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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

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Luísa Opina

07
Mar25

178 - Vivemos em segurança...

Luísa

Como o nome indica, este post é dedicado a um assunto muito badalado há umas semanas, o facto de governo, políticos e até gente “grande” da polícia terem afirmado, repetidas vezes, que a ideia de insegurança é, apenas, uma “perceção”, ficando mais ou menos subentendido de que quem a tem é xenófobo, racista e o resto dos miminhos do costume.

Ouvimos estatísticas de todos os tipos, desde a que diz que a criminalidade diminuiu à que afirma que a maioria dos presos são portugueses...

Começando por esta última, descobri, com grande espanto meu, que para se obter a nossa nacionalidade basta residir legalmente em Portugal há 5 anos! É claro que, supostamente, têm de falar razoavelmente bem português – esta parte deve funcionar lindamente, um homem do Bangladesh, nacionalizado, a ser julgado por ter posto mais de mil pessoas como tendo residência na sua casa, precisou de intérprete.

Ou seja, para além da segunda geração, pessoas nascidas em Portugal de pais estrangeiros, temos inúmeros cidadãos “nacionais” feitos a martelo. Até admira os presos não serem 100 % portugueses!

Quanto às estatísticas de criminalidade, será que quem as menciona ignora o facto de que muitos crimes não são participados porque as vítimas sabem muito bem que não vale a pena? Mesmo que os seus agressores sejam presos, há sempre um “Meritíssimo” cheio de boa vontade pronto a soltá-los. Sendo assim, só se participa um crime quando é mesmo necessário – para substituir documentos ou cartões bancários, por exemplo – ou quando teve proporções tais que a polícia foi chamada ao local.

É claro que quem fala em “mera perceção” vive em zonas “boas”, com baixa criminalidade, e não usa os transportes públicos. E tem, obviamente, os filhos em escolas privadas, onde não me consta que a criminalidade física, digamos, ocorra, pelo menos ao nível que está a ter nas públicas.

A verdade é que é raro o dia em que não se ouça falar de um esfaqueamento, muitas vezes mortal, em rixas entre grupos armados, assaltos à mão armada a estabelecimentos comerciais, enfim, o tipo de crime violento a que não estávamos habituados. Sem esquecer algo agora muito na moda, atos de vandalismo, quase sempre de noite, que, curiosamente, envolvem sempre carros incendiados.

Sim, sempre houve criminalidade, mas a maior parte da violenta restringia-se a rixas entre vizinhos, sobretudo em meios rurais, ou a atos da chamada violência doméstica.

E o que é que temos agora? Jovens em idade liceal, armados, que se atacam mutuamente, por vezes, repito, com resultados fatais. Grupos de alunos que infernizam a vida dos colegas e, à entrada, recreios e saída da escola, quem tem o azar de viver na zona. Ajustes de contas entre gangs envolvendo armas de fogo ou as cada vez mais populares armas brancas. Assédio de quem circula em determinadas zonas de Lisboa – e não só – por parte de emigrantes mais ou menos ilegais. Raptos à mão armada. Enfim, o tipo de notícias que estávamos habituados a ver vindas dos EUA, por exemplo.

A criminalidade jovem violenta é uma das que me mais me preocupa, mas, estranhamente, não parece incomodar quem faz as leis e nos (des)governa. É que é raro o dia em que não se ouça falar de um crime grave cometido por um ou mais adolescentes.

Também não admira, com a “bondade” das nossas leis e essa treta de menores de 16 anos não poderem ser julgados. Chega-se ao cúmulo de um marmanjo matar um amigo num centro comercial e não lhe acontecer nada porque lhe faltavam 2 meses para fazer 16 anos! Bom, vai para um centro educativo até aos 18...

Estamos, também, a ver cada vez mais criminalidade violenta associada a gangues, quase sempre relacionada com drogas. Escusado será dizer que muitos dos ditos gangues não são de “fabrico nacional”, cruzaram, simplesmente, o Atlântico quando as coisas começaram a ficar quentes no seu país de origem.

Também aqui o nosso sistema penal tem muitas culpas no cartório. Ouvimos muito falar nas péssimas condições das cadeias e dos coitadinhos dos presos, só que, estranhamente, de acordo com dados de 2019, a taxa de reincidência era de 75 %!

Isto para não falar nas penas absurdas que recebem – lembro que o assassino da praia do Osso da Baleia recebeu 20 anos por matar 7 pessoas, tendo saído, claro, ao fim de uns meros 9 anos e isto após inúmeras saídas precárias; conclusão, no nosso país compensa matar por atacado!

Ou seja, entre penas ridículas, a saída em condicional no máximo após cumpridos dois terços, a “bondade” dos nossos tribunais e o facto de muitos crimes nem a tribunal chegarem porque não houve “flagrante delito” – outra aberração das nossas leis – mais a impunidade de que os jovens gozam, por muito violentos que sejam os crimes que praticam, acham mesmo que as pessoas se sentem seguras?

Já agora, se querem ver o caricato do “flagrante delito”, num caso recente umas pessoas ocuparam ilegalmente duas casas, fizeram uma baixada ilegal para terem luz e roubam água aos vizinhos, mas a GNR nada pode fazer porque... adivinharam, não foram apanhados no ato de ocuparem a casa!

E depois admiram-se de as pessoas andarem a votar da “maneira errada”! É que da boca dos “bem-pensantes” só ouvem, há anos, os mesmos lugares comuns e afirmações se não falsas, pelo menos pouco significativas. Suspeito que se esses políticos fossem obrigados a passar uns meses nos bairros de quem se queixa de insegurança, “à paisana” – ou seja, sem que fosse dito quem são – e sem carro próprio, estando sujeitos a circularem a pé ou de transportes públicos, mudariam rapidamente de ideias.

Esta é só uma pequena sugestão para os que dizem ser os únicos representantes reais e dignos do povo. Haverá, certamente, muita gente pronta a trocar de casa com eles, nem que seja por uns dias...

Para a semana: Politiquices e politiqueiros Cá dentro e lá fora, infelizmente não temos este exclusivo

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