26 - É o pacifismo que causa guerras
Sim, parece um contrassenso, mas infelizmente não o é. Basta olharmos para a história recente para vermos que quando se diz “a paz a qualquer preço”, esse preço é praticamente quase sempre a guerra. Já agora, para os mais distraídos ou mais novos, isto foi dito pelo então primeiro-ministro inglês, Chamberlain, aquando das suas negociações com Hitler em 1938, já depois da ocupação da Áustria, em que lhe cedia toda uma área de falantes de alemão em países vizinhos a troco de um tratado de paz entre a Alemanha e a Inglaterra. E todos sabemos como isso acabou...
E temos um exemplo bem mais atual, com a guerra na Ucrânia. Quando Putin tomou a Crimeia, nada se fez para não provocar uma guerra, usando-se as desculpas mais esfarrapadas para aceitar esse seu ato de agressão. Pois, resultou em cheio!
O problema está em que às boas almas que são os pacifistas nunca ocorre perguntar como é que o outro lado vai interpretar os seus atos ou palavras. E, infelizmente, atitudes e frases nascidas de uma vontade sincera de resolver as coisas com calma, falando, são vistas a maior parte das vezes como cobardia, pura e simples e / ou uma falta total de vontade de defender a própria cultura ou o próprio país.
Já repararam que quando, muito razoavelmente, cedemos aos pedidos de um grupo seja em termos de religião, costumes ou outros isso conduz sempre a uma nova ronda de pedidos que em breve passam a exigências, cada vez mais radicais chegando-se até ao ponto de nos exigirem que vivamos de acordo com as regras desses grupos?
Acham que estou a exagerar? Pois bem, numa das muitas zonas de Londres habitada por muçulmanos, estes começaram por pedir a proibição de pubs e outras coisas menores e, face às constantes cedências, concorreram às eleições locais com um programa que incluía obrigar todas as mulheres residentes ou até de passagem a usarem burca, fossem ou não muçulmanas. E já agora, estiveram perto de ganhar.
Temos também o 11 de setembro. Ouve-se muito dizer que afinal, apesar de tantas precauções nos aeroportos contra o terrorismo, tudo aconteceu pela ação de indivíduos armados com um mero X-ato. É verdade, mas só até certo ponto. O verdadeiro problema esteve na política adotada por pressão de pacifistas de nunca se agir contra piratas do ar, coitados, eram só pessoas com reivindicações justas e que queriam apenas expô-las. E repetia-se muito, “a falar é que a gente se entende!”
Pelos vistos nunca ocorreu a ninguém perguntar, “E se eles não quiserem falar?” Pois é, vimos todos a resposta, quando já era tarde demais.
Infelizmente, isto não se aplica apenas a nível de guerras, terrorismo ou países, acontece diariamente nas nossas sociedades e até nas nossas vidas pessoais.
Na violência e indisciplina nas escolas, por exemplo. Não surgiram do nada, começaram com pequeninas coisas que foram toleradas “para não traumatizar as criancinhas”. As coisas foram piorando e a resposta, quando a havia, era muita conversa do tipo, coitados, têm problemas em casa, vêm de bairros degradados, são isto e aquilo, temos de ser compreensivos. E um dia acordou-se para a realidade de em muitos casos a situação estar totalmente fora de controlo.
Já agora, o mesmo se aplica à violência doméstica, ninguém começa por agredir violentamente ou até matar a mulher, namorada ou lá o que é, não tudo começa sempre por pequeninas coisas, um insulto, um achincalhamento, depois uma bofetada e por aí fora, num crescendo de agressividade que, como todos sabemos, acaba muitas vezes bastante mal.
E se queremos realmente eliminar este gravíssimo problema temos de educar as pessoas de que uma única vez já é uma vez a mais e que nada desculpa a violência física ou psicológica. Há que reagir a sério logo de início para não se ter um resultado bem pior mais tarde. Mas falarei mais disto num outro post.
Se acham que a premissa deste post está errada, em termos genéricos, pensem bem, o que é que acontece quando um amigo, um conhecido, vos pede um favor que nada no nível da vossa relação justifica e que aceitam fazer para não criar mau estar? Apreço pelo vosso esforço? Uma melhor amizade ou relação? Não me parece! Aposto até que a partir daí passa a haver cada vez mais pedidos de favores e que após algum tempo estes passam a ser feitos quase como exigências.
Nesta altura já devem estar a pensar que sou partidária de um mundo a ferro e fogo onde a menor coisa leva a violência, quezílias, enfim, discórdia. Muito longe disso!
Sou uma grande partidária de falar, negociar, entender outros pontos de vista, por muito estranhos que possam parecer à primeira vista. Mas não às cegas e sim estudando, primeiro, cuidadosamente o outro lado, para ter uma ideia de como é que me veem e às minhas ideias. Sobretudo, como é que uma cedência da minha parte, um compromisso, será interpretada.
E, acima de tudo, definir à partida as célebres “linhas vermelhas”, ou seja, questões fundamentais onde nunca, mas mesmo nunca haverá cedências.
É que se queremos um mundo em paz, seja a nível de países, de sociedades ou da nossa vida pessoal, temos de deixar bem claro que, por muito tolerantes que sejamos, estamos dispostos a lutar para defender princípios que consideramos fundamentais. Ou seja, sermos partidários da paz, mas sempre com armas bem à mão!
Para a semana: Transexualidade e misoginia – inspirado por acontecimentos desportivos recentes...
