. É que antes, as pessoas iam vê-lo para tentarem adivinhar piadas que tivessem escapado à censura (e que, aqui para nós, às vezes nem tinham sido intenção do autor). E quando o faziam, sentiam-se súper inteligentes. Mas depois, como se podia dizer tudo, a “piada” passou a resumir-se a lançar insultos a quem desagradava e, muito francamente, para quê pagar se podiam ouvir o mesmo no café com os amigos?

Ouvi também um ator dizer esta semana que lastima que os jovens não façam ideia do clima de censura em que se viveu até ao 25 de abril e que nem têm vontade em sabê-lo. Tenho notícias para ele, os jovens não querem saber porque andam demasiado ocupados a exercer censura a torto e a direito, nomeadamente nas redes sociais – lembro, já agora, que o Twitter baniu o Trump, mas o atual presidente do Irão ainda mantém três contas em que diz mimos como devemos matar todos os americanos, morte aos infiéis e similares, mas isso não é discurso de ódio...

O que eu gostaria realmente de ver era um estudo sobre a censura após o chamado Dia da Liberdade. Acontece que vim a Portugal dois anos depois e constatei algo que nunca tinha visto em todo o tempo da ditadura – bom, durante os anos em que vivi sob ela. É que vi, com grande espanto meu, que as pessoas tinham medo de falar em público porque corriam o risco de serem mal interpretadas e agredidas por algum energúmeno que achasse que tinham ofendido a sacrossanta esquerda. Chocou-me imenso, porque estava habituada a ouvir amigos e colegas falarem livremente, mesmo sabendo que havia informadores no nosso meio universitário.

E esse é o maior risco da atual forma de censura, as pessoas temem ser insultadas ou ainda pior e começam a autocensurar tudo o que dizem. E daí é só um passinho para fazerem o mesmo ao que pensam. É claro que este é o cenário ideal para quem quer a lei das fake news e chama fascista e nazi a tudo e todos: uma sociedade onde só se pode dizer e pensar o que eles, os donos da verdade, acham que deve ser dito ou pensado.

E termino com a célebre frase de Voltaire: “Eu desaprovo o que dizeis, mas defenderei até à morte o vosso direito de dizê-lo”.

Para a semana: Porque será... – pequenas coisas que me intrigam na sociedade atual

01
Abr22

27 - Transexualidade e misoginia

Luísa

Ando há bastante tempo para escrever sobre este assunto, mas a atual vitória de Lia Thomas, universitária transexual de 22 anos que venceu uma prova de natação feminina nos campeonatos universitários dos EUA convenceu-me de que era a altura. Já agora, procurem o nome e vejam fotos, particularmente as que incluam colegas da equipa e/ou as adversárias... Sem contar que Lia ainda está a iniciar a transição, o que significa que em termos hormonais (e não só) é mais homem que mulher. Mas tudo bem, o que é preciso é ser bem woke! Já agora, este termo será tratado num outro post.

Mas comecemos pelo princípio. Não duvido que haja pessoas que nasçam no corpo “errado”, mas não com a frequência que nos dizem ser verdade. Agora, para onde quer que se olhe, há transexuais de todas as idades. E é aí que eu começo a ter problemas com todo esse conceito.

Sabiam que em muitos infantários e outras instituições até à primária já decidem que uma determinada criança é transexual? E qual é o critério? Muito simplesmente os brinquedos que preferem. Se é rapaz, basta brincar uma vez em bonecas e começam logo a dizer-lhe que bom, tem corpo de rapaz mas é na realidade uma rapariga. E se no dia seguinte volta ao que acham ser brinquedos masculinos, foi por pressão dos pais, claro.

Para as raparigas temos o mesmo, na direção errada. Ao fim e ao cabo, todos sabemos que construções, carros, coisas mecânicas são de homem! Por isso, se gostam, é porque não são raparigas.

Curiosamente, ainda me lembro da polémica que surgiu com os brinquedos incluídos na Happy Meal da McDonald, quando perguntavam se era para rapaz ou rapariga porque havia de dois tipos. Nessa altura, o argumento foi que isso ajudava à discriminação e à diferenciação artificial entre os sexos. Como as coisas mudam!

Vamos a outra situação também relacionada com o ensino. Nos EUA, para além da primária, têm a Middle School e a Junior High School que cobrem os nossos 5º ao 8º (ou 9º às vezes) anos e só depois se entra no liceu propriamente dito. Pois bem, num Estado muito woke a direção de um liceu – lembro, acima do 8º ano) – teve a brilhante ideia, “a bem da igualdade” de que um rapaz que se “sentisse” rapariga podia frequentar a casa de banho feminina, sem perguntas e sem vigilância. E ficaram contentíssimos por terem resolvido o problema de tantos, tantos alunos transexuais (todos rapazes, curiosamente) e que, coitadinhos, iam até ale ao quarto de banho errado. Pois é!

E já agora, quando os pais protestaram porque as filhas estava a ser molestadas e até violadas, não só não os escutaram como foram acusados de serem intolerantes.

Outra coisa que me irrita em tudo isto é o grande argumento dado por rapazes pequenos para dizerem que são raparigas. E qual é ele? “Quero usar vestidos e maquilhar-me”. Tradução, ser mulher resume-se as estas duas coisas. E onde estão as feministas, as tais sempre prontas a verem ofensas em tudo e mais alguma coisa? Pois bem, do lado deles!

Já agora, tenho uma novidade para estes queridinhos. Enfeites, etc. foram durante séculos apanágio do macho da espécie. Há até arqueólogos que começam a pensar que túmulos que identificaram como sendo de uma mulher devido às contas, pulseiras e isso que incluíam, eram na realidade de um homem. E quanto a saias, numa boa parte da humanidade, é o homem que usa saia!

Francamente, em vez de “sou rapariga porque quero vestidos e maquilhar-me” que tal dizer “sou um rapaz que gosta de saias e de me pintar”? Porque é que subitamente a roupa usada por cada sexo tem de ser imutável?

Há ainda outra razão importante para um rapaz – ou rapariga, mas acontece mais com rapazes porque lhes prestam mais atenção – diga que é transexual. Imaginem um rapaz desajeitado, gorducho, etc., que é vítima de bullying na escola. Se não pertencer a uma das espécies protegidas pela sua cor ou religião, pode queixar-se à vontade que não lhe ligam nenhuma. E ser homossexual já não tem o peso que tinha há uns anos. Solução rápida e brilhante? É transexual! E a partir daí não só passa a ser tratado com todo o cuidado, pode até inventar o que quiser sobre colegas de quem não gosta que será logo acreditado.

Parece que tenho falado só de rapazes, mas isso é talvez porque não há tanta pressão sobre as raparigas. Se não gostam de saias, bom, é uma fase, podem usar calças à vontade. Mas há um aspeto em que as tentativas de lavagem ao cérebro dos bem intencionados woke são criminosas e com graves consequências futuras. Refiro-me aos estudos, claro. É que se uma rapariga gosta de matemática e de ciência em geral – excluindo biologia, claro, que é muito feminina – então é de certeza um rapaz no corpo errado.

Será que não veem que estão de facto a dizer que as ciências duras são demasiado difíceis para uma mulher? Estranhamente, era precisamente esse o argumento de quem não queria que as mulheres tivessem estudos superiores!

E nem sequer vou entrar nos problemas que dar bloqueadores hormonais para atrasar o início da puberdade trazem mais tarde a quem passou por isso. Ou no facto de que em Inglaterra um juiz (!) autorizou um casal a operar os dois filhos adotivos de menos de 5 anos “porque eram claramente raparigas”.

Só uma última coisa. Repararam que não qualquer atriz ou cantora americana que se preze tem pelo menos um filho transexual? Isso lembra-me a série “Absolutely Fabulous” com Jennifer Saunders e Joanna Lumley, em que a primeira tem o azar de ter uma filha horrorosa: estuda, é muito certinha, não anda na farra, não se droga, não bebe (ao contrário das duas protagonistas) não tem sexo ao desbarato, enfim, o pesadelo de qualquer pessoa “prá frentex”, como se costumava dizer. E às tantas, a mãe diz-lhe algo tipo, “não podias ao menos ser lésbica? Pensa em como isso iria melhorar a minha posição entre as minhas conhecidas.” Se não viram, é uma série fabulosa.

Para a semana: O mito da liberdade de expressão – título alternativo, nunca houve tanta censura.

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