30 - Não à Liberdade!
Sei que tinha agendado para esta semana falar em “almoços grátis” mas atendendo ao próximo 25 de abril decidi falar de liberdade, ou antes, das muitas falsas liberdades da sociedade atual. Será uma espécie de manifesto antiliberdade, mas antes de começarem a atirar pedras e insultos, leiam, por favor, e no fim digam-me se não tenho razão. Será de certo modo um contraponto aos discursos que iremos ouvir nos próximos dias, oriundos de uma esquerda que se considera bem-pensante e libertária mas que é na realidade tirânica e esclerosada.
Vamos a isto!
Não à liberdade de podermos proclamar o nosso orgulho na nossa orientação sexual se formos homossexuais, trans ou algo assim, mas não se formos heterossexuais. É que se estes o fizerem, são homofóbicos ou outros mimos similares. Já há até escolas americanas em que alunos, alguns de 7 ou 8 anos, sobretudo rapazes, têm de pedir publicamente desculpa aos colegas de turma por serem heterossexuais.
Não à liberdade de podermos proclamar orgulho na nossa raça ou origem cultural, mas não se formos brancos ou europeus. Similar ao anterior, com os brancos em escolas, empresas, etc. a terem de pedir desculpa pelo “privilégio branco” de que supostamente beneficiam.
Não à liberdade de exprimir e cumprir livremente até aspetos da nossa religião contrários às leis e Constituição do país, mas não se for uma religião cristã. Por exemplo, a virgindade das mulheres. É perfeitamente aceitável que certas religiões ou culturas a façam cumprir por todos os meios, mas se for uma mulher cristã que o faz voluntariamente, então é motivo de chacota.
Não à liberdade de expressão sob a forma de nos podermos (e devermos) manifestar publicamente a favor ou contra ideias, atos ou princípios que a tal esquerda bem-pensante aprova, mas, claro, não o poder fazer se esses iluminados não aprovarem. Pior ainda, às vezes nem é preciso dizer nada, os defensores da liberdade têm a capacidade de ler mentes e ostracizam e atacam pessoas não pelo que dizem ou fazem mas pelo que “pensam no íntimo”...
Não à liberdade de fazer greve por tudo e por nada, mas quem a recusar por a considerar mal fundamentada e lesiva dos seus interesses é um lacaio dos patrões e pode ser insultado e agredido à vontade. Sobretudo no nosso país, em que as greves não são votadas pelos sindicalizados, como acontece em Inglaterra e na Alemanha, por exemplo, mas simplesmente decididas pela direção do sindicato, muitas vezes sem que se percebe porquê – vejam-se as greves feitas antes do início de uma negociação salarial, “só para avisar”.
Não à liberdade de exigir direitos e benesses para os imigrantes presentes no nosso país, legais ou não, mas não para os nossos cidadãos imigrados nos países de onde esses emigrantes são originários. Veja-se por exemplo o caso dos vistos para angolanos em Portugal e para portugueses que trabalham em Angola. Um angolano chega ao nosso país, legal ou ilegalmente, e fica quanto tempo quiser. Um português que vá trabalhar para Angola, para além de uma lista interminável de requisitos, recebe um visto de 12 meses, prorrogável por duas vezes. E depois, rua!
Não à liberdade de exigir direitos e benesses para criminosos condenados, mas não para cidadãos honestos que foram ou virão a ser as suas vítimas. Ainda ontem ouvi um caso que me deixou arrepiada. Um homem matou o filho de 3 meses à facada, “para se vingar da ex-companheira”. Foi condenado a 23 anos (de que cumprirá uns 9, com sorte) e passa agora os dias numa secção especial da cadeia, recusando-se a estudar ou a trabalhar, preferindo jogar Playstation! Ou seja, os nossos impostos vão para que ele viva uns anos à sombra da bananeira, como se costumava dizer, a divertir-se. E sabem o pior? A preocupação toda da reportagem era sobre o estado de espírito do coitadinho, nem uma palavra para a mulher que perdeu o bebé daquele modo terrível – aposto até que nem apoio psicológico tem!
Não à liberdade de exigir respeito pela privacidade e direitos de criminosos que cumpriram pena, mas não pelos das vítimas ou familiares. Uma pequena história a ilustrar este ponto. Um indivíduo cumpriu pena por violar e matar duas mulheres, mãe e filha. Cumprida a ridícula pena a que foi condenado, pôde voltar livremente para a povoação onde cometera os crimes. Pior ainda, sempre que via o marido e pai das vítimas, gabava-se do que lhes fizera. Bom, um dia este fartou-se e matou-o. Curiosamente, teve uma pena pesada por aquilo que foi, na minha opinião, mais do que um crime justificado. Mas a principal questão aqui é que isto só aconteceu porque o criminoso pôde voltar ao local do crime após ser libertado, é que impedi-lo de o fazer seria “uma violação dos seus direitos”.
Não à liberdade de exigir igualdade quando se trata de cortar regalias à Função Pública, mas não quando se trata da sua atribuição. Acho que nem preciso de exemplificar, se há um corte em salários ou benesses, ouvimos o choradinho de que são sempre os sacrificados, a igualdade, etc. Mas onde está essa ânsia quando se trata de direitos que só eles têm? Por exemplo, não serem despedidos, a “empresa” para que trabalham, leia-se, o Estado, nunca ir à falência (por muito falido que esteja), as “carreiras” com os aumentos salariais que acarretam, enfim, um nunca acabar de coisas que não existem nem nunca poderiam existir no setor privado.
Não à liberdade de nos podermos proclamar de esquerda ou de extrema-esquerda, mesmo que seja uma esquerda conotada com as piores ditaduras que o mundo conheceu e conhece, mas não podermos dizer que somos de direita ou, pior ainda, de extrema-direita sem que nos chamem nazis, fascistas e outras coisas similares. Isto se não formos até fisicamente agredidos. Já agora, nem é preciso sermos de direita, basta dizermos que somos contra essas tais esquerdas!
Enfim, não à liberdade de sermos livres apenas dentro dos limites impostos pelos que se proclamam os únicos defensores da liberdade e que, a bem do povo, claro, tudo fazem para coartar as muitas liberdades que dizem apoiarem!
Para a semana: E viva o grátis – um país onde ainda se acredita que há almoços grátis
