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Luísa Opina

Neste blogue comentarei temas genéricos da nossa sociedade. Haverá um novo texto todas as sextas-feiras

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Luísa Opina

15
Mar24

127 - Planeemos apartamentos a sério

Luísa

Se calhar estavam à espera que falasse das eleições, mas só o farei quando a poeira assentar, daqui a umas duas semanas... Passemos, então, ao tema desta semana.

Li recentemente que iam retirar a obrigatoriedade de pôr bidés nos quartos de banho com vista a economizar no custo de um apartamento. Pois, está-se mesmo a ver que o que onera esse custo é a presença de bidés! Neste post não irei falar o custo de uma licença de construção, referirei apenas o absurdo que é serem sempre a mesma percentagem do valor final do edifício. Ou seja, o construtor de um prédio de apartamentos a vender por 900 mil euros paga os mesmos 40 % que quem faz apartamentos de 200 mil! Como é óbvio – ou antes, aparentemente não o é para quem nos (des)governa – se o primeiro pode incluir esse e outros impostos e taxas no preço final, o segundo já não o consegue fazer a menos que trabalhe “para aquecer”.

Mas isso seria tema para outro post. Neste irei tratar apenas de alguns aspetos que me intrigam há anos nos apartamentos construídos de raiz nas últimas décadas.

As varandas, por exemplo, sobretudo as que sobressaem da fachada. Podem ficar muito estéticas, mas não serão apenas um espaço desperdiçado? Muito francamente, quem é que as usa? Sim, sei que temos a fama de ter um bom clima, só que quem faz estes projetos esquece-se de que quem ali vai residir trabalha, muito provavelmente, e não tem tempo para estar “à varanda” – até porque muitas delas mal dão para pôr um estendal de roupa.

Se têm mesmo de existir, não seria bem mais útil fechá-las, à partida? É que assim poderiam ser usadas a qualquer hora do dia – ou da noite. Mesmo as que estão dentro da fachada pouca utilidade têm, repito, muitos dos que ali vivem saem cedo e entram tarde e não tiram proveito daquela área, sem contar a falta de privacidade se houver prédios em frente. Para evitar os protestos e lamentações quando as pessoas acabam por fechá-las, que tal fazê-lo à partida, de um modo “estético” e, acima de tudo funcional? É que passavam, assim, a ser uma área habitável e bem mais confortável e útil.

Podiam não ficar tão bonitas, mas esse sempre foi um problema dos arquitetos em geral, não terem em consideração o uso do que concebem. Não acreditam? Pensem na Estação do Oriente. É belíssima, uma verdadeira obra-prima arquitetónica... até termos de apanhar ali um comboio.

Passemos agora à parte interna, digamos, começando pela sala e cozinha. Apesar de pessoalmente não ser grande fã desse sistema, reconheço que o modelo que melhor se adapta ao modo de vida atual é a chamada área aberta, ou seja, cozinha e sala no mesmo espaço, como já viram, certamente, em muitos programas americanos. Permite que toda a família esteja junta durante a preparação das refeições e, sobretudo em apartamentos mais pequenos, dá logo uma sensação de mais espaço.

Isto sem falar em ganhos adicionais, como um uso mais racional da mesa da sala de jantar que pode, muito simplesmente, ser substituída por uma ilha com lugares sentados ou, no mínimo, ser usada para outros fins, como fazer trabalhos de casa enquanto os pais cozinham, etc. E evita que a área da cozinha seja, também ela, um espaço não usado durante a maior parte do dia.

Se queremos habitação mais barata, para além da redução de custos e prazos temos de pensar muito a sério no uso otimizado do seu espaço interior para que uma área total pequena possa parecer maior e, acima de tudo, ser melhor utilizada – veja-se o que está a acontecer com o movimentos das casas pequenas.

O que me leva aos quartos de banho. Francamente, deixem o bidé em paz! Mas para reduzir os custos e aumentar o espaço, que tal substituir a banheira por uma cabina com chuveiro? É que a maior parte dos portugueses não vai muito em banhos de imersão e acabam, mais cedo ou mais tarde, por fazer essa substituição, sobretudo quando a idade começa a aumentar. Bom, isto se tiverem meios financeiros para o fazerem...

Mais ainda, aproveitando bem esse espaço, mais o ganho com a área aberta sala / cozinha, seria certamente possível incluir um lavabo – ou seja, lavatório e retrete. Acreditem, para muitas famílias que só têm um quarto de banho, isso faria toda a diferença!

Para terminar, falemos da cobertura dos prédios. Para começar, com tanta exigência de “eficiência energética”, que onera, e de que maneira, a construção, sempre me intrigou não se exigir a colocação de painéis solares. Serviriam, no mínimo, para cobrir o consumo das zonas comuns – escada e elevador. E seria, certamente, bem mais barato – e mais estético... – inclui-los de raiz.

Outra coisa que me intriga tem a ver com a inutilidade de toda essa área. No prédio onde vivo, por exemplo, e em muitos dos que me rodeiam, o topo do edifício é uma espécie de imensa varanda, só interrompida pela casa da máquina do elevador. Não serve para nada, exceto acumular água quando chove muito, o que já tem criado problemas. Pior ainda, a porta que dá para a dita cabina está a pelo menos metro e meio do chão e muitos não lhe conseguem aceder facilmente mesmo que queiram, por exemplo, ir apanhar uns banhos de sol.

Temos, simultaneamente, as queixas sobre a selva de cimento e a falta de espaços verdes. Que tal transformarmos o topo dos prédios em espaços cultiváveis e de fácil acesso aos moradores? Podia ser dividido, ficando cada apartamento com a sua área, ou ser cuidado em conjunto como jardim, horta ou um misto dos dois. Numa época em que se fala tanto na natureza, não seria um bom aproveitamento de um espaço que, de momento, para nada serve?

Para a semana: Inteligência artificial. Será mesmo o papão que dizem?

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