Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

Luísa Opina

25
Fev22

22 - O mundo às avessas

Luísa

Até muito recentemente a regra era premiar quem merecia, quem se esforçava, enfim, quem dava o seu melhor. E foi assim durante toda a história da humanidade, com mais ou menos ênfase consoante a época e o lugar. É claro que isto implicava uma segunda vertente, penalizar quem nada fazia ou, pior ainda, quem prejudicava a sociedade.

E isto começava logo na educação das crianças, por vezes com excessos condenáveis atualmente, claro, mas com regras bem claras – e os psicólogos dizem repetidamente que as crianças gostam disso, de regras, e que muitas vezes quando se portam mal estão precisamente a testar a sua existência e, acima de tudo, a sua consistência. Mas isto é assunto para outro dia.

Há uns anos, os “iluminados” do costume decidiram que premiar quem é bom nalguma coisa era discriminatório! E assistimos ao fabuloso espetáculo de provas desportivas em que “ganharam todos”! Estranhamente (ou não, atendendo à fonte) não ocorreu a ninguém que isso era penalizador para quem ganhava.

E é precisamente deste tipo de cegueira que pretendo falar hoje.

Há uns tempos descobri que o Creoula tinha “cruzeiros” (as aspas são porque quem os faz tem de trabalhar como parte da tripulação) e que alguns eram oferecidos aos chamados jovens problemáticos, ou seja, jovens que se tinham metido em sarilhos e cometido até o que só não tinham sido crimes por causa da sua idade. Segundo parece, a ideia era encorajá-los a portarem-se melhor...

A sério? Quem se porta mal leva uns dias num veleiro? E os muitos milhares de jovens dos mesmos bairros que estudam e nunca arranjam problemas o que é que levam? Pois, adivinharam, nada. E um nada literal, não é só o Creoula, não lhes prestam sequer a menor atenção, esta é só para os outros.

Sou totalmente a favor de apanhar jovens problemáticos cedo e tentar orientá-los para que possam ter uma vida útil, mas assim? Será que não ocorreu a ninguém que a mensagem que realmente passa é “portem-se mal e serão recompensados, portem-se bem e serão umas nulidades”?

Infelizmente, esta teoria estende-se a todos os aspetos da sociedade. Assisti (pouco, mas bastou!) à recente campanha eleitoral e o que mais sobressaiu para mim foi o modo como as pessoas que trabalham, pagam os seus impostos e educam os filhos sabe-se lá com que sacrifícios são ignoradas ou, pior ainda, insultadas.

Veja-se a habitação, por exemplo. Só vão a bairros sociais ou que foram ocupados depois do 25 de abril e mesmo nesses só falam com pessoas que vivem do chamado rendimento mínimo (ou seja, que não produzem). E os muitos que lá vivem e que trabalham? Não deviam ter prioridade no acesso a uma casa que pudessem pagar? É claro que ninguém pensa nisso, ou antes, para um certo partido, bom, o BE, isso seria fazer julgamentos morais salazaristas – não estou a exagerar, ouvi-os dizer isto a propósito de uns traficantes de droga que viviam num bairro social do Porto e que a Câmara queria expulsar.

E o mesmo se aplica a muitas outras áreas.

O ensino, por exemplo. Ouvimos continuamente dizer, “há indisciplina porque os alunos vêm de bairros problemáticos”, dito em tom de desculpa para nada se fazer. Bom, primeiro, se vêm de bairros desses, precisam ainda mais de regras e de disciplina, isso se queremos que venham a ser bons cidadãos no futuro. E, segundo, isso não é injusto para os que vêm dos mesmos bairros e que não podem estudar como gostariam por causa dos outros? É claro que não, são os “bons”, logo não interessam.

Continuando no ensino, houve em tempos a ideia de separar as turmas de acordo com o rendimento escolar, ou seja, bons alunos eram postos juntos e os maus e repetentes (isso ainda existe?) ficariam também juntos. Foi logo uma tremenda polémica! Coitadinhos dos maus alunos, que já agora, na maioria das vezes não o são por dificuldades de aprendizagem mas sim por não quererem estudar. Iam sentir-se marginalizados!

E os bons alunos, impedidos no sistema atual de terem a melhor educação possível? Não estão a ser também eles marginalizados, pior ainda, altamente prejudicados? Só que nesses ninguém pensa.

E passamos agora aos impostos e não, não irei falar da fuga aos ditos por parte dos muito ricos, manter-me-ei por baixo. Se um cidadão que vive do seu trabalho deve umas dezenas de euros ao fisco, surgem logo as cartas de ameaça de penhoras e quejandos.

Mas, e os traficantes de drogas e outros? É que passo a vida a ouvir falar em rusgas em que se encontram milhares de euros (muitas vezes, repito, de gente do rendimento mínimo e em bairros ditos sociais). Sim, eu sei, esse dinheiro é confiscado (bom, presumo que seja). Mas não é uma situação clara de fuga ao fisco? Porque não calculam um rendimento presumível com base no que encontram? E já agora, houve uma altura em que acompanhava essas coisas e chocou-me ver que rusgas repetidas no mesmo endereço davam sempre mais dinheiro do que eu ganho num ano e às vezes essas rusgas tinham uma semana de intervalo!

Enfim, haveria muito mais para dizer, mas penso que vos dei o suficiente para começarem a reparar nas muitas situações diárias em que “mau é bom e bom é mau”!

 

Para a semana: Os “ambientalistas” – sim, com aspas...

18
Fev22

21 - Os falsos sinónimos

Luísa

Hoje vamos falar de uma tática muito usada pela nossa classe política e que consiste em começar por propagandear um conceito e depois, aos poucos e muito “inocentemente” começar a dar-lhe outro nome, deixando na mente das pessoas a ideia de que são sinónimos. Penso que com os exemplos que darei ficarão a perceber melhor.

Comecemos pelo primeiro caso, a Regionalização.

Há uns anos, este assunto esteve muito na moda, mas como não houve grande interesse em avançar, acabou por desaparecer. Ou talvez não. É que uns aninhos depois, os seus proponentes começaram a falar em Descentralização, conceito este que criou logo bastante entusiasmo.

Mas uma vez enraizada a ideia, eis que começa a “troca”. Primeiro só uma vez de quando em quando, depois com cada vez mais frequência, sempre que falavam em descentralizar a boca fugia-lhes para regionalizar.

E que importância tem isso, dirão? Pois bem, muitíssima.

Penso que muita gente concorda que no mundo atual não faz o menor sentido estar tudo concentrado num poder central única. Muitas decisões podem e devem ser tomadas a um nível mais local, nomeadamente no que diz respeito ao controlo de uma boa parte dos impostos. Também muitos assuntos em que os interessados passam semanas, meses ou mais à espera de uma decisão podiam ser muitíssimo agilizados se fossem resolvidos mais localmente.

E não me refiro apenas a nível das Câmaras, há muitas despesas, autorizações, etc. que não faz sentido não serem tratadas pelas Juntas de Freguesia. É claro que para que isso seja possível, o poder central, leia-se, os partidos suscetíveis de poderem formar governo, terão de abdicar de parte do seu controlo e, pior ainda, das pressões que podem exercer por meio de dádivas a apoiantes e simpatizantes e de cortes e problemas para os “inimigos”.

E é aí que reside a grande diferença e a verdadeira razão da troca gradual de descentralização por regionalização. É que quando for finalmente referendada, muitos votarão plenamente convencidos de que estão a apoiar uma maior descentralização, isto graças à campanha insidiosa que referi.

Ora a regionalização não podia ser mais diferente da descentralizar, uma vez que consiste em criar uma nova camada governativa, NÃO ELEITA, entre o poder central e a população. Ou seja, passaria a haver governadores regionais ou o que lhe decidirem chamar, nomeados pelo Governo da altura, que controlariam, supostamente, as decisões a nível local.

Curiosamente, ou talvez não, a ideia da descentralização -> regionalização ganhou vida quando passou a ser possível a candidatos independentes serem candidatos nas eleições autárquicas. O seu número aumenta a olhos vistos porque são pessoas da zona, de que se conhecem as capacidades, e que põem os interesses locais acima das ordens e interesses dos partidos, uma vez que não pertencem a nenhum.

E quantos mais Presidentes de Câmara e de Juntas de Freguesia e vereadores desses há, mais cresce o entusiasmo pela dita regionalização. Mera coincidência, claro está...

Passemos agora à segunda “confusão”, que diz respeito a algo que a esquerda em geral está ansiosa por implementar. Refiro-me, claro, à Eutanásia.

Mais uma vez, a pouquíssima discussão sobre este assunto começou por se referir à Morte Assistida. Também aqui penso que a maioria da população concorda que se uma pessoa está em estado terminal e a sofrer imenso, a melhor solução, a mais ética, até, é facilitar a transição para a morte.

É claro que os problemas começam logo no termo “terminal”. Pode parecer claro, mas infelizmente não o é. Se me diagnosticam um cancro com um prognóstico de sobrevivência de dois a três anos, será que estou terminal? É que se fizéssemos a vontade aos proponentes da lei, eu poderia já pedir a eutanásia para evitar o sofrimento que vem aí.

E temos aqui a grande diferença entre morte assistida e eutanásia. Por exemplo, quando se desligam as máquinas a um doente e este morre, isso não é eutanásia, uma vez que sozinho ele não consegue sobreviver. Quando se dão doses progressivamente maiores de drogas a um doente com pouquíssimo tempo de vida de modo a não o deixar sofrer, isso também não é eutanásia.

Os proponentes da eutanásia referem sempre os exemplos de pessoas que estão paralisadas há anos e que querem morrer porque estão fartas de ser um fardo para si e para os outros. Bom, se ouvem dúzias de vezes ao dia que “mais valia morrer, isso assim não é vida” e outros mimos similares, não admira que achem que estão fartos. Estranhamente, é precisamente agora que há cada vez mais recursos para essas pessoas poderem viver com um bom nível de distração e, até, de utilidade que aparecem cada vez mais candidatos à eutanásia. Se calhar devíamos era estudar o que se passa com a nossa sociedade.

O mais grave é que a eutanásia é uma das coisas que mais se presta a abusos de todos os tipos. É muito bonito dizer que a pessoa que a pede tem de estar na posse plena das suas faculdades e saber o que está a pedir. Mas já pensaram nas pressões psicológicas e não só a que muitos idosos irão estar sujeitos, a ponto de já só pensarem em morrer?

Há o caso célebre de uma rapariga de 15 anos que mal a lei foi aprovada na Holanda pediu a eutanásia porque estava demasiado deprimida para viver. Ao contrário do que consta, foi-lhe negada e morreu por conta própria dois anos depois. Mas acreditem que é só uma questão de tempo até aparecerem almas bem intencionadas a clamarem que a eutanásia é um direito básico das pessoas!

O que acho pior neste assunto é ver que somos uma sociedade que prefere outorgar a “dádiva” da morte em vez de fazer os possíveis para melhorar a vida das pessoas, sim, mesmo tetraplégicos e doentes terminais podem desfrutar do seu tempo neste mundo se fizermos um esforço para lho proporcionar.

Espero ter alertado quem ler este post para os perigos de ver como sinónimos conceitos que são tudo menos isso.

Para a semana: O mundo às avessas  – trabalhador e honesto ou inútil e criminoso, quem merece o nosso apoio?

11
Fev22

20 - Lamento os idosos com dinheiro

Luísa

Ao escrever este título sei bem que estou totalmente em contracorrente com a opinião vigente no nosso país. Sejam políticos, comentadores ou simples membros da sociedade, só ouvimos lastimar os “velhinhos, coitadinhos” que têm pensões miseráveis. E sim, são muito baixas e seria bom e justo que tivessem muito mais depois de uma vida de trabalho.

Ouvimos também dizer muito, “Fulano ou Sicrana está bem na vida, tem uma bela reforma.” Ou até, “Com a reforma que recebe, não deve ter preocupações.”

Até certo ponto esta atitude não me espanta porque vivemos num país que parece acreditar que o dinheiro é a pedra mágica que resolve todos os problemas. O ensino é mau? Aumente-se o orçamento da Educação! Saúde? Mais dinheiro, claro! Não há setor nenhum que não funcionasse às mil maravilhas se tivéssemos uma fábrica de dinheiro para distribuir a rodos.

O problema é que no caso dos idosos esta atitude tem consequências bem graves. Com as atenções viradas exclusivamente para as pensões baixas, todos os apoios são-lhes dedicados, desde refeições ao domicílio a todo o tipo de ajudas com compras, etc.

Segundo parece, um reformado com dinheiro não tem necessidades. Ou se as tem, basta pagar e pronto, problema resolvido.

Ora a realidade é bem diferente. Senão, vejamos.

Se um idoso tem problemas em movimentar-se, não é o dinheiro que o vai alimentar. Precisa de ajuda com as compras básicas e, acima de tudo, com a confeção de refeições. Se pode sair, mesmo com limitações, tem, claro, a solução de comer fora. Mas, e se não pode? Pois bem, está por conta própria.

Dir-me-ão, pode sempre encomendar via Uber Eats (passe a publicidade) ou outro serviço similar. A sério? Acham mesmo que uma pessoa de 70, 80 ou mais anos se entende com essa “modernice”?

Dirão ainda, mas há refeições congeladas que podem comprar em quantidade e ir comendo. O primeiro problema é que pessoas dessa faixa etária são de uma época de “o congelado é mau”. Segundo, já repararam nas doses? Para a maioria dos idosos dão para duas ou três refeições e não há como descongelar só uma parte.

Já agora, num país em que tanto se fala do envelhecimento da população, que tal uma das muitas empresas de congelados criar embalagens para idosos em que a dose normal era dividida em duas secções, seladas individualmente, assim os que comem muito usavam ambas, mas os que comem pouco descongelavam só uma.

Há ainda um fator que afeta sobretudo as mulheres idosas e que se resume à célebre frase, “só para mim não vale a pena”. E acabam por viver de chá e umas bolachinhas, com gravosas consequências para a saúde, andando pior alimentadas do que muitos idosos com uma fração da sua reforma mas que têm acesso a refeições levadas a casa.

E para terminar este tema, porque será que esses serviços, sejam da Câmara ou da Paróquia, não funcionam a duas velocidades? Gratuito para quem não pode pagar e pago para quem tem uma boa reforma. Com a vantagem de que os pagantes ajudavam com as despesas, permitindo assim chegar a mais pessoas.

Um outro problema para os reformados “ricos” é a solidão. Vivem normalmente em bairros melhores, em que não há o sentido de vizinhança de bairros mais populares. Repare-se até que o célebre trabalho da Polícia de identificar e verificar periodicamente a situação dos idosos da sua área só existe em determinadas zonas, quase todas no centro das cidades, onde não residem muitos reformados com boas posses.

Mais ainda, como a reforma advém dos descontos que fizeram durante a chamada vida útil, isso significa que passaram muita da sua vida adulta a trabalhar, com pouco espaço para amizades e contactos externos. Uma vez reformados, esses contactos diários acabam e veem-se de repente num enorme vazio em termos de relações humanas. E muitos estão demasiado arreigados aos seus hábitos para procurarem novas amizades ou para travarem novos conhecimentos.

Sim, há muitos locais onde o poderiam fazer, nomeadamente os centros de dia, o problema é que estes são frequentemente vistos como locais onde largar familiares idosos de que não se pode tomar conta durante o dia. Junte-se-lhe a vertente económica, ou seja, a preferência ou até exclusividade dada a quem tem reformas baixinhas e vemos que não há muitos sítios que possam frequentar com atividades e diversões próprias para a sua idade.

Como passamos a vida a importar dos EUA coisas terríveis, que tal usarmos uma boa para variar? Trata-se de um país cheio de prédios para reformados, aldeias de reformados, bairros de reformados, enfim, um nunca acabar de soluções para uns chamados “Anos de Ouro” ativos e confortáveis. A grande crítica que lhes é feita é que são só para quem tem posses, deixando implícito, tal como aqui, que um idoso com dinheiro está por conta própria e não merece nada da sociedade em que vive.

O que me leva aos lares. Vemos frequentemente na televisão rusgas feitas a lares sem condições, que são logo encerrados – curiosamente, arranjam sempre vagas em lares “oficiais” para quem dali é tirado, deixando-me suspeitosa sobre se quem denunciou a situação não terá sido um familiar desesperado por não arranjar uma solução legítima para um idoso a seu cargo...

Estou totalmente de acordo que lares maus e sem condições devam fechar e que se deviam criar lares suficientes para quem precise (ou queira) de viver num. E com boas condições de vida de acordo com uma regulamentação virada para a realidade e não para coisas míticas como exigir só quartos individuais e com banho privativo – atendendo a que muitos idosos não podem ir à casa de banho sozinhos, faz-lhes alguma diferença se esta for comum?

Mas também aqui temos discriminação contra idosos com dinheiro. Há lares que custam 3 ou 4 mil euros por mês e em que o tratamento dado aos utentes é tão mau ou pior do que em lares sociais que custam uma fração disso. E já alguém ouviu falar em fiscalização ou encerramento compulsivo desses estabelecimentos supostamente de luxo?

Ou seja, uma pessoa trabalha toda a vida para vir a ter uma boa reforma, vai fazendo umas poupanças para não ter preocupações financeiras nos últimos anos de vida, paga um balúrdio mensal a um lar para garantir que é bem tratada e afinal é assim?

Francamente, é mais do que altura de, como sociedade, começarmos a olhar para as necessidades reais dos idosos sem as reduzirmos, pura e simplesmente, ao valor da reforma que auferem.

Os “ricos” também são gente!

 

Para a semana: Os falsos sinónimos – em que se fala de eutanásia, descentralização...

04
Fev22

19 - Novo Dicionário Precisa-se II

Luísa

Hoje vou continuar a falar de algumas palavras e expressões que, ou têm agora um “novo” significado ou têm sempre, implícita ou explicitamente um “rider”, ou seja, um “cláusula adicional” que lhes altera o sentido – sabem, como naqueles contratos em que adoramos uma alínea e depois vemos em letras pequenas “apenas se...” ou algo desse género que a invalida ou, no mínimo, lhe deturpa o sentido.

E para quem não leu a primeira parte, uso neste post a sigla DDV, Donos da Verdade, os criadores ou utilizadores assíduos deste novo dicionário e com quem é de muitíssimo mau tom discordar – ao fim e ao cabo, a verdade é só uma e uma apenas e é a que eles decidem que é.

Comecemos, pois.

Fascismo

Consultando o dicionário, uma das aceções da palavra é “forma de poder que exerce um forte controlo ditatorial” Ou, “sistema caracterizado pelo exercício de um poder centralizado baseado na repressão de qualquer forma de oposição”. E fascista seria, claro, alguém adepto desta teoria que, talvez por ter sido Mussolini a usá-lo, está conotado com a direita.

Na recente campanha eleitoral, e não só, foi um dos termos mais ouvidos, aplicado a torto e a direito – sobretudo a torto. O que nos deixa a dúvida: será que a palavra continua a significar o mesmo?

É claro que não! Para os DDV, “fascista” é qualquer pessoa de quem discordam. Ou alguém que não os apoia cegamente. Pior ainda, às vezes a acusação nem tem a ver com o que a pessoa disse ou fez. É que para além de donos e senhores da verdade, esses iluminados da nossa sociedade têm a capacidade de ler pensamentos e acabamos por ouvir inúmeras vezes esta frase muito curiosa (pelo menos para mim...): “Bom, ele não disse bem isso, mas é o que realmente pensa.”

Ainda mais curioso é ver pessoas, e partidos, adeptos de regimes totalitários do piorio que houve e há a chamarem fascista a pessoas do campo ideológico oposto! É que, aparentemente, uma ditadura só é ditadura se for de “direita”, isto  porque, muito simplesmente, uma ditadura de esquerda é uma “ditadura do povo”. Pois, o problema é que povo não somos todos nós...

Investigação

Antigamente, investigação significava “procurar informação sobre determinado assunto, indagar”. Ou seja, cientistas procuravam factos que provassem ou desmentissem uma sua teoria, jornalistas tentavam fazê-la sem ideias preconcebidas ou, pelo menos, com a mente aberta à hipótese de os factos eventualmente descobertos serem contrários ao que tinham imaginado.

Simples, não é? Errado!

Agora, investigar significa começar com uma teoria, seja científica ou outra, e partir depois à procura de factos que a comprovem. Mas atenção, só estes, tudo o que reduza a nada essa teoria deve ser imediatamente descartado.

Um pequeno exemplo. Há uns anos, um “cientista” publicou numa revista científica conceituada um estudo em que provava que batatas transgénicas provocavam todo o tipo de doenças. E o estudo incluía uma listagem extensa dos problemas que os ratos envolvidos na experiência tinham tido. O artigo foi muito divulgado e ainda mais citado como prova de que “transgénico é mau”. Até que um aluno do liceu, que lera o artigo por imposição da professora, fez uma pergunta muito simples: “O que aconteceu ao grupo de controlo?” Pois bem, não havia nenhum! O dito “cientista” pusera simplesmente um grupo de ratos a alimentarem-se exclusivamente de batatas transgénicas. Já agora, se houvesse um grupo de controlo, o resultado seria exatamente o mesmo, com as mesmas doenças e problemas, é que segundo parece viver apenas de batatas não é uma opção viável.

À luz disto, pensem nas muitas vezes em que mostram entrevistas de rua em que, espantosamente, todos os entrevistados concordam com a ideia / opinião que o jornalista em questão afirma andar a investigar. Haverá assim tanta concordância? Ou as opiniões contrárias são simplesmente eliminadas?

Multiculturalismo

Outro termo muito na moda! Pois bem, para o meu dicionário, multicultural significa “constituído por vários grupos culturais distintos”. E com este sentido, não há dúvida de que é algo a almejar no mundo atual, com tanta circulação de pessoas.

O problema está na atual interpretação deste conceito. Basicamente, as culturas não nascem iguais, bom, a maioria até nasce, com uma única exceção: a ocidental! Deve ser tudo aceite, desde que venha de fora. Mais ainda, multiculturalismo significa agora cancelar, sim, cancelar, aspetos da nossa cultura porque poderão “ofender”.

Curiosamente, nunca é sugerido que as outras culturas eliminem ou, no mínimo, não deem realce a aspetos que nos são odiosos ou, algumas vezes, até ilegais (como a circuncisão feminina, que, espantosamente, é praticada na Europa e até em Portugal com total impunidade).

Resumindo, multiculturalismo significa agora ter vários grupos culturais distintos na mesma sociedade, desde que nenhum dele seja europeu, e a extinção de tudo o que constitui a cultura ocidental.

Para a semana: Lamento os idosos com dinheiro – leiam e verão porquê

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Calendário

Fevereiro 2022

D S T Q Q S S
12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D