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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

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Luísa Opina

30
Ago24

151 - Livros / Filmes / Séries que gostava que existissem

Luísa

Leio vorazmente e tento ver alguns filmes e séries televisivas, mas deparo-me cada vez mais com um mesmo problema, basicamente, temas sempre iguais e que, infelizmente, pouco ou nada me interessam ou que deixaram de me interessar pela falta de originalidade.

Mais ainda, fica-me a sensação de que, “para não ofender”, muitos escritores e argumentistas evitam tratar assuntos que possam ser polémicos ou que estejam em contracorrente. Limitam-se, pois, a “fazer mais do mesmo” – já repararam na enorme quantidade de novas – e woke – versões de filmes e séries que se fazem atualmente? Em livros estamos um bocadinho melhor, mas não muito, há a imensa preocupação por parte de muitas editoras de ter uma panóplia diversificada de autores e, a avaliar por alguns catálogos, ser “diferente” – ser mulher também conta – e tratar de um terma da moda parecem ser mais importantes do que a qualidade da obra.

Pois bem, aqui ficam algumas sugestões minhas para temas futuros... não que tenha grande esperança em vê-los numa livraria ou num ecrã.

Comecemos.

É tema central ou secundário de inúmeros livros ou filmes / séries  o rapaz que “se sente rapariga” e que vai para a escola de saias e com maquilhagem sendo, por isso, vítima de todo o tipo de agressões, verbais ou físicas, com cenas à mistura dos pais – ou, pelo menos um deles – a tentarem que se interesse por desporto e que troque as bonecas por brinquedos “mais masculinos”.

Mas... imaginemos que o dito rapaz tem uma irmã e que esta detesta todos esses frufrus. Nunca se maquilha, usa simplesmente o cabelo amarrado de um modo prático, só se sente bem de calças, adora desporto e os seus brinquedos favoritos são kits de construção. Pequeno detalhe, sempre se sentiu rapariga, sabe que é rapariga e adora sê-lo.

Que tal vermos a história do ponto de vista dela? Como acham que se sente ao ouvir de todos, professores, psicólogos, comunicação social, que ser mulher é pintar-se e usar vestidos? Que as coisas de que gosta não são próprias de uma rapariga, uma vez que o irmão as detesta porque “se sente rapariga”? Pior ainda, se tentar falar com alguém sobre o que sente, começa imediatamente a levar uma lavagem ao cérebro de que ela é, quase certamente, um rapaz no corpo errado...

Era uma história que eu leria / veria de boa vontade.

Outro tema muito em voga é o racismo, no sentido que lhe dão atualmente, ou seja, brancos contra outras raças. E lá vêm os livros / filmes / séries, ou parte deles, em que alguém de outra raça se muda para um bairro branco e é, no mínimo, ostracizado.

Mas... porque será que nunca vemos nada sobre os inúmeros casos de brancos, muitas vezes idosos sem recursos, cujos bairros foram sendo ocupados por pessoas de outras etnias, o termo da moda, e que são alvo de todo o tipo de pressões, para não falar em ataques e insultos, para que se mudem “porque não queremos brancos aqui”?

Ainda na mesma onda, que tal algo sobre o que se passa com alunos brancos minoritários numa escola, sobretudo em certas zonas das cidades? Ou sobre a vida de uma não cigana que casa com um cigano, tendo de se adaptar totalmente ao seu modo de vida e sabendo que, por muito que faça, será sempre vista como uma intrusa.

Mudando de assunto, temos, também, inúmeras obras sobre o sofrimento psíquico e moral de homens que, sabendo que são homossexuais, casam para “fazer como toda a gente”, têm filhos e um dia decidem anunciar o que são, de facto, tendo problemas com a mulher que não aceita bem toda essa história e que é, por isso intolerante e má.

Só que... é curioso não haver nada, que eu saiba, que conte a história dessas mulheres, que passaram anos num casamento nada entusiasmante, sempre a pensarem se eram elas o problema. Mais ainda, será que voltam a confiar num homem o suficiente para refazerem a sua vida? Quantos meses, anos, passarão a repisar todos os momentos da sua vida em comum para verem se lhes escapou algo, se “deviam ter sabido”, como se ouve muito dizer?

Último “desejo” deste post, a toxicodependência. Não faltam cenas / obras inteiras com a descida aos infernos de um drogado, o que faz para ter uma dose, os seus problemas físicos e psíquicos, etc.

Mas... que tal falarmos da família desse toxicodependente? Da escalada da situação, degenerando, muitas vezes, em roubos e agressões, do sentimento de impotência perante o agravamento do vício, dos problemas financeiros em que ficam para tentarem tratar o seu filho ou filha? É que, quando surgem num livro ou outra obra, são tratados como sendo a principal causa do problema, são vistos como os maus da fita, sobretudo se, após situações mais graves, expulsam o filhote de casa. Então se forem pessoas da classe média, trabalhadoras e decentes, bom, é certo e sabido que a culpa é toda deles.

Haveria muito mais sugestões, claro, sobretudo se incluirmos a moda de dois pesos e duas medidas, também muito querida atualmente. Por exemplo, pais cristãos que não aceitam que o filho seja homossexual, mas nem pensar em falar de um muçulmano na mesma situação... Ou uma rapariga de uma família muito religiosa, leia-se, cristã, que fica grávida e é expulsa de casa, uma sorte bem melhor do que se a família fosse adepta ferrenha do Islão, como provam os inúmeros “crimes de honra” Europa fora.

Finalizando com a atual moda de fazer versões “iluminadas” de contos de fadas e a propósito da nova Branca de Neve – que não é branca e, à revelia da história, não é mais bonita do que a rainha – e pegando no que a atriz que a interpreta disse numa entrevista sobre ela (a Branca de Neve) ser uma mulher moderna e que, por isso, não toma conta da casa dos anões, que tal modernizá-la a sério e pô-la a trabalhar na mina, dando folga, temporária ou permanente, a um dos anões?

Para a semana: “Fake News”. Um assunto cada vez mais falado

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